Comida dos Açores, vinho do continenteAs originalidades da despensa micaelenseGrandes tintos, um bom branco e espumantes que prometem

23-11-2010
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David Lopes Ramos e Pedro Garcias estiveram três dias na ilha de São Miguel a saborear o melhor dos Açores e a provar as novas colheitas do grupo Global Wines, criado a partir da empresa Dão Sul. E vieram de lá eufóricos e com a vontade renovada de regressar ao arquipélago do nosso contentamento

Na semana passada, a Global Wines apresentou as suas últimas colheitas do Dão, Bairrada, Alentejo, Douro e Vinhos Verdes na cidade de Ponta Delgada. António Cavaco, o confrade-mor da Confraria dos Gastrónomos dos Açores, foi o anfitrião, conduzindo um grupo de jornalistas do continente pelas paisagens deslumbrantes da ilha de São Miguel e por alguns lugares de bem comer (ver textos ao lado). Durante três dias, mostrou o melhor dos Açores, do peixe às compotas, do tabaco ao chá, do ananás ao queijo, sem esquecer a carne, as queijadas ou o bolo lêvedo.

António Cavaco gosta muito de recordar um episódio passado com um amigo francês, já falecido, para falar do seu arquipélago. Num dia de temporal, a ilha das Flores ficou mais ilha do que nunca, e o tal amigo francês encarou a intempérie com esta declaração de amor: "Vejam só como o mundo está isolado das Flores".

A metáfora podia ser confinada a Portugal continental, que, ouvindo falar da beleza infinita das ilhas açorianas, ainda as conhece muito mal, continuando bastante isolado do seu próprio mundo insular. Tão isolado que é comum a qualquer continental em visita aos Açores referir-se ao continente como "lá em Portugal", como se o arquipélago açoriano fosse um outro país. Os açorianos não gostam muito, mas, de tão habituados, já nem levam a mal.

Apreciam menos quando ouvem a previsão meteorológica do continente anunciar invariavelmente períodos de chuva para os Açores, como se o arquipélago fosse uma ilha só e se cada ilha fosse toda igual e não tivesse norte e sul. Na Madeira, Alberto João Jardim já conseguiu que a previsão distinguisse o Funchal do resto da ilha; e com razão, porque é possível no mesmo dia chover copiosamente na costa norte da ilha e fazer um sol radioso na costa sul, onde se situa o Funchal.

Na semana passada, a previsão até anunciava sol para São Miguel durante os três dias da visita, mas, por ironia, a verdade é que morrinhou bastante no segundo. O nevoeiro que se levantou não permitiu ver a lagoa do Fogo, nem a lagoa das Furnas, nem deixou fugir aos roteiros tradicionais e cruzar a ilha por caminhos de terra batida desde a Ribeira Grande até Povoação que nos mostram facetas inesperadas da paisagem micaelense.

A chegada até tinha sido auspiciosa. Depois de um belo e farto prelúdio petisqueiro no bar/restaurante O Avião, seguimos até ao alto das Sete Cidades. A caminho do miradouro de Vista de Rei, há uma panorâmica prodigiosa da parte mais nova e estreita da ilha, povoada de cones vulcânicos e lameiros pastoris e com a costa norte e a costa sul em linha de vista. É uma imensa e luxuriante língua de terra que une as elevações da lagoa do Fogo e das Sete Cidades, em tempos ilhas autónomas.

A tarde ia longa e o sol já não iluminava as Sete Cidades, deixando as duas lagoas de uma cor só (com sol, uma fica azul e a outra verde), imersas na penumbra da imensa e reverdecida cratera. Ao fundo, a vila das Sete Cidades, com as suas casas rasas e brancas, adormecia na quietude sepulcral da caldeira. Por mais que se olhe o lugar, é impossível ficar indiferente à sua beleza e mistério, que a lenda liga ao mito da Atlântida.

Uma réstia de luz ainda permitiu cruzar a cumeada e avistar de cima a aldeia de Ginetes, pousada romanticamente na ponta ocidental da ilha. Depois foi só cortar terreno e seguir em direcção à Candelária, para visitar o Quintal dos Açores, uma pequena indústria familiar de compotas, pimentas, tremoços, cebolas avinagradas e outros produtos de cultivo próprio. Um jantar no restaurante Brilhante, em Ponta Delgada, rematou o dia e deu a conhecer a boa carne açoriana.

Ao segundo dia, a chuva miudinha e o nevoeiro reduziram a jornada diurna a visitas pelo universo micaelense do tabaco (Fábrica de Tabaco Micaelense), do licor (Mulher do Capote) e do chá (Porto Formoso e Gorreana) e a uma escapada às Furnas, para sentirmos o cheiro das fumarolas que saem das entranhas da terra e conhecermos o renovado parque termal da Dona Beija. Pelo meio, comeu-se peixe no Cantinho do Cais, na Ribeira Grande, e que funcionou como aperitivo para o jantar no restaurante Colmeia, em Ponta Delgada, onde foram dados a provar os novos espumantes, tintos e brancos da Global Wines (ver texto ao lado).

