nortadas: A questão política da Ota

18-12-2009
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Foi brilhante a forma como Pacheco Pereira, na Quadratura do Círculo, explicou a relevância política da questão da construção de um novo aeroporto internacional na Ota. Repare-se que se trata de duas questões diferentes, especialmente no plano político: primeiro, se o País precisa de um novo aeroporto internacional; segunda, se a solução da Ota é a melhor. Já aqui abordei estes assuntos e já me pronunciei sobre as duas questões. Duvido que o País precise de um novo aeroporto internacional e ainda ninguém me provou o contrário. Sei que a Ota não é a melhor solução, quer pelos custos quer pelo que vai implicar no ordenamento territorial do País, ainda que admita que, a fazer-se, faz algum sentido fazê-lo no centro - o problema é a lógica que está por trás dessa decisão.Portanto, o que queria acrescentar aqui é isto:Não acredito na viabilidade de um País que vai avançando à custa de obra megalómana atrás de obra megalómana. É giro, ocupa uns milhares de pessoas, durante algum tempo, absorve alguns fundos europeus, dá negócio a uma série de construtoras que depois dão negócio a uma série de partidos e cargos a uma série de ex-políticos.Posteriormente, ficamos com o resultado das obras, após as derrapagens habituais e os atrasos inevitáveis.Pior de tudo, depois verificamos que as consequências principais foram, uma vez mais, a destruição da coesão geográfica, humana e económica do País.Não acredito que o futuro seja bondoso para um País que não se consegue equilibrar territorialmente, nem construir a vitalidade da sua sociedade e da sua economia através do desenvolvimento das cidades médias.Mas sobretudo entristece-me viver num País que desbarata recursos caros - e a chegar ao fim, como os europeus - a apostar em obras faraónicas que agravam o macrocefalismo do Terreiro do Paço.Entretanto ficam por fazer as obras urgentes e atrasadas que poderiam permitir ao país recuperar a sua competitividade: por exemplo, na modernização de todas as linhas férreas e na sua adaptação às necessidades do presente, em particular para o transporte de mercadorias. Basta analisar as diferenças de custos entre a adaptação das linhas para a Alta Velocidade, tipo alfa pendular, e a velocidade muito elevada, tipo TGV, para perceber o equívoco deste tipo de opção por obras grandiosas. Com o dinheiro da Ota poderiam modernizar-se diversos aeroportos nacionais, modernizar-se centenas de quilómetros de linhas férreas e desenvolver-se uma verdadeira política de transportes integrada que tirasse partido da especial posição geográfica do País: a de região da Europa mais próxima da África ocidental e de toda a América Latina, para não ir mais longe.


Foi brilhante a forma como Pacheco Pereira, na Quadratura do Círculo, explicou a relevância política da questão da construção de um novo aeroporto internacional na Ota. Repare-se que se trata de duas questões diferentes, especialmente no plano político: primeiro, se o País precisa de um novo aeroporto internacional; segunda, se a solução da Ota é a melhor. Já aqui abordei estes assuntos e já me pronunciei sobre as duas questões. Duvido que o País precise de um novo aeroporto internacional e ainda ninguém me provou o contrário. Sei que a Ota não é a melhor solução, quer pelos custos quer pelo que vai implicar no ordenamento territorial do País, ainda que admita que, a fazer-se, faz algum sentido fazê-lo no centro - o problema é a lógica que está por trás dessa decisão.Portanto, o que queria acrescentar aqui é isto:Não acredito na viabilidade de um País que vai avançando à custa de obra megalómana atrás de obra megalómana. É giro, ocupa uns milhares de pessoas, durante algum tempo, absorve alguns fundos europeus, dá negócio a uma série de construtoras que depois dão negócio a uma série de partidos e cargos a uma série de ex-políticos.Posteriormente, ficamos com o resultado das obras, após as derrapagens habituais e os atrasos inevitáveis.Pior de tudo, depois verificamos que as consequências principais foram, uma vez mais, a destruição da coesão geográfica, humana e económica do País.Não acredito que o futuro seja bondoso para um País que não se consegue equilibrar territorialmente, nem construir a vitalidade da sua sociedade e da sua economia através do desenvolvimento das cidades médias.Mas sobretudo entristece-me viver num País que desbarata recursos caros - e a chegar ao fim, como os europeus - a apostar em obras faraónicas que agravam o macrocefalismo do Terreiro do Paço.Entretanto ficam por fazer as obras urgentes e atrasadas que poderiam permitir ao país recuperar a sua competitividade: por exemplo, na modernização de todas as linhas férreas e na sua adaptação às necessidades do presente, em particular para o transporte de mercadorias. Basta analisar as diferenças de custos entre a adaptação das linhas para a Alta Velocidade, tipo alfa pendular, e a velocidade muito elevada, tipo TGV, para perceber o equívoco deste tipo de opção por obras grandiosas. Com o dinheiro da Ota poderiam modernizar-se diversos aeroportos nacionais, modernizar-se centenas de quilómetros de linhas férreas e desenvolver-se uma verdadeira política de transportes integrada que tirasse partido da especial posição geográfica do País: a de região da Europa mais próxima da África ocidental e de toda a América Latina, para não ir mais longe.

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