Aberratio Ictus: Ah, o doce sabor da política

15-10-2009
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Isto passou-se na passada 2ª feira, mas só agora tenho oportunidade de escrever: trata-se do Prós e contras" desse dia. A seguir ao programa em que se discutiu o caso "Esmeralda", que adorei pelo tecnicismo jurídico (a maioria dos intervenientes estiveram melhor que nunca, sobretudo os que participavam da plateia; o Juiz Desembargador do Tribunal da Relação de Coimbra ficou um pouco aquém, com todo o devido respeito, do que esperava. Ele próprio explicou que estava ali após horas e horas de trabalho, cansadíssimo. Deixou um pouco a desejar por dois motivos a meu ver: afirmou que nas faculdades de Direito não se ensina a Regulação do Poder Paternal, tal só acontece no C.E.J. Provavelmente - e é o mais certo-, está mal informado. Na F.D.L. estuda-se, vide o manual do Prof. Doutor Pereira Coelho - esse capítulo consta desse livro -, e por outro lado, entrou em questões laterais como a classificação dos juizes e dos vários agentes judiciários), o desta segunda foi o que mais gostei. No do caso da menina Esmeralda, Fátima Campos Ferreira esteve melhor que nunca. No desta segunda-feira, a meu ver, faltou um constitucionalista da área da esquerda, não gostei da prestação de Soares.Mas vamos analisar esse programa onde se discutia as Presidenciais Francesas e a prestação dos diferentes intervenientes:- Fátima Campos Ferreira está cada vez mais à vontade, deixa fluir a conversa e já não interrompe tanto os convidados;- Miguel Portas. daqui veio uma verdadeira lição do que é a esquerda vs. direita, e os problemas actuais da Democracia Musculada. A esquerda preserva o prazer dos cidadãos, o que é privado; para ela - esquerda - o Estado não se deve imiscuir nesses assuntos, mas sim nos assuntos laborais, sociais e económicos, como regulador da economia e criador de emprego. A Direita, pelo contrário, intervém na vida pessoal das pessoas, controlando-a, e deixa ao mercado a regulação de todos os outros aspectos. Para mim, houve aqui uma referência à "Mão Invisível" de Adam Smith. O Prof. Doutor Fernando Araújo já reviu esse conceito. não há liberdade total no conceito de "Mão invisível", mas sim um mecanicismo determinista - vide o seu Manual de "Introdução à economia" ou a sua tese de Doutoramento sobre esse tema;- O momento da noite esteve a cargo de Adriano Moreira. Como eu gostaria de o ter tido como Professor de Ciência Política: fiquei-me pela leitura do seu manual. Um Homem do Antigo Regime, que naquele mesmo programa já afirmaram que no seu tempo havia bufos e hoje não, como se a responsabilidade desse facto recaísse sobre ele, o Homem que criou o Estatuto dos Indígenas e que lhes conferia os mesmos direitos que os portugueses tinham nas ex-colónias não pode, nem deve ser apelidado de fascista ou algo parecido. Ele estava a democratizar o Regime por dentro.Adriano Moreira foi também Professor no ISCSP de Rui Sá, orientava o seu Doutoramento; infelizmente aquele líder brilhante e inteligente do PCP morreu muito cedo, aos 40 anos de idade. Como se pode apelidar Adriano Moreira do que quer que seja, perante isto?O que Adriano referiu e muito bem - para quem quiser aprofundar esta questão leia por favor o seu manual "Teoria das relações Internacionais" -, que o paradigma na Europa estva a mudar quanto à relação de forças. Neste momento temos a França, a Alemanha, a Itália, a Grã-bretanha, e agora a Espanha. Aqui, não gostei da resposta de Soares a rir: "A Espanha?". Adriano Moreira respondeu: " A espanha impõe-se, não precisa de outros países que o façam por ela." Referiu também os valores democrato-cristãos que sempre defendeu. O interessante foi mesmo falar dessa mudança de paradigma que vem desde o Tratado de Versalhes. Há sempre Países mais fortes ao longo da História que impõem o seu poder aos outros. Nesse sentido referiu também o Conselho de Segurança da ONU, a necessidade da sua reformulação, pois países vencedores da II Guerra Mundial nunca tiveram assento como membros permanentes do C.S. da ONU, como o Brasil ou a Austrália. Novamente a referência à exigência de mudança de paradigma.Fiquei com a ideia, que pode estar errada, que essa mudança de paradigma se refere aos EUA; se a partir do Tratado de Versalhes surgiram outros países com um poderio económico, político e militar mais forte do que os assinaram, os EUA, como grande potência mundial reconhecida internacionalmente, também podem deixar de o ser.Confesso, foi mel e ouro para os meus sentidos e neurónios. Parecia que estava assistir uma aula de Relações Internacionais;-Quem também esteve bem, foi Paulo Rangel, que partindo das palavras do Professor Adriano Moreira da mudança de paradigma o aplicou à realidade portuguesa. Gostei. Deu uma aula de Direito Constitucional - a teoria -, e de Ciência Política: o Direito Constitucional posto em prática.Gostaria que Jorge Miranda ou Vital Moreira estivessem no lugar de Mário Soares, tal não aconteceu.Etiquetas: Política

