Refugiados yazidis nem uma semana ficaram em Portugal

05-05-2017
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Saman Ali, na foto com o cartaz, é o único yazidi que faz questão em estudar e trabalhar em Portuga

Saman Ali, um dos 24 yazidis que chegaram a Portugal há um mês, escreveu uma carta aberta ao Presidente da República, publicada esta quarta-feira pelo Expresso, onde pede ajuda para ficar e revela que é o único do grupo que ainda está em território nacional. Os outros 23 já abandonaram ilegalmente Guimarães, onde tinham sido acolhidos.

Houve casos de famílias que nem uma semana ficaram no nosso país, soube o DN junto a fontes policiais que estão a acompanhar estes movimentos. A responsabilidade pela sua permanência é das entidades de acolhimento, neste caso a Câmara Municipal de Guimarães, mas que não pode impedir a sua partida, uma vez que têm liberdade de circulação. Estão obrigadas a informar os refugiados que perdem todos os seus direitos de proteção quando saem do país. No município não houve ninguém disponível para comentar, apesar da insistência do DN.

"Lamento que isto aconteça. Sinto-me frustrada e receio que isto possa desincentivar quem tem trabalhado tanto, como eu, para conseguir que estes refugiados viessem para Portugal", reage a eurodeputada Ana Gomes. Afasta "qualquer responsabilidade" de Portugal cujas "autoridades nacionais e locais têm feito um excelente trabalho para acolher estas pessoas e critica fortemente "a excessiva demora destes processos de recolocação" que, no seu entender, "facilita a ação das redes de tráfico de seres humanos e deixam estas pessoas, desesperadas por um projeto de vida, à sua mercê". A eurodeputada pretendia trazer para Portugal cerca de 400 yazidis que estavam na Grécia e em Itália. "Acho que não devemos desistir de fazer o que está certo e devemos continuar a aceitar acolher estas pessoas. Não podemos é ter ilusões de que, caso abandonem Portugal, vão ter de voltar outra vez quando forem detetados noutros países. É um sistema perverso", afiança.

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Na sua missiva, Ali, o professor universitário de biologia - que se destacou logo à chegada exibindo um cartaz a dizer "Obrigado Portugal. Adoro-te" - pede a Marcelo para acelerar o seu processo de asilo, pois quer estudar, trabalhar e ficar no nosso país "o resto da vida". Contactada a Presidência, fonte oficial disse que "não foi recebida" em Belém esta carta.

Nos últimos dois meses, conforme o DN já noticiou, duplicou o número de refugiados a deixar o nosso país. Os dados recolhidos pelo DN registavam, na última semana de abril, 474 fugas, de um total de 1255 recolocados até essa data. Uma taxa de quase 40% de chamados "movimentos secundários" e uma das mais elevadas da Europa.

A situação desencadeou reações à esquerda e à direita, com o BE e o PSD a questionar o governo. Bloquistas querem que o executivo apresente este ano, quando se completam os 18 meses do programa de recolocação da União Europeia (UE), um "relatório de avaliação" do sistema de acolhimento para "identificar problemas e encontrar soluções". Por seu lado, os sociais-democratas questionaram o governo sobre a "duplicação" dos abandonos e os motivos para o fenómeno. "A integração tem falhas e elas estão a ficar à vista", critica a deputada Teresa Morais. O gabinete do ministro-adjunto Eduardo Cabrita, que coordena este programa de acolhimento, não respondeu ao DN sobre o caso dos yazidis.

Saman Ali, na foto com o cartaz, é o único yazidi que faz questão em estudar e trabalhar em Portuga

Saman Ali, um dos 24 yazidis que chegaram a Portugal há um mês, escreveu uma carta aberta ao Presidente da República, publicada esta quarta-feira pelo Expresso, onde pede ajuda para ficar e revela que é o único do grupo que ainda está em território nacional. Os outros 23 já abandonaram ilegalmente Guimarães, onde tinham sido acolhidos.

Houve casos de famílias que nem uma semana ficaram no nosso país, soube o DN junto a fontes policiais que estão a acompanhar estes movimentos. A responsabilidade pela sua permanência é das entidades de acolhimento, neste caso a Câmara Municipal de Guimarães, mas que não pode impedir a sua partida, uma vez que têm liberdade de circulação. Estão obrigadas a informar os refugiados que perdem todos os seus direitos de proteção quando saem do país. No município não houve ninguém disponível para comentar, apesar da insistência do DN.

"Lamento que isto aconteça. Sinto-me frustrada e receio que isto possa desincentivar quem tem trabalhado tanto, como eu, para conseguir que estes refugiados viessem para Portugal", reage a eurodeputada Ana Gomes. Afasta "qualquer responsabilidade" de Portugal cujas "autoridades nacionais e locais têm feito um excelente trabalho para acolher estas pessoas e critica fortemente "a excessiva demora destes processos de recolocação" que, no seu entender, "facilita a ação das redes de tráfico de seres humanos e deixam estas pessoas, desesperadas por um projeto de vida, à sua mercê". A eurodeputada pretendia trazer para Portugal cerca de 400 yazidis que estavam na Grécia e em Itália. "Acho que não devemos desistir de fazer o que está certo e devemos continuar a aceitar acolher estas pessoas. Não podemos é ter ilusões de que, caso abandonem Portugal, vão ter de voltar outra vez quando forem detetados noutros países. É um sistema perverso", afiança.

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Na sua missiva, Ali, o professor universitário de biologia - que se destacou logo à chegada exibindo um cartaz a dizer "Obrigado Portugal. Adoro-te" - pede a Marcelo para acelerar o seu processo de asilo, pois quer estudar, trabalhar e ficar no nosso país "o resto da vida". Contactada a Presidência, fonte oficial disse que "não foi recebida" em Belém esta carta.

Nos últimos dois meses, conforme o DN já noticiou, duplicou o número de refugiados a deixar o nosso país. Os dados recolhidos pelo DN registavam, na última semana de abril, 474 fugas, de um total de 1255 recolocados até essa data. Uma taxa de quase 40% de chamados "movimentos secundários" e uma das mais elevadas da Europa.

A situação desencadeou reações à esquerda e à direita, com o BE e o PSD a questionar o governo. Bloquistas querem que o executivo apresente este ano, quando se completam os 18 meses do programa de recolocação da União Europeia (UE), um "relatório de avaliação" do sistema de acolhimento para "identificar problemas e encontrar soluções". Por seu lado, os sociais-democratas questionaram o governo sobre a "duplicação" dos abandonos e os motivos para o fenómeno. "A integração tem falhas e elas estão a ficar à vista", critica a deputada Teresa Morais. O gabinete do ministro-adjunto Eduardo Cabrita, que coordena este programa de acolhimento, não respondeu ao DN sobre o caso dos yazidis.

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