PSD propõe marido de porta-voz da Justiça para Conselho do Ministério Público. Rio defende-se e fala em "má-fé"

15-12-2019
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Rui Rio propôs o nome de Rui da Silva Leal para integrar o Conselho Superior do Ministério Público. O advogado, que também fez parte da defesa de Pedro Dias - o tripo homicida de Aguiar da Beira -, é marido de Mónica Quintela, deputada e porta-voz do PSD para a área da Justiça.

A notícia foi avançada pela SIC Notícias, que dá conta do desconforto causado pela decisão da direção do partido, uma vez que pode comprometer as críticas que os sociais-democratas, em particular Rui Rio, vêm fazendo ao caso ‘Familygate’ e às nomeações cruzadas de familiares de socialistas para cargos de confiança política e da Administração Pública.

Numa extensa nota enviada às redações, Rui Rio defende-se e argumenta que comparar esta decisão à "nomeação direta de familiares 'em catadupa' por parte de um Governo para lugares executivos com salário atribuído e pago por quem nomeia, só pode ser feito por manifesta má-fé, já que não há, entre eles, qualquer semelhança que se possa atribuir".

A 3 de outubro, no penúltimo dia de campanha eleitoral, Rio deixou uma promessa e um aviso aos militantes do partido: “Há mais uma diferença que temos para o PS: vamos para o poder, mas não vamos para lá inundar a Administração Pública de militantes do PSD, muito menos colocar os nossos familiares e os familiares dos nossos amigos. É um compromisso que eu tenho com Portugal mas é um recado que deixo para dentro do meu próprio partido”.

No entanto, Rio explica que Silva Leal "não está a ser nomeado pelo presidente do PSD para nenhum cargo;", mas sim a ser "indicado para uma lista que vai ser votada pelos deputados da Assembleia da República, ao contrário dos múltiplos exemplos que protagonizaram o chamado familygate".

Mais, argumenta o presidente do PSD, não sendo um cargo executivo, e não tendo qualquer vencimento atribuído, "ao contrário do que aconteceu com os casos públicos ligados ao Governo", esta indicação não assume a gravidade dos anteriores.

O líder social-democrata diz ainda que sabia que esta "indicação poderia despoletar uma polémica artificial em tempo de eleições internas no PSD", mas não podia, em consciência, deixar de escolher Silva Leal, "nome que, há muito, tinha em mente para desempenhar o cargo em questão". "Porque fazer o contrário seria uma cobardia", reforça.

O Expresso procurou obter uma reação de Mónica Quintela, mas, até ao momento, ainda não foi possível recolher um comentário.

Rio não quis prejudicar Silva Leal pelo casamento

Em fevereiro de 2018, o jornal “Observador” contava, ao detalhe, a forma como os dois, Mónica Quintela e Rui da Silva Leal, se conheceram num evento da Ordem dos Advogados, em Cascais, e a acabaram a trabalhar juntos. “Conhecemo-nos aí e nunca mais a larguei. Lembro-me que estava a ir-se embora, tinha um recurso para fazer, mas eu não sabia quem era e tinha de saber”, lembrava então o advogado. “Eu vim para Coimbra, ele ficou lá e contactou-me na semana a seguir”, completava Quintela.

Rui da Silva Leal, advogado há mais de 35 anos, fez grande parte da carreira no Norte do país, como explicava o mesmo jornal. O casal acabaria por se tornar conhecido do grande público por terem trabalhados juntos na defesa de Pedro Dias e depois de entregarem o então fugitivo, acusado de vários crimes de homicídio, às autoridades, na presença da equipa de reportagem da RTP e já depois de ter dado uma entrevista à jornalista Sandra Felgueiras.

Na mesma nota que enviou à comunicação social, Rio dá conta do "longo curriculum e amplo reconhecimento público" do advogado, prestígio que granjeou, reforça o líder do PSD, "muito antes de casar com a atual deputada independente". "Seria absolutamente incorreto que lhe estivesse vedada a indicação para uma eleição parlamentar por força do seu casamento", diz. E ainda acrescenta com alguma ironia: "[Conheço] profissionalmente o Dr. Rui Silva Leal há muitos anos; muito antes de ele ter celebrado o casamento que, pelo que parece, lhe deveria retirar o direito de poder ser eleito pela Assembleia da República para um cargo público."

