"A próxima geração viverá muito pior que a anterior"

10-11-2011
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Paulo Sá (PCP)

É doutorado em Física e dava aulas na Universidade do Algarve. Agora passa quatro dias por semana em Lisboa, fica longe da família, que está em Faro, e deixou a docência universitária. A vida de deputado retirou-lhe o tempo para dar aulas e desenvolver investigação. “Não há tempo para mais nada”, conta, em entrevista ao SAPO, Paulo Sá. No entanto, o deputado do PCP considera que estes são “sacrifícios necessários nesta fase que o país atravessa”.

É um período em que “austeridade” é uma das palavras mais repetidas pelos responsáveis políticos, mas, para Paulo Sá, as medidas austeras estão a retirar direitos às pessoas e isso não vai ajudar o país, mas sim prejudicá-lo. Por isso, o físico receia “bastante” pelo futuro das novas gerações. “Todos os direitos que foram conquistados depois do 25 de Abril estão a sofrer uma erosão. Os jovens de hoje não conhecem alguns desses direitos e estão numa situação pior do que nós estávamos há uns anos atrás”, defende.

Será então possível alterar as políticas anunciadas pelo governo de Passos Coelho e que estão, algumas delas, também previstas no acordo com a ‘troika’? Paulo Sá considera que sim. “É possível mudar de rumo. O programa da ‘troika’ não serve os interesses nacionais”, defende. A alternativa ao cumprimento deste memorando é, defende o PCP desde abril, a renegociação da dívida.

O que os alemães fizeram depois da II Guerra Mundial é, para o deputado do PCP, um exemplo do que Portugal deveria fazer: “A Alemanha renegociou a usa dívida, alterou prazos, juros e montantes. E estabeleceu que apenas usava uma parte da sua riqueza para pagar o que devia, o restante servia para investir na reconstrução do país e na dinamização da sua economia. E é isso que nós propomos, não estamos a inventar nada de novo”, conclui.

As medidas que estão previstas no Orçamento do Estado para 2012 vão conduzir Portugal a “mais recessão”, explica Paulo Sá. “Se o país entra em recessão, produz menos riqueza, se produz menos riqueza menor será a capacidade para pagar a dívida”, defende. E se o país não sair deste “ciclo vicioso” daqui a um ano está no estado da Grécia. Para o deputado do PCP, quando olhamos para o que se passa naquele país “estamos a ver o filme que se vai passar em Portugal se as medidas (do governo) continuarem em frente”. Paulo Sá sustenta que “vamos andando de medida em medida até ao afundamento final”.

Percurso político

Faz parte do PCP desde 1983 e até já tinha sido candidatado à Assembleia da República, pelo círculo de Faro, em 2009, mas não foi eleito por "uma pequna margem de votos". Atualmente, Paulo Sá, 46 anos, deixou a Universidade do Algarve, onde dava aulas, para se dedicar à nova função.

Influências

Paulo Sá não consegue destacar um livro que o tenha marcado particularmente. Mas, na entrevista ao SAPO, refere que leu "os clássicos" de Karl Marx e de Lenine. Dentro da política, destaca Álvaro Cunhal como uma referência.

Ser deputado na crise

Paulo Sá refere que os direitos conquistados depois do 25 de Abril estão a sofrer uma "erosão". Sobre os sacríficios a que está sujeito desde que é deputado, como estar longe da família quatro dias por semana, o professor diz que são necessários para mudar o país "para melhor".

Veja as entrevistas com os outros deputados:

Paulo Sá (PCP)

É doutorado em Física e dava aulas na Universidade do Algarve. Agora passa quatro dias por semana em Lisboa, fica longe da família, que está em Faro, e deixou a docência universitária. A vida de deputado retirou-lhe o tempo para dar aulas e desenvolver investigação. “Não há tempo para mais nada”, conta, em entrevista ao SAPO, Paulo Sá. No entanto, o deputado do PCP considera que estes são “sacrifícios necessários nesta fase que o país atravessa”.

É um período em que “austeridade” é uma das palavras mais repetidas pelos responsáveis políticos, mas, para Paulo Sá, as medidas austeras estão a retirar direitos às pessoas e isso não vai ajudar o país, mas sim prejudicá-lo. Por isso, o físico receia “bastante” pelo futuro das novas gerações. “Todos os direitos que foram conquistados depois do 25 de Abril estão a sofrer uma erosão. Os jovens de hoje não conhecem alguns desses direitos e estão numa situação pior do que nós estávamos há uns anos atrás”, defende.

Será então possível alterar as políticas anunciadas pelo governo de Passos Coelho e que estão, algumas delas, também previstas no acordo com a ‘troika’? Paulo Sá considera que sim. “É possível mudar de rumo. O programa da ‘troika’ não serve os interesses nacionais”, defende. A alternativa ao cumprimento deste memorando é, defende o PCP desde abril, a renegociação da dívida.

O que os alemães fizeram depois da II Guerra Mundial é, para o deputado do PCP, um exemplo do que Portugal deveria fazer: “A Alemanha renegociou a usa dívida, alterou prazos, juros e montantes. E estabeleceu que apenas usava uma parte da sua riqueza para pagar o que devia, o restante servia para investir na reconstrução do país e na dinamização da sua economia. E é isso que nós propomos, não estamos a inventar nada de novo”, conclui.

As medidas que estão previstas no Orçamento do Estado para 2012 vão conduzir Portugal a “mais recessão”, explica Paulo Sá. “Se o país entra em recessão, produz menos riqueza, se produz menos riqueza menor será a capacidade para pagar a dívida”, defende. E se o país não sair deste “ciclo vicioso” daqui a um ano está no estado da Grécia. Para o deputado do PCP, quando olhamos para o que se passa naquele país “estamos a ver o filme que se vai passar em Portugal se as medidas (do governo) continuarem em frente”. Paulo Sá sustenta que “vamos andando de medida em medida até ao afundamento final”.

Percurso político

Faz parte do PCP desde 1983 e até já tinha sido candidatado à Assembleia da República, pelo círculo de Faro, em 2009, mas não foi eleito por "uma pequna margem de votos". Atualmente, Paulo Sá, 46 anos, deixou a Universidade do Algarve, onde dava aulas, para se dedicar à nova função.

Influências

Paulo Sá não consegue destacar um livro que o tenha marcado particularmente. Mas, na entrevista ao SAPO, refere que leu "os clássicos" de Karl Marx e de Lenine. Dentro da política, destaca Álvaro Cunhal como uma referência.

Ser deputado na crise

Paulo Sá refere que os direitos conquistados depois do 25 de Abril estão a sofrer uma "erosão". Sobre os sacríficios a que está sujeito desde que é deputado, como estar longe da família quatro dias por semana, o professor diz que são necessários para mudar o país "para melhor".

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