Costa quer sossegar a Europa

15-10-2015
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O líder do PS começou esta quarta-feira com uma reunião com os embaixadores da União Europeia, depois de na véspera ter feito o pleno na imprensa internacional dando entrevistas à Reuters, France Press e “Financial Times” - jornal ao qual disse que o PS não está a fazer bluff, tendo comparado o entendimento à esquerda à queda dos restos do Muro de Berlim

António Costa sabe que logo após a sua reunião com o PCP, na semana passada, na sequência da qual este partido se declarou disposto a viabilizar um Governo socialista, sem pôr (até então) condições maiores, houve campaínhas a tocar nas chancelarias europeias, que tinham dado como adquirido um próximo Governo da coligação, apoiado pelo PS.

A situação agravou-se depois do primeiro encontro dos socialistas com a coligação, do qual ficou claro que um compromisso entre ambas as formações políticas não seria fácil, e tornou-se ainda menos clara depois das declarações em tom definitivo de Catarina Martins, a coordenadora do Bloco de Esquerda, quando disse, depois de se reunir com Costa esta segunda-feira, que "o Governo de Passos e Portas acabou hoje".

Na Europa, para quem conhece, o Bloco de Esquerda é tido como o partido-irmão do Syriza, e o PCP como um partido antieuro.

Com os sinais de alguma surpresa a pairar na Bolsa de Lisboa (abriu em queda na segunda-feira) com a inédita iniciativa de António Costa de contactar os partidos à sua esquerda (e a possibilidade de emergir um Governo com o apoio desta) não se perdeu tempo no Largo do Rato.

No mesmo dia, o líder socialista deu três entrevistas a órgãos de comunicação social estrangeiros, as agências Reuters e France Press, e o consagrado “Financial Times”: “business talk”, quer dizer, conversa de e para negócios.

Mensagem de tranquilidade

Na manhã desta quarta-feira, um encontro com os embaixadores da União Europeia (a que se junta a representante da Comissão Europeia em Portugal) completa o leque. E esta quinta-feira será o próprio líder socialista que estará em Bruxerlas, onde se encontrará com os seus camaradas do Partido Socialista Europeu, como é tradicional antes das cimeiras europeias.

O recado de Costa é claro e vai repeti-lo até à exaustão: “O PS não é o Syriza, a Europa pode estar tranquila”, disse à France Press. Um eventual Governo de esquerda “respeitaria os compromissos internacionais” do país e não iria “abrir uma crise política na zona euro”, tudo o que a Europa não quer ouvir falar.

“Pelo contrário, vamos contribuir para estabilizar a zona euro, com uma política económica que reforça o crescimento, o emprego e dá respostas à crise social em Portugal”, acrescentou Costa.

À Reuters disse mais: para além de repetir o que já tem dito internamente (que o Partido Socialista está melhor colocado que o centro-direita para fomar um Governo estável), afirmou que os dois partidos de extrema-esquerda deixaram cair a sua oposição às regras da União Europeia sobre a redução dos défices orçamentais, isto é, para baixo dos 3%.

“O que quero transmitir, especialmente aos mercados, é que Portugal manterá a estabilidade dos seus compromissos europeus”, sublinhou o líder socialista, que esta terça-feira também deu sinais de que as conversações com a esquerda, em especial com o PCP, não são fáceis.

“O PS é o partido mais europeísta de Portugal”

Ao “Finantial Times”, o secretário-geral socialista foi de novo clarinho como água: “O PS é o partido mais pró-europeísta em Portugal”, afirmou, para sublinhar que que “não está a fazer bluff, mas a atuar de boa-fé”.

E garantiu: um Governo liderado pelo PS manter-se-ia comprometido com o euro e as regras do Tratado Orçamental sobre o controlo dos défices. E explicitou ainda que a reestruturação da dívida e uma política orçamental mais moderada, apoiadas pelo BE e o PCP, não constarão do seu programa de Governo.

Para Costa, “é como se estivessem a derrubar os restos do Muro de Berlim, o PS não se mudou para o lado dos partidos antieuropeístas, eles é que concordaram em negociar um programa de Governo comum sem pôr em causa os compromissos de Portugal como um membro ativo da zona euro”.

Esta manhã, foi a vez da conversa com os embaixadores. Deve ter havido muitas perguntas e questões a ser colocadas, dos vários quadrantes em que situam os respetivos governos. Até ao momento nada transpirou, a conversa foi sujeita a sigilo. Mas seguramente que a mensagem a passar é tranquilidade.