O sol regressou no último dia, que mais parecia de Primavera, convidando ao passeio pelas calçadas de basalto do centro histórico de Ponta Delgada, uma cidade que seguiu o mesmo exemplo de Lisboa e renovou a sua frente marítima, ganhando um ar mais moderno e cosmopolita. Apertados pelos horários, só houve tempo para visitar o Mercado da Graça e encher o saco com queijo das ilhas, desde os mais curados e intensos de São Jorge aos mais amanteigados e suaves do Pico, e terminar a viagem com um almoço de peixe no restaurante Mariserra, junto à praia das Milícias, em São Roque. O mar estava calmo e havia algumas pessoas a tomar banho e a passear pela areia escura, o que tornou ainda mais doloroso o regresso ao continente. A beleza das paisagens naturais açorianas tem correspondência em alguns produtos que fazem parte da despensa das nove ilhas e que não se encontram noutras regiões portuguesas. À cabeça, o chá, cultivado na ilha de São Miguel desde o século XIX, e que faz dos Açores o único território da Europa onde tal sucede. Actualmente, há duas empresas que o cultivam e comercializam, a Chá Porto Formoso e a Gorreana, esta com a maior superfície de plantações e a mais famosa dentro e fora do território nacional.

Mas, em virtude do clima subtropical, são famosos os ananases açorianos, bem como as bananas e frutos como o araçaí, as groselhas (baguinhas), os fisalis (capuchinhos), que, com outras variedades e hortaliças, constituem a matéria-prima de excelentes compotas do Quintal dos Açores, uma pequena e exemplar empresa familiar da Candelária, que também confecciona e comercializa a famosa massa de pimenta, indispensável no tempero dos bifes e do queijo fresco de vaca, bem como as cebolinhas curtidas em vinagre de vinho tinto, o muito apreciado localmente "vinho de cheiro".

Os açorianos são igualmente grandes apreciadores de licores, que fazem de leite e natas, de maracujá (provavelmente o mais conhecido), de amoras silvestres, de ananás, de banana, de anis, entre outros, todos eles produtos que saem dos alambiques da Fábrica de Licores Mulher de Capote, da Ribeira Grande.

Ainda no domínio das coisas únicas ou que se afastam da vulgaridade, têm que ser nomeados os queijos de vaca das nove ilhas, pois até a mais pequena de todas, a do Corvo, os confecciona, com destaque para os de São Jorge, com diferentes pontos de afinação, os de São João do Pico, outros da Graciosa ou o velho de São Miguel. Há também pães, como a massa sovada ou o bolo da sertã, que são originais dos Açores. E uma especiaria, a açafroa ou açaflor, parente próxima do açafrão de estames, utilizada nomeadamente para apaladar os caldos e as caldeiradas de peixes. Neste sector deve ainda nomear-se o "limão galego", de polpa alaranjada, perfume delicado e de sabor cítrico e fresco, igualmente usado para temperar pratos de peixe ou torresmos de porco.

Tudo o até aqui nomeado, e o que ainda o não foi, como alguns peixes, abrilhantaram as mesas por onde jornadeámos nesta breve visita a São Miguel. À chegada, após paragem no acolhedor Hotel do Colégio, uma feliz adaptação de um prédio do século XIX, que foi sucessivamente casa de hóspedes, colégio famoso e academia musical do Conservatório Regional, rumámos à Casa de Pasto Avião, onde, em ambiente informal e caloroso, nos foram servidos, além de pão de milho branco e bolo da sertã, queijo fresco de vaca com massa de pimenta e esta curtida em sal, pé de torresmos, chicharrinhos muito bem fritos (um dos emblemas da cozinha popular de São Miguel), polvo guisado em "vinho de cheiro" e torresmos, uns tassalhos de carne de porco, que cozem lentamente na sua própria gordura, irmãos dos rojões continentais, acompanhados por batatas cozidas e inhames, estes outra originalidade da culinária dos Açores. Bebeu-se uma bela cerveja micaelense, a Especial Melo Abreu. Grande recepção, obra de António Cavaco, confrade-mor dos Gastrónomos dos Açores, responsável pelo roteiro desta visita.

À noite, no restaurante O Brilhante, situado numa zona nova de Ponta Delgada, próxima do novo hospital, confirmou-se a qualidade da carne de vaca das ilhas. O almoço do segundo dia, no simpático Cantinho do Mar, na Maia, permitiu-nos apreciar a excelência de alguns peixes açorianos fresquíssimos, como a abrótea, o boca negra (cantaril?) e o goraz, primeiro numa canjinha marinha, com uns fiapos de peixe e de tomate maduro e massa estrelinha, mas sobretudo no que chamarei uma caldeirada, mas que localmente, se bem percebi, chamam molho, com sopas de pão de trigo, uns pedacinhos de batata e peixe em abundância, muito saborosa.

