O país do Burro: OE 2010: a compilação de absurdos para mimar a crise

04-08-2010
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Com o consumo privado deprimido, não haveria momento mais indicado para promover o congelamento de salários do que o presente. O mesmo para o investimento público, outra componente da despesa que está deficitário e é uma das causas da crise que vivemos. Da mesma forma, não haveria momento mais propício para desincentivar as reformas antecipadas na função pública do que o actual. O desemprego está em máximos de décadas e a bater records todos os meses, há que manter os mais velhos a trabalhar e os mais novos ocupados à procura de um trabalhito. É também uma oportunidade de ouro para manter a regra que restringe as novas admissões na função pública. Para suprir as carências de pessoal sentidas em alguns serviços, há um exército de desempregados colocados por períodos curtos em instituições públicas ao abrigo de planos ocupacionais a receber pouco mais do que uma centena de euros, apesar de fazerem tanto ou mais do que quem se senta na secretária ao lado e não poucas vezes se aproveita da precariedade da sua situação. O momento presente é também o ideal para poupar na protecção social no desemprego que, como é sabido, é em Portugal uma das melhores de todo o mundo.E nem uma medida com o objectivo de reduzir as aquisições de bens e serviços, a rubrica orçamental na qual se inscreveram os mil milhões de euros em estudos, pareceres e consultoria que foram gastos no ano passado. Nada de tributar mais valias bolsistas ou transacções com off-shores. E nem pensar em pôr a banca a pagar o mesmo em IRC que paga a restante economia. Seria uma “irresponsabilidade”, uma “mensagem errada para os mercados”.Ainda não disponho de dados, mas suspeito que os cidadãos portadores de deficiências serão dos poucos a quem os impostos serão aumentados em 2010. São uma mnoria com pouco peso político e ainda menor peso orçamental, mas nem por isso escaparão a esta compilação de absurdos que é o OE 2010. A crise tem margem para crescer.


Com o consumo privado deprimido, não haveria momento mais indicado para promover o congelamento de salários do que o presente. O mesmo para o investimento público, outra componente da despesa que está deficitário e é uma das causas da crise que vivemos. Da mesma forma, não haveria momento mais propício para desincentivar as reformas antecipadas na função pública do que o actual. O desemprego está em máximos de décadas e a bater records todos os meses, há que manter os mais velhos a trabalhar e os mais novos ocupados à procura de um trabalhito. É também uma oportunidade de ouro para manter a regra que restringe as novas admissões na função pública. Para suprir as carências de pessoal sentidas em alguns serviços, há um exército de desempregados colocados por períodos curtos em instituições públicas ao abrigo de planos ocupacionais a receber pouco mais do que uma centena de euros, apesar de fazerem tanto ou mais do que quem se senta na secretária ao lado e não poucas vezes se aproveita da precariedade da sua situação. O momento presente é também o ideal para poupar na protecção social no desemprego que, como é sabido, é em Portugal uma das melhores de todo o mundo.E nem uma medida com o objectivo de reduzir as aquisições de bens e serviços, a rubrica orçamental na qual se inscreveram os mil milhões de euros em estudos, pareceres e consultoria que foram gastos no ano passado. Nada de tributar mais valias bolsistas ou transacções com off-shores. E nem pensar em pôr a banca a pagar o mesmo em IRC que paga a restante economia. Seria uma “irresponsabilidade”, uma “mensagem errada para os mercados”.Ainda não disponho de dados, mas suspeito que os cidadãos portadores de deficiências serão dos poucos a quem os impostos serão aumentados em 2010. São uma mnoria com pouco peso político e ainda menor peso orçamental, mas nem por isso escaparão a esta compilação de absurdos que é o OE 2010. A crise tem margem para crescer.

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