A história é antiga e começou com uma queixa de Rui Carvalho, professor da Univeridade de Coimbra que trabalhou de perto com Tiago Brandão Rodrigues quando este era um promissor investigador.
Segundo Rui Carvalho, Tiago Brandão Rodrigues teria ludibriado a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) ao pedir uma bolsa para pagar propinas na Universidade do Texas (no prestigiado Southwestern Medical Center), onde se deslocou em Setembro de 2001 para fazer um estágio no âmbito do seu projeto de doutoramento. Isto porque, sublinhava Rui Carvalho, a Universidade do Texas não cobrava propinas aos alunos que lá estudavam no regime fixado para Tiago Brandão Rodrigues. Ou seja: não fazia sentido pedir uma bolsa para as pagar. A queixa foi enviada para várias entidades: Assembleia da República, grupos parlamentares, Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), etc.
A denúncia enviada à Fundação para a Ciência e Tecnologia
A denúncia enviada pelo ex-professor de Brandão Rodrigues aos deputados portugueses
A informação acabou por chegar aos jornais. A revista Sábado pegou no tema e entrevistou Rui Carvalho em Coimbra, dando-lhe a possibilidade de relatar a a sua versão dos acontecimentos:
Que tomou conhecimento da alegada fraude quando contatou o departamento de bolsas da FCT no sentido de se informar sobre os mecanismos formais que seria necessário cumprir no sentido de se desvincular da orientação do doutoramento de Tiago Brandão Rodrigues, com quem se desentendera;
Que assim que informou a funcionária da FCT sobre o nome do aluno, ela lhe teria dito: ‘Ó senhor doutor, é uma grande coincidência estar a ligar-me porque nos últimos seis meses andamos a tentar contactar esse aluno para lhe pedir o recibo do pagamento de propinas em Dallas e não conseguimos’."
O ex-professor de Brandão Rodrigues não poupou nas palavras: "Um crime", afirmou
Uma vez mais, de acordo com o relato de Rui Carvalho, este terá informado de imediato Tiago Brandão Rodrigues - que viria a tornar-se num investigador de excelência, fazendo carreira na Universidade de Cambridge - que tinha de devolver os cerca de 18 mil euros que alegadamente recebera de forma indevida, o que acabou mesmo por acontecer em Setembro de 2002 por iniciativa do atual ministro da Educação.
Nessa altura, a Sábado divulgou documentos em que a FCT, em carta enviada a Tiago Brandão Rodrigues, explica detalhadamente as quantias que o então aluno recebeu "indevidamente". Do mesmo modo, também acedeu a uma cópia do cheque passado pelo ministro da Educação à FCT, em que salda as contas com a instituição.
A revista deu ao ministro a oportunidade de se defender. Brandão Rodrigues qualificou as acusações de Tiago Brandão Rodrigues como “cegas e ofensivas”.
O ministro da Educação defendeu-se, também em entrevista à Sábado, negando tudo
Mais: o agora ministro da Educação sublinhou que nunca praticou qualquer ilegalidade e que teria sido ele quem, na sequência da ruptura com Rui Carvalho, tomou pessoalmente a iniciativa de restituir à FCT o valor recebido. Isto antes de o próprio Rui Carvalho ter apresentado formalmente uma denúncia na FCT.
Em resumo, pode dizer-se que se confirma que Tiago Brandão Rodrigues foi alvo de uma queixa por parte de um ex-professor pela alegada prática de ilegalidades, mas é justo dizer que Brandão Rodrigues nunca foi penalizado por nenhum ato - e esse é um barómetro importante para aferir o seu grau de culpabilidade. Não havendo condenação, não há crime - e não havendo crime, por maioria de razão, também não há criminoso.
Nota: o autor deste texto é o mesmo jornalista que, em 2016, entrevistou Rui Carvalho e Tiago Brandão Rodrigues para a revista Sábado.
