O segundo é o primeiro dos últimos

10-10-2019
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O segundo é o primeiro dos últimos. Pelos menos foi o que me ensinaram: que no que estamos devemos estar para ganhar. Saber ganhar respeitando o adversário quando se é vencedor e também saber perder. Devia ser mais fácil saber perder que saber ganhar porque são mais as vezes que perdemos que as que ganhamos. Temos mais experiência em perder que em vencer. E saber perder, reconhecer a derrota, liberta. É uma catarse que nos limpa, purifica e nos permite mudar e experimentar outro caminho.

Pelo menos é o que nos habituámos a ver no PSD: um partido que está para ganhar, mas que tem sabido perder. Apesar de tudo, foram mais as vezes que perdeu que aquelas em que ganhou. De forma que, quando perdeu reconheceu a derrota. Limpou-se, purificou-se no sentido de se ter preparado para outro desafio. Outra estratégia e outro caminho.

Surpreendentemente, não foi o que se viu a 6 de Outubro de 2019. Nessa noite, que Rui Rio chegou a confundir com tarde, o líder do PSD disse que não perdeu. Deu a entender que tinha ganho porque vencera, não o PS, com quem concorria, mas as sondagens e os comentadores. Pessoas como eu que vaticinaram o pior resultado de sempre para o PSD. Ao que parece para Rui Rio ficar em segundo é suficiente. Mas ao contrário do que Rio nos disse, ficar em segundo não lhe chega por ter tido mais votos do que esperava, mas porque continuar na liderança lhe permite aguardar que o poder lhe caia no colo. Ora, Rui Rio tinha a obrigação de saber que o PSD não é o PS. No PSD ficar em segundo não serve porque o segundo é o primeiro dos últimos. Aliás, e este é um ponto indispensável agora que se fala numa reconstrução do PSD e do CDS: a direita só deve chegar ao governo quando vencer. Não deve haver lugar a geringonças, tão só porque as reformas que são precisas exigem um apoio claro dos eleitores. Através do método da geringonça, partidos que perderam até podem conseguir governar mas, como sabemos por experiência própria, ficam no governo por ficar e pouco fazem de concreto.

Houve um vencedor claro nas legislativas que poucos referem e que foi Marcelo Rebelo de Sousa. Calhou domingo tê-lo visto em directo na televisão a votar. O presidente dirigiu-se a pé para o local de voto e onde à porta o aguardavam várias pessoas mais as câmaras de televisão. Cumprimentou todos e entrou, qual sacerdote para ouvir o oráculo que, numa democracia, é colocar uma cruz numa folha de papel. Já cá fora apelou ao voto chamando a atenção para os momentos difíceis que aí vêm. O país não está preparado para o pior, mas a mensagem com que quem nos governa e preside se vai explicar vai sendo ensaiada: que a futura crise advirá da guerra comercial entre os EUA e a China, do Brexit e dos desencontros em Bruxelas. Portugal, jardim à beira-mar plantado, só quer que o deixem descansado. A estratégia de Marcelo e Costa será em tudo idêntica à de Salazar: que vivemos num paraíso, mas infelizmente com um mundo à volta que, por vezes, não se entende por não ser suave como nós. Foi uma estratégia que serviu Salazar até 1968 e que explica bem os resultados eleitorais de 2019.

Ora, um dos grandes desafios do PSD nos próximos tempos vai ser impedir que quem governou e ajuda a fazê-lo desde 2015 se descarte das suas responsabilidades. Quando tal suceder, Costa e Marcelo, Catarina e Jerónimo (e também André Silva do PAN) terão a dar a cara. Tal é necessário, pois se não acontecer, se quem governa mal não reconhecer que perdeu, não reconhecer que se enganou, não haverá catarse, purificação, nem limpeza. O país não se pode dar ao luxo de repetir fenómenos como o da saída de Guterres em 2001 e o do estado em que o PS deixou o país em 2011. Não sabendo perder, que implica reconhecer a derrota e o engano, o país não muda de política, não arrepia caminho. Mesmo perante o precipício continuará a seguir avante, como qualquer comunista nos diz para fazer, com os resultados sobejamente conhecidos. Porque, e dito da forma mais simples possível, saber que se perdeu é indispensável para se poder ganhar.

