Actualidade: Herdeiros do Euro lutam pela vida com Mundial à vista

29-03-2019
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Há uma década, a UEFA atribuiu a Portugal a organização do Europeu 2004. Após o sucesso do torneio, surgiram as dores da cabeça das empresas que gerem os recintos, e, nalguns, as bancadas estão às moscas. Com a hipótese do Mundial 2018/2022, nova aventura está a caminho, com Braga e o Algarve a abrir a porta a mais investimentoQuando no dia 12 de Outubro de 1999 a UEFA atribuiu a Portugal a organização do Euro 2004 abriram--se garrafas de champanhe e Gilberto Madaíl, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, disse que aquele era "o dia mais feliz" da sua vida. Ouviram-se então as primeiras vozes sobre aquilo que era considerado por muitos de "projecto megalómano", que contemplava a construção de seis novos estádios e a remodelação e ampliação de outros quatro.Dez anos passaram sobre o anúncio e as vozes dos então apelidados de "velhos do Restelo" parecem fazer agora sentido. É verdade que o Euro 2004 foi um êxito reconhecido por todos. Mas, aos estádios cheios e ao entusiasmo seguiu-se uma espécie de vazio, comum a vários recintos. Aveiro, Coimbra, Leiria, Bessa e o Algarve são hoje em dia verdadeiros "monstros" de cimento que só têm assistências condignas quando recebem jogos da selecção nacional ou alguma final de Taça da Liga ou Supertaça. Pouco, muito pouco para empreendimentos que custaram muitos milhões de euros e que ainda serão pagos à banca durante mais alguns anos.A alternativa adoptada pelas empresas ou clubes que gerem os estádios é gerar receitas extrafutebol, casos de concertos, conferências, feiras, casamentos, exploração de zonas comerciais para fazer face às despesas...Alguns desses recintos desapareceram mesmo do principal campeonato de futebol nacional. O Bessa é palco de jogos da II Divisão, à semelhança do Estádio do Algarve. O Municipal de Aveiro é a casa do Beira Mar na II Liga. As assistências médias são demasiado baixas para tão modernos equipamentos, um cenário que não é alterado em Leiria e Coimbra, que os jogos da União e da Académica na principal Liga portuguesa.Ulisses Pereira, líder do PSD de Aveiro, lançou mesmo para a discussão na última campanha eleitoral para as autarquias que o estádio aveirense devia ser implodido. Fonte da administração do recinto disse ao DN que esse é um cenário "sem sentido" por duas razões: "O estádio tem de ser pago ao banco durante 20 anos e não faz sentido pagar uma coisa que não existe e, por outro lado, não faz sentido deitar o recinto a baixo para construir uma zona comercial depois de os terrenos onde ele está terem sido expropriados."Em Coimbra, as fracas assistências nos jogos da Académica associados aos custos de manutenção do estádio Cidade de Coimbra a partir de 2014, levaram o presidente do clube, José Eduardo Simões, a dizer que há "a necessidade de se construir um novo estádio para 12/13 mil pessoas", sob pena de a Briosa "ir para o buraco". "É uma questão de sobrevivência", frisou na recente assembleia geral de aprovação do relatório e contas de 2007/08.A questão da gestão dos estádios do Euro 2004 é muito sensível, sobretudo para aqueles que são geridos por empresas municipais, razão pela qual as administrações contactadas pelo DN recusaram prestar esclarecimentos. Ainda assim, fonte do estádio de Aveiro esclareceu que um dos problemas sentidos têm a ver com o relacionamento com os clubes que usam os recintos.Em Aveiro, o Beira-Mar acordou assumir a gestão do estádio em Dezembro e para isso pagaria uma verba não especificada, resultante da venda dos terrenos onde estavam as piscinas, mas até ao momento "o dinheiro ainda não apareceu". Esta situação inviabiliza que a autarquia deixe de pagar 500 mil euros/ano ao clube para utilizar o recinto. Situação semelhante passou-se em Leiria, onde a autarquia pagava um milhão de euros/ano à União para a equipa profissional ali jogar, algo que se verificou até há bem pouco tempo.Enquanto empresas e clubes se debatem com problemas de rentabilização dos recintos, a Federação Portuguesa de Futebol lançou-se numa nova aventura, de braço dado com a homóloga espanhola: a candidatura à organização do Mundial 1018 ou, em alternativa, de 2022.Os estádios da Luz, Dragão e Alvalade estão já incluídos no novo projecto de Madaíl por serem os únicos com lotação suficiente para receber jogos de um Campeonato do Mundo. As autarquias de Braga e Faro/Loulé já mostraram vontade em receber também jogos, ainda que para isso tenham de fazer obras de ampliação dos respectivos recintos, que têm de ter capacidade mínima para 42 mil espectadores. Vêm aí mais investimentos, cujos montantes no momento ainda não estão estimados... falta saber se terão retorno. Fonte DN por Carlos Nogueira


Há uma década, a UEFA atribuiu a Portugal a organização do Europeu 2004. Após o sucesso do torneio, surgiram as dores da cabeça das empresas que gerem os recintos, e, nalguns, as bancadas estão às moscas. Com a hipótese do Mundial 2018/2022, nova aventura está a caminho, com Braga e o Algarve a abrir a porta a mais investimentoQuando no dia 12 de Outubro de 1999 a UEFA atribuiu a Portugal a organização do Euro 2004 abriram--se garrafas de champanhe e Gilberto Madaíl, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, disse que aquele era "o dia mais feliz" da sua vida. Ouviram-se então as primeiras vozes sobre aquilo que era considerado por muitos de "projecto megalómano", que contemplava a construção de seis novos estádios e a remodelação e ampliação de outros quatro.Dez anos passaram sobre o anúncio e as vozes dos então apelidados de "velhos do Restelo" parecem fazer agora sentido. É verdade que o Euro 2004 foi um êxito reconhecido por todos. Mas, aos estádios cheios e ao entusiasmo seguiu-se uma espécie de vazio, comum a vários recintos. Aveiro, Coimbra, Leiria, Bessa e o Algarve são hoje em dia verdadeiros "monstros" de cimento que só têm assistências condignas quando recebem jogos da selecção nacional ou alguma final de Taça da Liga ou Supertaça. Pouco, muito pouco para empreendimentos que custaram muitos milhões de euros e que ainda serão pagos à banca durante mais alguns anos.A alternativa adoptada pelas empresas ou clubes que gerem os estádios é gerar receitas extrafutebol, casos de concertos, conferências, feiras, casamentos, exploração de zonas comerciais para fazer face às despesas...Alguns desses recintos desapareceram mesmo do principal campeonato de futebol nacional. O Bessa é palco de jogos da II Divisão, à semelhança do Estádio do Algarve. O Municipal de Aveiro é a casa do Beira Mar na II Liga. As assistências médias são demasiado baixas para tão modernos equipamentos, um cenário que não é alterado em Leiria e Coimbra, que os jogos da União e da Académica na principal Liga portuguesa.Ulisses Pereira, líder do PSD de Aveiro, lançou mesmo para a discussão na última campanha eleitoral para as autarquias que o estádio aveirense devia ser implodido. Fonte da administração do recinto disse ao DN que esse é um cenário "sem sentido" por duas razões: "O estádio tem de ser pago ao banco durante 20 anos e não faz sentido pagar uma coisa que não existe e, por outro lado, não faz sentido deitar o recinto a baixo para construir uma zona comercial depois de os terrenos onde ele está terem sido expropriados."Em Coimbra, as fracas assistências nos jogos da Académica associados aos custos de manutenção do estádio Cidade de Coimbra a partir de 2014, levaram o presidente do clube, José Eduardo Simões, a dizer que há "a necessidade de se construir um novo estádio para 12/13 mil pessoas", sob pena de a Briosa "ir para o buraco". "É uma questão de sobrevivência", frisou na recente assembleia geral de aprovação do relatório e contas de 2007/08.A questão da gestão dos estádios do Euro 2004 é muito sensível, sobretudo para aqueles que são geridos por empresas municipais, razão pela qual as administrações contactadas pelo DN recusaram prestar esclarecimentos. Ainda assim, fonte do estádio de Aveiro esclareceu que um dos problemas sentidos têm a ver com o relacionamento com os clubes que usam os recintos.Em Aveiro, o Beira-Mar acordou assumir a gestão do estádio em Dezembro e para isso pagaria uma verba não especificada, resultante da venda dos terrenos onde estavam as piscinas, mas até ao momento "o dinheiro ainda não apareceu". Esta situação inviabiliza que a autarquia deixe de pagar 500 mil euros/ano ao clube para utilizar o recinto. Situação semelhante passou-se em Leiria, onde a autarquia pagava um milhão de euros/ano à União para a equipa profissional ali jogar, algo que se verificou até há bem pouco tempo.Enquanto empresas e clubes se debatem com problemas de rentabilização dos recintos, a Federação Portuguesa de Futebol lançou-se numa nova aventura, de braço dado com a homóloga espanhola: a candidatura à organização do Mundial 1018 ou, em alternativa, de 2022.Os estádios da Luz, Dragão e Alvalade estão já incluídos no novo projecto de Madaíl por serem os únicos com lotação suficiente para receber jogos de um Campeonato do Mundo. As autarquias de Braga e Faro/Loulé já mostraram vontade em receber também jogos, ainda que para isso tenham de fazer obras de ampliação dos respectivos recintos, que têm de ter capacidade mínima para 42 mil espectadores. Vêm aí mais investimentos, cujos montantes no momento ainda não estão estimados... falta saber se terão retorno. Fonte DN por Carlos Nogueira

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