Avaliação do Polígrafo:
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A história é antiga e começou com uma queixa de Rui Carvalho, professor da Univeridade de Coimbra que trabalhou de perto com Tiago Brandão Rodrigues quando este era um promissor investigador.
Segundo Rui Carvalho, Tiago Brandão Rodrigues teria ludibriado a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) ao pedir uma bolsa para pagar propinas na Universidade do Texas (no prestigiado Southwestern Medical Center), onde se deslocou em Setembro de 2001 para fazer um estágio no âmbito do seu projeto de doutoramento. Isto porque, sublinhava Rui Carvalho, a Universidade do Texas não cobrava propinas aos alunos que lá estudavam no regime fixado para Tiago Brandão Rodrigues. Ou seja: não fazia sentido pedir uma bolsa para as pagar. A queixa foi enviada para várias entidades: Assembleia da República, grupos parlamentares, Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), etc.
A denúncia enviada à Fundação para a Ciência e Tecnologia
A denúncia enviada pelo ex-professor de Brandão Rodrigues aos deputados portugueses
A informação acabou por chegar aos jornais. A revista Sábado pegou no tema e entrevistou Rui Carvalho em Coimbra, dando-lhe a possibilidade de relatar a a sua versão dos acontecimentos:
Que tomou conhecimento da alegada fraude quando contatou o departamento de bolsas da FCT no sentido de se informar sobre os mecanismos formais que seria necessário cumprir no sentido de se desvincular da orientação do doutoramento de Tiago Brandão Rodrigues, com quem se desentendera;
Que assim que informou a funcionária da FCT sobre o nome do aluno, ela lhe teria dito: ‘Ó senhor doutor, é uma grande coincidência estar a ligar-me porque nos últimos seis meses andamos a tentar contactar esse aluno para lhe pedir o recibo do pagamento de propinas em Dallas e não conseguimos’."
O ex-professor de Brandão Rodrigues não poupou nas palavras: "Um crime", afirmou
Uma vez mais, de acordo com o relato de Rui Carvalho, este terá informado de imediato Tiago Brandão Rodrigues - que viria a tornar-se num investigador de excelência, fazendo carreira na Universidade de Cambridge - que tinha de devolver os cerca de 18 mil euros que alegadamente recebera de forma indevida, o que acabou mesmo por acontecer em Setembro de 2002 por iniciativa do atual ministro da Educação.
Nessa altura, a Sábado divulgou documentos em que a FCT, em carta enviada a Tiago Brandão Rodrigues, explica detalhadamente as quantias que o então aluno recebeu "indevidamente". Do mesmo modo, também acedeu a uma cópia do cheque passado pelo ministro da Educação à FCT, em que salda as contas com a instituição.
A revista deu ao ministro a oportunidade de se defender. Brandão Rodrigues qualificou as acusações de Tiago Brandão Rodrigues como “cegas e ofensivas”.
O ministro da Educação defendeu-se, também em entrevista à Sábado, negando tudo
Mais: o agora ministro da Educação sublinhou que nunca praticou qualquer ilegalidade e que teria sido ele quem, na sequência da ruptura com Rui Carvalho, tomou pessoalmente a iniciativa de restituir à FCT o valor recebido. Isto antes de o próprio Rui Carvalho ter apresentado formalmente uma denúncia na FCT.
Em resumo, pode dizer-se que se confirma que Tiago Brandão Rodrigues foi alvo de uma queixa por parte de um ex-professor pela alegada prática de ilegalidades, mas é justo dizer que Brandão Rodrigues nunca foi penalizado por nenhum ato - e esse é um barómetro importante para aferir o seu grau de culpabilidade. Não havendo condenação, não há crime - e não havendo crime, por maioria de razão, também não há criminoso.
Nota: o autor deste texto é o mesmo jornalista que, em 2016, entrevistou Rui Carvalho e Tiago Brandão Rodrigues para a revista Sábado.
Avaliação do Polígrafo: