EUA acusam Rússia de fomentar o separatismo na Ucrânia
Paulo Zacarias Gomes
08 Abr 2014
O secretário de Estado norte-americano acusou hoje a Rússia de usar "forças e agentes especiais" para desestabilizar a Ucrânia, depois de grupos de manifestantes pró-russos terem tomado edifícios governamentais nas cidades de Luhansk, Donetsk e Kharkiv.
Os EUA e a NATO estão preocupados com a possibilidade de estas movimentações separatistas serem a antecâmara para novas incursões de Vladimir Putin no Leste da Ucrânia, depois da anexação da Crimeia. Segundo a Bloomberg, Kerry ameaça com sanções adicionais na energia, banca e indústria mineira se Moscovo aumentar a sua intervenção.
O governo russo contrapõe e defende que é a "decomposição" do território ucraniano - com as sucessivas vagas independentistas - que ameaça desencadear uma guerra civil, pedindo por isso o recuo das posições defensivas militares ucranianas.
Os serviços de segurança ucranianos acusaram entretanto os manifestantes pró-russos em Luhansk de manterem 60 reféns nos edifícios governamentais que foram tomados na cidade. O governo ucraniano pediu a sua libertação, a entrega de armas e o desmantelamento dos explosivos que, alegadamente, foram colocados no perímetro dos prédios. O governador da região, Mikhail Bolotskih, nega que haja reféns no edifício.
Em resposta às ocupações dos últimos dias, o Ministério do Interior ucraniano anunciou uma "operação antiterrorista" com o envio de forças de segurança para Kharkiv (segunda maior cidade do país), que obrigou ao encerramento do metro e ao fecho do centro da cidade.
Na guerra de palavras, o Ministério ucraniano dos Negócios Estrangeiros garante que já deportou cidadãos russos que estavam na Ucrânia a "provocar" e a "violar as leis" do país, enquanto o seu homólogo russo acusou os EUA de terem uma empresa de segurança no país - a Greystone - com 150 elementos a tentarem pôr fim aos protestos, o que foi negado tanto pela Ucrânia como pela própria empresa.
A instabilidade está a ter impacto na negociação da dívida soberana russa, com os máximos dos últimos dias a obrigarem ao cancelamento do leilão agendado para amanhã em Moscovo. Também as perspectivas de crescimento para 2014 foram cortadas pelo próprio governo russo para entre 0,5% e 1,1% (estavam em 2,5%) e hoje pelo FMI (de 2% previstos em Janeiro para 1,3% agora, com possibilidade de nova redução em breve).
O vice-primeiro-ministro russo Igor Shuvalov apelou entretanto às empresas russas que saiam das bolsas internacionais e cotem em Moscovo, por uma questão de "segurança económica".
EUA e NATO estimam que a Rússia tenha 40 mil soldados ao longo da fronteira, enquanto - acusa o Ministério russo dos Negócios Estrangeiros - a guarda nacional da Ucrânia e forças paramilitares estarão a reunir-se no sul e leste da Ucrânia.
John Kerry falou ontem com o seu homólogo russo Sergei Lavrov para agendar contactos entre autoridades da Ucrânia, EUA, União Europeia e Rússia, que poderão acontecer na próxima semana. A Rússia já se mostrou disponível para analisar um formato "multilateral", mas espera por "sinais positivos" do governo ucraniano.
Categorias
Entidades
EUA acusam Rússia de fomentar o separatismo na Ucrânia
Paulo Zacarias Gomes
08 Abr 2014
O secretário de Estado norte-americano acusou hoje a Rússia de usar "forças e agentes especiais" para desestabilizar a Ucrânia, depois de grupos de manifestantes pró-russos terem tomado edifícios governamentais nas cidades de Luhansk, Donetsk e Kharkiv.
Os EUA e a NATO estão preocupados com a possibilidade de estas movimentações separatistas serem a antecâmara para novas incursões de Vladimir Putin no Leste da Ucrânia, depois da anexação da Crimeia. Segundo a Bloomberg, Kerry ameaça com sanções adicionais na energia, banca e indústria mineira se Moscovo aumentar a sua intervenção.
O governo russo contrapõe e defende que é a "decomposição" do território ucraniano - com as sucessivas vagas independentistas - que ameaça desencadear uma guerra civil, pedindo por isso o recuo das posições defensivas militares ucranianas.
Os serviços de segurança ucranianos acusaram entretanto os manifestantes pró-russos em Luhansk de manterem 60 reféns nos edifícios governamentais que foram tomados na cidade. O governo ucraniano pediu a sua libertação, a entrega de armas e o desmantelamento dos explosivos que, alegadamente, foram colocados no perímetro dos prédios. O governador da região, Mikhail Bolotskih, nega que haja reféns no edifício.
Em resposta às ocupações dos últimos dias, o Ministério do Interior ucraniano anunciou uma "operação antiterrorista" com o envio de forças de segurança para Kharkiv (segunda maior cidade do país), que obrigou ao encerramento do metro e ao fecho do centro da cidade.
Na guerra de palavras, o Ministério ucraniano dos Negócios Estrangeiros garante que já deportou cidadãos russos que estavam na Ucrânia a "provocar" e a "violar as leis" do país, enquanto o seu homólogo russo acusou os EUA de terem uma empresa de segurança no país - a Greystone - com 150 elementos a tentarem pôr fim aos protestos, o que foi negado tanto pela Ucrânia como pela própria empresa.
A instabilidade está a ter impacto na negociação da dívida soberana russa, com os máximos dos últimos dias a obrigarem ao cancelamento do leilão agendado para amanhã em Moscovo. Também as perspectivas de crescimento para 2014 foram cortadas pelo próprio governo russo para entre 0,5% e 1,1% (estavam em 2,5%) e hoje pelo FMI (de 2% previstos em Janeiro para 1,3% agora, com possibilidade de nova redução em breve).
O vice-primeiro-ministro russo Igor Shuvalov apelou entretanto às empresas russas que saiam das bolsas internacionais e cotem em Moscovo, por uma questão de "segurança económica".
EUA e NATO estimam que a Rússia tenha 40 mil soldados ao longo da fronteira, enquanto - acusa o Ministério russo dos Negócios Estrangeiros - a guarda nacional da Ucrânia e forças paramilitares estarão a reunir-se no sul e leste da Ucrânia.
John Kerry falou ontem com o seu homólogo russo Sergei Lavrov para agendar contactos entre autoridades da Ucrânia, EUA, União Europeia e Rússia, que poderão acontecer na próxima semana. A Rússia já se mostrou disponível para analisar um formato "multilateral", mas espera por "sinais positivos" do governo ucraniano.