Só ter parte do passe de jogadores é cada vez mais comum

23-11-2010
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Os passes de quase todos os jogadores titulares do FC Porto e de alguns dos principais futebolistas do Benfica já não são detidos a 100 por cento pelos clubes. Esta é uma tendência crescente nos principais clubes portugueses, à qual apenas o Sporting não aderiu ainda em larga escala.

O FC Porto tem sido o clube a recorrer mais vezes a esta estratégia, seja comprando apenas uma parte do passe dos jogadores (como aconteceu com Otamendi) ou cedendo partes dos direitos desportivos dos jogadores, para antecipar receita, como aconteceu com a venda de partes dos passes de Hulk e de João Moutinho. Se (ou quando) o avançado brasileiro deixar o Dragão, o clube portista receberá apenas 45 por cento do valor de transferência.

Algo que, por exemplo, já aconteceu com o Benfica, nos casos de Ramires e de Di María. O primeiro porque metade do passe não pertencia ao clube, e o outro porque uma percentagem dos direitos desportivos tinha sido cedida ao Benfica Stars Fund, o fundo criado pelo clube.

"Estas são estratégias de quem precisa de antecipar receita no mais curto espaço de tempo", explica Hélder Varandas, especialista em finanças do futebol. Ceder uma parte do passe dos jogadores permite aos clubes manterem o rendimento desportivo e resolver problemas de tesouraria, numa altura em que o acesso ao crédito é mais complicado. "Tem aspectos positivos, como por exemplo permitir ao FC Porto ter Hulk ou João Moutinho. Mas na hora da venda terá repercussões", diz Hélder Varandas.

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"Isto é revelador das dificuldades que os clubes atravessam. Nem sequer são titulares dos seus activos e fazem operações financeiras que duvido que os sócios entendam", comenta Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), para quem, "do ponto de vista laboral, ao jogador é indiferente quem detém os direitos desportivos".

Esta estratégia dos clubes tem, no entanto, um lado positivo (mas ironicamente não desejado), já que permite uma partilha do risco com outras entidades. Ou seja, quando um clube contrata um futebolista e apenas fica como detentor de uma parte dos direitos desportivos retirará daí vantagens (perder menos dinheiro) caso o futebolista não tenha sucesso desportivo.

Joaquim Evangelista contrapõe ainda, por outro lado, que o facto de haver empresários, empresas e fundos como co-proprietários de jogadores tem gerado discussão nos fóruns internacionais. "Já decorre uma reflexão sobre que efeitos é que esta propriedade partilhada entre clubes e fundos (ou empresas) poderá ter na integridade das competições", aponta o presidente do SJPF: "A UEFA está preocupada em saber de que maneira é que isso pode influenciar os jogadores", diz Evangelista, lembrando as recentes suspeitas de jogos combinados por causa das apostas na Europa de Leste. H.D.S.

Os passes de quase todos os jogadores titulares do FC Porto e de alguns dos principais futebolistas do Benfica já não são detidos a 100 por cento pelos clubes. Esta é uma tendência crescente nos principais clubes portugueses, à qual apenas o Sporting não aderiu ainda em larga escala.

O FC Porto tem sido o clube a recorrer mais vezes a esta estratégia, seja comprando apenas uma parte do passe dos jogadores (como aconteceu com Otamendi) ou cedendo partes dos direitos desportivos dos jogadores, para antecipar receita, como aconteceu com a venda de partes dos passes de Hulk e de João Moutinho. Se (ou quando) o avançado brasileiro deixar o Dragão, o clube portista receberá apenas 45 por cento do valor de transferência.

Algo que, por exemplo, já aconteceu com o Benfica, nos casos de Ramires e de Di María. O primeiro porque metade do passe não pertencia ao clube, e o outro porque uma percentagem dos direitos desportivos tinha sido cedida ao Benfica Stars Fund, o fundo criado pelo clube.

"Estas são estratégias de quem precisa de antecipar receita no mais curto espaço de tempo", explica Hélder Varandas, especialista em finanças do futebol. Ceder uma parte do passe dos jogadores permite aos clubes manterem o rendimento desportivo e resolver problemas de tesouraria, numa altura em que o acesso ao crédito é mais complicado. "Tem aspectos positivos, como por exemplo permitir ao FC Porto ter Hulk ou João Moutinho. Mas na hora da venda terá repercussões", diz Hélder Varandas.

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"Isto é revelador das dificuldades que os clubes atravessam. Nem sequer são titulares dos seus activos e fazem operações financeiras que duvido que os sócios entendam", comenta Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), para quem, "do ponto de vista laboral, ao jogador é indiferente quem detém os direitos desportivos".

Esta estratégia dos clubes tem, no entanto, um lado positivo (mas ironicamente não desejado), já que permite uma partilha do risco com outras entidades. Ou seja, quando um clube contrata um futebolista e apenas fica como detentor de uma parte dos direitos desportivos retirará daí vantagens (perder menos dinheiro) caso o futebolista não tenha sucesso desportivo.

Joaquim Evangelista contrapõe ainda, por outro lado, que o facto de haver empresários, empresas e fundos como co-proprietários de jogadores tem gerado discussão nos fóruns internacionais. "Já decorre uma reflexão sobre que efeitos é que esta propriedade partilhada entre clubes e fundos (ou empresas) poderá ter na integridade das competições", aponta o presidente do SJPF: "A UEFA está preocupada em saber de que maneira é que isso pode influenciar os jogadores", diz Evangelista, lembrando as recentes suspeitas de jogos combinados por causa das apostas na Europa de Leste. H.D.S.

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