Rui Rio apela ao entendimento entre PS e PSD. É o sprint final da campanha

21-01-2018
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Rui Rio foi corredor de velocidade em atletismo e sabe que está nos 10 metros finais de uma corrida de 400. Por isso pede que não lhe “faltem as pernas” no pouco que resta até à meta. Naquela que foi a “penúltima ação de campanha antes de sábado”, num encontro com militantes em Vila Verde — no difícil e dividido distrito de Braga, –, o candidato à liderança do PSD atirou-se em força ao argumento que diz ser a sua mais firme e antiga convicção: o argumento de que os partidos “têm a obrigação nacional” de pôr o “jogo tático” de lado e de se “entenderem para servir Portugal”. Sem defender acordos de coligação com o PS para governar, Rio está na reta final da campanha a apostar as fichas todas nos entendimentos entre PS e PSD ao nível parlamentar.

“Não se consegue perceber que um partido não se entenda com outro porque não lhe dá jeito tático naquele momento, ou porque um líder não gosta do outro. Os partidos têm a obrigação nacional de se entender porque senão o país é que fica sem as reformas estruturais — e fica a perder”, disse esta quinta-feira, perante uma plateia de centenas de militantes do PSD na freguesia de Cervães, Vila Verde. Para Rio, a “única razão” para estar na política deve ser “servir Portugal”, e não servir os interesses dos partidos políticos.

Isto não quer dizer que defensa acordos de bloco central. A defesa acérrima de entendimentos parlamentares para as “grandes reformas”, como a da justiça, da segurança social ou a reforma da floresta, não passa por “ter de haver coligações no governo”, disse. Até porque “as estratégias de longo prazo não são para ser decididas por um Governo, mas sim por um Parlamento”. “As reformas não se fazem por 50% mais um, têm é de ser feitas pelo país como um todo”, sublinhou, acrescentando que se for eleito líder do PSD não vai “aceitar” o argumento das “questões táticas”.

Rio quer ser o político que não se “move assim tão bem nos corredores do poder”, na “corte de Lisboa”. Quer ser o político que vem do local — do poder local — e que quer defender os interesses dos portugueses. Mas como um partido sozinho não consegue mudar o regime, quer “obrigar o PS a mudar” essa visão tática e calculista que tem demonstrado ter da política nos últimos anos.

Vamos obrigar o PS a mudar, e se não mudar vai perder eleições, porque os portugueses vão perceber de que lado está a vontade de servir Portugal sem calculismo — esta é a minha convicção e os portugueses entendem isto melhor do que o aparelho partidário pensa, são muito mais espertos do que se pensa”, disse.

Foi nesta lógica de raciocínio que Rio voltou a atacar Miguel Relvas, que esta quinta-feira deu uma entrevista à RR e Público a dizer que o “PSD vai eleger um líder para dois anos”. Para o ex-autarca do Porto, o PSD não deve contar com pessoas assim: “Não tenho respeito quando as pessoas não são sinceras e estão atrás da cortina a fazer contas de cabeça — ainda não sabem quem ganhou e já dizem que só dura dois anos. Com um partido assim não quero contar, quero um partido que fale às claras e com frontalidade”, disse.

E foi mais longe, dizendo que até Sá Carneiro condenaria as declarações de Miguel Relvas. Tudo por uma questão de “princípios” e “convicções”. “Sá Carneiro chegou a estar sozinho contra o grupo parlamentar e nunca abdicou dos seus princípios. É a minha maior referência de frontalidade. Tenho a certeza de que se fosse vivo não teria gostado nada destas afirmações”, disse.

Sobre outro tema do momento, a atuação do Ministério Público e o mandato da PGR, Rio afirmou não compreender “a onda de protestos” que se levantou por ter dito “que não estava satisfeito com a eficácia da justiça em Portugal”. “Disse o que toda a gente diz há anos e de repente foi visto como politicamente incorreto, não percebo”, reiterou.

