Portugueses ensinam geringonça aos espanhóis. Mas aprendem pouco com as eleições de ontem

01-05-2019
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O resultado mais relevante das eleições de ontem é a espectacular mobilização dos espanhóis (76% contra 66% em 2016) e a consequente queda da abstenção para 24%. Essa é, muito provavelmente, a grande mudança e a que melhor explica a incontestada vitória do PSOE, (28,7%), ainda que longe de alcançar a maioria absoluta. Eis a distribuição final dos 350 deputados.

O bloco de direita – agora constituído pelo PP, Ciudadanos e pela extrema-direita do Vox – obteve, grosso modo, os mesmo votos das eleições gerais de 2016, cerca de 11 milhões, o que penalizou especialmente o partido de Pablo Casado que teve de os dividir com Albert Rivera e, desta vez, também com Santiago Abascal. A direita pode não ter perdido votos mas, mercê de mais uma fragmentação partidária, ficou com menos 22 deputados, o que a deixou ainda mais longe de uma maioria absoluta.

Os “novos” eleitores – com especial significado na Catalunha, onde se contou uma ida às urnas superior em 19% face a 2016 – privilegiaram o partido liderado pelo primeiro-ministro e líder do PSOE, que conseguiu mais dois milhões de votos do que há três anos atrás.

Isso também quer dizer que o PP não só perdeu para o Vox, que faz entrar 24 deputados de extrema-direita nas Cortes, mas também para o Ciudadanos que vê ser bem sucedida a estratégia de se afirmar como partido forte de direita ao eleger 57 deputados contra os 66 do PP. A aproximação do PP à ultradireita é considerada como tendo sido devastadora. O Vox não foi, contudo, o tsunami que se esperava.

Numa quase perfeita simetria, o Podemos foi altamente castigado pela sua aproximação ao PSOE, sendo o segundo grande derrotado da noite ao eleger apenas 42 deputados em comparação com os 71 de 2016. Pode estar garantido no novo governo mas é a sua enorme descida que inviabilizou uma maioria absoluta dos dois maiores partidos de esquerda: com os 122 deputados do PSOE ficaram ainda a faltar mais dez.

Para evitar um parlamento pendurado, ou uma situação de ingovernabilidade como a que anteviu o ex-primeiro-ministro e também líder do PSOE em crónica publicada no Expresso de sábado, Pedro Sánchez terá que juntar aos seus e aos do Podemos, deputados de outras formações, sejam os independentistas da Esquerda Republicana da Catalunha (15 deputados e grande vantagem sobre os Juntos pela Catalunha de Puigdemont) ou os de outras formações regionais como o Partido Nacional Basco (6 deputados).

Ou então, coligar-se ou conseguir o apoio parlamentar do Ciudadanos, o que é pouco provável pois Albert Rivera sempre negou ao longo da campanha eleitoral (e repetiu ontem à noite) a possibilidade de uma coligação com o PSOE de maneira a conquistar o eleitorado de direita. No que aliás teve êxito ao crescer 80% em deputados e ao deixar o PP com um dos piores resultados da sua história, passando de 137 deputados para 66, menos de metade. Há dúvidas sobre o futuro político de Pablo Casado após esta catástrofe.

Alguns analistas, como a diretora do “El País”, Soledad Gallego-Díaz, admitem que a grande vantagem de Pedro Sánchez é, neste momento, poder negociar tanto à direita como à esquerda, adiantando que “Espanha, nestes momentos, o que não pode ter é um governo instável”. Nada de novo, a geringonça, seja ela de que contornos for, está prestes a chegar a Espanha.

A menos de um mês das eleições europeias, as ilações a retirar para Portugal não são, por isso, assim tantas. Não só porque esse é um sufrágio marcado por uma gigantesca abstenção (66% em 2014) como pelo voto de protesto ao executivo.

Há ainda outro ponto que nos afasta decididamente de “nuestros hermanos”: a idade dos nossos líderes políticos. Pedro Sánchez (47 anos), Pablo Casado (38), Albert Rivera (39), Pablo Iglésias (40) e Santiago Abascal (43) têm uma média de idades – 41,4 anos – muito inferior à dos líderes partidários portugueses.

António Costa (57 anos), Rui Rio (61), Assunção Cristas (44), Catarina Martins (46) e Jerónimo de Sousa (72) fazem uma média de 56 anos. O que pode ser apenas mais um sinal de fossilização do sistema partidário português, muito longe da fragmentação rápida a que ontem voltámos a assistir em Espanha. A inexistência de movimentos separatistas e nacionalistas e a pouca relevância de movimentos migratórios, quando não se anuncia a chegada de um líder partidário carismático só tem sido contestada pela deterioração da representatividade do eleitorado. Até ver.