O jantar, em que foram apresentados os novos vinhos da Global Wines (ler texto nestas páginas), servido no restaurante A Colmeia, do Hotel do Colégio, casa de que Ponta Delgada se pode orgulhar, foi assim: "Queijo fresco de vaca com maracujá e massa de pimenta da terra"; "morcela da ilha, curtume de cebola, creme de banana e hortelã", entradas muito bem imaginadas, com a excelência da morcela da ilha a salientar-se. Seguiu-se um primeiro prato de peixe, "bonito dos Açores corado com cebola de especiarias e puré de tomate", o peixe, comprado nessa manhã no Mercado da Graça, foi servido mal passado, como deve ser, para lhe salientar as suas melhores características; depois um "estufado de cherne, massa sovada e salsa", para mim a estrela da noite, pelo cherne, saborosíssimo e pelo molho que o acompanhava, ligeiramente marcado pelas especiarias, e que me lembrou o da alcatra de peixe; finalmente, um muito bom "bife dos Açores, portobello e alecrim", com a carne servida sobre um molho de queijo velho de São Miguel, que é muito especial. O jantar acabou bem com um original "creme queimado de especiarias". A ementa e respectiva confecção foram da responsabilidade da discreta Guiomar Correia, de A Colmeia, e de Diogo Rocha, do Paço dos Cunhas de Santar, da Global Wines, dois jovens chefes de cozinha, muito ligados à valorização dos melhores produtos portugueses.

A despedida, em frente ao mar, na praia das Milícias, no Pópulo, em São Roque, foi no Mariserra. Bela refeição de peixes do mar dos Açores, os maiores dos quais, como os gorazes, os pargos legítimos, os chernes, as abróteas, os encharéus, os vários tipos de tunídeos, são apanhados à linha. Depois de umas lapas, maneirinhas, que são as melhores, macias e grelhadas em manteiga com um nadinha de alho, chegaram, grelhadas no ponto, postas de mero, de boca negra, de cherne, de goraz e de um outro da família do imperador. Um festival cuja digestibilidade foi ajudada por umas rodelas do perfumado e sumarento ananás de São Miguel. Belo restaurante, este Mariserra, se o apetite estiver a pedir peixes fresquíssimos e bem grelhados. David Lopes Ramos

Hotel do Colégio

Rua do Colégio, Ponta Delgada

Tel.: 296 306 600; fax: 296 306 606

www.hoteldocolegio.pt

Chá Porto Formoso

Estrada Regional, 24, Porto Formoso

Tel.: 296 442 342; fax: 296 442 377

Chá Gorreana

Gorreana, Maia

Tel. e fax: 296 442 349

Quintal dos Açores

Rua da Canadinha, nº 20ª, Candelária

Tel.: 296 295 026; fax: 296 295 349

e-mail: quintalacores@sapo.pt

Mulher do Capote

Rua do Berquó, 12, Ribeira Grande

Casa de Pasto/Restaurante Avião

Rua Comandante Jaime de Sousa, Ponta Delgada

Tel.: 296 285 740

Aberto das 7h30 à meia noite, de 2ª a sábado

Restaurante O Brilhante

Bairros Novos, Ponta Delgada

Reservas: 296 654 527

Aberto de domingo a sexta do meio dia às 15h00 e das 19h00 às 23h00; sábados só jantares das 19h00 às 23h00

Restaurante Cantinho do Cais

Estrada Regional de S. Brás, 1, São Brás, Maia

Tel.: 296 442 631

Restaurante A Colmeia

Hotel do Colégio, Ponta Delgada

Tel.: 296 306 600

Restaurante Mariserra

Rua da Areia, 27, Praia das Milícias, Pópulo, São Roque

Tel.: 296 636 495; fax: 296 636 496; telemóvel: 961 935 706A Dão Sul, empresa do grupo Global Wines, escolheu a ilha açoriana de São Miguel para fazer a apresentação dos vinhos que vai lançar já no Natal e, pelo que se viu, há algumas novidades que prometem. Num jantar no restaurante A Colmeia, em Ponta Delgada, Carlos Lucas, administrador e enólogo principal do grupo, e a enóloga Lúcia Freitas deram a conhecer os primeiros vinhos verdes da Quinta de Lourosa, mostraram novos espumantes do Dão e da Bairrada e apresentaram um novo vinho do Douro que tem entrada garantida no rol dos melhores da região.

