Seis dias para convencer três nichos eleitorais

27-09-2015
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O foco da coligação no final da campanha é o eleitorado que votou PSD e CDS em 2011, se zangou, mas ainda pode voltar. Em particular reformados, funcionários públicos e desempregados

O terreno é o centro. É dos livros que as eleições legislativas são como aqueles jogos que se decidem no meio campo: quem ganhar ascendente aí, ganha. O PSD sabe disso, o CDS descobriu isso. A boa notícia, do ponto de vista da coligação, é que o PS parece ter-se esquecido disso - e cada afirmação mais musculada ou mais à esquerda de António Costa é aproveitada pelo Portugal à Frente para lhe colar o rótulo de “radical” e lançar a tese de que o atual líder socialista não está em linha com a tradição do seu partido.

Colocar-se ao centro e empurrar o PS para sítios “radicais” ou “extremistas” é uma parte do guião - cumprida, com rigores matemáticos, na primeira semana de campanha. A outra parte, que será uma prioridade nos dias que faltam, é falar diretamente à parte desse eleitorado de centro que ainda está indecisa quanto ao seu voto e que, de acordo com os estudos de opinião conduzidos pela coligação, pode mais facilmente pender para a direita: os eleitores que há quatro anos votaram PSD e CDS, se afastaram dessas águas por causa da austeridade, mas não saltaram para o outro lado da barricada.

Não é uma tática guardada em segredo pela campanha coligacionista: foi o próprio Pedro Passos Coelho quem anunciou que dentro desses eleitores que se zangaram com a atual maioria, a prioridade irá para pensionistas, funcionários públicos e desempregados. São os nichos de eleitorado nos quais a coligação se irá concentrar nos dias que faltam até às eleições.

Se até agora tem dominado o discurso do medo (da “instabilidade”, de “deitar tudo a perder”), a coligação acrescenta-lhe o discurso do perdoa-me: sabemos que estão zangados connosco, sabemos que esperavam outra governação, gostávamos de ter feito diferente mas o resgate não deixou, agora que saímos “da bancarrota”, serão os primeiros a ser recompensados pelos sacrifícios.

Foi um dos pratos do dia deste sábado, tanto num almoço em Felgueiras como num jantar em Penafiel. À noite, perante mais de 3500 pessoas, Passos, no registo de “muita humildade” que tem recomendado aos seus, reconheceu que muitos desses portugueses de classe média a quem foram pedidos mais sacrifícios “ainda não se reconciliaram connosco”. “Muitas expetativas e compromissos tiveram de aguardar”, mas “agora vemos o país a engrenar”.

Agora, sim: a “palavra de compromisso” com esses eleitores está firmada desde a noite de sexta-feira, no mega-jantar de Santa Maria da Feira. “Se estiveram na primeira linha dos sacrifícios, é justo que possam também estar na primeira linha da nossa preocupação, agora que o país está a recuperar.”

A condição para isso - e este é o corolário do argumentário da coligação para tentar reconquistar esses eleitores perdidos - é que a “recuperação” não seja posta em causa por projetos “radicais” ou “extremistas”, que lancem a instabilidade, porque sem estabilidade não há confiança, sem confiança não há investimento, sem investimento não há criação de emprego nem recuperação económica e Portugal volta aos tempos de crise e austeridade.

Como dizia o outro, isto anda tudo ligado. À atenção de reformados, funcionários públicos e desempregados. Os tais a quem, acredita a coligação, se aplica o adágio popular citado por Paulo Portas “mais vale um pássaro na mão do que dois a voar”.

O foco da coligação no final da campanha é o eleitorado que votou PSD e CDS em 2011, se zangou, mas ainda pode voltar. Em particular reformados, funcionários públicos e desempregados

O terreno é o centro. É dos livros que as eleições legislativas são como aqueles jogos que se decidem no meio campo: quem ganhar ascendente aí, ganha. O PSD sabe disso, o CDS descobriu isso. A boa notícia, do ponto de vista da coligação, é que o PS parece ter-se esquecido disso - e cada afirmação mais musculada ou mais à esquerda de António Costa é aproveitada pelo Portugal à Frente para lhe colar o rótulo de “radical” e lançar a tese de que o atual líder socialista não está em linha com a tradição do seu partido.

Colocar-se ao centro e empurrar o PS para sítios “radicais” ou “extremistas” é uma parte do guião - cumprida, com rigores matemáticos, na primeira semana de campanha. A outra parte, que será uma prioridade nos dias que faltam, é falar diretamente à parte desse eleitorado de centro que ainda está indecisa quanto ao seu voto e que, de acordo com os estudos de opinião conduzidos pela coligação, pode mais facilmente pender para a direita: os eleitores que há quatro anos votaram PSD e CDS, se afastaram dessas águas por causa da austeridade, mas não saltaram para o outro lado da barricada.

Não é uma tática guardada em segredo pela campanha coligacionista: foi o próprio Pedro Passos Coelho quem anunciou que dentro desses eleitores que se zangaram com a atual maioria, a prioridade irá para pensionistas, funcionários públicos e desempregados. São os nichos de eleitorado nos quais a coligação se irá concentrar nos dias que faltam até às eleições.

Se até agora tem dominado o discurso do medo (da “instabilidade”, de “deitar tudo a perder”), a coligação acrescenta-lhe o discurso do perdoa-me: sabemos que estão zangados connosco, sabemos que esperavam outra governação, gostávamos de ter feito diferente mas o resgate não deixou, agora que saímos “da bancarrota”, serão os primeiros a ser recompensados pelos sacrifícios.

Foi um dos pratos do dia deste sábado, tanto num almoço em Felgueiras como num jantar em Penafiel. À noite, perante mais de 3500 pessoas, Passos, no registo de “muita humildade” que tem recomendado aos seus, reconheceu que muitos desses portugueses de classe média a quem foram pedidos mais sacrifícios “ainda não se reconciliaram connosco”. “Muitas expetativas e compromissos tiveram de aguardar”, mas “agora vemos o país a engrenar”.

Agora, sim: a “palavra de compromisso” com esses eleitores está firmada desde a noite de sexta-feira, no mega-jantar de Santa Maria da Feira. “Se estiveram na primeira linha dos sacrifícios, é justo que possam também estar na primeira linha da nossa preocupação, agora que o país está a recuperar.”

A condição para isso - e este é o corolário do argumentário da coligação para tentar reconquistar esses eleitores perdidos - é que a “recuperação” não seja posta em causa por projetos “radicais” ou “extremistas”, que lancem a instabilidade, porque sem estabilidade não há confiança, sem confiança não há investimento, sem investimento não há criação de emprego nem recuperação económica e Portugal volta aos tempos de crise e austeridade.

Como dizia o outro, isto anda tudo ligado. À atenção de reformados, funcionários públicos e desempregados. Os tais a quem, acredita a coligação, se aplica o adágio popular citado por Paulo Portas “mais vale um pássaro na mão do que dois a voar”.

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