Rio contrata ex-autarca condenado por agressão

23-05-2019
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Rodrigo Gonçalves, um dos mais conhecidos e polémicos caciques locais do PSD, foi contratado para a equipa de Rui Rio na sede nacional dos sociais-democratas. O ex-presidente interino da concelhia de Lisboa entrou esta semana em funções, com responsabilidades relacionadas com a comunicação do partido (ficará encarregado das redes sociais), que até agora estava apenas entregue a Florbela Guedes, a assessora de Rio desde os tempos da Câmara Municipal do Porto.

A estratégia de comunicação do partido é um dos aspetos que têm sido mais criticados internamente — tanto por adversários como por apoiantes de Rio — e a contratação de Rodrigo Gonçalves parece responder a essas críticas. Licenciado em ciência política, apresenta-se na rede social Facebook como gestor e consultor em liderança e gestão de negócios, além de politólogo. É igualmente managing partner da PTG Portugal, empresa de consultadoria sediada em Famões, Odivelas.

Não foram estas atividades que o tornaram conhecido, mas as polémicas em que se envolveu como presidente da junta de freguesia de São Domingos de Benfica (2009-2013). Desse mandato resultaram dois processos judiciais, um por corrupção passiva e outro por ter espancado e pontapeado o presidente da junta de freguesia de Benfica, também eleito pelo PSD. Gonçalves foi ilibado da acusação de corrupção, mas a agressão valeu-lhe a condenação a pagar uma indemnização de três mil euros à vítima, Domingos Pires, que ficou com traumatismos na cabeça, na face e no corpo. O ex-autarca de São Domingos de Benfica recorreu da decisão, mas a Relação confirmou-a. As agressões, em 2009, foram o corolário de disputas partidárias em que Gonçalves tentou impedir que Pires fosse recandidato à Junta de Benfica. À época, Gonçalves tinha 35 anos e a vítima 71.

Além dos processos e da condenação, Rodrigo Gonçalves ganhou peso no PSD como um dos grandes caciques de Lisboa, fama que conquistou juntamente com o pai, Daniel Gonçalves, ex-presidente da junta das Avenidas Novas. São o “clã Gonçalves”, que a anterior direção do PSD tentou riscar do mapa: em 2017, Rodrigo foi impedido de ascender a líder da concelhia e Daniel não foi autorizado a recandidatar-se à junta a que presidia depois de notícias sobre a sobreposição de contratos com militantes entre a antiga junta do filho e a junta do pai.

Apesar disso, controlam um dos maiores “sacos de votos” da concelhia de Lisboa, que é a maior concelhia do PSD — Gonçalves é o herdeiro de outro cacique famoso, António Preto. Aliás, Preto, que andava afastado da vida partidária, voltou ao terreno com a campanha de Rui Rio, de quem Gonçalves foi um dos primeiros apoiantes com peso na máquina do partido. Em outubro, logo no arranque da campanha, correu no PSD uma foto de Rio com Preto e Gonçalves nos estúdios da RTP, na noite em que o candidato foi ao “5 para a Meia-Noite”.

Depois de ter sido apoiante de Pedro Passos Coelho, no fim do passismo Rodrigo tornou-se persona non grata e juntou-se aos que ajudaram a promover a candidatura de Rui Rio. No final de 2016, quando Rio já fazia caminho mas ainda negava qualquer candidatura, Gonçalves fez uma demonstração de força em Lisboa: organizou um jantar de Natal em que reuniu mais de mil pessoas e desafiou Passos a candidatar-se à Câmara da capital.

Foi nesse contexto de oposição ativa a Passos que Rodrigo Gonçalves fez no verão passado outra prova de força: impedido pela ala rival do PSD-Lisboa (ligada ao autarca Luís Newton) de ascender à liderança da concelhia (foi apenas líder interino, após a demissão de Mauro Xavier, de quem era vice-presidente), mostrou músculo na eleição do líder da distrital de Lisboa. Gonçalves não foi a votos (Pedro Pinto foi o único candidato), mas correu na pista secundária: patrocinou uma lista de delegados à Assembleia Distrital. Já era um ensaio das tropas de Rio — Morais Sarmento (que é agora vice de Rio) foi o cabeça de lista, o clã Gonçalves garantiu os votos: durante horas, houve carrinhas a transportar militantes para votar em quem Rodrigo mandava (uma das viaturas era a do próprio). O “Observador” filmou tudo. Era puro caciquismo. Resultou: a lista dos Gonçalves ganhou (801 votos contra 597). Rio não fez uma crítica que fosse ao caciquismo do seu apoiante. Meses depois, nas diretas contra Santana, Rio beneficiou desse saco de votos. Mas não chegou para ganhar na cidade. Nem Gonçalves, que se candidatou à concelhia, conseguiu ganhar. Do outro lado, a lista apoiada por Newton e Sérgio Azevedo (dois dos nomes envolvidos na Operação Tutti Frutti) venceu, confirmando o afastamento de Gonçalves da direção da concelhia. O que não significou o fim do seu poder. Agora, está na sede, ao lado de Rio.

