Bloco e PS voltam a reunir-se na quarta-feira

13-10-2015
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Dois dias após o encontro das comitivas dos dois partidos chefiadas por António Costa e Catarina Martins, realizado nesta segunda-feira, socialistas e bloquistas voltam a encontrar-se na próxima quarta-feira. Sem os respetivos líderes, mas com equipas negociais que vão discutir “questões técnicas” da conversações em curso para a viabilização de um Governo.

Nas palavras de António Costa, os encontros (amanhã, terça-feira, ocorrerá já um do mesmo tipo entre PS e PCP) servirão para "limar e diminuir divergências" entre PS e Bloco, e para “alargar a base de sustentação de uma solução governativa”. Um entendimento que se pretende “sólido e credível”, como salientou Costa, nas palavras aos jornalistas após a reunião desta segunda-feira.

Segundo Catarina Martins, a porta-voz do BE, a discussão entre os dois partidos está a ser feita, simultaneamente, em função de dois momentos. “Hoje falámos de um programa; começámos a falar sobre condições de política económica básica”, começou por dizer. De seguida, apontou para a necessidade de acertar agulhas em relação ao exercício orçamental. “Um programa de Governo precisa de ser pensado conjuntamente com o Orçamento de Estado”.

Nas negociações entre BE e PS há três pontos que são do conhecimento público, pois foram propostos por Catarina Martins a António Costa no debate televisivo entre ambos - e os bloquistas repetiram o desafio inúmeras vezes desde então.

Assim, o BE quer que o PS desista da proposta de congelamento das pensões ao longo de quatro anos (o que retiraria 1660 milhões dos bolsos dos reformados nesse período), que abandone a ideia de baixar a TSU e das empresas e que desista do projeto de “despedimento conciliatório”.

“Condições de consenso básico”

Nos encontros de hoje com os jornalistas, António Costa e Catarina Martins foram questionados sobre o ponto da situação daquelas reivindicações. A porta-voz do BE disse estarem “criadas as condições de consenso básico” entre os dois partidos para superar as divergências.

Já o líder do PS foi mais elíptico e cauteloso, mas mantendo sempre as pontes em aberto. Costa disse que “a conversa permitiu a cada um explicitar as razões” do respetivo ponto de vista, crendo ser “possível reduzir o grau de divergências”. E deu a entender que o acordo possa ser feito através de medidas compensatórias, quando falou da existência de um “objetivo comum: a recuperação dos rendimentos dos portugueses”. E, sublinhou Costa, “isso pode ser conseguido de várias formas”.

Em relação a outros pontos já colocados sobre a mesa, os líderes dos dois partidos fecharam-se em copas. “Não é útil para o sucesso [das conversações] esmiuçar essas matérias”, disse Costa. Já Catarina Martins iludiu uma pergunta para revelar mais pormenores da discussão, dizendo que “as negociações fazem-se à mesa”.

Passos de uma “plataforma de Governo”

A reunião desta segunda-feira foi considerada produtiva pelos dois partidos. Costa considerou-a “muito interessante”, pois “foi possível identificar de modo positivo um conjunto de matérias passíveis de convergências entre os dois partidos”.

Para o líder socialista, “o que faz sentido é trabalhar no novo quadro parlamentar para que o país possa ter um governo estável e que corresponda à vontade popular no sentido de que exista uma alteração de política no respeito escrupuloso pelo quadro constitucional”. Horas depois, após ter sido recebido pelo Presidente da República, o secretário-geral do PS falaria pela primeira vez de “plataforma de um Governo”, a propósito de contactos mantidos com partidos de esquerda: "O que tem resultado claro nos contactos com as outras forças políticas é que temos estado a trabalhar não nos programa dos partidos, mas a trabalhar no que importa, no que possa ser uma plataforma de Governo".

Quanto aos desacordos com o BE, Costa relegou esse aspeto para segundo plano. “As divergências são públicas e não vale a pena debatê-las”.

Já Catarina Martins foi muito mais perentória na avaliação do encontro. “No que depende do Bloco de Esquerda, fica hoje claro que o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas acabou”, afirmou a porta-voz do BE. Mais tarde repetiria a ideia, para acrescentar que “há outra solução de Governo”.

Em defesa das pensões, salários e emprego

No encontro de hoje com os jornalistas, Catarina Martins referiu várias vezes o ideário do Bloco de Esquerda nestas negociações. E se ele se pode reduzir a uma única ideia ela é a seguinte: “Criar condições políticas para um Governo que proteja pensões, salários e emprego”.

E esse Governo não tem, forçosamente, de acolher elementos do BE, embora o partido declare que “assumirá todas as responsabilidades que tiver de assumir”.

O Bloco, sublinha catarina Martins, está nesta altura a “negociar a solução política” - e só ela, afirma, é que traz estabilidade a uma solução de Governo”.

De resto, na geometria que se esboça à esquerda, Catarina Martins tem um discurso claro sobre as forças gravitacionais. “O BE teve uma votação que o torna indispensável a uma solução de Governo, mas não teve os votos suficientes para ser ele a formar Governo. A responsabilidade que nos é pedida hoje é se podemos viabilizar um Governo de outro partido que teve mais votos. E o BE sabe bem qual o peso relativo dos vários programas, que foi o que o eleitorado decidiu dar”.

