Tradução do artigo já publicado no nosso blog, no passado dia 7 de Janeiro, por Ana Paula Fitas, sob o título Violência colonial da autoria de Rachad Antonius, Professor da Universidade de Quebeque a Montreal. (Professor, UQAM). A tradução, que agradecemos, é de Isabel Gentil.O discurso dominante dos media, do Quebeque e de todo o Canadá, interiorizou completamente a propaganda do governo israelita..A violência actual é explicada pelo facto de que o Hamas teria quebrado a trégua com Israel, tornando-se assim responsável pela violência israelita apresentada como uma “resposta”, não representando senão a defesa contra um inimigo implacável que sempre terá querido destruir o Estado de Israel. .Na melhor das hipóteses, deploram os excessos da dita “resposta”, sem no entanto alguma vez se pôr em causa se é bem de uma resposta que se trata. .O dossier completo do La Presse sobre a situação actual tem por título “Resposta de Israel a Gaza”. .Interiorizou-se portanto o significado que o governo israelita pretendeu dar aos acontecimentos, e é a partir dele que se esboça o quadro à luz do qual a situação actual é apreciada e compreendida. .Também nunca é posto em causa o próprio princípio da violência como forma de resolver o conflito israelo-palestiniano, subentendendo-se que essa violência é legítima quando utilizada por Israel, mas ilegítima quando é o Hamas que o faz, ainda que os meios de que dispõem cada um dos protagonistas não sejam comparáveis, e que as perdas sofridas, em termos de vidas humanas e de infra-estruturas, não possam também ser comparadas.Esta lógica padece de dois erros fundamentais, que fazem com que não “tenha pernas para andar”. .Primeiro, porque contradiz os dados empíricos recolhidos no terreno, bem documentados e que ninguém contesta: são simplesmente esquecidos. Depois, porque se inscreve numa lógica absolutamente colonial.Quem quebrou as tréguas?Contrariamente ao que foi dito e repetido ad nauseam nos editoriais e nas entrevistas televisivas, quem quebrou as tréguas não foi o Hamas, mas sim Israel.
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Tradução do artigo já publicado no nosso blog, no passado dia 7 de Janeiro, por Ana Paula Fitas, sob o título Violência colonial da autoria de Rachad Antonius, Professor da Universidade de Quebeque a Montreal. (Professor, UQAM). A tradução, que agradecemos, é de Isabel Gentil.O discurso dominante dos media, do Quebeque e de todo o Canadá, interiorizou completamente a propaganda do governo israelita..A violência actual é explicada pelo facto de que o Hamas teria quebrado a trégua com Israel, tornando-se assim responsável pela violência israelita apresentada como uma “resposta”, não representando senão a defesa contra um inimigo implacável que sempre terá querido destruir o Estado de Israel. .Na melhor das hipóteses, deploram os excessos da dita “resposta”, sem no entanto alguma vez se pôr em causa se é bem de uma resposta que se trata. .O dossier completo do La Presse sobre a situação actual tem por título “Resposta de Israel a Gaza”. .Interiorizou-se portanto o significado que o governo israelita pretendeu dar aos acontecimentos, e é a partir dele que se esboça o quadro à luz do qual a situação actual é apreciada e compreendida. .Também nunca é posto em causa o próprio princípio da violência como forma de resolver o conflito israelo-palestiniano, subentendendo-se que essa violência é legítima quando utilizada por Israel, mas ilegítima quando é o Hamas que o faz, ainda que os meios de que dispõem cada um dos protagonistas não sejam comparáveis, e que as perdas sofridas, em termos de vidas humanas e de infra-estruturas, não possam também ser comparadas.Esta lógica padece de dois erros fundamentais, que fazem com que não “tenha pernas para andar”. .Primeiro, porque contradiz os dados empíricos recolhidos no terreno, bem documentados e que ninguém contesta: são simplesmente esquecidos. Depois, porque se inscreve numa lógica absolutamente colonial.Quem quebrou as tréguas?Contrariamente ao que foi dito e repetido ad nauseam nos editoriais e nas entrevistas televisivas, quem quebrou as tréguas não foi o Hamas, mas sim Israel.