Começamos pelos espumantes. Provaram-se os brutos Conde de Santar 2008, Encontro Grande Cuvée 2008 e Cabriz Encruzado 2007. Três vinhos que colocam a gama de espumantes da empresa num outro patamar. É uma pena que sejam tão novos e não possam mostrar todas as virtudes da evolução. O Cabriz Encruzado 2007, por ter mais um ano, é, quanto a nós, o que está mais interessante nesta fase, revelando-se seco e bastante delicado na boca, com a fruta a combinar bem com algumas notas mais quentes. O Conde de Santar, feito de Chardonnay e um pouco de Cercial, está também muito fino e fresco. E o Encontro Grande Cuvée (20% de Baga e 80% de Arinto) tem tudo para ser um espumante de referência. É muito exuberante de aroma, aliando a frescura cítrica a um ligeiro fumo resultante da fermentação em madeira, e tem uma mousse delicada e envolvente, terminando de forma muito viva e fresca. A meio da prova de boca, deixa uma sensação de alguma doçura, que é enganadora, porque o vinho não tem mais do que quatro gramas de açúcar residual. Merecia passar mais tempo em cave e em garrafa, mas o negócio não está para grandes investimentos no envelhecimento dos vinhos, o que é uma pena.

O mercado está tão obcecado em novidades que a Dão Sul vai lançar já no Natal vários vinhos desta vindima. São os casos dos verdes Quinta de Lourosa, Quinta de Lourosa Alvarinho, Quinta de Lourosa Escolha, Casa de Santar Arinto-Sauvignon (muito fresco e aromático) e Cabriz Encruzado (bastante interessante). Os três primeiros são uma estreia e resultam de uma parceria entre a Dão Sul e Rogério de Castro, consultor de viticultura da empresa e proprietário da Quinta de Lourosa (a ideia inicial era comprar o Palácio da Brejoeira; as negociações arrastaram-se durante alguns anos e, com a crise económica e financeira, a Global Wines acabou por desistir do negócio). Os três verdes ainda não estão engarrafados e o Alvarinho surgiu com uma ligeira turbidez, pelo que não é possível fazer uma avaliação correcta. Mas só o facto de não possuírem gás carbónico já quer dizer alguma coisa. Ainda assim, o Quinta de Lourosa Escolha 2010, feito de várias castas minhotas, deixou boas indicações.

Seguiu-se um dos vinhos da noite, o Cabriz Four C 2009 (Encruzado, Bical, Antão Vaz e Viosinho). A marca surgiu quando Casimiro Gomes e Carlos Moura ainda trabalhavam na Dão Sul (os outros dois "C" eram Carlos Lucas e Carlos Rodrigues). Agora a marca é um tributo às quatro enólogas da empresa, lideradas por Lúcia Freitas. Carlos Lucas não teve qualquer intervenção no vinho, que, embora feito por mulheres, é tudo menos feminino, mostrando uma garra e uma textura assinaláveis. Apesar do lote ainda estar em barrica, mostra já um aroma muito rico, com notas tropicais e um fumado discreto. Na boca, é um vinho bastante complexo e mineral, com um final seco e muito fresco.

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No capítulo dos tintos, provaram-se o Encontro 1 2008, o Quinta das Tecedeiras Vinha do Cais 2008 e o Quinta do Ribeiro Santo 2009. O último, proveniente do Dão, é um lote de Syrah, Alfrocheiro, Touriga Nacional e Tinta Roriz e ainda precisa de tempo, para afinar melhor. O primeiro é um Bairrada monumental, feito de Baga e de Touriga Nacional. Só foram cheias 1200 garrafas. Tem o melhor da Bairrada mas de forma elegante: boa fruta vermelha, notas mentoladas que lhe dão uma frescura admirável, grande estrutura e volume, taninos finos e uma acidez viva. Um vinho que já é soberbo e que ainda tem muitos anos pela frente.

O Quinta das Tecedeiras Vinha dos Cais é um vinho do Douro proveniente de vinhas com 120 anos. Vinho antológico, será o novo topo de gama da empresa nesta região. Só foram cheias 1000 garrafas. A ideia, como realçou Carlos Lucas, foi fazer "o melhor dos melhores". Pela amostra, estamos perante um vinho sério, de aroma dominado pelos frutos do bosque, o chocolate e as notas da madeira (passou 10 meses em barricas novas de carvalho francês). É muito volumoso e suculento na boca e tem uma estrutura tânica pungente. Claro que não tem a mesma frescura do Encontro 1, mas, embora só tenha a ganhar com alguns anos de cave, já está capaz de nos levar às nuvens a acompanhar pratos mais substanciais, como uma feijoada à transmontana ou um cabrito assado no forno.

