O visto-família e o programa da maioria

03-06-2015
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O visto-família e o programa da maioria

Ontem 00:05 Tiago Freire

“Entendemos que as preocupações das famílias são transversais e estão presentes em todas as áreas da governação .Por isso, qualquer iniciativa que seja aprovada em Conselho de Ministros requer a prévia aposição do ‘visto familiar', ou seja, uma avaliação quanto ao impacto que tem sobre a vida familiar e o estímulo à natalidade".

Soa bem, não soa?

Isto não é só lirismo. Estas frases estão, textualmente, no programa de Governo apresentado em 2011 pela actual maioria PSD/CDS, estando por isso perfeitamente válidas. Esse era o tempo em que a consolidação das contas públicas era para fazer dois terços pelo lado da despesa, através do cirúrgico corte nas "gorduras do Estado".

Foi apenas há quatro anos. Foi a toda uma era de distância.

Agora que estamos prestes a conhecer as principais linhas programáticas do programa eleitoral da coligação, é importante recordar este exemplo do visto-família. Não me recordo de um Governo que, fruto das extraordinárias circunstâncias que o país viveu, tenha sido tão pouco amigo das famílias. Se esta regra fosse aplicada, quantas medidas teriam ficado caídas na sala de montagem do filme do Conselho de Ministros?

Recordo isto porque, creio, o que viermos a conhecer a partir daqui, dos vários partidos do arco da governação, será bem diferente. Não que não seja importante apoiar as famílias, é fundamental. Mas porque, mais importante que boas intenções, é imperioso, agora, falar verdade.

O PS tem tentado, com um ou outro desvio, fazê-lo, com as medidas propostas a ficarem razoavelmente dentro das limitações a que estamos sujeitos.

No caso da maioria, não é de esperar nada de diferente. Por uma questão de feitio (que às vezes conta mais do que nos apercebemos), já que Passos acredita que seguir a via da "verdade" é o caminho para ganhar eleições ou não valerá assim tanto a pena ganhá-las. Por outro lado, os portugueses viveram uma era de choque e pavor nos últimos quatro anos que os deixou vacinados contra conversas de querubins e harpas celestiais.

O que espero do programa da maioria? Verdade, acima de tudo. Mas também a busca de um caminho alternativo ao seguido até aqui. Um caminho que mostre o prémio no fim da maratona, que nos convença, finalmente, que compensará correr mais um pouco, ainda que em ritmo mais relaxado.

Verdade, esperança e criatividade. É a alquimia difícil entre estes três elementos que eu gostaria de ver no programa eleitoral da coligação.

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Ontem 00:05 Tiago Freire

“Entendemos que as preocupações das famílias são transversais e estão presentes em todas as áreas da governação .Por isso, qualquer iniciativa que seja aprovada em Conselho de Ministros requer a prévia aposição do ‘visto familiar', ou seja, uma avaliação quanto ao impacto que tem sobre a vida familiar e o estímulo à natalidade".

Soa bem, não soa?

Isto não é só lirismo. Estas frases estão, textualmente, no programa de Governo apresentado em 2011 pela actual maioria PSD/CDS, estando por isso perfeitamente válidas. Esse era o tempo em que a consolidação das contas públicas era para fazer dois terços pelo lado da despesa, através do cirúrgico corte nas "gorduras do Estado".

Foi apenas há quatro anos. Foi a toda uma era de distância.

Agora que estamos prestes a conhecer as principais linhas programáticas do programa eleitoral da coligação, é importante recordar este exemplo do visto-família. Não me recordo de um Governo que, fruto das extraordinárias circunstâncias que o país viveu, tenha sido tão pouco amigo das famílias. Se esta regra fosse aplicada, quantas medidas teriam ficado caídas na sala de montagem do filme do Conselho de Ministros?

Recordo isto porque, creio, o que viermos a conhecer a partir daqui, dos vários partidos do arco da governação, será bem diferente. Não que não seja importante apoiar as famílias, é fundamental. Mas porque, mais importante que boas intenções, é imperioso, agora, falar verdade.

O PS tem tentado, com um ou outro desvio, fazê-lo, com as medidas propostas a ficarem razoavelmente dentro das limitações a que estamos sujeitos.

No caso da maioria, não é de esperar nada de diferente. Por uma questão de feitio (que às vezes conta mais do que nos apercebemos), já que Passos acredita que seguir a via da "verdade" é o caminho para ganhar eleições ou não valerá assim tanto a pena ganhá-las. Por outro lado, os portugueses viveram uma era de choque e pavor nos últimos quatro anos que os deixou vacinados contra conversas de querubins e harpas celestiais.

O que espero do programa da maioria? Verdade, acima de tudo. Mas também a busca de um caminho alternativo ao seguido até aqui. Um caminho que mostre o prémio no fim da maratona, que nos convença, finalmente, que compensará correr mais um pouco, ainda que em ritmo mais relaxado.

Verdade, esperança e criatividade. É a alquimia difícil entre estes três elementos que eu gostaria de ver no programa eleitoral da coligação.

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