“Não vamos impor limites ao número de hotéis”

21-04-2015
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“Não vamos impor limites ao número de hotéis”

Mónica Silvares

00:07

Expansão do turismo local está a criar um momento de disrupção nos hotéis, mas o mundo mudou, alerta o secretário de Estado do Turismo.

"Quem tem de medir o risco se deve ou não fazer um determinado investimento, olhando para o futuro e para o número de turistas que vamos ter é o sector privado". É desta forma que o secretário de Estado do Turismo responde às críticas de excesso de oferta e falta de planeamento na abertura de novos hotéis. "Não vamos impor limites ao número de hotéis porque é assim que se reforça a competitividade, a inovação e a qualidade. É a concorrência que faz com que isso surja", acrescenta Adolfo Mesquita Nunes no programa do Etv Europa.28.

O destino Portugal tem vindo a crescer como nunca - num só ano houve um aumento de dez mil camas, sublinhou o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Luís Veiga. Mas os preços não têm acompanhado o aumento da procura. Portugal recebeu cerca de 16 milhões de turistas estrangeiros, o ano passado e a hotelaria registou 46,1 milhões de dormidas. "Os preços praticados são muito baixos tendo em conta a média europeia" identifica Luís Veiga.

A culpa, garante categoricamente o administrador do grupo Vila Galé, é da hotelaria. "Não há regras para estabelecer os preços", diz Gonçalo Rebelo de Almeida. E se a média de preços por quarto, em Lisboa é de 59 euros (a mais elevado do país) "a culpa é só nossa", diz, reconhecendo que "a arama mais fácil na comercialização é o preço e as promoções".

"O preço ajuda quando estamos em concorrência com outros destinos como Espanha, Grécia e Itália", admite Vítor Filipe, antigo presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagem e Turismo. "Há de facto uma oferta muito vasta, mas há procura para tudo", garante.

Luís Veiga não partilha este optimismo. O presidente da AHP lamenta a "concorrência desleal" que representam as unidades de alojamento local, "sobretudo, no plano dos custos de trabalho e a nível fiscal". "Já ultrapassámos os 10.500 mil registos de alojamento local, incluindo hostels, que representam cerca de 100 mil camas. Há hostels com mais de 300 camas. Há poucos hotéis com 300 camas em Portugal", sublinha. Luís Veiga esclarece que a associação defende que "tem de haver proteccionismo", dizendo que "não pode haver mais hotéis", mas sim que "tem de haver planeamento". "A falta de planeamento das autarquias, ao nível dos planos directores municipais, permite este crescimento desordenado, quer na hotelaria, quer no alojamento local", diz Luís Veiga.

O secretário de Estado garante que "não haverá" qualquer intervenção do Ministério da Economia a este nível, até porque "ninguém impede um grupo hoteleiro de criar um hostel se acha que esse negócio é positivo". "Quem impôs o produto [alojamento local] não foi o Governo, mas os turistas", acrescenta Adolfo Mesquita Nunes, precisando que o novo regime que o Executivo criou permitiu, em três meses, mais registos do que em seis anos do regime anterior. "Compreendo que seja um momento de disrupção, mas o mundo mudou e as novas modalidade de alojamento vieram para ficar", concluiu.

“Não vamos impor limites ao número de hotéis”

Mónica Silvares

00:07

Expansão do turismo local está a criar um momento de disrupção nos hotéis, mas o mundo mudou, alerta o secretário de Estado do Turismo.

"Quem tem de medir o risco se deve ou não fazer um determinado investimento, olhando para o futuro e para o número de turistas que vamos ter é o sector privado". É desta forma que o secretário de Estado do Turismo responde às críticas de excesso de oferta e falta de planeamento na abertura de novos hotéis. "Não vamos impor limites ao número de hotéis porque é assim que se reforça a competitividade, a inovação e a qualidade. É a concorrência que faz com que isso surja", acrescenta Adolfo Mesquita Nunes no programa do Etv Europa.28.

O destino Portugal tem vindo a crescer como nunca - num só ano houve um aumento de dez mil camas, sublinhou o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Luís Veiga. Mas os preços não têm acompanhado o aumento da procura. Portugal recebeu cerca de 16 milhões de turistas estrangeiros, o ano passado e a hotelaria registou 46,1 milhões de dormidas. "Os preços praticados são muito baixos tendo em conta a média europeia" identifica Luís Veiga.

A culpa, garante categoricamente o administrador do grupo Vila Galé, é da hotelaria. "Não há regras para estabelecer os preços", diz Gonçalo Rebelo de Almeida. E se a média de preços por quarto, em Lisboa é de 59 euros (a mais elevado do país) "a culpa é só nossa", diz, reconhecendo que "a arama mais fácil na comercialização é o preço e as promoções".

"O preço ajuda quando estamos em concorrência com outros destinos como Espanha, Grécia e Itália", admite Vítor Filipe, antigo presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagem e Turismo. "Há de facto uma oferta muito vasta, mas há procura para tudo", garante.

Luís Veiga não partilha este optimismo. O presidente da AHP lamenta a "concorrência desleal" que representam as unidades de alojamento local, "sobretudo, no plano dos custos de trabalho e a nível fiscal". "Já ultrapassámos os 10.500 mil registos de alojamento local, incluindo hostels, que representam cerca de 100 mil camas. Há hostels com mais de 300 camas. Há poucos hotéis com 300 camas em Portugal", sublinha. Luís Veiga esclarece que a associação defende que "tem de haver proteccionismo", dizendo que "não pode haver mais hotéis", mas sim que "tem de haver planeamento". "A falta de planeamento das autarquias, ao nível dos planos directores municipais, permite este crescimento desordenado, quer na hotelaria, quer no alojamento local", diz Luís Veiga.

O secretário de Estado garante que "não haverá" qualquer intervenção do Ministério da Economia a este nível, até porque "ninguém impede um grupo hoteleiro de criar um hostel se acha que esse negócio é positivo". "Quem impôs o produto [alojamento local] não foi o Governo, mas os turistas", acrescenta Adolfo Mesquita Nunes, precisando que o novo regime que o Executivo criou permitiu, em três meses, mais registos do que em seis anos do regime anterior. "Compreendo que seja um momento de disrupção, mas o mundo mudou e as novas modalidade de alojamento vieram para ficar", concluiu.

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