O Quinta das Tecedeiras Porto Vintage 2008 rematou a prova. Vinho interessante e bem feito, deixou bem claro que a arte dos vintage não é para qualquer um, requerendo não só boas vinhas mas também tradição e muito conhecimento acumulado. Algo que está apenas reservado a umas poucas empresas, todas elas centenárias; e a Quinta das Tecedeiras é ainda uma criança no negócio do vinho do Porto. Pedro Garcias

David Lopes Ramos e Pedro Garcias estiveram três dias na ilha de São Miguel a saborear o melhor dos Açores e a provar as novas colheitas do grupo Global Wines, criado a partir da empresa Dão Sul. E vieram de lá eufóricos e com a vontade renovada de regressar ao arquipélago do nosso contentamento

Na semana passada, a Global Wines apresentou as suas últimas colheitas do Dão, Bairrada, Alentejo, Douro e Vinhos Verdes na cidade de Ponta Delgada. António Cavaco, o confrade-mor da Confraria dos Gastrónomos dos Açores, foi o anfitrião, conduzindo um grupo de jornalistas do continente pelas paisagens deslumbrantes da ilha de São Miguel e por alguns lugares de bem comer (ver textos ao lado). Durante três dias, mostrou o melhor dos Açores, do peixe às compotas, do tabaco ao chá, do ananás ao queijo, sem esquecer a carne, as queijadas ou o bolo lêvedo.

António Cavaco gosta muito de recordar um episódio passado com um amigo francês, já falecido, para falar do seu arquipélago. Num dia de temporal, a ilha das Flores ficou mais ilha do que nunca, e o tal amigo francês encarou a intempérie com esta declaração de amor: "Vejam só como o mundo está isolado das Flores".

A metáfora podia ser confinada a Portugal continental, que, ouvindo falar da beleza infinita das ilhas açorianas, ainda as conhece muito mal, continuando bastante isolado do seu próprio mundo insular. Tão isolado que é comum a qualquer continental em visita aos Açores referir-se ao continente como "lá em Portugal", como se o arquipélago açoriano fosse um outro país. Os açorianos não gostam muito, mas, de tão habituados, já nem levam a mal.

Apreciam menos quando ouvem a previsão meteorológica do continente anunciar invariavelmente períodos de chuva para os Açores, como se o arquipélago fosse uma ilha só e se cada ilha fosse toda igual e não tivesse norte e sul. Na Madeira, Alberto João Jardim já conseguiu que a previsão distinguisse o Funchal do resto da ilha; e com razão, porque é possível no mesmo dia chover copiosamente na costa norte da ilha e fazer um sol radioso na costa sul, onde se situa o Funchal.

Na semana passada, a previsão até anunciava sol para São Miguel durante os três dias da visita, mas, por ironia, a verdade é que morrinhou bastante no segundo. O nevoeiro que se levantou não permitiu ver a lagoa do Fogo, nem a lagoa das Furnas, nem deixou fugir aos roteiros tradicionais e cruzar a ilha por caminhos de terra batida desde a Ribeira Grande até Povoação que nos mostram facetas inesperadas da paisagem micaelense.

A chegada até tinha sido auspiciosa. Depois de um belo e farto prelúdio petisqueiro no bar/restaurante O Avião, seguimos até ao alto das Sete Cidades. A caminho do miradouro de Vista de Rei, há uma panorâmica prodigiosa da parte mais nova e estreita da ilha, povoada de cones vulcânicos e lameiros pastoris e com a costa norte e a costa sul em linha de vista. É uma imensa e luxuriante língua de terra que une as elevações da lagoa do Fogo e das Sete Cidades, em tempos ilhas autónomas.

A tarde ia longa e o sol já não iluminava as Sete Cidades, deixando as duas lagoas de uma cor só (com sol, uma fica azul e a outra verde), imersas na penumbra da imensa e reverdecida cratera. Ao fundo, a vila das Sete Cidades, com as suas casas rasas e brancas, adormecia na quietude sepulcral da caldeira. Por mais que se olhe o lugar, é impossível ficar indiferente à sua beleza e mistério, que a lenda liga ao mito da Atlântida.

Uma réstia de luz ainda permitiu cruzar a cumeada e avistar de cima a aldeia de Ginetes, pousada romanticamente na ponta ocidental da ilha. Depois foi só cortar terreno e seguir em direcção à Candelária, para visitar o Quintal dos Açores, uma pequena indústria familiar de compotas, pimentas, tremoços, cebolas avinagradas e outros produtos de cultivo próprio. Um jantar no restaurante Brilhante, em Ponta Delgada, rematou o dia e deu a conhecer a boa carne açoriana.

Ao segundo dia, a chuva miudinha e o nevoeiro reduziram a jornada diurna a visitas pelo universo micaelense do tabaco (Fábrica de Tabaco Micaelense), do licor (Mulher do Capote) e do chá (Porto Formoso e Gorreana) e a uma escapada às Furnas, para sentirmos o cheiro das fumarolas que saem das entranhas da terra e conhecermos o renovado parque termal da Dona Beija. Pelo meio, comeu-se peixe no Cantinho do Cais, na Ribeira Grande, e que funcionou como aperitivo para o jantar no restaurante Colmeia, em Ponta Delgada, onde foram dados a provar os novos espumantes, tintos e brancos da Global Wines (ver texto ao lado).

