Largo das Calhandreiras: Porquê?

15-10-2009
marcar artigo


As crises da cristalaria não são um fenómeno da última década. Elas atravessaram os tempos, quase desde a sua fundação. Se é verdade que a evolução do sector se fez sempre com grande turbulência, também é verdade que às crises sucediam períodos de recuperação e crescimento, que fizeram da Marinha Grande uma terra conhecida no País e no estrangeiro, assumindo a indústria um papel fundamental no crescimento da nossa terra.As convulsões pós-25 de Abril são de outra natureza. O derrube da ditadura, que artificialmente protegia alguns sectores industriais e os mantinha à custa de baixos salários, veio acelerar um processo de entrada numa economia mais aberta e mais competitiva, ao mesmo tempo que os movimentos operários, legitimamente, reivindicavam melhores condições salariais.Estes dois factores conjugados, provocaram efeitos devastadores nos resultados das empresas deste sector de mão de obra intensiva. A Ivima, na década de 70, tinha mais de 1300 operários.Com a democracia, os sindicatos corporativos deram origem a um movimento sindical forte, onde o PCP tinha, e tem, uma forte influência.Na verdade, enquanto o PCP foi poder na Autarquia, e isso aconteceu até 1994, os problemas graves e estruturais que existiam no sector, eram mascarados com injecções de dinheiro para pagar "formação", mas que, na prática, servia para pagar salários e evitar convulsões sociais que todos tentavam evitar.Olhando para trás, vem-nos à memória uma Manuel Pereira Roldão que já tinha passado de um Freitas para um Antero e que, em 1993, acumulava prejuizos, tinha salários em atraso e estava em falência técnica.O grande problema do sector da cristalaria é que, para competir com as novas economias emergentes (Turquia, Polónia, R. Checa, China, Roménia, etc.), alguém deveria ter pensado num novo modelo de exploração, antes que o actual se estivesse esgotado totalmente.Ao contrário, aquilo que se assistiu foi a uma agudização das lutas e reivindicações sindicais, muitas delas artificiais, que foram usadas como arma de arremesso contra a Câmara Municipal, entretanto perdida pela CDU.Numa indústria em que os custos da energia têm um enorme peso na formação do preço, sucederam-se os plenários, as greves, as arruadas, os acampamentos na Praça Stephens, sob qualquer pretexto, acusando-se os autarcas de serem responsáveis pelos problemas, quando eles residiam na ausência de estratégia e no vazio do mínimo esforço de concertação.Se há coisa de que as empresas não se podem queixar é de falta de apoios do Estado ao longo de muitos anos, atrvessando transversalmente os vários partidos no poder.Mais do que descobrir culpados, é preciso encontrar soluções para o que resta da cristalaria, sendo certo que a dimensão de outrora e a importância que detinha na criação de emprego se perdeu irremediavelmente.Só como registo, lembrar que de 2005 até agora, já fecharam a Marividros, a Tosel, a Canividro, a Vitroibérica e outras, sem que o Sindicato tenha sequer esboçado uma manifestação pública, mesmo que fosse no Largo do Luzeirão e também sinalizar que a Atlantis está à beira de declarar falência, sem que o risco de perda de mais 500 postos de trabalho leve o Sindicato a abdicar de marcar greves com novas exigências, em vez de se sentar à mesa, como fazem os grandes Sindicatos Alemães, com disponibilidade para negociar as cedências que se revelarem necessárias para salvar a única empresa que produz cristal, mesmo que fora da Marinha Grande.


As crises da cristalaria não são um fenómeno da última década. Elas atravessaram os tempos, quase desde a sua fundação. Se é verdade que a evolução do sector se fez sempre com grande turbulência, também é verdade que às crises sucediam períodos de recuperação e crescimento, que fizeram da Marinha Grande uma terra conhecida no País e no estrangeiro, assumindo a indústria um papel fundamental no crescimento da nossa terra.As convulsões pós-25 de Abril são de outra natureza. O derrube da ditadura, que artificialmente protegia alguns sectores industriais e os mantinha à custa de baixos salários, veio acelerar um processo de entrada numa economia mais aberta e mais competitiva, ao mesmo tempo que os movimentos operários, legitimamente, reivindicavam melhores condições salariais.Estes dois factores conjugados, provocaram efeitos devastadores nos resultados das empresas deste sector de mão de obra intensiva. A Ivima, na década de 70, tinha mais de 1300 operários.Com a democracia, os sindicatos corporativos deram origem a um movimento sindical forte, onde o PCP tinha, e tem, uma forte influência.Na verdade, enquanto o PCP foi poder na Autarquia, e isso aconteceu até 1994, os problemas graves e estruturais que existiam no sector, eram mascarados com injecções de dinheiro para pagar "formação", mas que, na prática, servia para pagar salários e evitar convulsões sociais que todos tentavam evitar.Olhando para trás, vem-nos à memória uma Manuel Pereira Roldão que já tinha passado de um Freitas para um Antero e que, em 1993, acumulava prejuizos, tinha salários em atraso e estava em falência técnica.O grande problema do sector da cristalaria é que, para competir com as novas economias emergentes (Turquia, Polónia, R. Checa, China, Roménia, etc.), alguém deveria ter pensado num novo modelo de exploração, antes que o actual se estivesse esgotado totalmente.Ao contrário, aquilo que se assistiu foi a uma agudização das lutas e reivindicações sindicais, muitas delas artificiais, que foram usadas como arma de arremesso contra a Câmara Municipal, entretanto perdida pela CDU.Numa indústria em que os custos da energia têm um enorme peso na formação do preço, sucederam-se os plenários, as greves, as arruadas, os acampamentos na Praça Stephens, sob qualquer pretexto, acusando-se os autarcas de serem responsáveis pelos problemas, quando eles residiam na ausência de estratégia e no vazio do mínimo esforço de concertação.Se há coisa de que as empresas não se podem queixar é de falta de apoios do Estado ao longo de muitos anos, atrvessando transversalmente os vários partidos no poder.Mais do que descobrir culpados, é preciso encontrar soluções para o que resta da cristalaria, sendo certo que a dimensão de outrora e a importância que detinha na criação de emprego se perdeu irremediavelmente.Só como registo, lembrar que de 2005 até agora, já fecharam a Marividros, a Tosel, a Canividro, a Vitroibérica e outras, sem que o Sindicato tenha sequer esboçado uma manifestação pública, mesmo que fosse no Largo do Luzeirão e também sinalizar que a Atlantis está à beira de declarar falência, sem que o risco de perda de mais 500 postos de trabalho leve o Sindicato a abdicar de marcar greves com novas exigências, em vez de se sentar à mesa, como fazem os grandes Sindicatos Alemães, com disponibilidade para negociar as cedências que se revelarem necessárias para salvar a única empresa que produz cristal, mesmo que fora da Marinha Grande.

marcar artigo