Eleições: afinal, para que servem os debates?

14-10-2019
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A pergunta não é bem aquela, mas antes esta: os debates servem para alguma coisa? A resposta é daquelas cuja consensualidade é impossível de obter e o mais difícil é chegar a uma percentagem que permita servir de indicador. Questionados pelo JE, Viriato Soromenho Marques e Francisco Seixas da Costa tornaram óbvia esta divisão: o primeiro acha que sim senhor, o segundo que nem por isso.

Para o primeiro, filósofo e comentador político, “os debates são imprescindíveis” e, “nesta fase, particularmente importantes”, num quadro em que a linha entre uma maioria absoluta ou uma maioria simples do PS parece ser a grande dúvida, tanto dos eleitores como dos responsáveis pelas milhentas sondagens que vão surgindo à luz do dia como cogumelos – uns venenosos outros nem por isso.

Para Soromenho Marques, os debates servem também, de algum modo, para combaterem a abstenção. Ao deterem a atenção de um número não despiciendo de eleitores, que necessariamente acabam por formar uma opinião sobre eles, há ali, considera, um potencial de indução à participação no ato eleitoral.

“A maturidade que se tem verificado nos vários debates”, diz Soromenho Marques, também ajudado a que os eleitores fiquem mais atentos. Não só porque eles se tornaram mais ‘audíveis’, mas principalmente porque ganharam, assim, a qualidade de “serem esclarecedores, quase educativos” – o que contribui para que os eleitores consigam aperceber-se com a clareza necessária e suficiente das propostas de cada interveniente e das diferenças que os separam (ou não).

O debate entre Rui Rio, líder da oposição, e o primeiro-ministro António Costa, foi de algum modo o corolário dessa maturidade: “nenhum deles entrou pela desqualificação do debate, nenhum usou ‘truques sujos’ contra o outro”, o que é necessariamente uma decisão comum a aplaudir. Soromenho Marques é de opinião que “Rui Rio venceu no capítulo das expectativas”, que seriam baixas, mas parece inclinar-se para um empate em termos de resultado final.

O filósofo considera que essa maturidade fica em larga medida a dever-se “ao resultado de quatro anos de ‘geringonça’, que contribuiu para que a divisão tribal entre esquerda (radical) e direita se desvanecesse”. Ou seja, o ambiente está bem menos crispado que há quatro anos.

Já o embaixador Francisco Seixas da Costa não vê, em geral, grande impacto no eleitorado dos debates organizados pelas televisões generalistas. “Alguns indecisos poderão deixar de o ser, mas a esmagadora maioria de quem vê já sabe em quem vai votar”.

Inversamente, o próprio Seixas da Costa gosta do que tem visto: “O debate entre António Costa e Rui Rio foi interessante: entre os dois homens há uma corrente de simpatia pessoal, com certeza fruto do tempo em que ambos eram líderes autárquicos”, refere.

Por outro lado, o também comentador é de opinião que, no caso específico deste debate – ao contrário, por exemplo, dos debates onde Assunção Cristas, do CDS, é uma dos protagonistas – a maturidade ali encontrada é uma espécie de opção política: “não convém a Costa partir para o ataque contra o líder do PSD, porque a sua vitória far-se-á com o voto de muitos dos que votaram no PSD”, isto é, não convém hostilizar excessivamente uma parte que pode ser significativa do eleitorado, possivelmente capaz de fazer a diferença entre a maioria absoluta e a maioria simples.

“Alguns indecisos, se, no dia 6 de outubro, ainda se lembrarem do debate e se Rio não estragar tudo, podem optar por vir a votar PSD”, refere. De qualquer modo, e ainda no que toca a quem venceu e quem perdeu este debate específico, Seixas da Costa vai mais além: “quem perdeu o debate foi Pedro Santana Lopes, que estava a ser o ‘muro das lamentações’ de muitos desiludidos do PSD com a performance do líder e que podem ter sido convencidos a regressar”.

Sendo assim, a pergunta sobre se os debates servem para alguma coisa continua a ser uma incógnita.