O sol regressou no último dia, que mais parecia de Primavera, convidando ao passeio pelas calçadas de basalto do centro histórico de Ponta Delgada, uma cidade que seguiu o mesmo exemplo de Lisboa e renovou a sua frente marítima, ganhando um ar mais moderno e cosmopolita. Apertados pelos horários, só houve tempo para visitar o Mercado da Graça e encher o saco com queijo das ilhas, desde os mais curados e intensos de São Jorge aos mais amanteigados e suaves do Pico, e terminar a viagem com um almoço de peixe no restaurante Mariserra, junto à praia das Milícias, em São Roque. O mar estava calmo e havia algumas pessoas a tomar banho e a passear pela areia escura, o que tornou ainda mais doloroso o regresso ao continente. A beleza das paisagens naturais açorianas tem correspondência em alguns produtos que fazem parte da despensa das nove ilhas e que não se encontram noutras regiões portuguesas. À cabeça, o chá, cultivado na ilha de São Miguel desde o século XIX, e que faz dos Açores o único território da Europa onde tal sucede. Actualmente, há duas empresas que o cultivam e comercializam, a Chá Porto Formoso e a Gorreana, esta com a maior superfície de plantações e a mais famosa dentro e fora do território nacional.

Mas, em virtude do clima subtropical, são famosos os ananases açorianos, bem como as bananas e frutos como o araçaí, as groselhas (baguinhas), os fisalis (capuchinhos), que, com outras variedades e hortaliças, constituem a matéria-prima de excelentes compotas do Quintal dos Açores, uma pequena e exemplar empresa familiar da Candelária, que também confecciona e comercializa a famosa massa de pimenta, indispensável no tempero dos bifes e do queijo fresco de vaca, bem como as cebolinhas curtidas em vinagre de vinho tinto, o muito apreciado localmente "vinho de cheiro".

Os açorianos são igualmente grandes apreciadores de licores, que fazem de leite e natas, de maracujá (provavelmente o mais conhecido), de amoras silvestres, de ananás, de banana, de anis, entre outros, todos eles produtos que saem dos alambiques da Fábrica de Licores Mulher de Capote, da Ribeira Grande.

Ainda no domínio das coisas únicas ou que se afastam da vulgaridade, têm que ser nomeados os queijos de vaca das nove ilhas, pois até a mais pequena de todas, a do Corvo, os confecciona, com destaque para os de São Jorge, com diferentes pontos de afinação, os de São João do Pico, outros da Graciosa ou o velho de São Miguel. Há também pães, como a massa sovada ou o bolo da sertã, que são originais dos Açores. E uma especiaria, a açafroa ou açaflor, parente próxima do açafrão de estames, utilizada nomeadamente para apaladar os caldos e as caldeiradas de peixes. Neste sector deve ainda nomear-se o "limão galego", de polpa alaranjada, perfume delicado e de sabor cítrico e fresco, igualmente usado para temperar pratos de peixe ou torresmos de porco.

Tudo o até aqui nomeado, e o que ainda o não foi, como alguns peixes, abrilhantaram as mesas por onde jornadeámos nesta breve visita a São Miguel. À chegada, após paragem no acolhedor Hotel do Colégio, uma feliz adaptação de um prédio do século XIX, que foi sucessivamente casa de hóspedes, colégio famoso e academia musical do Conservatório Regional, rumámos à Casa de Pasto Avião, onde, em ambiente informal e caloroso, nos foram servidos, além de pão de milho branco e bolo da sertã, queijo fresco de vaca com massa de pimenta e esta curtida em sal, pé de torresmos, chicharrinhos muito bem fritos (um dos emblemas da cozinha popular de São Miguel), polvo guisado em "vinho de cheiro" e torresmos, uns tassalhos de carne de porco, que cozem lentamente na sua própria gordura, irmãos dos rojões continentais, acompanhados por batatas cozidas e inhames, estes outra originalidade da culinária dos Açores. Bebeu-se uma bela cerveja micaelense, a Especial Melo Abreu. Grande recepção, obra de António Cavaco, confrade-mor dos Gastrónomos dos Açores, responsável pelo roteiro desta visita.

À noite, no restaurante O Brilhante, situado numa zona nova de Ponta Delgada, próxima do novo hospital, confirmou-se a qualidade da carne de vaca das ilhas. O almoço do segundo dia, no simpático Cantinho do Mar, na Maia, permitiu-nos apreciar a excelência de alguns peixes açorianos fresquíssimos, como a abrótea, o boca negra (cantaril?) e o goraz, primeiro numa canjinha marinha, com uns fiapos de peixe e de tomate maduro e massa estrelinha, mas sobretudo no que chamarei uma caldeirada, mas que localmente, se bem percebi, chamam molho, com sopas de pão de trigo, uns pedacinhos de batata e peixe em abundância, muito saborosa.