O líder do PS começou esta quarta-feira com uma reunião com os embaixadores da União Europeia, depois de na véspera ter feito o pleno na imprensa internacional dando entrevistas à Reuters, France Press e “Financial Times” - jornal ao qual disse que o PS não está a fazer bluff, tendo comparado o entendimento à esquerda à queda dos restos do Muro de Berlim

António Costa sabe que logo após a sua reunião com o PCP, na semana passada, na sequência da qual este partido se declarou disposto a viabilizar um Governo socialista, sem pôr (até então) condições maiores, houve campaínhas a tocar nas chancelarias europeias, que tinham dado como adquirido um próximo Governo da coligação, apoiado pelo PS.

A situação agravou-se depois do primeiro encontro dos socialistas com a coligação, do qual ficou claro que um compromisso entre ambas as formações políticas não seria fácil, e tornou-se ainda menos clara depois das declarações em tom definitivo de Catarina Martins, a coordenadora do Bloco de Esquerda, quando disse, depois de se reunir com Costa esta segunda-feira, que "o Governo de Passos e Portas acabou hoje".

Na Europa, para quem conhece, o Bloco de Esquerda é tido como o partido-irmão do Syriza, e o PCP como um partido antieuro.

Com os sinais de alguma surpresa a pairar na Bolsa de Lisboa (abriu em queda na segunda-feira) com a inédita iniciativa de António Costa de contactar os partidos à sua esquerda (e a possibilidade de emergir um Governo com o apoio desta) não se perdeu tempo no Largo do Rato.

No mesmo dia, o líder socialista deu três entrevistas a órgãos de comunicação social estrangeiros, as agências Reuters e France Press, e o consagrado “Financial Times”: “business talk”, quer dizer, conversa de e para negócios.

Mensagem de tranquilidade

Na manhã desta quarta-feira, um encontro com os embaixadores da União Europeia (a que se junta a representante da Comissão Europeia em Portugal) completa o leque. E esta quinta-feira será o próprio líder socialista que estará em Bruxerlas, onde se encontrará com os seus camaradas do Partido Socialista Europeu, como é tradicional antes das cimeiras europeias.

O recado de Costa é claro e vai repeti-lo até à exaustão: “O PS não é o Syriza, a Europa pode estar tranquila”, disse à France Press. Um eventual Governo de esquerda “respeitaria os compromissos internacionais” do país e não iria “abrir uma crise política na zona euro”, tudo o que a Europa não quer ouvir falar.

“Pelo contrário, vamos contribuir para estabilizar a zona euro, com uma política económica que reforça o crescimento, o emprego e dá respostas à crise social em Portugal”, acrescentou Costa.

À Reuters disse mais: para além de repetir o que já tem dito internamente (que o Partido Socialista está melhor colocado que o centro-direita para fomar um Governo estável), afirmou que os dois partidos de extrema-esquerda deixaram cair a sua oposição às regras da União Europeia sobre a redução dos défices orçamentais, isto é, para baixo dos 3%.

“O que quero transmitir, especialmente aos mercados, é que Portugal manterá a estabilidade dos seus compromissos europeus”, sublinhou o líder socialista, que esta terça-feira também deu sinais de que as conversações com a esquerda, em especial com o PCP, não são fáceis.

“O PS é o partido mais europeísta de Portugal”

Ao “Finantial Times”, o secretário-geral socialista foi de novo clarinho como água: “O PS é o partido mais pró-europeísta em Portugal”, afirmou, para sublinhar que que “não está a fazer bluff, mas a atuar de boa-fé”.

E garantiu: um Governo liderado pelo PS manter-se-ia comprometido com o euro e as regras do Tratado Orçamental sobre o controlo dos défices. E explicitou ainda que a reestruturação da dívida e uma política orçamental mais moderada, apoiadas pelo BE e o PCP, não constarão do seu programa de Governo.

Para Costa, “é como se estivessem a derrubar os restos do Muro de Berlim, o PS não se mudou para o lado dos partidos antieuropeístas, eles é que concordaram em negociar um programa de Governo comum sem pôr em causa os compromissos de Portugal como um membro ativo da zona euro”.

Esta manhã, foi a vez da conversa com os embaixadores. Deve ter havido muitas perguntas e questões a ser colocadas, dos vários quadrantes em que situam os respetivos governos. Até ao momento nada transpirou, a conversa foi sujeita a sigilo. Mas seguramente que a mensagem a passar é tranquilidade.

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