Almanaque Republicano

26-01-2012
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Major David Neto: nota breve David Rodrigues Neto nasce em Algoz, Silves, em 31 de Março de 1895. Inicia os seus estudos no seminário de Faro, de onde sai para o liceu, por incompatibilidade com a "vida eclesiástica". Posteriormente trabalhou numa escola primária "como auxiliar do professor" [cf. Glória Maria Marreiros, in Quem Foi Quem? 200 Algarvios do Século XX, Edições Colibri, 2000], "empregou-se numa farmácia" e assenta praça em 1915, frequentando o curso de oficiais milicianos de infantaria. Faz parte do Corpo Expedicionário Português, seguindo para a Flandres. Regressa a Portugal, onde lhe é "oferecida colocação na guarnição militar de Lisboa" [idem], mas recusa e volta à frente de guerra (sob comando do General Simas Machado). Já como alferes é feito prisioneiro na batalha de La Lys [9 de Abril de 1918], tendo-se evadido para a Dinamarca, quase no final da guerra. Seguindo a carreira militar, é colocado em Coimbra, onde frequenta o curso de Direito, formando-se em 1926. Nessa época é um dos principais dinamizadores da Liga dos Combatentes da Grande Guerra [1923].É um dos que "arrancaram no 28 de Maio de 1926", "tendo tomado parte activa na sua preparação" [cf. João Medina, Salazar e os Fascistas, Bertrand, 1979; veja-se, ainda o livro do próprio Capitão Neto, Doa a Quem Doer, Livraria Tavares Martins, 1933]. David Neto participa na conspiração que conduziu ao golpe de 18 de Abril de 1925, colabora no "golpe dos Fifis", faz frente às insurreições de Fevereiro de 1927, à de 20 de Julho de 1928 ("revolução do Castelo") e à revolta Sousa Dias de 1931. É um homem do regime saído do 28 de Maio, seguidor (inicial) de Salazar. Apresenta-se contra aquilo que apelida de regime "pomposo de democráticos" [Neto, 1933], que entendia como uma administração coligada de jacobinos, maçónicos e anti-patrióticos, sendo, do mesmo modo, contra os "conservadores", que eram para ele "uma causa de grande parte dos infortúnios que a má sorte tem reservado a Portugal" [ibidem].Por razões políticas e de carácter, revela em 1933, no seu livro "Doa a Quem Doer", algum distanciamento face à situação politica de então, embora se mantenha crente das "boas intenções de Salazar". Em 1935 fixa residência em Portimão [por via de casamento]. Segue-se momentos conturbados, tendo pedido várias vezes a demissão do exército. David Neto rompe, definitivamente, com o situacionismo salazarista. Inclusive, pela sua obstinação [vidé as suas conhecidas cartas, denominadas "Cartas políticas", que publicava e distribuía a expensas próprias] em "denunciar os erros e as mazelas do regime" de Oliveira Salazar, é preso e julgado em Tribunal Plenário por "difamação ao Senhor Presidente do Conselho e de incitamento à revolta" [Marreiros, 2000]. Em 1951, aparece a apoiar a Candidatura do Almirante Quintão Meireles. E em 1958, participa na Candidatura do General Humberto Delgado.Morre em Portimão, a 6 de Janeiro de 1971.[Foto de Ferreira da Cunha, in Arquivo Fotográfico (26/08/1931), com a seguinte legenda: "Após a derrota de tentativa de revolta militar contra a Ditadura, o presidente do Conselho, Oliveira Salazar, ouve o relato do ataque ao quartel de Metralhadoras I, feito pelo capitão David Neto, que o dirigiu e comandou"J.M.M.


Major David Neto: nota breve David Rodrigues Neto nasce em Algoz, Silves, em 31 de Março de 1895. Inicia os seus estudos no seminário de Faro, de onde sai para o liceu, por incompatibilidade com a "vida eclesiástica". Posteriormente trabalhou numa escola primária "como auxiliar do professor" [cf. Glória Maria Marreiros, in Quem Foi Quem? 200 Algarvios do Século XX, Edições Colibri, 2000], "empregou-se numa farmácia" e assenta praça em 1915, frequentando o curso de oficiais milicianos de infantaria. Faz parte do Corpo Expedicionário Português, seguindo para a Flandres. Regressa a Portugal, onde lhe é "oferecida colocação na guarnição militar de Lisboa" [idem], mas recusa e volta à frente de guerra (sob comando do General Simas Machado). Já como alferes é feito prisioneiro na batalha de La Lys [9 de Abril de 1918], tendo-se evadido para a Dinamarca, quase no final da guerra. Seguindo a carreira militar, é colocado em Coimbra, onde frequenta o curso de Direito, formando-se em 1926. Nessa época é um dos principais dinamizadores da Liga dos Combatentes da Grande Guerra [1923].É um dos que "arrancaram no 28 de Maio de 1926", "tendo tomado parte activa na sua preparação" [cf. João Medina, Salazar e os Fascistas, Bertrand, 1979; veja-se, ainda o livro do próprio Capitão Neto, Doa a Quem Doer, Livraria Tavares Martins, 1933]. David Neto participa na conspiração que conduziu ao golpe de 18 de Abril de 1925, colabora no "golpe dos Fifis", faz frente às insurreições de Fevereiro de 1927, à de 20 de Julho de 1928 ("revolução do Castelo") e à revolta Sousa Dias de 1931. É um homem do regime saído do 28 de Maio, seguidor (inicial) de Salazar. Apresenta-se contra aquilo que apelida de regime "pomposo de democráticos" [Neto, 1933], que entendia como uma administração coligada de jacobinos, maçónicos e anti-patrióticos, sendo, do mesmo modo, contra os "conservadores", que eram para ele "uma causa de grande parte dos infortúnios que a má sorte tem reservado a Portugal" [ibidem].Por razões políticas e de carácter, revela em 1933, no seu livro "Doa a Quem Doer", algum distanciamento face à situação politica de então, embora se mantenha crente das "boas intenções de Salazar". Em 1935 fixa residência em Portimão [por via de casamento]. Segue-se momentos conturbados, tendo pedido várias vezes a demissão do exército. David Neto rompe, definitivamente, com o situacionismo salazarista. Inclusive, pela sua obstinação [vidé as suas conhecidas cartas, denominadas "Cartas políticas", que publicava e distribuía a expensas próprias] em "denunciar os erros e as mazelas do regime" de Oliveira Salazar, é preso e julgado em Tribunal Plenário por "difamação ao Senhor Presidente do Conselho e de incitamento à revolta" [Marreiros, 2000]. Em 1951, aparece a apoiar a Candidatura do Almirante Quintão Meireles. E em 1958, participa na Candidatura do General Humberto Delgado.Morre em Portimão, a 6 de Janeiro de 1971.[Foto de Ferreira da Cunha, in Arquivo Fotográfico (26/08/1931), com a seguinte legenda: "Após a derrota de tentativa de revolta militar contra a Ditadura, o presidente do Conselho, Oliveira Salazar, ouve o relato do ataque ao quartel de Metralhadoras I, feito pelo capitão David Neto, que o dirigiu e comandou"J.M.M.

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