Banco Corrido.: Rescaldo das europeias a pensar nas legislativas

18-12-2009
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O PS é o principal derrotado. Perdeu as eleições e desceu a sua votação a um patamar historicamente baixo a que já não estava habituado desde o fim da crise dos anos oitenta e da extinção do PRD.O PSD teve uma grande vitória muito pequenina, já que ganhou as eleições com a mesma percentagem com que estava previsto que as perdesse e longe de um resultado que lhe permita afirmar sustentdamente que estas eleições foram um trampolim para as próximas.O Bloco de Esquerda cresceu imenso, tornando-se no partido de refúgio de uma base eleitoral que já foi e pode voltar a ser do PS, mas quis deixar claro que não está com ele neste momento.A CDU aguentou-se e o CDS sobreviveu, enquanto o MEP pode ter nascido, o MMS foi uma operação abortada e nos velhos pequenos partidos ficou tudo no mesmo sítio.Nasceram dois protagonistas de quem se irá ouvir falar no futuro, embora um imediatamente e outro a mais longo prazo: Paulo Rangel no PSD e Rui Tavares no Bloco de Esquerda, caso se confirme a sua eleição. O primeiro tem potencial para unir a direita em torno do PSD, com o seu discurso cristão-social e sofisticado, embora raiado dos temas caros ao populismo. O segundo pode reforçar substancialmente a ala realista do BE e, se vier a dedicar-se a tempo inteiro à política, baralhar os dados da transição geracional que se aproxima a grande velocidade no BE e que substituirá os velhos líderes da extrema-esquerda. Têm, no entanto, ambos que conseguir vencer o efeito de distância que Estrasburgo provoca em relação à política nacional.Que deve o PS fazer com esta derrota?1. O que devia ter feito no último congresso e fez só em parte. Deixar claro como vai enfrentar a questão da redução das desigualdades e o reforço das classes médias. Fugir a tentações sectárias e de depuração interna que conduzam ao fechamento em núcleos duros cada vez mais puros e cada vez mais núcleos. Abandonar a tentação de ser o partido-centro do sistema equidistante da direita e da esquerda e lutar por ser o partido-âncora da esquerda, combatendo a direita democrática e a esquerda irrealista.2. O que deve estar a preparar agora. Dar combate ideológico às receitas neoliberais para o país e escolher uma agenda política que o diferencie delas. Preparar um programa para a próxima legislatura que o revincule ao eleitorado reformista de esquerda e não apenas ao eleitorado reformista tout court, quiçá aos reformistas de direita.3. Não ceder à tentação do ziguezague táctico. Concluir a legislatura com a orientação que teve até hoje, mas dar ouvidos aos eleitores que escolheram as europeias para protestar. Não é momento para continuar a somar desconentamentos gratuitamente e é momento de escolher os aliados para as reformas progressistas do futuro. Mesmo em maioria absoluta não se governa bem sem uma ideia clara de quem são os inimigos, os concorrentes e os aliados. Em período de crise, essa percepção clara é mais necessária que nunca.4. Continuar a repensar-se. A dura verdade é que os socialistas europeus perderam em quase toda a linha. O que quer dizer que não estão a cumprir bem a sua função histórica de serem alternativa de poder em nome da coesão social, da luta contra as desigualdades e da afirmação dos direitos sociais.Se não formos capazes de encontrar novas e melhores respostas arriscamo-nos a empurrar os europeus para a escolha entre o capitalismo liberal, o medo reaccionário e xenófobo e o protesto ingovernável. A missão histórica dos socialistas é encontrar a alternativa que retire dos protesto energias positivas de reforma, que influencie o capitalismo regulando-o seriamente e que derrote a direita reaccionária e xenófoba.5. Explicar-se melhor. O balanço desta legislatura far-se-á a partir de agora. Todas as reformas dolorosas que foram feitas precisam de ser explicadas quanto à sua necessidade e direcção. Se os eleitores entenderem que se tratou de caprichos governamentais e não de medidas duras mas indispensáveis, as consequências podem não ser boas. O PS tem a obrigação de saber que a direita se está a recompor e não pode desistir de unir a esquerda consequente em torno do seu projecto. Doa a quem doer, custe o que custar.


