Oposição aposta no isolamento pós-eleitoral do PS de Sócrates

12-05-2011
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PSD e CDS recusam entendimentos com os socialistas. É dramatização a menos de um mês das legislativas

Um Bloco Central? Nem pensar. Acordo parlamentar? Sim. O PSD de Passos Coelho aceita, quanto muito, um acordo parlamentar com o PS. Partindo do pressuposto que vence as legislativas de 5 de Junho. E se o PS ganhar por poucos? Aí, os socialistas já se viram para o CDS de Paulo Portas. Afinal, os entendimentos com Passos são difíceis. O problema nesta aritmética pós-eleitoral é mesmo se PS e PSD não formam maiorias absolutas com o CDS-PP. Aí, tudo se baralha.

Confuso? Este é o panorama pré-eleitoral. Talvez tudo fique mais claro depois das eleições. Os resultados vão ditar pragmatismo. Até porque o Presidente da República, Cavaco Silva, tem vindo a avisar: "O Governo saído das eleições de 5 de Junho deve dispor de apoio maioritário na Assembleia da República." E não é por acaso que, em Belém, já se antecipam dificuldades na formação de um novo executivo. À partida, o PSD, que tem a "maioria absoluta" no seu discurso eleitoral, só tem um aliado natural, o CDS-PP. E esse é o "plano A". Ao PÚBLICO, um membro da direcção do PSD deixa, porém, em aberto entendimentos ao nível parlamentar com o PS. Eventualmente mais formal do que aqueles que, na prática, permitiu a Sócrates, em minoria, aprovar dois orçamentos. Agora, "os dois no Governo, não", como disse Passos.

O cenário de empate nas sondagens também empurrou o CDS a uma clarificação. Depois de ter deixado algumas respostas ambíguas sobre um futuro Governo com o PS, Paulo Portas foi mais claro e disse "não" a um entendimento com o PS de Sócrates. O líder do CDS lembrou o pedido que fez ao primeiro-ministro para sair em Julho de 2010 e sustentou que não se devia entregar o dinheiro da ajuda externa ao político que considera responsável pela actual crise. Ou seja, repudiou um acordo com Sócrates. Mas, para António Pires de Lima, presidente do Conselho Nacional do CDS, era necessário que o partido tornasse a sua posição clara sobre coligações de Governo. "É importante que as pessoas saibam que o CDS tem um parceiro preferencial para coligações que é o PSD", afirmou ao PÚBLICO. Defensor de um governo maioritário, Pires de Lima considera viável um executivo PSD/CDS com maioria parlamentar, mesmo que os sociais-democratas não ganhem. "Se CDS e PSD tiverem maioria no Parlamento, o Governo será formado pelos dois partidos, mesmo que o PSD fique em segundo lugar", sustentou.

Desentendimento à esquerda

À esquerda, os entendimentos são historicamente mais difíceis. Este fim-de-semana, o Bloco de Esquerda (BE) parecia estar a ensaiar a abertura a uma coligação governamental com o PS quando Francisco Louçã afirmou que uma eventual aliança nunca seria feita com o "senhor" - José Sócrates. A declaração, proferida no primeiro dia da VII Convenção dos bloquistas, abria assim a possibilidade de o Bloco para um acordo com os socialistas, desde que liderados por outra pessoa. Contudo, os efeitos internos da afirmação - muitos bloquistas ficaram à beira de uma ataque de nervos - obrigaram a direcção a recuar. Não teve outro remédio senão inflectir e voltar a sublinhar aquilo que, aliás, já estava inscrito na moção vencedora do congresso: "O BE rejeita todas as ilusões sobre uma aliança com um "outro PS" que não existe." E, num outro texto, Luís Fazenda escreveu: "Não há unidades à esquerda para ir negociar com o partido campeão das privatizações [PS]." E assegurou que o BE não será o "partido-mochila de ninguém", nem irá a "tiracolo de ninguém".

Este recuo não foi apenas motivado pelo protesto interno. Caso existisse diálogo com o PS, o Bloco teria de confrontar-se com uma força de bloqueio - o PCP, que cessaria imediatamente qualquer espécie de acordos com o BE. Por isso, a estratégia passa agora pela aposta no isolamento do PS, independentemente de os socialistas integrarem ou não o Governo. O BE acredita que as eleições vão provocar uma reconfiguração do mapa político e todas as energias servirão para insuflar força ao bloco à esquerda, com bloquistas, comunistas, independentes e dissidentes do PS. Resta agora saber se os resultados eleitorais permitirão construir uma plataforma sólida e eficaz.