O jantar, em que foram apresentados os novos vinhos da Global Wines (ler texto nestas páginas), servido no restaurante A Colmeia, do Hotel do Colégio, casa de que Ponta Delgada se pode orgulhar, foi assim: "Queijo fresco de vaca com maracujá e massa de pimenta da terra"; "morcela da ilha, curtume de cebola, creme de banana e hortelã", entradas muito bem imaginadas, com a excelência da morcela da ilha a salientar-se. Seguiu-se um primeiro prato de peixe, "bonito dos Açores corado com cebola de especiarias e puré de tomate", o peixe, comprado nessa manhã no Mercado da Graça, foi servido mal passado, como deve ser, para lhe salientar as suas melhores características; depois um "estufado de cherne, massa sovada e salsa", para mim a estrela da noite, pelo cherne, saborosíssimo e pelo molho que o acompanhava, ligeiramente marcado pelas especiarias, e que me lembrou o da alcatra de peixe; finalmente, um muito bom "bife dos Açores, portobello e alecrim", com a carne servida sobre um molho de queijo velho de São Miguel, que é muito especial. O jantar acabou bem com um original "creme queimado de especiarias". A ementa e respectiva confecção foram da responsabilidade da discreta Guiomar Correia, de A Colmeia, e de Diogo Rocha, do Paço dos Cunhas de Santar, da Global Wines, dois jovens chefes de cozinha, muito ligados à valorização dos melhores produtos portugueses.

A despedida, em frente ao mar, na praia das Milícias, no Pópulo, em São Roque, foi no Mariserra. Bela refeição de peixes do mar dos Açores, os maiores dos quais, como os gorazes, os pargos legítimos, os chernes, as abróteas, os encharéus, os vários tipos de tunídeos, são apanhados à linha. Depois de umas lapas, maneirinhas, que são as melhores, macias e grelhadas em manteiga com um nadinha de alho, chegaram, grelhadas no ponto, postas de mero, de boca negra, de cherne, de goraz e de um outro da família do imperador. Um festival cuja digestibilidade foi ajudada por umas rodelas do perfumado e sumarento ananás de São Miguel. Belo restaurante, este Mariserra, se o apetite estiver a pedir peixes fresquíssimos e bem grelhados. David Lopes Ramos

Hotel do Colégio

Rua do Colégio, Ponta Delgada

Tel.: 296 306 600; fax: 296 306 606

www.hoteldocolegio.pt

Chá Porto Formoso

Estrada Regional, 24, Porto Formoso

Tel.: 296 442 342; fax: 296 442 377

Chá Gorreana

Gorreana, Maia

Tel. e fax: 296 442 349

Quintal dos Açores

Rua da Canadinha, nº 20ª, Candelária

Tel.: 296 295 026; fax: 296 295 349

e-mail: quintalacores@sapo.pt

Mulher do Capote

Rua do Berquó, 12, Ribeira Grande

Casa de Pasto/Restaurante Avião

Rua Comandante Jaime de Sousa, Ponta Delgada

Tel.: 296 285 740

Aberto das 7h30 à meia noite, de 2ª a sábado

Restaurante O Brilhante

Bairros Novos, Ponta Delgada

Reservas: 296 654 527

Aberto de domingo a sexta do meio dia às 15h00 e das 19h00 às 23h00; sábados só jantares das 19h00 às 23h00

Restaurante Cantinho do Cais

Estrada Regional de S. Brás, 1, São Brás, Maia

Tel.: 296 442 631

Restaurante A Colmeia

Hotel do Colégio, Ponta Delgada

Tel.: 296 306 600

Restaurante Mariserra

Rua da Areia, 27, Praia das Milícias, Pópulo, São Roque

Tel.: 296 636 495; fax: 296 636 496; telemóvel: 961 935 706A Dão Sul, empresa do grupo Global Wines, escolheu a ilha açoriana de São Miguel para fazer a apresentação dos vinhos que vai lançar já no Natal e, pelo que se viu, há algumas novidades que prometem. Num jantar no restaurante A Colmeia, em Ponta Delgada, Carlos Lucas, administrador e enólogo principal do grupo, e a enóloga Lúcia Freitas deram a conhecer os primeiros vinhos verdes da Quinta de Lourosa, mostraram novos espumantes do Dão e da Bairrada e apresentaram um novo vinho do Douro que tem entrada garantida no rol dos melhores da região.