Rio tinha chegado mais de uma hora atrasado a Vila Verde, pelo que teve de pôr o turbo no discurso. Mas não sem antes dedicar longos minutos de elogios e agradecimentos aos autarcas e mandatários da sua candidatura ali presentes. É que a ajuda dos “pivôs” locais é importante para passar a palavra e mobilizar as gentes em cada círculo, e até ao lavar dos cestos é vindima. Braga é uma das distritais mais importantes, com quase 8 mil militantes sociais democratas ativos (a maior logo a seguir ao Porto e a Lisboa), e é das que mais parece dividida. E Vila Verde, terra de onda é natural o presidente da distrital José Manuel Fernandes, é uma das maiores concelhias — só ultrapassada por Famalicão, Barcelos e Braga –, logo, um trunfo informante.

A um dia de acabar a campanha, o certo é que Rui Rio está confiante. Santana Lopes tinha sugerido, esta manhã, no último debate entre os dois candidatos à liderança do PSD, que Rio viesse a abrir um “consultório de psicologia” depois de terminar a campanha, tão entendido que estava em análises comportamentais. E Rio parece até ter gostado da ideia. Na intervenção desta noite em Vila Verde, fez uma análise psicológica ao seu próprio passado para constatar que o que sente hoje é o mesmo que sentiu quando, em 2001, na reta final da campanha autárquica no Porto, sentiu que ia ganhar — contra todas as expectativas.

“Digo-vos sinceramente, como se estivesse no psicólogo: eu ja vivi isto, já tive várias eleições, conheço o sentimento. E o que eu estou a sentir nestes últimos dias é o mesmo que senti naquela última semana na campanha de 2001, quando todos achavam que eu ia perder contra o dr. Fernando Gomes. O que eu vejo é que quase de certeza que vou ganhar no sábado”, disse, levantando longos aplausos na sala de hotel.

Ainda sublinhou que podia enganar-se, mas, pelo menos, era isso que sentia. Que “quase de certeza” que vai ganhar no sábado.

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Rui Rio foi corredor de velocidade em atletismo e sabe que está nos 10 metros finais de uma corrida de 400. Por isso pede que não lhe “faltem as pernas” no pouco que resta até à meta. Naquela que foi a “penúltima ação de campanha antes de sábado”, num encontro com militantes em Vila Verde — no difícil e dividido distrito de Braga, –, o candidato à liderança do PSD atirou-se em força ao argumento que diz ser a sua mais firme e antiga convicção: o argumento de que os partidos “têm a obrigação nacional” de pôr o “jogo tático” de lado e de se “entenderem para servir Portugal”. Sem defender acordos de coligação com o PS para governar, Rio está na reta final da campanha a apostar as fichas todas nos entendimentos entre PS e PSD ao nível parlamentar.

“Não se consegue perceber que um partido não se entenda com outro porque não lhe dá jeito tático naquele momento, ou porque um líder não gosta do outro. Os partidos têm a obrigação nacional de se entender porque senão o país é que fica sem as reformas estruturais — e fica a perder”, disse esta quinta-feira, perante uma plateia de centenas de militantes do PSD na freguesia de Cervães, Vila Verde. Para Rio, a “única razão” para estar na política deve ser “servir Portugal”, e não servir os interesses dos partidos políticos.

Isto não quer dizer que defensa acordos de bloco central. A defesa acérrima de entendimentos parlamentares para as “grandes reformas”, como a da justiça, da segurança social ou a reforma da floresta, não passa por “ter de haver coligações no governo”, disse. Até porque “as estratégias de longo prazo não são para ser decididas por um Governo, mas sim por um Parlamento”. “As reformas não se fazem por 50% mais um, têm é de ser feitas pelo país como um todo”, sublinhou, acrescentando que se for eleito líder do PSD não vai “aceitar” o argumento das “questões táticas”.

