Programa do PS troca valor da estabilidade pelo do diálogo

28-04-2011
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Comparação do programa socialista com moção de Sócrates indicia aproximação às exigências de Cavaco e dos ex-Presidentes

a Onde antes José Sócrates defendia estabilidade, está agora a apologia do diálogo. O líder socialista apresentou ontem o programa eleitoral do PS para as eleições de 5 de Junho. O documento tem o mesmo nome da moção de Sócrates ao Congresso de Matosinhos do início deste mês. O índice dos dois textos é muito semelhante. Mas há mudanças. A abertura para o diálogo e a disponibilidade para Governos de coligação são a principal diferença.

Mas o discurso do ainda primeiro-ministro ontem, no Centro Cultural de Belém, não se revelou tão conciliador. Sócrates catalogou o PSD como radical, impreparado e vocacionado apenas para destruir. Este é um dos pontos em que o programa ontem apresentado quase parece uma cópia da moção ao congresso. O capítulo tem o mesmo título - O novo contexto da governação e a resposta do PS - e está dividido nos mesmos temas.

Mas algo muda no fim. Na moção, apresentada em Fevereiro - antes da demissão do Governo -, a estabilidade política era "uma questão de respeito pelo esforço dos portugueses". No programa, esse respeito já implica, além da estabilidade, o diálogo e a concertação social.

Afinal, a "situação difícil" exige agora "a formação de um Governo maioritário". E por isso o PS se revela "totalmente disponível para liderar a formação desse Governo". Abertura a Governos de coligação onde dois meses antes se defendia a estabilidade em torno do Governo minoritário. Estabilidade essa que a moção defendia ser essencial para "o alcançar de resultados", só possível com "a continuidade das políticas e o cumprimento integral dos compromissos assumidos". Agora, em vez da estabilidade, surgem o "diálogo e a concertação social" como "bases sólidas para alavancar o crescimento económico".

No programa eleitoral apresentado por José Sócrates há dois anos não havia sequer referências à estabilidade ou apelos à maioria.

Na cerimónia, no entanto, José Sócrates acusou o PSD de apenas saber "destruir" e de tentar esconder o seu "radicalismo" e "impreparação". Ouvindo-o ontem pareceria impossível qualquer hipótese de acordo.

Frisou, por mais de uma vez, "as duas agendas bem distintas" dos dois partidos. Apresentou os sociais-democratas como os promotores "do enfraquecimento do Estado social e das privatizações sem freio". Usou termos como "leviandade, imaturidade e impreparação" para defender que o tempo não está para aventuras políticas, para radicalismos ideológicos, nem para tiros no escuro".

"Rápidos a destruir"

Afinal, o PSD não era sequer capaz de apresentar um programa. "As forças da oposição, que forçaram a antecipação das eleições, acrescentando à crise económica uma séria crise política, um mês depois da crise que provocaram e a quase um mês da data das eleições continuam sem apresentar o seu programa. Isto quer dizer que foram rápidos em destruir mas são lentos - oh, como são lentos - a propor e a construir", acusou.

O líder socialista não deixou sequer passar ao lado a polémica inclusão de Fernando Nobre nas listas, ou as propostas da iniciativa de independentes "Mais Sociedade": "Os candidatos do PS são conhecidos, nós não temos de silenciar candidatos, nem temos de esconder ideias".

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Mas em vez de dar voz aos seus candidatos, José Sócrates optou por ceder o palanque a outros apoiantes. Eduardo Dias, co-fundador da empresa YDreams, falou para elogiar o Plano Tecnológico. Henrique Barros, coordenador da Luta contra a Sida, apresentou a saúde e a educação como os marcos maiores da esquerda. E a ex-reitora da Universidade de Aveiro Helena Nazaré falou de Bolonha depois de ser anunciada como mandatária nacional.

A sala encheu-se de ministros, candidatos socialistas e até alguns independentes. Mas o ministro António Mendonça, o independente Basílio Horta e o socialista António José Seguro não falaram e apenas marcaram presença na cerimónia do CCB.

Comparação do programa socialista com moção de Sócrates indicia aproximação às exigências de Cavaco e dos ex-Presidentes

a Onde antes José Sócrates defendia estabilidade, está agora a apologia do diálogo. O líder socialista apresentou ontem o programa eleitoral do PS para as eleições de 5 de Junho. O documento tem o mesmo nome da moção de Sócrates ao Congresso de Matosinhos do início deste mês. O índice dos dois textos é muito semelhante. Mas há mudanças. A abertura para o diálogo e a disponibilidade para Governos de coligação são a principal diferença.

Mas o discurso do ainda primeiro-ministro ontem, no Centro Cultural de Belém, não se revelou tão conciliador. Sócrates catalogou o PSD como radical, impreparado e vocacionado apenas para destruir. Este é um dos pontos em que o programa ontem apresentado quase parece uma cópia da moção ao congresso. O capítulo tem o mesmo título - O novo contexto da governação e a resposta do PS - e está dividido nos mesmos temas.

Mas algo muda no fim. Na moção, apresentada em Fevereiro - antes da demissão do Governo -, a estabilidade política era "uma questão de respeito pelo esforço dos portugueses". No programa, esse respeito já implica, além da estabilidade, o diálogo e a concertação social.

Afinal, a "situação difícil" exige agora "a formação de um Governo maioritário". E por isso o PS se revela "totalmente disponível para liderar a formação desse Governo". Abertura a Governos de coligação onde dois meses antes se defendia a estabilidade em torno do Governo minoritário. Estabilidade essa que a moção defendia ser essencial para "o alcançar de resultados", só possível com "a continuidade das políticas e o cumprimento integral dos compromissos assumidos". Agora, em vez da estabilidade, surgem o "diálogo e a concertação social" como "bases sólidas para alavancar o crescimento económico".

No programa eleitoral apresentado por José Sócrates há dois anos não havia sequer referências à estabilidade ou apelos à maioria.

Na cerimónia, no entanto, José Sócrates acusou o PSD de apenas saber "destruir" e de tentar esconder o seu "radicalismo" e "impreparação". Ouvindo-o ontem pareceria impossível qualquer hipótese de acordo.

Frisou, por mais de uma vez, "as duas agendas bem distintas" dos dois partidos. Apresentou os sociais-democratas como os promotores "do enfraquecimento do Estado social e das privatizações sem freio". Usou termos como "leviandade, imaturidade e impreparação" para defender que o tempo não está para aventuras políticas, para radicalismos ideológicos, nem para tiros no escuro".

"Rápidos a destruir"

Afinal, o PSD não era sequer capaz de apresentar um programa. "As forças da oposição, que forçaram a antecipação das eleições, acrescentando à crise económica uma séria crise política, um mês depois da crise que provocaram e a quase um mês da data das eleições continuam sem apresentar o seu programa. Isto quer dizer que foram rápidos em destruir mas são lentos - oh, como são lentos - a propor e a construir", acusou.

O líder socialista não deixou sequer passar ao lado a polémica inclusão de Fernando Nobre nas listas, ou as propostas da iniciativa de independentes "Mais Sociedade": "Os candidatos do PS são conhecidos, nós não temos de silenciar candidatos, nem temos de esconder ideias".

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Mas em vez de dar voz aos seus candidatos, José Sócrates optou por ceder o palanque a outros apoiantes. Eduardo Dias, co-fundador da empresa YDreams, falou para elogiar o Plano Tecnológico. Henrique Barros, coordenador da Luta contra a Sida, apresentou a saúde e a educação como os marcos maiores da esquerda. E a ex-reitora da Universidade de Aveiro Helena Nazaré falou de Bolonha depois de ser anunciada como mandatária nacional.

A sala encheu-se de ministros, candidatos socialistas e até alguns independentes. Mas o ministro António Mendonça, o independente Basílio Horta e o socialista António José Seguro não falaram e apenas marcaram presença na cerimónia do CCB.

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