Rodrigo Gonçalves, um dos mais conhecidos e polémicos caciques locais do PSD, foi contratado para a equipa de Rui Rio na sede nacional dos sociais-democratas. O ex-presidente interino da concelhia de Lisboa entrou esta semana em funções, com responsabilidades relacionadas com a comunicação do partido (ficará encarregado das redes sociais), que até agora estava apenas entregue a Florbela Guedes, a assessora de Rio desde os tempos da Câmara Municipal do Porto.

A estratégia de comunicação do partido é um dos aspetos que têm sido mais criticados internamente — tanto por adversários como por apoiantes de Rio — e a contratação de Rodrigo Gonçalves parece responder a essas críticas. Licenciado em ciência política, apresenta-se na rede social Facebook como gestor e consultor em liderança e gestão de negócios, além de politólogo. É igualmente managing partner da PTG Portugal, empresa de consultadoria sediada em Famões, Odivelas.

Não foram estas atividades que o tornaram conhecido, mas as polémicas em que se envolveu como presidente da junta de freguesia de São Domingos de Benfica (2009-2013). Desse mandato resultaram dois processos judiciais, um por corrupção passiva e outro por ter espancado e pontapeado o presidente da junta de freguesia de Benfica, também eleito pelo PSD. Gonçalves foi ilibado da acusação de corrupção, mas a agressão valeu-lhe a condenação a pagar uma indemnização de três mil euros à vítima, Domingos Pires, que ficou com traumatismos na cabeça, na face e no corpo. O ex-autarca de São Domingos de Benfica recorreu da decisão, mas a Relação confirmou-a. As agressões, em 2009, foram o corolário de disputas partidárias em que Gonçalves tentou impedir que Pires fosse recandidato à Junta de Benfica. À época, Gonçalves tinha 35 anos e a vítima 71.

Além dos processos e da condenação, Rodrigo Gonçalves ganhou peso no PSD como um dos grandes caciques de Lisboa, fama que conquistou juntamente com o pai, Daniel Gonçalves, ex-presidente da junta das Avenidas Novas. São o “clã Gonçalves”, que a anterior direção do PSD tentou riscar do mapa: em 2017, Rodrigo foi impedido de ascender a líder da concelhia e Daniel não foi autorizado a recandidatar-se à junta a que presidia depois de notícias sobre a sobreposição de contratos com militantes entre a antiga junta do filho e a junta do pai.

Apesar disso, controlam um dos maiores “sacos de votos” da concelhia de Lisboa, que é a maior concelhia do PSD — Gonçalves é o herdeiro de outro cacique famoso, António Preto. Aliás, Preto, que andava afastado da vida partidária, voltou ao terreno com a campanha de Rui Rio, de quem Gonçalves foi um dos primeiros apoiantes com peso na máquina do partido. Em outubro, logo no arranque da campanha, correu no PSD uma foto de Rio com Preto e Gonçalves nos estúdios da RTP, na noite em que o candidato foi ao “5 para a Meia-Noite”.

Depois de ter sido apoiante de Pedro Passos Coelho, no fim do passismo Rodrigo tornou-se persona non grata e juntou-se aos que ajudaram a promover a candidatura de Rui Rio. No final de 2016, quando Rio já fazia caminho mas ainda negava qualquer candidatura, Gonçalves fez uma demonstração de força em Lisboa: organizou um jantar de Natal em que reuniu mais de mil pessoas e desafiou Passos a candidatar-se à Câmara da capital.

Foi nesse contexto de oposição ativa a Passos que Rodrigo Gonçalves fez no verão passado outra prova de força: impedido pela ala rival do PSD-Lisboa (ligada ao autarca Luís Newton) de ascender à liderança da concelhia (foi apenas líder interino, após a demissão de Mauro Xavier, de quem era vice-presidente), mostrou músculo na eleição do líder da distrital de Lisboa. Gonçalves não foi a votos (Pedro Pinto foi o único candidato), mas correu na pista secundária: patrocinou uma lista de delegados à Assembleia Distrital. Já era um ensaio das tropas de Rio — Morais Sarmento (que é agora vice de Rio) foi o cabeça de lista, o clã Gonçalves garantiu os votos: durante horas, houve carrinhas a transportar militantes para votar em quem Rodrigo mandava (uma das viaturas era a do próprio). O “Observador” filmou tudo. Era puro caciquismo. Resultou: a lista dos Gonçalves ganhou (801 votos contra 597). Rio não fez uma crítica que fosse ao caciquismo do seu apoiante. Meses depois, nas diretas contra Santana, Rio beneficiou desse saco de votos. Mas não chegou para ganhar na cidade. Nem Gonçalves, que se candidatou à concelhia, conseguiu ganhar. Do outro lado, a lista apoiada por Newton e Sérgio Azevedo (dois dos nomes envolvidos na Operação Tutti Frutti) venceu, confirmando o afastamento de Gonçalves da direção da concelhia. O que não significou o fim do seu poder. Agora, está na sede, ao lado de Rio.

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