Isto passou-se na passada 2ª feira, mas só agora tenho oportunidade de escrever: trata-se do Prós e contras" desse dia. A seguir ao programa em que se discutiu o caso "Esmeralda", que adorei pelo tecnicismo jurídico (a maioria dos intervenientes estiveram melhor que nunca, sobretudo os que participavam da plateia; o Juiz Desembargador do Tribunal da Relação de Coimbra ficou um pouco aquém, com todo o devido respeito, do que esperava. Ele próprio explicou que estava ali após horas e horas de trabalho, cansadíssimo. Deixou um pouco a desejar por dois motivos a meu ver: afirmou que nas faculdades de Direito não se ensina a Regulação do Poder Paternal, tal só acontece no C.E.J. Provavelmente - e é o mais certo-, está mal informado. Na F.D.L. estuda-se, vide o manual do Prof. Doutor Pereira Coelho - esse capítulo consta desse livro -, e por outro lado, entrou em questões laterais como a classificação dos juizes e dos vários agentes judiciários), o desta segunda foi o que mais gostei. No do caso da menina Esmeralda, Fátima Campos Ferreira esteve melhor que nunca. No desta segunda-feira, a meu ver, faltou um constitucionalista da área da esquerda, não gostei da prestação de Soares.Mas vamos analisar esse programa onde se discutia as Presidenciais Francesas e a prestação dos diferentes intervenientes:- Fátima Campos Ferreira está cada vez mais à vontade, deixa fluir a conversa e já não interrompe tanto os convidados;- Miguel Portas. daqui veio uma verdadeira lição do que é a esquerda vs. direita, e os problemas actuais da Democracia Musculada. A esquerda preserva o prazer dos cidadãos, o que é privado; para ela - esquerda - o Estado não se deve imiscuir nesses assuntos, mas sim nos assuntos laborais, sociais e económicos, como regulador da economia e criador de emprego. A Direita, pelo contrário, intervém na vida pessoal das pessoas, controlando-a, e deixa ao mercado a regulação de todos os outros aspectos. Para mim, houve aqui uma referência à "Mão Invisível" de Adam Smith. O Prof. Doutor Fernando Araújo já reviu esse conceito. não há liberdade total no conceito de "Mão invisível", mas sim um mecanicismo determinista - vide o seu Manual de "Introdução à economia" ou a sua tese de Doutoramento sobre esse tema;- O momento da noite esteve a cargo de Adriano Moreira. Como eu gostaria de o ter tido como Professor de Ciência Política: fiquei-me pela leitura do seu manual. Um Homem do Antigo Regime, que naquele mesmo programa já afirmaram que no seu tempo havia bufos e hoje não, como se a responsabilidade desse facto recaísse sobre ele, o Homem que criou o Estatuto dos Indígenas e que lhes conferia os mesmos direitos que os portugueses tinham nas ex-colónias não pode, nem deve ser apelidado de fascista ou algo parecido. Ele estava a democratizar o Regime por dentro.Adriano Moreira foi também Professor no ISCSP de Rui Sá, orientava o seu Doutoramento; infelizmente aquele líder brilhante e inteligente do PCP morreu muito cedo, aos 40 anos de idade. Como se pode apelidar Adriano Moreira do que quer que seja, perante isto?O que Adriano referiu e muito bem - para quem quiser aprofundar esta questão leia por favor o seu manual "Teoria das relações Internacionais" -, que o paradigma na Europa estva a mudar quanto à relação de forças. Neste momento temos a França, a Alemanha, a Itália, a Grã-bretanha, e agora a Espanha. Aqui, não gostei da resposta de Soares a rir: "A Espanha?". Adriano Moreira respondeu: " A espanha impõe-se, não precisa de outros países que o façam por ela." Referiu também os valores democrato-cristãos que sempre defendeu. O interessante foi mesmo falar dessa mudança de paradigma que vem desde o Tratado de Versalhes. Há sempre Países mais fortes ao longo da História que impõem o seu poder aos outros. Nesse sentido referiu também o Conselho de Segurança da ONU, a necessidade da sua reformulação, pois países vencedores da II Guerra Mundial nunca tiveram assento como membros permanentes do C.S. da ONU, como o Brasil ou a Austrália. Novamente a referência à exigência de mudança de paradigma.Fiquei com a ideia, que pode estar errada, que essa mudança de paradigma se refere aos EUA; se a partir do Tratado de Versalhes surgiram outros países com um poderio económico, político e militar mais forte do que os assinaram, os EUA, como grande potência mundial reconhecida internacionalmente, também podem deixar de o ser.Confesso, foi mel e ouro para os meus sentidos e neurónios. Parecia que estava assistir uma aula de Relações Internacionais;-Quem também esteve bem, foi Paulo Rangel, que partindo das palavras do Professor Adriano Moreira da mudança de paradigma o aplicou à realidade portuguesa. Gostei. Deu uma aula de Direito Constitucional - a teoria -, e de Ciência Política: o Direito Constitucional posto em prática.Gostaria que Jorge Miranda ou Vital Moreira estivessem no lugar de Mário Soares, tal não aconteceu.Etiquetas: Política

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