Rio quer ser o político que não se “move assim tão bem nos corredores do poder”, na “corte de Lisboa”. Quer ser o político que vem do local — do poder local — e que quer defender os interesses dos portugueses. Mas como um partido sozinho não consegue mudar o regime, quer “obrigar o PS a mudar” essa visão tática e calculista que tem demonstrado ter da política nos últimos anos.

Vamos obrigar o PS a mudar, e se não mudar vai perder eleições, porque os portugueses vão perceber de que lado está a vontade de servir Portugal sem calculismo — esta é a minha convicção e os portugueses entendem isto melhor do que o aparelho partidário pensa, são muito mais espertos do que se pensa”, disse.

Foi nesta lógica de raciocínio que Rio voltou a atacar Miguel Relvas, que esta quinta-feira deu uma entrevista à RR e Público a dizer que o “PSD vai eleger um líder para dois anos”. Para o ex-autarca do Porto, o PSD não deve contar com pessoas assim: “Não tenho respeito quando as pessoas não são sinceras e estão atrás da cortina a fazer contas de cabeça — ainda não sabem quem ganhou e já dizem que só dura dois anos. Com um partido assim não quero contar, quero um partido que fale às claras e com frontalidade”, disse.

E foi mais longe, dizendo que até Sá Carneiro condenaria as declarações de Miguel Relvas. Tudo por uma questão de “princípios” e “convicções”. “Sá Carneiro chegou a estar sozinho contra o grupo parlamentar e nunca abdicou dos seus princípios. É a minha maior referência de frontalidade. Tenho a certeza de que se fosse vivo não teria gostado nada destas afirmações”, disse.

Sobre outro tema do momento, a atuação do Ministério Público e o mandato da PGR, Rio afirmou não compreender “a onda de protestos” que se levantou por ter dito “que não estava satisfeito com a eficácia da justiça em Portugal”. “Disse o que toda a gente diz há anos e de repente foi visto como politicamente incorreto, não percebo”, reiterou.

Rio tinha chegado mais de uma hora atrasado a Vila Verde, pelo que teve de pôr o turbo no discurso. Mas não sem antes dedicar longos minutos de elogios e agradecimentos aos autarcas e mandatários da sua candidatura ali presentes. É que a ajuda dos “pivôs” locais é importante para passar a palavra e mobilizar as gentes em cada círculo, e até ao lavar dos cestos é vindima. Braga é uma das distritais mais importantes, com quase 8 mil militantes sociais democratas ativos (a maior logo a seguir ao Porto e a Lisboa), e é das que mais parece dividida. E Vila Verde, terra de onda é natural o presidente da distrital José Manuel Fernandes, é uma das maiores concelhias — só ultrapassada por Famalicão, Barcelos e Braga –, logo, um trunfo informante.

A um dia de acabar a campanha, o certo é que Rui Rio está confiante. Santana Lopes tinha sugerido, esta manhã, no último debate entre os dois candidatos à liderança do PSD, que Rio viesse a abrir um “consultório de psicologia” depois de terminar a campanha, tão entendido que estava em análises comportamentais. E Rio parece até ter gostado da ideia. Na intervenção desta noite em Vila Verde, fez uma análise psicológica ao seu próprio passado para constatar que o que sente hoje é o mesmo que sentiu quando, em 2001, na reta final da campanha autárquica no Porto, sentiu que ia ganhar — contra todas as expectativas.

“Digo-vos sinceramente, como se estivesse no psicólogo: eu ja vivi isto, já tive várias eleições, conheço o sentimento. E o que eu estou a sentir nestes últimos dias é o mesmo que senti naquela última semana na campanha de 2001, quando todos achavam que eu ia perder contra o dr. Fernando Gomes. O que eu vejo é que quase de certeza que vou ganhar no sábado”, disse, levantando longos aplausos na sala de hotel.

Ainda sublinhou que podia enganar-se, mas, pelo menos, era isso que sentia. Que “quase de certeza” que vai ganhar no sábado.

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