Dois dias após o encontro das comitivas dos dois partidos chefiadas por António Costa e Catarina Martins, realizado nesta segunda-feira, socialistas e bloquistas voltam a encontrar-se na próxima quarta-feira. Sem os respetivos líderes, mas com equipas negociais que vão discutir “questões técnicas” da conversações em curso para a viabilização de um Governo.

Nas palavras de António Costa, os encontros (amanhã, terça-feira, ocorrerá já um do mesmo tipo entre PS e PCP) servirão para "limar e diminuir divergências" entre PS e Bloco, e para “alargar a base de sustentação de uma solução governativa”. Um entendimento que se pretende “sólido e credível”, como salientou Costa, nas palavras aos jornalistas após a reunião desta segunda-feira.

Segundo Catarina Martins, a porta-voz do BE, a discussão entre os dois partidos está a ser feita, simultaneamente, em função de dois momentos. “Hoje falámos de um programa; começámos a falar sobre condições de política económica básica”, começou por dizer. De seguida, apontou para a necessidade de acertar agulhas em relação ao exercício orçamental. “Um programa de Governo precisa de ser pensado conjuntamente com o Orçamento de Estado”.

Nas negociações entre BE e PS há três pontos que são do conhecimento público, pois foram propostos por Catarina Martins a António Costa no debate televisivo entre ambos - e os bloquistas repetiram o desafio inúmeras vezes desde então.

Assim, o BE quer que o PS desista da proposta de congelamento das pensões ao longo de quatro anos (o que retiraria 1660 milhões dos bolsos dos reformados nesse período), que abandone a ideia de baixar a TSU e das empresas e que desista do projeto de “despedimento conciliatório”.

“Condições de consenso básico”

Nos encontros de hoje com os jornalistas, António Costa e Catarina Martins foram questionados sobre o ponto da situação daquelas reivindicações. A porta-voz do BE disse estarem “criadas as condições de consenso básico” entre os dois partidos para superar as divergências.

Já o líder do PS foi mais elíptico e cauteloso, mas mantendo sempre as pontes em aberto. Costa disse que “a conversa permitiu a cada um explicitar as razões” do respetivo ponto de vista, crendo ser “possível reduzir o grau de divergências”. E deu a entender que o acordo possa ser feito através de medidas compensatórias, quando falou da existência de um “objetivo comum: a recuperação dos rendimentos dos portugueses”. E, sublinhou Costa, “isso pode ser conseguido de várias formas”.

Em relação a outros pontos já colocados sobre a mesa, os líderes dos dois partidos fecharam-se em copas. “Não é útil para o sucesso [das conversações] esmiuçar essas matérias”, disse Costa. Já Catarina Martins iludiu uma pergunta para revelar mais pormenores da discussão, dizendo que “as negociações fazem-se à mesa”.

Passos de uma “plataforma de Governo”

A reunião desta segunda-feira foi considerada produtiva pelos dois partidos. Costa considerou-a “muito interessante”, pois “foi possível identificar de modo positivo um conjunto de matérias passíveis de convergências entre os dois partidos”.

Para o líder socialista, “o que faz sentido é trabalhar no novo quadro parlamentar para que o país possa ter um governo estável e que corresponda à vontade popular no sentido de que exista uma alteração de política no respeito escrupuloso pelo quadro constitucional”. Horas depois, após ter sido recebido pelo Presidente da República, o secretário-geral do PS falaria pela primeira vez de “plataforma de um Governo”, a propósito de contactos mantidos com partidos de esquerda: "O que tem resultado claro nos contactos com as outras forças políticas é que temos estado a trabalhar não nos programa dos partidos, mas a trabalhar no que importa, no que possa ser uma plataforma de Governo".

Quanto aos desacordos com o BE, Costa relegou esse aspeto para segundo plano. “As divergências são públicas e não vale a pena debatê-las”.

Já Catarina Martins foi muito mais perentória na avaliação do encontro. “No que depende do Bloco de Esquerda, fica hoje claro que o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas acabou”, afirmou a porta-voz do BE. Mais tarde repetiria a ideia, para acrescentar que “há outra solução de Governo”.

Em defesa das pensões, salários e emprego

No encontro de hoje com os jornalistas, Catarina Martins referiu várias vezes o ideário do Bloco de Esquerda nestas negociações. E se ele se pode reduzir a uma única ideia ela é a seguinte: “Criar condições políticas para um Governo que proteja pensões, salários e emprego”.

E esse Governo não tem, forçosamente, de acolher elementos do BE, embora o partido declare que “assumirá todas as responsabilidades que tiver de assumir”.

O Bloco, sublinha catarina Martins, está nesta altura a “negociar a solução política” - e só ela, afirma, é que traz estabilidade a uma solução de Governo”.

De resto, na geometria que se esboça à esquerda, Catarina Martins tem um discurso claro sobre as forças gravitacionais. “O BE teve uma votação que o torna indispensável a uma solução de Governo, mas não teve os votos suficientes para ser ele a formar Governo. A responsabilidade que nos é pedida hoje é se podemos viabilizar um Governo de outro partido que teve mais votos. E o BE sabe bem qual o peso relativo dos vários programas, que foi o que o eleitorado decidiu dar”.

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