OUTRAS NOTÍCIAS

Marcelo na Cidade Proibida. O Presidente da República aproveitou a sua visita à China para visitar a Cidade Proibida, reduto de imperadores que ali se resguardavam, longe dos olhares do povo. Claro que não gostou, como conta o enviado do Expresso, Filipe Santos Costa.

Católicos do Sri Lanka com medo. Uma semana depois dos atentados terroristas que provocaram a morte de mais de 250 pessoas (os números foram revistos em baixa), os católicos cingaleses ainda não voltaram às igrejas. Ontem, o bispo de Colombo, capital do país, celebrou missa transmitida através da televisão como medida de segurança.

Vistos gold pagam 24 milhões por ano ao Estado. Lê-se na manchete do “Jornal de Notícias” que adianta terem sido aprovados, desde 2012, 19 mil títulos. O investimento, sobretudo em imobiliário, terá somado 4,4 milhões de euros.

PSD avança com legalização de canábis. Ricardo Baptista Leite, deputado do PSD, anunciou, segundo o “Público”, que deverá apresentar uma proposta de lei que prevê a legalização do uso da canábis para fins recreativos na próxima legislatura. A venda terá lugar nas farmácias mas será interdita a menores de 21 anos.

Benfica cada vez mais perto do título. O empate do FC Porto com o Rio Ave e a vitória do Benfica, ontem, em Braga, aproximou os encarnados do título de campeão, devido a dois pontos de vantagem quando faltam apenas três jogos e a um calendário teoricamente mais fácil. O Sporting, que joga com o FC Porto na última jornada, ainda sonha com um lugar na Liga dos Campeões. Mas não depende apenas de si.

Sporting sagra-se campeão europeu de futsal. Leões foram ao Cazaquistão vencer o Kairat, que jogava em casa, por 2-1, na quarta final que disputaram nesta competição. Os golos foram de Cavinato e Alex Merlim.

HBO volta a falhar estreia de episódio de “A Guerra dos Tronos”. A plataforma de streaming voltou a não transmitir no calendário previsto um dos episódios, o terceiro, da última temporada da sua série mais popular. Em comunicado, a HBO Portugal pediu desculpas: “Devido a um reforço nas medidas de segurança, informamos que haverá um atraso na receção do conteúdo do novo episódio de A Guerra dos Tronos. Vamos disponibilizar o terceiro episódio com um atraso de aproximadamente 20 minutos a 1 hora”.

Mergulhadores ainda não descobriram portugueses desaparecidos em naufrágio. Os mergulhadores da Marinha portuguesa não encontraram qualquer dos sobreviventes do naufrágio ao largo de São Tomé e Príncipe. Ao fim de um dia, as buscas revelaram-se infrutíferas. O Anfitriti partiu de São Tomé com 72 pessoas a bordo, a caminho do Príncipe. Oito morreram e nove estão desaparecidas.

Bob Dylan regressa ao Porto na quarta-feira. A BLITZ antevê o concerto do autor de “The Times They Are a-Changing”, assim como o dos Metallica que, no mesmo dia, atuam no Estádio do Restelo.

FRASES

“Hoje, a Espanha votou em defesa dos direitos e liberdades, da igualdade e da justiça social, por um país que olha para o futuro e quer continuar a avançar”. Pedro Sánchez, líder do PSOE, no Twitter

“Vamos liderar a oposição com responsabilidade, vamos melhorar o que não fizemos bem e vamos trabalhar para convencer de que este continua a ser um grande partido para melhorar o bem-estar dos espanhóis”. Pablo Casado, líder do PP, no Twitter

“Em breve, haverá um Governo que une e não divide os espanhóis. Para isso, a única coisa a fazer é trabalhar, trabalhar, trabalhar”. Albert Rivera, líder do Ciudadanos, no Twitter

“Gostaríamos de um resultado melhor, mas este é suficiente para cumprir os nossos dois objetivos: parar a direita e a extrema-direita e construir um Governo de coligação de esquerda”. Pablo Iglesias, líder do Podemos, no Twitter

“Bem-vindos à resistência! Milhões de espanhóis já estão representados no Congresso”. Santiago Abascal, líder do Vox, no Twitter

