Um estrangeiro em Luanda

24-11-2010
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Depois de libertado, leão só lamentou ter ficado sem o seu comprimido.

O grupo de três aproximou-se da porta e os seguranças avançaram na sua direcção. Os dois portugueses foram os primeiros a ser revistados e um deles acusou uma substância que inquietou o empregado da discoteca. Levava no bolso do casaco uma lamela de comprimidos para a gripe, que provocaram um barulho suspeito depois de apertados. «Pastilhas?», perguntou o segurança.

Que não, disse o meu amigo. «São Brufen, estou engripado», tendo ao mesmo tempo esboçado um sorriso com a situação. Apesar do ar desconfiado do empregado encorpado, subimos a rampa para nos dirigirmos à rapariga que serve as senhas de consumo mínimo: três mil kwanzas, pouco mais de 30 dólares. Enquanto esperávamos que o nosso amigo angolano fosse aprovado na revista, já que os seguranças estavam a embirrar com algo que ele tinha no bolso, recusámo-nos a pagar o consumo mínimo e a entrar na discoteca, o que causou alguma confusão à porta.

Ao fim de cinco longos minutos sem notícias, decidimos ultrapassar a cortina que nos impossibilitava de ver o que se passava na porta propriamente dita. Não o tendo encontrado, decidimos abandonar a discoteca e fomos à sua procura. Depois de um telefonema, percebemos que estava detido junto à esquadra móvel da Polícia, na ilha de Luanda.

Estávamos a caminhar na sua direcção e o meu amigo soltou uma gargalhada. «Estás a rir do quê? Então o Leão está detido e tu estás a gozar?», disse irritado. Quando nos aproximámos dos polícias e do segurança que tinha apresentado queixa, o meu amigo tirou um comprimido do bolso, que me disse ser vasodilatador, e perguntou se estavam a deter o Leão por ter sido apanhado com um daqueles. Foi a risota completa, exceptuando o segurança que não gostou de ter sido apanhado em falso. «Não conheço essa marca», foi a única coisa perceptível que disse. Depois de libertado, Leão só lamentou ter ficado sem o seu comprimido.

vitor.rainho@sol.pt

Depois de libertado, leão só lamentou ter ficado sem o seu comprimido.

O grupo de três aproximou-se da porta e os seguranças avançaram na sua direcção. Os dois portugueses foram os primeiros a ser revistados e um deles acusou uma substância que inquietou o empregado da discoteca. Levava no bolso do casaco uma lamela de comprimidos para a gripe, que provocaram um barulho suspeito depois de apertados. «Pastilhas?», perguntou o segurança.

Que não, disse o meu amigo. «São Brufen, estou engripado», tendo ao mesmo tempo esboçado um sorriso com a situação. Apesar do ar desconfiado do empregado encorpado, subimos a rampa para nos dirigirmos à rapariga que serve as senhas de consumo mínimo: três mil kwanzas, pouco mais de 30 dólares. Enquanto esperávamos que o nosso amigo angolano fosse aprovado na revista, já que os seguranças estavam a embirrar com algo que ele tinha no bolso, recusámo-nos a pagar o consumo mínimo e a entrar na discoteca, o que causou alguma confusão à porta.

Ao fim de cinco longos minutos sem notícias, decidimos ultrapassar a cortina que nos impossibilitava de ver o que se passava na porta propriamente dita. Não o tendo encontrado, decidimos abandonar a discoteca e fomos à sua procura. Depois de um telefonema, percebemos que estava detido junto à esquadra móvel da Polícia, na ilha de Luanda.

Estávamos a caminhar na sua direcção e o meu amigo soltou uma gargalhada. «Estás a rir do quê? Então o Leão está detido e tu estás a gozar?», disse irritado. Quando nos aproximámos dos polícias e do segurança que tinha apresentado queixa, o meu amigo tirou um comprimido do bolso, que me disse ser vasodilatador, e perguntou se estavam a deter o Leão por ter sido apanhado com um daqueles. Foi a risota completa, exceptuando o segurança que não gostou de ter sido apanhado em falso. «Não conheço essa marca», foi a única coisa perceptível que disse. Depois de libertado, Leão só lamentou ter ficado sem o seu comprimido.

vitor.rainho@sol.pt

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