Entre as brumas da memória: Alegre: a procissão entrou agora no adro

31-05-2010
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Chegou ontem, como anunciado, o apoio do PS. Sempre fica bem que tenham sido contados dez votos contra e uma abstenção, unanimismos dariam mal aspecto «à coisa». Mas, depois de tantos receios, cem adiamentos e mil declarados alaridos, não deixa de ser estranho que tenham sido poucas as vozes negativas, numa Comissão Nacional de tão grande dimensão. Mas adiante.
Sócrates falou de decisão «baseada na ética da responsabilidade» e de apoio «em nome de uma visão progressista para o país» (*). Sublinhe-se, e volte a sublinhar-se, que a palavra «esquerda» parece ter desaparecido, provisória ou definitivamente, do vocabulário do nosso PM, quando pareceria a mais evidente a ser usada na circunstância em causa. Mas adiante, uma vez mais.
A bola está agora do lado de Manuel Alegre e as primeiras declarações que fizer, já como candidato oficial do PS e do Bloco, serão decisivas. Porque foi mais do que ruidoso o silêncio a que se remeteu nos últimos tempos, não escapando à interpretação (óbvia?) de que nada diria de «perigoso» até ter o apoio do PS. O que desagradou a muitos.
Simultaneamente, foi crescendo o número dos que teriam preferido um outro desfecho por parte do PS. Ontem, quando começou a saber-se que saíra fumo branco da reunião da Comissão Nacional, e mesmo antes das declarações de Sócrates à saída da mesma, dizia-me um militante bem disciplinado do Bloco: «Alegre acaba de perder 10% de votos». E, por exemplo no Facebook, regressaram imediatamente os apelos lancinantes para que Carvalho da Silva avance.
Por todas estas razões e por ainda mais algumas, a «esquerda», incluindo nela uma percentagem significativa dos militantes socialistas, escalpelizará cada frase e todas as palavras da próxima intervenção de Alegre. Posso estar enganada, mas julgo que, nos próximos dias, ele poderá perder - ou ganhar - muitos votos. Quem sabe, até, a possibilidade de apear ou não o inefável senhor de Boliqueime.
(*) Sobre a utilização do termo «progressista», leia-se o que escreveu Rui Bebiano. No que me diz respeito, continuo a associá-lo aos tempos longínquos em que com ele era etiquetada na minha qualidade de católica. Mas isso foi no tempo em que os animais ainda falavam.
ADENDA: Se a esquerda quiser ganhar Belém, de Miguel Cardina.
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Chegou ontem, como anunciado, o apoio do PS. Sempre fica bem que tenham sido contados dez votos contra e uma abstenção, unanimismos dariam mal aspecto «à coisa». Mas, depois de tantos receios, cem adiamentos e mil declarados alaridos, não deixa de ser estranho que tenham sido poucas as vozes negativas, numa Comissão Nacional de tão grande dimensão. Mas adiante.
Sócrates falou de decisão «baseada na ética da responsabilidade» e de apoio «em nome de uma visão progressista para o país» (*). Sublinhe-se, e volte a sublinhar-se, que a palavra «esquerda» parece ter desaparecido, provisória ou definitivamente, do vocabulário do nosso PM, quando pareceria a mais evidente a ser usada na circunstância em causa. Mas adiante, uma vez mais.
A bola está agora do lado de Manuel Alegre e as primeiras declarações que fizer, já como candidato oficial do PS e do Bloco, serão decisivas. Porque foi mais do que ruidoso o silêncio a que se remeteu nos últimos tempos, não escapando à interpretação (óbvia?) de que nada diria de «perigoso» até ter o apoio do PS. O que desagradou a muitos.
Simultaneamente, foi crescendo o número dos que teriam preferido um outro desfecho por parte do PS. Ontem, quando começou a saber-se que saíra fumo branco da reunião da Comissão Nacional, e mesmo antes das declarações de Sócrates à saída da mesma, dizia-me um militante bem disciplinado do Bloco: «Alegre acaba de perder 10% de votos». E, por exemplo no Facebook, regressaram imediatamente os apelos lancinantes para que Carvalho da Silva avance.
Por todas estas razões e por ainda mais algumas, a «esquerda», incluindo nela uma percentagem significativa dos militantes socialistas, escalpelizará cada frase e todas as palavras da próxima intervenção de Alegre. Posso estar enganada, mas julgo que, nos próximos dias, ele poderá perder - ou ganhar - muitos votos. Quem sabe, até, a possibilidade de apear ou não o inefável senhor de Boliqueime.
(*) Sobre a utilização do termo «progressista», leia-se o que escreveu Rui Bebiano. No que me diz respeito, continuo a associá-lo aos tempos longínquos em que com ele era etiquetada na minha qualidade de católica. Mas isso foi no tempo em que os animais ainda falavam.
ADENDA: Se a esquerda quiser ganhar Belém, de Miguel Cardina.
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