Começamos pelos espumantes. Provaram-se os brutos Conde de Santar 2008, Encontro Grande Cuvée 2008 e Cabriz Encruzado 2007. Três vinhos que colocam a gama de espumantes da empresa num outro patamar. É uma pena que sejam tão novos e não possam mostrar todas as virtudes da evolução. O Cabriz Encruzado 2007, por ter mais um ano, é, quanto a nós, o que está mais interessante nesta fase, revelando-se seco e bastante delicado na boca, com a fruta a combinar bem com algumas notas mais quentes. O Conde de Santar, feito de Chardonnay e um pouco de Cercial, está também muito fino e fresco. E o Encontro Grande Cuvée (20% de Baga e 80% de Arinto) tem tudo para ser um espumante de referência. É muito exuberante de aroma, aliando a frescura cítrica a um ligeiro fumo resultante da fermentação em madeira, e tem uma mousse delicada e envolvente, terminando de forma muito viva e fresca. A meio da prova de boca, deixa uma sensação de alguma doçura, que é enganadora, porque o vinho não tem mais do que quatro gramas de açúcar residual. Merecia passar mais tempo em cave e em garrafa, mas o negócio não está para grandes investimentos no envelhecimento dos vinhos, o que é uma pena.

O mercado está tão obcecado em novidades que a Dão Sul vai lançar já no Natal vários vinhos desta vindima. São os casos dos verdes Quinta de Lourosa, Quinta de Lourosa Alvarinho, Quinta de Lourosa Escolha, Casa de Santar Arinto-Sauvignon (muito fresco e aromático) e Cabriz Encruzado (bastante interessante). Os três primeiros são uma estreia e resultam de uma parceria entre a Dão Sul e Rogério de Castro, consultor de viticultura da empresa e proprietário da Quinta de Lourosa (a ideia inicial era comprar o Palácio da Brejoeira; as negociações arrastaram-se durante alguns anos e, com a crise económica e financeira, a Global Wines acabou por desistir do negócio). Os três verdes ainda não estão engarrafados e o Alvarinho surgiu com uma ligeira turbidez, pelo que não é possível fazer uma avaliação correcta. Mas só o facto de não possuírem gás carbónico já quer dizer alguma coisa. Ainda assim, o Quinta de Lourosa Escolha 2010, feito de várias castas minhotas, deixou boas indicações.

Seguiu-se um dos vinhos da noite, o Cabriz Four C 2009 (Encruzado, Bical, Antão Vaz e Viosinho). A marca surgiu quando Casimiro Gomes e Carlos Moura ainda trabalhavam na Dão Sul (os outros dois "C" eram Carlos Lucas e Carlos Rodrigues). Agora a marca é um tributo às quatro enólogas da empresa, lideradas por Lúcia Freitas. Carlos Lucas não teve qualquer intervenção no vinho, que, embora feito por mulheres, é tudo menos feminino, mostrando uma garra e uma textura assinaláveis. Apesar do lote ainda estar em barrica, mostra já um aroma muito rico, com notas tropicais e um fumado discreto. Na boca, é um vinho bastante complexo e mineral, com um final seco e muito fresco.

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No capítulo dos tintos, provaram-se o Encontro 1 2008, o Quinta das Tecedeiras Vinha do Cais 2008 e o Quinta do Ribeiro Santo 2009. O último, proveniente do Dão, é um lote de Syrah, Alfrocheiro, Touriga Nacional e Tinta Roriz e ainda precisa de tempo, para afinar melhor. O primeiro é um Bairrada monumental, feito de Baga e de Touriga Nacional. Só foram cheias 1200 garrafas. Tem o melhor da Bairrada mas de forma elegante: boa fruta vermelha, notas mentoladas que lhe dão uma frescura admirável, grande estrutura e volume, taninos finos e uma acidez viva. Um vinho que já é soberbo e que ainda tem muitos anos pela frente.

O Quinta das Tecedeiras Vinha dos Cais é um vinho do Douro proveniente de vinhas com 120 anos. Vinho antológico, será o novo topo de gama da empresa nesta região. Só foram cheias 1000 garrafas. A ideia, como realçou Carlos Lucas, foi fazer "o melhor dos melhores". Pela amostra, estamos perante um vinho sério, de aroma dominado pelos frutos do bosque, o chocolate e as notas da madeira (passou 10 meses em barricas novas de carvalho francês). É muito volumoso e suculento na boca e tem uma estrutura tânica pungente. Claro que não tem a mesma frescura do Encontro 1, mas, embora só tenha a ganhar com alguns anos de cave, já está capaz de nos levar às nuvens a acompanhar pratos mais substanciais, como uma feijoada à transmontana ou um cabrito assado no forno.

O Quinta das Tecedeiras Porto Vintage 2008 rematou a prova. Vinho interessante e bem feito, deixou bem claro que a arte dos vintage não é para qualquer um, requerendo não só boas vinhas mas também tradição e muito conhecimento acumulado. Algo que está apenas reservado a umas poucas empresas, todas elas centenárias; e a Quinta das Tecedeiras é ainda uma criança no negócio do vinho do Porto. Pedro Garcias

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