A pergunta não é bem aquela, mas antes esta: os debates servem para alguma coisa? A resposta é daquelas cuja consensualidade é impossível de obter e o mais difícil é chegar a uma percentagem que permita servir de indicador. Questionados pelo JE, Viriato Soromenho Marques e Francisco Seixas da Costa tornaram óbvia esta divisão: o primeiro acha que sim senhor, o segundo que nem por isso.

Para o primeiro, filósofo e comentador político, “os debates são imprescindíveis” e, “nesta fase, particularmente importantes”, num quadro em que a linha entre uma maioria absoluta ou uma maioria simples do PS parece ser a grande dúvida, tanto dos eleitores como dos responsáveis pelas milhentas sondagens que vão surgindo à luz do dia como cogumelos – uns venenosos outros nem por isso.

Para Soromenho Marques, os debates servem também, de algum modo, para combaterem a abstenção. Ao deterem a atenção de um número não despiciendo de eleitores, que necessariamente acabam por formar uma opinião sobre eles, há ali, considera, um potencial de indução à participação no ato eleitoral.

“A maturidade que se tem verificado nos vários debates”, diz Soromenho Marques, também ajudado a que os eleitores fiquem mais atentos. Não só porque eles se tornaram mais ‘audíveis’, mas principalmente porque ganharam, assim, a qualidade de “serem esclarecedores, quase educativos” – o que contribui para que os eleitores consigam aperceber-se com a clareza necessária e suficiente das propostas de cada interveniente e das diferenças que os separam (ou não).

O debate entre Rui Rio, líder da oposição, e o primeiro-ministro António Costa, foi de algum modo o corolário dessa maturidade: “nenhum deles entrou pela desqualificação do debate, nenhum usou ‘truques sujos’ contra o outro”, o que é necessariamente uma decisão comum a aplaudir. Soromenho Marques é de opinião que “Rui Rio venceu no capítulo das expectativas”, que seriam baixas, mas parece inclinar-se para um empate em termos de resultado final.

O filósofo considera que essa maturidade fica em larga medida a dever-se “ao resultado de quatro anos de ‘geringonça’, que contribuiu para que a divisão tribal entre esquerda (radical) e direita se desvanecesse”. Ou seja, o ambiente está bem menos crispado que há quatro anos.

Já o embaixador Francisco Seixas da Costa não vê, em geral, grande impacto no eleitorado dos debates organizados pelas televisões generalistas. “Alguns indecisos poderão deixar de o ser, mas a esmagadora maioria de quem vê já sabe em quem vai votar”.

Inversamente, o próprio Seixas da Costa gosta do que tem visto: “O debate entre António Costa e Rui Rio foi interessante: entre os dois homens há uma corrente de simpatia pessoal, com certeza fruto do tempo em que ambos eram líderes autárquicos”, refere.

Por outro lado, o também comentador é de opinião que, no caso específico deste debate – ao contrário, por exemplo, dos debates onde Assunção Cristas, do CDS, é uma dos protagonistas – a maturidade ali encontrada é uma espécie de opção política: “não convém a Costa partir para o ataque contra o líder do PSD, porque a sua vitória far-se-á com o voto de muitos dos que votaram no PSD”, isto é, não convém hostilizar excessivamente uma parte que pode ser significativa do eleitorado, possivelmente capaz de fazer a diferença entre a maioria absoluta e a maioria simples.

“Alguns indecisos, se, no dia 6 de outubro, ainda se lembrarem do debate e se Rio não estragar tudo, podem optar por vir a votar PSD”, refere. De qualquer modo, e ainda no que toca a quem venceu e quem perdeu este debate específico, Seixas da Costa vai mais além: “quem perdeu o debate foi Pedro Santana Lopes, que estava a ser o ‘muro das lamentações’ de muitos desiludidos do PSD com a performance do líder e que podem ter sido convencidos a regressar”.

Sendo assim, a pergunta sobre se os debates servem para alguma coisa continua a ser uma incógnita.

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