O QUE ANDO A LER E A VER

A propósito da exposição de Rembrandt no Rijksmuseum de Amesterdão, promovida como um dos grandes acontecimentos do ano, vale a pena ler “Why the Dutch Are Different” de Ben Coates. Erguida para celebrar o 350º aniversário da morte do pintor, “All Rembrandt” junta apenas 22 das centenas de pinturas que lhe são atribuídas com alguma segurança às quais se acrescentam mais de 300 gravuras. Não menos surpreendente, ou pedagógica, está outra exposição, mesmo ali ao lado, no Museu Van Gogh. Em “The Joy of Nature”, a obra de David Hockney é comparada à de Vincent Van Gogh, com requinte e um precioso testemunho (em vídeo) do autor inglês que assume a sua filiação no mestre. “The Joy of Nature” é um festim para os olhos e para a alma. É mesmo tão divertido e inteligente quanto o livro de Ben Coates, um inglês que assessorava políticos no Reino Unido e que de um dia para o outro se viu a viver em Roterdão.

Tal como o título indica, o livro é o resultado do seu esforço para compreender os holandeses após terá assentado arraiais por lá e aplica-se a tentar perceber um país em que a droga, a prostituição e a eutanásia eram e são aceites de forma mais liberal do que no resto do mundo. O que Ben Coates veio a descobrir é que a Holanda não é, afinal, assim tão liberal – a intervenção no Estado enquanto regulador era notória e, nos últimos anos, as restrições impostas nos costumes têm-se avolumado.

O mesmo é dizer que a política de controlo de imigrantes, outrora inexistente, foi profundamente alterada nas últimas décadas. Vale lembrar que Pim Fortuyn e Théo Van Gogh (sim, descendente da família de Van Gogh), dois líderes políticos de direita com enorme popularidade no país, foram assassinados em plena luz do dia e que um dos seus sucessores, Greet Wilders, já condenado por incitamento contra os marroquinos, é hoje um dos principais organizadores da aliança de extrema-direita no Parlamento Europeu, juntando o seu partido ao de Marine Le Pen, Salvini e outros. A Holanda, que continuará a ser um dos melhores países da Europa para se viver, ainda paga hoje o preço dessa híper-tolerância. Os resultados da extrema-direita são, a esse respeito, notáveis.

Tenha uma boa semana. Acompanha toda a actualidade nos sites do Expresso, da BLITZ e da Tribuna. Lá para as 18 horas chega o Expresso Diário.

O resultado mais relevante das eleições de ontem é a espectacular mobilização dos espanhóis (76% contra 66% em 2016) e a consequente queda da abstenção para 24%. Essa é, muito provavelmente, a grande mudança e a que melhor explica a incontestada vitória do PSOE, (28,7%), ainda que longe de alcançar a maioria absoluta. Eis a distribuição final dos 350 deputados.

O bloco de direita – agora constituído pelo PP, Ciudadanos e pela extrema-direita do Vox – obteve, grosso modo, os mesmo votos das eleições gerais de 2016, cerca de 11 milhões, o que penalizou especialmente o partido de Pablo Casado que teve de os dividir com Albert Rivera e, desta vez, também com Santiago Abascal. A direita pode não ter perdido votos mas, mercê de mais uma fragmentação partidária, ficou com menos 22 deputados, o que a deixou ainda mais longe de uma maioria absoluta.

Os “novos” eleitores – com especial significado na Catalunha, onde se contou uma ida às urnas superior em 19% face a 2016 – privilegiaram o partido liderado pelo primeiro-ministro e líder do PSOE, que conseguiu mais dois milhões de votos do que há três anos atrás.

Isso também quer dizer que o PP não só perdeu para o Vox, que faz entrar 24 deputados de extrema-direita nas Cortes, mas também para o Ciudadanos que vê ser bem sucedida a estratégia de se afirmar como partido forte de direita ao eleger 57 deputados contra os 66 do PP. A aproximação do PP à ultradireita é considerada como tendo sido devastadora. O Vox não foi, contudo, o tsunami que se esperava.

Numa quase perfeita simetria, o Podemos foi altamente castigado pela sua aproximação ao PSOE, sendo o segundo grande derrotado da noite ao eleger apenas 42 deputados em comparação com os 71 de 2016. Pode estar garantido no novo governo mas é a sua enorme descida que inviabilizou uma maioria absoluta dos dois maiores partidos de esquerda: com os 122 deputados do PSOE ficaram ainda a faltar mais dez.