O segundo é o primeiro dos últimos. Pelos menos foi o que me ensinaram: que no que estamos devemos estar para ganhar. Saber ganhar respeitando o adversário quando se é vencedor e também saber perder. Devia ser mais fácil saber perder que saber ganhar porque são mais as vezes que perdemos que as que ganhamos. Temos mais experiência em perder que em vencer. E saber perder, reconhecer a derrota, liberta. É uma catarse que nos limpa, purifica e nos permite mudar e experimentar outro caminho.

Pelo menos é o que nos habituámos a ver no PSD: um partido que está para ganhar, mas que tem sabido perder. Apesar de tudo, foram mais as vezes que perdeu que aquelas em que ganhou. De forma que, quando perdeu reconheceu a derrota. Limpou-se, purificou-se no sentido de se ter preparado para outro desafio. Outra estratégia e outro caminho.

Surpreendentemente, não foi o que se viu a 6 de Outubro de 2019. Nessa noite, que Rui Rio chegou a confundir com tarde, o líder do PSD disse que não perdeu. Deu a entender que tinha ganho porque vencera, não o PS, com quem concorria, mas as sondagens e os comentadores. Pessoas como eu que vaticinaram o pior resultado de sempre para o PSD. Ao que parece para Rui Rio ficar em segundo é suficiente. Mas ao contrário do que Rio nos disse, ficar em segundo não lhe chega por ter tido mais votos do que esperava, mas porque continuar na liderança lhe permite aguardar que o poder lhe caia no colo. Ora, Rui Rio tinha a obrigação de saber que o PSD não é o PS. No PSD ficar em segundo não serve porque o segundo é o primeiro dos últimos. Aliás, e este é um ponto indispensável agora que se fala numa reconstrução do PSD e do CDS: a direita só deve chegar ao governo quando vencer. Não deve haver lugar a geringonças, tão só porque as reformas que são precisas exigem um apoio claro dos eleitores. Através do método da geringonça, partidos que perderam até podem conseguir governar mas, como sabemos por experiência própria, ficam no governo por ficar e pouco fazem de concreto.

Houve um vencedor claro nas legislativas que poucos referem e que foi Marcelo Rebelo de Sousa. Calhou domingo tê-lo visto em directo na televisão a votar. O presidente dirigiu-se a pé para o local de voto e onde à porta o aguardavam várias pessoas mais as câmaras de televisão. Cumprimentou todos e entrou, qual sacerdote para ouvir o oráculo que, numa democracia, é colocar uma cruz numa folha de papel. Já cá fora apelou ao voto chamando a atenção para os momentos difíceis que aí vêm. O país não está preparado para o pior, mas a mensagem com que quem nos governa e preside se vai explicar vai sendo ensaiada: que a futura crise advirá da guerra comercial entre os EUA e a China, do Brexit e dos desencontros em Bruxelas. Portugal, jardim à beira-mar plantado, só quer que o deixem descansado. A estratégia de Marcelo e Costa será em tudo idêntica à de Salazar: que vivemos num paraíso, mas infelizmente com um mundo à volta que, por vezes, não se entende por não ser suave como nós. Foi uma estratégia que serviu Salazar até 1968 e que explica bem os resultados eleitorais de 2019.

Ora, um dos grandes desafios do PSD nos próximos tempos vai ser impedir que quem governou e ajuda a fazê-lo desde 2015 se descarte das suas responsabilidades. Quando tal suceder, Costa e Marcelo, Catarina e Jerónimo (e também André Silva do PAN) terão a dar a cara. Tal é necessário, pois se não acontecer, se quem governa mal não reconhecer que perdeu, não reconhecer que se enganou, não haverá catarse, purificação, nem limpeza. O país não se pode dar ao luxo de repetir fenómenos como o da saída de Guterres em 2001 e o do estado em que o PS deixou o país em 2011. Não sabendo perder, que implica reconhecer a derrota e o engano, o país não muda de política, não arrepia caminho. Mesmo perante o precipício continuará a seguir avante, como qualquer comunista nos diz para fazer, com os resultados sobejamente conhecidos. Porque, e dito da forma mais simples possível, saber que se perdeu é indispensável para se poder ganhar.

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