PSD e CDS recusam entendimentos com os socialistas. É dramatização a menos de um mês das legislativas

Um Bloco Central? Nem pensar. Acordo parlamentar? Sim. O PSD de Passos Coelho aceita, quanto muito, um acordo parlamentar com o PS. Partindo do pressuposto que vence as legislativas de 5 de Junho. E se o PS ganhar por poucos? Aí, os socialistas já se viram para o CDS de Paulo Portas. Afinal, os entendimentos com Passos são difíceis. O problema nesta aritmética pós-eleitoral é mesmo se PS e PSD não formam maiorias absolutas com o CDS-PP. Aí, tudo se baralha.

Confuso? Este é o panorama pré-eleitoral. Talvez tudo fique mais claro depois das eleições. Os resultados vão ditar pragmatismo. Até porque o Presidente da República, Cavaco Silva, tem vindo a avisar: "O Governo saído das eleições de 5 de Junho deve dispor de apoio maioritário na Assembleia da República." E não é por acaso que, em Belém, já se antecipam dificuldades na formação de um novo executivo. À partida, o PSD, que tem a "maioria absoluta" no seu discurso eleitoral, só tem um aliado natural, o CDS-PP. E esse é o "plano A". Ao PÚBLICO, um membro da direcção do PSD deixa, porém, em aberto entendimentos ao nível parlamentar com o PS. Eventualmente mais formal do que aqueles que, na prática, permitiu a Sócrates, em minoria, aprovar dois orçamentos. Agora, "os dois no Governo, não", como disse Passos.

O cenário de empate nas sondagens também empurrou o CDS a uma clarificação. Depois de ter deixado algumas respostas ambíguas sobre um futuro Governo com o PS, Paulo Portas foi mais claro e disse "não" a um entendimento com o PS de Sócrates. O líder do CDS lembrou o pedido que fez ao primeiro-ministro para sair em Julho de 2010 e sustentou que não se devia entregar o dinheiro da ajuda externa ao político que considera responsável pela actual crise. Ou seja, repudiou um acordo com Sócrates. Mas, para António Pires de Lima, presidente do Conselho Nacional do CDS, era necessário que o partido tornasse a sua posição clara sobre coligações de Governo. "É importante que as pessoas saibam que o CDS tem um parceiro preferencial para coligações que é o PSD", afirmou ao PÚBLICO. Defensor de um governo maioritário, Pires de Lima considera viável um executivo PSD/CDS com maioria parlamentar, mesmo que os sociais-democratas não ganhem. "Se CDS e PSD tiverem maioria no Parlamento, o Governo será formado pelos dois partidos, mesmo que o PSD fique em segundo lugar", sustentou.

Desentendimento à esquerda

À esquerda, os entendimentos são historicamente mais difíceis. Este fim-de-semana, o Bloco de Esquerda (BE) parecia estar a ensaiar a abertura a uma coligação governamental com o PS quando Francisco Louçã afirmou que uma eventual aliança nunca seria feita com o "senhor" - José Sócrates. A declaração, proferida no primeiro dia da VII Convenção dos bloquistas, abria assim a possibilidade de o Bloco para um acordo com os socialistas, desde que liderados por outra pessoa. Contudo, os efeitos internos da afirmação - muitos bloquistas ficaram à beira de uma ataque de nervos - obrigaram a direcção a recuar. Não teve outro remédio senão inflectir e voltar a sublinhar aquilo que, aliás, já estava inscrito na moção vencedora do congresso: "O BE rejeita todas as ilusões sobre uma aliança com um "outro PS" que não existe." E, num outro texto, Luís Fazenda escreveu: "Não há unidades à esquerda para ir negociar com o partido campeão das privatizações [PS]." E assegurou que o BE não será o "partido-mochila de ninguém", nem irá a "tiracolo de ninguém".

Este recuo não foi apenas motivado pelo protesto interno. Caso existisse diálogo com o PS, o Bloco teria de confrontar-se com uma força de bloqueio - o PCP, que cessaria imediatamente qualquer espécie de acordos com o BE. Por isso, a estratégia passa agora pela aposta no isolamento do PS, independentemente de os socialistas integrarem ou não o Governo. O BE acredita que as eleições vão provocar uma reconfiguração do mapa político e todas as energias servirão para insuflar força ao bloco à esquerda, com bloquistas, comunistas, independentes e dissidentes do PS. Resta agora saber se os resultados eleitorais permitirão construir uma plataforma sólida e eficaz.

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