Para evitar um parlamento pendurado, ou uma situação de ingovernabilidade como a que anteviu o ex-primeiro-ministro e também líder do PSOE em crónica publicada no Expresso de sábado, Pedro Sánchez terá que juntar aos seus e aos do Podemos, deputados de outras formações, sejam os independentistas da Esquerda Republicana da Catalunha (15 deputados e grande vantagem sobre os Juntos pela Catalunha de Puigdemont) ou os de outras formações regionais como o Partido Nacional Basco (6 deputados).

Ou então, coligar-se ou conseguir o apoio parlamentar do Ciudadanos, o que é pouco provável pois Albert Rivera sempre negou ao longo da campanha eleitoral (e repetiu ontem à noite) a possibilidade de uma coligação com o PSOE de maneira a conquistar o eleitorado de direita. No que aliás teve êxito ao crescer 80% em deputados e ao deixar o PP com um dos piores resultados da sua história, passando de 137 deputados para 66, menos de metade. Há dúvidas sobre o futuro político de Pablo Casado após esta catástrofe.

Alguns analistas, como a diretora do “El País”, Soledad Gallego-Díaz, admitem que a grande vantagem de Pedro Sánchez é, neste momento, poder negociar tanto à direita como à esquerda, adiantando que “Espanha, nestes momentos, o que não pode ter é um governo instável”. Nada de novo, a geringonça, seja ela de que contornos for, está prestes a chegar a Espanha.

A menos de um mês das eleições europeias, as ilações a retirar para Portugal não são, por isso, assim tantas. Não só porque esse é um sufrágio marcado por uma gigantesca abstenção (66% em 2014) como pelo voto de protesto ao executivo.

Há ainda outro ponto que nos afasta decididamente de “nuestros hermanos”: a idade dos nossos líderes políticos. Pedro Sánchez (47 anos), Pablo Casado (38), Albert Rivera (39), Pablo Iglésias (40) e Santiago Abascal (43) têm uma média de idades – 41,4 anos – muito inferior à dos líderes partidários portugueses.

António Costa (57 anos), Rui Rio (61), Assunção Cristas (44), Catarina Martins (46) e Jerónimo de Sousa (72) fazem uma média de 56 anos. O que pode ser apenas mais um sinal de fossilização do sistema partidário português, muito longe da fragmentação rápida a que ontem voltámos a assistir em Espanha. A inexistência de movimentos separatistas e nacionalistas e a pouca relevância de movimentos migratórios, quando não se anuncia a chegada de um líder partidário carismático só tem sido contestada pela deterioração da representatividade do eleitorado. Até ver.

OUTRAS NOTÍCIAS

Marcelo na Cidade Proibida. O Presidente da República aproveitou a sua visita à China para visitar a Cidade Proibida, reduto de imperadores que ali se resguardavam, longe dos olhares do povo. Claro que não gostou, como conta o enviado do Expresso, Filipe Santos Costa.

Católicos do Sri Lanka com medo. Uma semana depois dos atentados terroristas que provocaram a morte de mais de 250 pessoas (os números foram revistos em baixa), os católicos cingaleses ainda não voltaram às igrejas. Ontem, o bispo de Colombo, capital do país, celebrou missa transmitida através da televisão como medida de segurança.

Vistos gold pagam 24 milhões por ano ao Estado. Lê-se na manchete do “Jornal de Notícias” que adianta terem sido aprovados, desde 2012, 19 mil títulos. O investimento, sobretudo em imobiliário, terá somado 4,4 milhões de euros.

PSD avança com legalização de canábis. Ricardo Baptista Leite, deputado do PSD, anunciou, segundo o “Público”, que deverá apresentar uma proposta de lei que prevê a legalização do uso da canábis para fins recreativos na próxima legislatura. A venda terá lugar nas farmácias mas será interdita a menores de 21 anos.

Benfica cada vez mais perto do título. O empate do FC Porto com o Rio Ave e a vitória do Benfica, ontem, em Braga, aproximou os encarnados do título de campeão, devido a dois pontos de vantagem quando faltam apenas três jogos e a um calendário teoricamente mais fácil. O Sporting, que joga com o FC Porto na última jornada, ainda sonha com um lugar na Liga dos Campeões. Mas não depende apenas de si.

Sporting sagra-se campeão europeu de futsal. Leões foram ao Cazaquistão vencer o Kairat, que jogava em casa, por 2-1, na quarta final que disputaram nesta competição. Os golos foram de Cavinato e Alex Merlim.

