Da Literatura: VERSO E ANVERSO

22-01-2011
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Ler no PNET Literatura a minha crónica Verso e anverso. Excertos:Com intervalo de dez dias morreram António Manuel Couto Viana e José Saramago. Salvo a idade na hora da morte (87 anos), tudo os distinguia. Couto Viana era um poeta consagrado quando a Revolução chegou. Saramago era um literato que se fez escritor a partir da Revolução. Ambos foram autores no sentido amplo do termo.[...] Couto Viana surgiu quando o neo-realismo impunha o diktat. Solipsismo, crença no devir messiânico da Pátria e carácter nacionalista exacerbado deram azo a ostracismo geral. [...]Com Saramago foi tudo ao contrário. Em 1974, qualquer veleidade da sua parte seria motivo de riso. Os nomes que então “contavam” eram os de José Gomes Ferreira, Miguel Torga, Vergílio Ferreira (muitos engulhos do PCP), Óscar Lopes, Sophia de Mello Breyner Andresen, Fernando Namora, Carlos de Oliveira, Eduardo Lourenço, Urbano Tavares Rodrigues, António Ramos Rosa, José Cardoso Pires, Augusto Abelaira, Manuel Alegre, Maria Teresa Horta e Almeida Faria. Entre a Nomenklatura e Saramago, uma barreira de notáveis: Vitorino Nemésio, Agustina Bessa-Luís, Eugénio de Andrade, Natália Correia, Mário Cesariny (então ainda de Vasconcelos), Alexandre O’Neill, Sttau Monteiro, António Alçada Baptista, David Mourão-Ferreira, Nuno Bragança, Herberto Helder, Ruy Belo, Pedro Tamen, Fiama Hasse Pais Brandão, Maria Velho da Costa e Gastão Cruz. (Jorge de Sena, do outro lado do mundo, não entrava nestes arranjos.) Saramago porfiou. [...]Quando em 1993 a Associação Portuguesa de Escritores lhe outorga o Prémio Vida Literária, Saramago era o cânone.[Na imagem, Saramago na sua casa de Lisboa em Fevereiro de 1991.]Etiquetas: Crónica, PNET Literatura

Ler no PNET Literatura a minha crónica Verso e anverso. Excertos:Com intervalo de dez dias morreram António Manuel Couto Viana e José Saramago. Salvo a idade na hora da morte (87 anos), tudo os distinguia. Couto Viana era um poeta consagrado quando a Revolução chegou. Saramago era um literato que se fez escritor a partir da Revolução. Ambos foram autores no sentido amplo do termo.[...] Couto Viana surgiu quando o neo-realismo impunha o diktat. Solipsismo, crença no devir messiânico da Pátria e carácter nacionalista exacerbado deram azo a ostracismo geral. [...]Com Saramago foi tudo ao contrário. Em 1974, qualquer veleidade da sua parte seria motivo de riso. Os nomes que então “contavam” eram os de José Gomes Ferreira, Miguel Torga, Vergílio Ferreira (muitos engulhos do PCP), Óscar Lopes, Sophia de Mello Breyner Andresen, Fernando Namora, Carlos de Oliveira, Eduardo Lourenço, Urbano Tavares Rodrigues, António Ramos Rosa, José Cardoso Pires, Augusto Abelaira, Manuel Alegre, Maria Teresa Horta e Almeida Faria. Entre a Nomenklatura e Saramago, uma barreira de notáveis: Vitorino Nemésio, Agustina Bessa-Luís, Eugénio de Andrade, Natália Correia, Mário Cesariny (então ainda de Vasconcelos), Alexandre O’Neill, Sttau Monteiro, António Alçada Baptista, David Mourão-Ferreira, Nuno Bragança, Herberto Helder, Ruy Belo, Pedro Tamen, Fiama Hasse Pais Brandão, Maria Velho da Costa e Gastão Cruz. (Jorge de Sena, do outro lado do mundo, não entrava nestes arranjos.) Saramago porfiou. [...]Quando em 1993 a Associação Portuguesa de Escritores lhe outorga o Prémio Vida Literária, Saramago era o cânone.[Na imagem, Saramago na sua casa de Lisboa em Fevereiro de 1991.]Etiquetas: Crónica, PNET Literatura

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