portugal contemporâneo: um velho mestre

19-12-2009
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Que ninguém tenha dúvidas: se as circunstâncias o exigirem, o bloco central terá lugar após as eleições legislativas. As circunstâncias, neste caso, serão uma mistura promíscua entre um alegado “interesse nacional” e o realismo político das forças em jogo: Partido Socialista, Partido Social Democrata e Presidente da República. A justificação pública da necessidade de um governo de unidade “patriótica” já há muito está a ser trabalhada. A crise nacional e internacional, sobretudo esta última que tem as costas larguíssimas. O resto será ditado pelas urnas. Se o PS, como é mais do que provável, perder folgadamente a maioria absoluta e o CDS, como é mais do que provável, não for suficiente para a compor, restam dois cenários de governabilidade: ou uma coligação com o Bloco de Esquerda, ou uma coligação com o PSD. A primeira não terá nunca o apoio do Presidente. E o próprio PS sabe que uma coisa é fazer acordos pontuais com o Bloco, outra bem distinta é fazer depender a governação do agitado grupo de Louçã. Os tempos, sobretudo na Europa, não vão de radicalismos à esquerda, e José Sócrates sabe bem que não governa o país sózinho. Assim, restará o PSD. Sem Manuela Ferreira Leite, obviamente, forçada a demitir-se por ter perdido as eleições, e por ser um empecilho à solução de governo com o PS, sobretudo desde que assumiu publicamente o compromisso de não o viabilizar. Mas o PSD não se esgota em Ferreira Leite e quase toda a gente tem a clara certeza de que, ou ela consegue surpreender nas urnas, ou o seu mandato findará na noite das legislativas. Sobram, entre outros, Rui Rio, eternamente candidato a líder, e que uma justificação de “sacrifício” pelo “interesse nacional” legitimaria o abandono dos compromissos eleitorais autárquicos assumidos para com a cidade do Porto. Com o alto patrocínio do Presidente da República, até ao dia em que, como é da natureza das coisas, a coligação se desfizer. Também por interesses patrióticos, naturalmente. Aí, o jogo voltará a ser distribuído e a posição do PSD e de Rio bem diferentes. A do PS e de José Sócrates, também. Basta pensar no que aconteceu ao PS depois do fim do primitivo Bloco Central, que liderou em coligação com o mesmo PSD. Por acção e graça, recorde-se, de Aníbal Cavaco Silva. No fim de contas, um velho mestre nestas e em muitas outras matérias.

Que ninguém tenha dúvidas: se as circunstâncias o exigirem, o bloco central terá lugar após as eleições legislativas. As circunstâncias, neste caso, serão uma mistura promíscua entre um alegado “interesse nacional” e o realismo político das forças em jogo: Partido Socialista, Partido Social Democrata e Presidente da República. A justificação pública da necessidade de um governo de unidade “patriótica” já há muito está a ser trabalhada. A crise nacional e internacional, sobretudo esta última que tem as costas larguíssimas. O resto será ditado pelas urnas. Se o PS, como é mais do que provável, perder folgadamente a maioria absoluta e o CDS, como é mais do que provável, não for suficiente para a compor, restam dois cenários de governabilidade: ou uma coligação com o Bloco de Esquerda, ou uma coligação com o PSD. A primeira não terá nunca o apoio do Presidente. E o próprio PS sabe que uma coisa é fazer acordos pontuais com o Bloco, outra bem distinta é fazer depender a governação do agitado grupo de Louçã. Os tempos, sobretudo na Europa, não vão de radicalismos à esquerda, e José Sócrates sabe bem que não governa o país sózinho. Assim, restará o PSD. Sem Manuela Ferreira Leite, obviamente, forçada a demitir-se por ter perdido as eleições, e por ser um empecilho à solução de governo com o PS, sobretudo desde que assumiu publicamente o compromisso de não o viabilizar. Mas o PSD não se esgota em Ferreira Leite e quase toda a gente tem a clara certeza de que, ou ela consegue surpreender nas urnas, ou o seu mandato findará na noite das legislativas. Sobram, entre outros, Rui Rio, eternamente candidato a líder, e que uma justificação de “sacrifício” pelo “interesse nacional” legitimaria o abandono dos compromissos eleitorais autárquicos assumidos para com a cidade do Porto. Com o alto patrocínio do Presidente da República, até ao dia em que, como é da natureza das coisas, a coligação se desfizer. Também por interesses patrióticos, naturalmente. Aí, o jogo voltará a ser distribuído e a posição do PSD e de Rio bem diferentes. A do PS e de José Sócrates, também. Basta pensar no que aconteceu ao PS depois do fim do primitivo Bloco Central, que liderou em coligação com o mesmo PSD. Por acção e graça, recorde-se, de Aníbal Cavaco Silva. No fim de contas, um velho mestre nestas e em muitas outras matérias.

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