A propósito do novo modelo de financiamento da Saúde pública, sugerido pelo ministro Correia de Campos, não vale a pena desde já começar a chuveirar perdigotos.É por demais evidente que o sistema é insustentável. Por algum lado terá de ser reformado. Algum dia o SNS terá de ser pago directamente por quem o utiliza, mesmo que desigualmente entre os utentes. E demais pedir que um governo socialista não recorra ao estafado argumento populista "os ricos tem capacidade de [serem obrigados a] maior solidariedade, e o que pagam a mais pelo mesmo serviço é justo porque têm mais a perder".O Governo opta pela via que potencia maior animosidade social. A Saúde privada, com um mercado mais alargado, terá mais incentivos para prestar um serviço mais extenso, mais barato e de melhor qualidade. Quem tem possibilidades já paga para não recorrer ao SNS, e mais razões terá para reforçar esse comportamento, ressentindo o dinheiro de impostos que não pode usar em si e na sua família.O pagamento parcial dos serviços só pode "resultar" se funcionar como dissuasor, "afugentando" quem julga obter com os privados mais valor pelo mesmo preço, e libertando recursos para quem menos a perder com um serviço público menos eficiente que as alternativas privadas. O SNS monopolizará a segmentação de mercado para os indivíduos com menores possibilidades— será cada vez mais a Saúde dos pobres e remediados.A medida pode ser menos estatista, porque permite mais latitude ao mercado, mas não é possível aplaudir ainda mais socialismo. É aberrante. O estatismo social-democrata agoniza com o peso do Estado-Providência e bem melhor seria se optasse soluções liberais, em vez de contrapor socialismo puro e duro ao mercado das escolhas livres.Nota: já se esperava que a Esquerda radical recorresse à Constituição para justificar a sua oposição. A maior "conquista de Abril" foi ter podido inscrever a sua programática numa Lei Fundamental blindada, e ficar dispensada de provar a validade e bondade das suas ideias na liça política. Mas que a Direita recorra ao mesmo artifício é sinal de senilidade política— em alguns casos, bem precoce.
A propósito do novo modelo de financiamento da Saúde pública, sugerido pelo ministro Correia de Campos, não vale a pena desde já começar a chuveirar perdigotos.É por demais evidente que o sistema é insustentável. Por algum lado terá de ser reformado. Algum dia o SNS terá de ser pago directamente por quem o utiliza, mesmo que desigualmente entre os utentes. E demais pedir que um governo socialista não recorra ao estafado argumento populista "os ricos tem capacidade de [serem obrigados a] maior solidariedade, e o que pagam a mais pelo mesmo serviço é justo porque têm mais a perder".O Governo opta pela via que potencia maior animosidade social. A Saúde privada, com um mercado mais alargado, terá mais incentivos para prestar um serviço mais extenso, mais barato e de melhor qualidade. Quem tem possibilidades já paga para não recorrer ao SNS, e mais razões terá para reforçar esse comportamento, ressentindo o dinheiro de impostos que não pode usar em si e na sua família.O pagamento parcial dos serviços só pode "resultar" se funcionar como dissuasor, "afugentando" quem julga obter com os privados mais valor pelo mesmo preço, e libertando recursos para quem menos a perder com um serviço público menos eficiente que as alternativas privadas. O SNS monopolizará a segmentação de mercado para os indivíduos com menores possibilidades— será cada vez mais a Saúde dos pobres e remediados.A medida pode ser menos estatista, porque permite mais latitude ao mercado, mas não é possível aplaudir ainda mais socialismo. É aberrante. O estatismo social-democrata agoniza com o peso do Estado-Providência e bem melhor seria se optasse soluções liberais, em vez de contrapor socialismo puro e duro ao mercado das escolhas livres.Nota: já se esperava que a Esquerda radical recorresse à Constituição para justificar a sua oposição. A maior "conquista de Abril" foi ter podido inscrever a sua programática numa Lei Fundamental blindada, e ficar dispensada de provar a validade e bondade das suas ideias na liça política. Mas que a Direita recorra ao mesmo artifício é sinal de senilidade política— em alguns casos, bem precoce.
