Alegre critica silêncio de Cavaco face ao "garrote" de Merkel

23-11-2010
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No Porto, onde visitou o Bolhão, defendeu que a regionalização deve ser imperativo constitucional

O candidato presidencial Manuel Alegre acusou ontem Cavaco Silva de adoptar uma postura de "quase servilismo" em relação à Europa, por aceitar sem protestar as medidas de austeridade impostas por Bruxelas. "O actual Presidente da República se calhar concorda com a apreciação que fazem os mercados financeiros sobre a situação económica portuguesa e por isso está calado, o que é particularmente grave", criticou, durante um almoço, no Porto.

Alegre começou por culpar os mercados financeiros em geral e Angela Merkel em particular pelas medidas de austeridade adoptadas pelo Governo português. "A senhora Merkel está a pôr um garrote financeiro nos países de periferia, como Portugal", acusou, considerando que "é um crime o que está a acontecer na Europa", ou seja, o rasgar do pacto social que nasceu após a II Guerra Mundial.

Com Sócrates ilibado assim de responsabilidades no tocante às reduções salariais e transferências sociais e à subida dos impostos, o candidato apoiado pelo PS, BE e pelos renovadores comunistas sentiu-se à vontade para considerar que cabe ao Presidente garantir "uma voz portuguesa forte" na Europa. "Não podemos ter uma posição submissa, de bons alunos, de complexo de inferioridade em relação à Europa, porque a Europa é um projecto de prosperidade partilhada entre Estados iguais e soberanos."

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Sempre com Cavaco na mira, sustentou que o Presidente não tem "autoridade moral" para falar de dívida pública. "Quando era primeiro-ministro entraram milhões e milhões de contos em Portugal, mas a dívida pública aumentou dez por cento", recordou. E teve ainda tempo para se afirmar disponível para firmar com os jovens "um pacto de insubmissão" e para se mostrar rendido às regiões administrativas. "Não nos podemos resignar a ter dois terços do país desertificado", justificou, para alcandorar a regionalização à condição de imperativo "constitucional". A sala rendeu-se.

No almoço com Alegre estavam o secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro, o líder do PS/Porto, Renato Sampaio, o deputado José Lello, mas também o ex-militante Narciso Miranda, e, do lado do BE, João Teixeira Lopes e Alda Macedo. O ex-ministro João Cravinho apareceu, mas apenas para "dar um abraço".

Antes do almoço, Alegre passou pelo mercado do Bolhão. A visita começou mal. "Vira-nos as costas. É vergonhoso. Se o país está assim é por causa de políticos como o senhor", vociferou uma vendedora, depois de ter visto frustrada a tentativa de expor a agonia do mercado. Preocupados, os apoiantes encaminharam o candidato para as bancas do peixe, onde Alegre conseguiu arrancar os costumeiros beijos e abraços. "Se não fosse o senhor o mercado estava fechado", agradeceu uma peixeira, recordando que Alegre foi "o único" a receber os comerciantes que foram ao Parlamento entregar uma petição contra o fecho do Bolhão. À saída, uma comerciante tentou cumprimentar o candidato, mas não conseguiu furar a comitiva: "Este já parece o Barack Obama, anda tudo a guardar-lhes as costas", desdenhou.

No Porto, onde visitou o Bolhão, defendeu que a regionalização deve ser imperativo constitucional

O candidato presidencial Manuel Alegre acusou ontem Cavaco Silva de adoptar uma postura de "quase servilismo" em relação à Europa, por aceitar sem protestar as medidas de austeridade impostas por Bruxelas. "O actual Presidente da República se calhar concorda com a apreciação que fazem os mercados financeiros sobre a situação económica portuguesa e por isso está calado, o que é particularmente grave", criticou, durante um almoço, no Porto.

Alegre começou por culpar os mercados financeiros em geral e Angela Merkel em particular pelas medidas de austeridade adoptadas pelo Governo português. "A senhora Merkel está a pôr um garrote financeiro nos países de periferia, como Portugal", acusou, considerando que "é um crime o que está a acontecer na Europa", ou seja, o rasgar do pacto social que nasceu após a II Guerra Mundial.

Com Sócrates ilibado assim de responsabilidades no tocante às reduções salariais e transferências sociais e à subida dos impostos, o candidato apoiado pelo PS, BE e pelos renovadores comunistas sentiu-se à vontade para considerar que cabe ao Presidente garantir "uma voz portuguesa forte" na Europa. "Não podemos ter uma posição submissa, de bons alunos, de complexo de inferioridade em relação à Europa, porque a Europa é um projecto de prosperidade partilhada entre Estados iguais e soberanos."

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Sempre com Cavaco na mira, sustentou que o Presidente não tem "autoridade moral" para falar de dívida pública. "Quando era primeiro-ministro entraram milhões e milhões de contos em Portugal, mas a dívida pública aumentou dez por cento", recordou. E teve ainda tempo para se afirmar disponível para firmar com os jovens "um pacto de insubmissão" e para se mostrar rendido às regiões administrativas. "Não nos podemos resignar a ter dois terços do país desertificado", justificou, para alcandorar a regionalização à condição de imperativo "constitucional". A sala rendeu-se.

No almoço com Alegre estavam o secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro, o líder do PS/Porto, Renato Sampaio, o deputado José Lello, mas também o ex-militante Narciso Miranda, e, do lado do BE, João Teixeira Lopes e Alda Macedo. O ex-ministro João Cravinho apareceu, mas apenas para "dar um abraço".

Antes do almoço, Alegre passou pelo mercado do Bolhão. A visita começou mal. "Vira-nos as costas. É vergonhoso. Se o país está assim é por causa de políticos como o senhor", vociferou uma vendedora, depois de ter visto frustrada a tentativa de expor a agonia do mercado. Preocupados, os apoiantes encaminharam o candidato para as bancas do peixe, onde Alegre conseguiu arrancar os costumeiros beijos e abraços. "Se não fosse o senhor o mercado estava fechado", agradeceu uma peixeira, recordando que Alegre foi "o único" a receber os comerciantes que foram ao Parlamento entregar uma petição contra o fecho do Bolhão. À saída, uma comerciante tentou cumprimentar o candidato, mas não conseguiu furar a comitiva: "Este já parece o Barack Obama, anda tudo a guardar-lhes as costas", desdenhou.

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