Rui Rio propôs o nome de Rui da Silva Leal para integrar o Conselho Superior do Ministério Público. O advogado, que também fez parte da defesa de Pedro Dias - o tripo homicida de Aguiar da Beira -, é marido de Mónica Quintela, deputada e porta-voz do PSD para a área da Justiça.

A notícia foi avançada pela SIC Notícias, que dá conta do desconforto causado pela decisão da direção do partido, uma vez que pode comprometer as críticas que os sociais-democratas, em particular Rui Rio, vêm fazendo ao caso ‘Familygate’ e às nomeações cruzadas de familiares de socialistas para cargos de confiança política e da Administração Pública.

Numa extensa nota enviada às redações, Rui Rio defende-se e argumenta que comparar esta decisão à "nomeação direta de familiares 'em catadupa' por parte de um Governo para lugares executivos com salário atribuído e pago por quem nomeia, só pode ser feito por manifesta má-fé, já que não há, entre eles, qualquer semelhança que se possa atribuir".

A 3 de outubro, no penúltimo dia de campanha eleitoral, Rio deixou uma promessa e um aviso aos militantes do partido: “Há mais uma diferença que temos para o PS: vamos para o poder, mas não vamos para lá inundar a Administração Pública de militantes do PSD, muito menos colocar os nossos familiares e os familiares dos nossos amigos. É um compromisso que eu tenho com Portugal mas é um recado que deixo para dentro do meu próprio partido”.

No entanto, Rio explica que Silva Leal "não está a ser nomeado pelo presidente do PSD para nenhum cargo;", mas sim a ser "indicado para uma lista que vai ser votada pelos deputados da Assembleia da República, ao contrário dos múltiplos exemplos que protagonizaram o chamado familygate".

Mais, argumenta o presidente do PSD, não sendo um cargo executivo, e não tendo qualquer vencimento atribuído, "ao contrário do que aconteceu com os casos públicos ligados ao Governo", esta indicação não assume a gravidade dos anteriores.

O líder social-democrata diz ainda que sabia que esta "indicação poderia despoletar uma polémica artificial em tempo de eleições internas no PSD", mas não podia, em consciência, deixar de escolher Silva Leal, "nome que, há muito, tinha em mente para desempenhar o cargo em questão". "Porque fazer o contrário seria uma cobardia", reforça.

O Expresso procurou obter uma reação de Mónica Quintela, mas, até ao momento, ainda não foi possível recolher um comentário.

Rio não quis prejudicar Silva Leal pelo casamento

Em fevereiro de 2018, o jornal “Observador” contava, ao detalhe, a forma como os dois, Mónica Quintela e Rui da Silva Leal, se conheceram num evento da Ordem dos Advogados, em Cascais, e a acabaram a trabalhar juntos. “Conhecemo-nos aí e nunca mais a larguei. Lembro-me que estava a ir-se embora, tinha um recurso para fazer, mas eu não sabia quem era e tinha de saber”, lembrava então o advogado. “Eu vim para Coimbra, ele ficou lá e contactou-me na semana a seguir”, completava Quintela.

Rui da Silva Leal, advogado há mais de 35 anos, fez grande parte da carreira no Norte do país, como explicava o mesmo jornal. O casal acabaria por se tornar conhecido do grande público por terem trabalhados juntos na defesa de Pedro Dias e depois de entregarem o então fugitivo, acusado de vários crimes de homicídio, às autoridades, na presença da equipa de reportagem da RTP e já depois de ter dado uma entrevista à jornalista Sandra Felgueiras.

Na mesma nota que enviou à comunicação social, Rio dá conta do "longo curriculum e amplo reconhecimento público" do advogado, prestígio que granjeou, reforça o líder do PSD, "muito antes de casar com a atual deputada independente". "Seria absolutamente incorreto que lhe estivesse vedada a indicação para uma eleição parlamentar por força do seu casamento", diz. E ainda acrescenta com alguma ironia: "[Conheço] profissionalmente o Dr. Rui Silva Leal há muitos anos; muito antes de ele ter celebrado o casamento que, pelo que parece, lhe deveria retirar o direito de poder ser eleito pela Assembleia da República para um cargo público."

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