O PS é o principal derrotado. Perdeu as eleições e desceu a sua votação a um patamar historicamente baixo a que já não estava habituado desde o fim da crise dos anos oitenta e da extinção do PRD.O PSD teve uma grande vitória muito pequenina, já que ganhou as eleições com a mesma percentagem com que estava previsto que as perdesse e longe de um resultado que lhe permita afirmar sustentdamente que estas eleições foram um trampolim para as próximas.O Bloco de Esquerda cresceu imenso, tornando-se no partido de refúgio de uma base eleitoral que já foi e pode voltar a ser do PS, mas quis deixar claro que não está com ele neste momento.A CDU aguentou-se e o CDS sobreviveu, enquanto o MEP pode ter nascido, o MMS foi uma operação abortada e nos velhos pequenos partidos ficou tudo no mesmo sítio.Nasceram dois protagonistas de quem se irá ouvir falar no futuro, embora um imediatamente e outro a mais longo prazo: Paulo Rangel no PSD e Rui Tavares no Bloco de Esquerda, caso se confirme a sua eleição. O primeiro tem potencial para unir a direita em torno do PSD, com o seu discurso cristão-social e sofisticado, embora raiado dos temas caros ao populismo. O segundo pode reforçar substancialmente a ala realista do BE e, se vier a dedicar-se a tempo inteiro à política, baralhar os dados da transição geracional que se aproxima a grande velocidade no BE e que substituirá os velhos líderes da extrema-esquerda. Têm, no entanto, ambos que conseguir vencer o efeito de distância que Estrasburgo provoca em relação à política nacional.Que deve o PS fazer com esta derrota?1. O que devia ter feito no último congresso e fez só em parte. Deixar claro como vai enfrentar a questão da redução das desigualdades e o reforço das classes médias. Fugir a tentações sectárias e de depuração interna que conduzam ao fechamento em núcleos duros cada vez mais puros e cada vez mais núcleos. Abandonar a tentação de ser o partido-centro do sistema equidistante da direita e da esquerda e lutar por ser o partido-âncora da esquerda, combatendo a direita democrática e a esquerda irrealista.2. O que deve estar a preparar agora. Dar combate ideológico às receitas neoliberais para o país e escolher uma agenda política que o diferencie delas. Preparar um programa para a próxima legislatura que o revincule ao eleitorado reformista de esquerda e não apenas ao eleitorado reformista tout court, quiçá aos reformistas de direita.3. Não ceder à tentação do ziguezague táctico. Concluir a legislatura com a orientação que teve até hoje, mas dar ouvidos aos eleitores que escolheram as europeias para protestar. Não é momento para continuar a somar desconentamentos gratuitamente e é momento de escolher os aliados para as reformas progressistas do futuro. Mesmo em maioria absoluta não se governa bem sem uma ideia clara de quem são os inimigos, os concorrentes e os aliados. Em período de crise, essa percepção clara é mais necessária que nunca.4. Continuar a repensar-se. A dura verdade é que os socialistas europeus perderam em quase toda a linha. O que quer dizer que não estão a cumprir bem a sua função histórica de serem alternativa de poder em nome da coesão social, da luta contra as desigualdades e da afirmação dos direitos sociais.Se não formos capazes de encontrar novas e melhores respostas arriscamo-nos a empurrar os europeus para a escolha entre o capitalismo liberal, o medo reaccionário e xenófobo e o protesto ingovernável. A missão histórica dos socialistas é encontrar a alternativa que retire dos protesto energias positivas de reforma, que influencie o capitalismo regulando-o seriamente e que derrote a direita reaccionária e xenófoba.5. Explicar-se melhor. O balanço desta legislatura far-se-á a partir de agora. Todas as reformas dolorosas que foram feitas precisam de ser explicadas quanto à sua necessidade e direcção. Se os eleitores entenderem que se tratou de caprichos governamentais e não de medidas duras mas indispensáveis, as consequências podem não ser boas. O PS tem a obrigação de saber que a direita se está a recompor e não pode desistir de unir a esquerda consequente em torno do seu projecto. Doa a quem doer, custe o que custar.

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