E se uma imagem valesse, literalmente, mil palavras?

07-05-2015
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A expressão “uma imagem vale (mais de) mil palavras” foi cunhada no início do século XX quando a utilização de gráficos e fotografias se começou a generalizar na imprensa. Transformou-se, depressa, numa muleta, um cliché de aplicação semelhante à de um penso rápido, ideal para legendar uma imagem forte num dia de pouca inspiração literária. Cai bem, não magoa, mas pode inquietar. E levar a outras perguntas.

Foi o que aconteceu a João Madeira da Silva, redator publicitário d’O Escritório, certo dia, quando abriu uma ligação com fotos impressionantes, a fazer lembrar as do concurso World Press Photo.

“O destaque era, como de costume, “estas imagens valem mais do que mil palavras”. Dessa vez, pus-me a pensar naquilo. Porque razão dizemos isto? Como se consegue comparar o poder de um texto com o de uma fotografia? Instantaneamente, lembrei-me de criar algo que envolvesse imagens fortes e mil palavras.”

Lembrou-se e fez. Surgiu assim o mote para o recém-lançado projeto Dois.Mil (duas pessoas, mil palavras), uma plataforma que uniu 60 criativos de diversas agências de publicidade: diretores de arte e designers deram as imagens e os redatores inspiraram-se nelas para construírem histórias de, exatamente, mil palavras. Como nesta amostra que se segue.

João quis que o projeto pudesse ser uma forma de promoção de alguns talentos da publicidade nacional (e não só). Uns conhecia, outros admirava. Por isso mesmo, a seleção dos participantes obedeceu a alguns critérios.

“Tinham de ser redatores e diretores de arte ou (designers) nacionais, que não fossem nem diretores criativos ou jovens criativos. Por razões simples: os diretores criativos, felizmente, têm um percurso rico no meio. Os jovens criativos, felizmente também, têm oportunidades, como os concursos, para mostrar a sua criatividade fora do âmbito habitual das agências.”

Os convites partiram, foram aceites, o entusiasmo gerou-se e o projeto começou a ganhar forma. As duplas foram criadas de uma forma pouco convencional, como explica o autor: “Começámos por receber as imagens. Depois, colocámos as 30 num site e anunciámos aos redatores que estariam disponíveis no dia X às tantas horas. À medida que iam sendo escolhidas, iam desaparecendo, até estarem todas atribuídas. Durante todo o processo, os participantes desconheceram quem era o seu parceiro.” Souberam-no apenas no dia em que o site foi lançado.

Além da presença virtual permanente, as fotografias e os textos estarão também em exposição no Convento da Trindade, durante a Semana Criativa de Lisboa, a decorrer entre 6 e 10 de maio, no âmbito do Festival do Clube de Criativos de Portugal. E, como bom criativo que é, João Madeira da Silva está já a pensar em próximas edições do projeto que permitam continuar a unir este tipo de talentos fora do âmbito profissional. Até porque nesta, como diz, “ficou muita gente de fora”. Ideias não faltam e não faltarão, também, imagens que valham mil palavras, nem mil palavras dignas dessas imagens. Aguardemos.

A expressão “uma imagem vale (mais de) mil palavras” foi cunhada no início do século XX quando a utilização de gráficos e fotografias se começou a generalizar na imprensa. Transformou-se, depressa, numa muleta, um cliché de aplicação semelhante à de um penso rápido, ideal para legendar uma imagem forte num dia de pouca inspiração literária. Cai bem, não magoa, mas pode inquietar. E levar a outras perguntas.

Foi o que aconteceu a João Madeira da Silva, redator publicitário d’O Escritório, certo dia, quando abriu uma ligação com fotos impressionantes, a fazer lembrar as do concurso World Press Photo.

“O destaque era, como de costume, “estas imagens valem mais do que mil palavras”. Dessa vez, pus-me a pensar naquilo. Porque razão dizemos isto? Como se consegue comparar o poder de um texto com o de uma fotografia? Instantaneamente, lembrei-me de criar algo que envolvesse imagens fortes e mil palavras.”

Lembrou-se e fez. Surgiu assim o mote para o recém-lançado projeto Dois.Mil (duas pessoas, mil palavras), uma plataforma que uniu 60 criativos de diversas agências de publicidade: diretores de arte e designers deram as imagens e os redatores inspiraram-se nelas para construírem histórias de, exatamente, mil palavras. Como nesta amostra que se segue.

João quis que o projeto pudesse ser uma forma de promoção de alguns talentos da publicidade nacional (e não só). Uns conhecia, outros admirava. Por isso mesmo, a seleção dos participantes obedeceu a alguns critérios.

“Tinham de ser redatores e diretores de arte ou (designers) nacionais, que não fossem nem diretores criativos ou jovens criativos. Por razões simples: os diretores criativos, felizmente, têm um percurso rico no meio. Os jovens criativos, felizmente também, têm oportunidades, como os concursos, para mostrar a sua criatividade fora do âmbito habitual das agências.”

Os convites partiram, foram aceites, o entusiasmo gerou-se e o projeto começou a ganhar forma. As duplas foram criadas de uma forma pouco convencional, como explica o autor: “Começámos por receber as imagens. Depois, colocámos as 30 num site e anunciámos aos redatores que estariam disponíveis no dia X às tantas horas. À medida que iam sendo escolhidas, iam desaparecendo, até estarem todas atribuídas. Durante todo o processo, os participantes desconheceram quem era o seu parceiro.” Souberam-no apenas no dia em que o site foi lançado.

Além da presença virtual permanente, as fotografias e os textos estarão também em exposição no Convento da Trindade, durante a Semana Criativa de Lisboa, a decorrer entre 6 e 10 de maio, no âmbito do Festival do Clube de Criativos de Portugal. E, como bom criativo que é, João Madeira da Silva está já a pensar em próximas edições do projeto que permitam continuar a unir este tipo de talentos fora do âmbito profissional. Até porque nesta, como diz, “ficou muita gente de fora”. Ideias não faltam e não faltarão, também, imagens que valham mil palavras, nem mil palavras dignas dessas imagens. Aguardemos.

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