HBO volta a falhar estreia de episódio de “A Guerra dos Tronos”. A plataforma de streaming voltou a não transmitir no calendário previsto um dos episódios, o terceiro, da última temporada da sua série mais popular. Em comunicado, a HBO Portugal pediu desculpas: “Devido a um reforço nas medidas de segurança, informamos que haverá um atraso na receção do conteúdo do novo episódio de A Guerra dos Tronos. Vamos disponibilizar o terceiro episódio com um atraso de aproximadamente 20 minutos a 1 hora”.

Mergulhadores ainda não descobriram portugueses desaparecidos em naufrágio. Os mergulhadores da Marinha portuguesa não encontraram qualquer dos sobreviventes do naufrágio ao largo de São Tomé e Príncipe. Ao fim de um dia, as buscas revelaram-se infrutíferas. O Anfitriti partiu de São Tomé com 72 pessoas a bordo, a caminho do Príncipe. Oito morreram e nove estão desaparecidas.

Bob Dylan regressa ao Porto na quarta-feira. A BLITZ antevê o concerto do autor de “The Times They Are a-Changing”, assim como o dos Metallica que, no mesmo dia, atuam no Estádio do Restelo.

FRASES

“Hoje, a Espanha votou em defesa dos direitos e liberdades, da igualdade e da justiça social, por um país que olha para o futuro e quer continuar a avançar”. Pedro Sánchez, líder do PSOE, no Twitter

“Vamos liderar a oposição com responsabilidade, vamos melhorar o que não fizemos bem e vamos trabalhar para convencer de que este continua a ser um grande partido para melhorar o bem-estar dos espanhóis”. Pablo Casado, líder do PP, no Twitter

“Em breve, haverá um Governo que une e não divide os espanhóis. Para isso, a única coisa a fazer é trabalhar, trabalhar, trabalhar”. Albert Rivera, líder do Ciudadanos, no Twitter

“Gostaríamos de um resultado melhor, mas este é suficiente para cumprir os nossos dois objetivos: parar a direita e a extrema-direita e construir um Governo de coligação de esquerda”. Pablo Iglesias, líder do Podemos, no Twitter

“Bem-vindos à resistência! Milhões de espanhóis já estão representados no Congresso”. Santiago Abascal, líder do Vox, no Twitter

O QUE ANDO A LER E A VER

A propósito da exposição de Rembrandt no Rijksmuseum de Amesterdão, promovida como um dos grandes acontecimentos do ano, vale a pena ler “Why the Dutch Are Different” de Ben Coates. Erguida para celebrar o 350º aniversário da morte do pintor, “All Rembrandt” junta apenas 22 das centenas de pinturas que lhe são atribuídas com alguma segurança às quais se acrescentam mais de 300 gravuras. Não menos surpreendente, ou pedagógica, está outra exposição, mesmo ali ao lado, no Museu Van Gogh. Em “The Joy of Nature”, a obra de David Hockney é comparada à de Vincent Van Gogh, com requinte e um precioso testemunho (em vídeo) do autor inglês que assume a sua filiação no mestre. “The Joy of Nature” é um festim para os olhos e para a alma. É mesmo tão divertido e inteligente quanto o livro de Ben Coates, um inglês que assessorava políticos no Reino Unido e que de um dia para o outro se viu a viver em Roterdão.

Tal como o título indica, o livro é o resultado do seu esforço para compreender os holandeses após terá assentado arraiais por lá e aplica-se a tentar perceber um país em que a droga, a prostituição e a eutanásia eram e são aceites de forma mais liberal do que no resto do mundo. O que Ben Coates veio a descobrir é que a Holanda não é, afinal, assim tão liberal – a intervenção no Estado enquanto regulador era notória e, nos últimos anos, as restrições impostas nos costumes têm-se avolumado.

O mesmo é dizer que a política de controlo de imigrantes, outrora inexistente, foi profundamente alterada nas últimas décadas. Vale lembrar que Pim Fortuyn e Théo Van Gogh (sim, descendente da família de Van Gogh), dois líderes políticos de direita com enorme popularidade no país, foram assassinados em plena luz do dia e que um dos seus sucessores, Greet Wilders, já condenado por incitamento contra os marroquinos, é hoje um dos principais organizadores da aliança de extrema-direita no Parlamento Europeu, juntando o seu partido ao de Marine Le Pen, Salvini e outros. A Holanda, que continuará a ser um dos melhores países da Europa para se viver, ainda paga hoje o preço dessa híper-tolerância. Os resultados da extrema-direita são, a esse respeito, notáveis.

Tenha uma boa semana. Acompanha toda a actualidade nos sites do Expresso, da BLITZ e da Tribuna. Lá para as 18 horas chega o Expresso Diário.

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