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A propósito do novo modelo de financiamento da Saúde pública, sugerido pelo ministro Correia de Campos, não vale a pena desde já começar a chuveirar perdigotos.É por demais evidente que o sistema é insustentável. Por algum lado terá de ser reformado. Algum dia o SNS terá de ser pago directamente por quem o utiliza, mesmo que desigualmente entre os utentes. E demais pedir que um governo socialista não recorra ao estafado argumento populista "os ricos tem capacidade de [serem obrigados a] maior solidariedade, e o que pagam a mais pelo mesmo serviço é justo porque têm mais a perder".O Governo opta pela via que potencia maior animosidade social. A Saúde privada, com um mercado mais alargado, terá mais incentivos para prestar um serviço mais extenso, mais barato e de melhor qualidade. Quem tem possibilidades já paga para não recorrer ao SNS, e mais razões terá para reforçar esse comportamento, ressentindo o dinheiro de impostos que não pode usar em si e na sua família.O pagamento parcial dos serviços só pode "resultar" se funcionar como dissuasor, "afugentando" quem julga obter com os privados mais valor pelo mesmo preço, e libertando recursos para quem menos a perder com um serviço público menos eficiente que as alternativas privadas. O SNS monopolizará a segmentação de mercado para os indivíduos com menores possibilidades— será cada vez mais a Saúde dos pobres e remediados.A medida pode ser menos estatista, porque permite mais latitude ao mercado, mas não é possível aplaudir ainda mais socialismo. É aberrante. O estatismo social-democrata agoniza com o peso do Estado-Providência e bem melhor seria se optasse soluções liberais, em vez de contrapor socialismo puro e duro ao mercado das escolhas livres.Nota: já se esperava que a Esquerda radical recorresse à Constituição para justificar a sua oposição. A maior "conquista de Abril" foi ter podido inscrever a sua programática numa Lei Fundamental blindada, e ficar dispensada de provar a validade e bondade das suas ideias na liça política. Mas que a Direita recorra ao mesmo artifício é sinal de senilidade política— em alguns casos, bem precoce.
A propósito do novo modelo de financiamento da Saúde pública, sugerido pelo ministro Correia de Campos, não vale a pena desde já começar a chuveirar perdigotos.É por demais evidente que o sistema é insustentável. Por algum lado terá de ser reformado. Algum dia o SNS terá de ser pago directamente por quem o utiliza, mesmo que desigualmente entre os utentes. E demais pedir que um governo socialista não recorra ao estafado argumento populista "os ricos tem capacidade de [serem obrigados a] maior solidariedade, e o que pagam a mais pelo mesmo serviço é justo porque têm mais a perder".O Governo opta pela via que potencia maior animosidade social. A Saúde privada, com um mercado mais alargado, terá mais incentivos para prestar um serviço mais extenso, mais barato e de melhor qualidade. Quem tem possibilidades já paga para não recorrer ao SNS, e mais razões terá para reforçar esse comportamento, ressentindo o dinheiro de impostos que não pode usar em si e na sua família.O pagamento parcial dos serviços só pode "resultar" se funcionar como dissuasor, "afugentando" quem julga obter com os privados mais valor pelo mesmo preço, e libertando recursos para quem menos a perder com um serviço público menos eficiente que as alternativas privadas. O SNS monopolizará a segmentação de mercado para os indivíduos com menores possibilidades— será cada vez mais a Saúde dos pobres e remediados.A medida pode ser menos estatista, porque permite mais latitude ao mercado, mas não é possível aplaudir ainda mais socialismo. É aberrante. O estatismo social-democrata agoniza com o peso do Estado-Providência e bem melhor seria se optasse soluções liberais, em vez de contrapor socialismo puro e duro ao mercado das escolhas livres.Nota: já se esperava que a Esquerda radical recorresse à Constituição para justificar a sua oposição. A maior "conquista de Abril" foi ter podido inscrever a sua programática numa Lei Fundamental blindada, e ficar dispensada de provar a validade e bondade das suas ideias na liça política. Mas que a Direita recorra ao mesmo artifício é sinal de senilidade política— em alguns casos, bem precoce.