Pedro Pinto "surpreendido" com Santana: "Agora estamos em clubes diferentes"

28-06-2018
marcar artigo

Pedro Pinto, presidente da Distrital de Lisboa do PSD, amigo e apoiante de longa data de Pedro Santana Lopes diz ao Expresso que está "surpreendido" com as declarações do antigo primeiro-ministro social-democrata à Visão, onde garante que vai afastar-se do partido. "Com esta decisão que ele toma, é como se fizéssemos parte de clubes diferentes", afirma Pedro Pinto.

O deputado social-democrata que foi vereador de Santana Lopes em Lisboa, garante que continuarão "amigos" - "manteremos a amizade que sempre tivemos" - mas alega que não fazia ideia de que estava a preparar esta decisão.

Antes de ter tomado esta decisão radical, Santana Lopes começou por se afastar de Rui Rio, depois de ter promovido listas de união e de ter feito um discurso de apoio ao novo líder, no Congresso do partido, em fevereiro. Mas há um mês, o Expresso noticiou o rompimento de Santana com Rio , consumado numa renúncia ao Conselho Nacional. O candidato derrotado tinha enviado uma carta ao presidente do partido, comunicando a renúncia ao lugar de conselheiro para que tinha sido eleito no congresso em fevereiro. Santana invocou “razões pessoais e profissionais” e distanciou-se de leituras que dessem a este gesto qualquer “significado político”. Mas a rutura definitiva com Rui Rio consumava-se então, depois de três meses de progressivo afastamento. Agora a rutura é definitiva com o próprio partido.

Há meia dúzia de meses, quando o ex-primeiro-ministro concorreu à liderança do PSD, foi várias vezes acusado por Rui Rio de já ter querido abandonar os sociais-democratas para fazer um novo partido concorrente.

José Pacheco Pereira chegou a revelar numa edição da Quadratura do Círculo que, em 2011 - era o PSD liderado por Passos Coelho - tinha sido convidado por Santana Lopes para formar um novo partido. Pacheco Pereira disse que o encontro se concretizou no Hotel da Lapa e contou toda a sua versão da história poucos dias antes do confronto com Rui Rio nas urnas: "“Santana Lopes diz-me o seguinte — e isto não disse só a mim, disse a outras pessoas, portanto não vale a pena estar a negar: que queria fazer um outro partido. Estava muito indignado porque no PSD estava a haver uma transição de pessoas que o 'enojava' os apoiantes de Manuela Ferreira Leite estarem todos a ‘passar-se’ para Pedro Passos Coelho. E isso levava-o a considerar que o PSD estava morto, já não tinha salvação e queria fazer um novo partido — e não era um movimento, como agora diz em relação à tentativa anterior, era um novo partido.”

No dia seguinte a estas declarações, Pedro Santana Lopes deu uma entrevista ao Observador (a 12 de janeiro) em que colocou essa questão ao nível do desabafo e não no âmbito da vontade efetiva de formar um novo partido: "Oiça, nós, muitas vezes, quando temos histórias de amor ou relacionamentos de amizade, às vezes zangamo-nos, estamos cansados e podemos ter desabafos". O então candidato recusou alguma vez ter concretizado essa intenção, que não passou dos pensamentos: "Não pratiquei nenhum ato — ninguém pode dizer que o fiz — nesse sentido. Os meus atos todos são pelo meu partido (...). No ato de contrição há pensamentos, palavras, atos e omissões, mas eu acho que o pensamento é o pecado mais ligeiro".

Desta vez, Santana foi mais longe. Na entrevista à Visão, que será publicada nesta quinta-feira, admite criar um novo partido, "uma nova organização partidária" em que possa "ter a intervenção política" que acha que deve ter. O antigo líder social-democrata recorda ter dito no passado que "o PPD começa a estar farto de aturar o PSD" e afirma que "acabou". Para que não restem dúvidas, ainda acrescenta: "Mas acabou mesmo!".

A primeira notícia sobre as intenções dissidentes de Santana tem mais de 20 anos, e data do verão de 1996, em O Independente. Nesta época, Santana Lopes estava muito desiludido com a liderança de Marcelo Rebelo de Sousa e estaria a pensar formar uma organização com as siglas do seu nome: Partido Social Liberal (PSL). O objetivo era haver pequenas formações de direita que depois teriam de se coligar num Governo.

"Se lhe contasse a história dessa notícia. Julgo que foi no dia em que um diretor do jornal esteve para sair e me falaram a dizer: é preciso uma manchete para esta semana e vamos pôr esta manchete", disse Santana Lopes na mesma entrevista ao Observador. "Eu respondi: 'São doidos. Só podem ser doidos!'" E acrescentou: "O que interessa na vida, e o que interessa para as pessoas, fundamentalmente, são os atos. A minha história é de defesa do PPD/PSD. Sempre." Menos a partir de agora.

Pedro Pinto, presidente da Distrital de Lisboa do PSD, amigo e apoiante de longa data de Pedro Santana Lopes diz ao Expresso que está "surpreendido" com as declarações do antigo primeiro-ministro social-democrata à Visão, onde garante que vai afastar-se do partido. "Com esta decisão que ele toma, é como se fizéssemos parte de clubes diferentes", afirma Pedro Pinto.

O deputado social-democrata que foi vereador de Santana Lopes em Lisboa, garante que continuarão "amigos" - "manteremos a amizade que sempre tivemos" - mas alega que não fazia ideia de que estava a preparar esta decisão.

Antes de ter tomado esta decisão radical, Santana Lopes começou por se afastar de Rui Rio, depois de ter promovido listas de união e de ter feito um discurso de apoio ao novo líder, no Congresso do partido, em fevereiro. Mas há um mês, o Expresso noticiou o rompimento de Santana com Rio , consumado numa renúncia ao Conselho Nacional. O candidato derrotado tinha enviado uma carta ao presidente do partido, comunicando a renúncia ao lugar de conselheiro para que tinha sido eleito no congresso em fevereiro. Santana invocou “razões pessoais e profissionais” e distanciou-se de leituras que dessem a este gesto qualquer “significado político”. Mas a rutura definitiva com Rui Rio consumava-se então, depois de três meses de progressivo afastamento. Agora a rutura é definitiva com o próprio partido.

Há meia dúzia de meses, quando o ex-primeiro-ministro concorreu à liderança do PSD, foi várias vezes acusado por Rui Rio de já ter querido abandonar os sociais-democratas para fazer um novo partido concorrente.

José Pacheco Pereira chegou a revelar numa edição da Quadratura do Círculo que, em 2011 - era o PSD liderado por Passos Coelho - tinha sido convidado por Santana Lopes para formar um novo partido. Pacheco Pereira disse que o encontro se concretizou no Hotel da Lapa e contou toda a sua versão da história poucos dias antes do confronto com Rui Rio nas urnas: "“Santana Lopes diz-me o seguinte — e isto não disse só a mim, disse a outras pessoas, portanto não vale a pena estar a negar: que queria fazer um outro partido. Estava muito indignado porque no PSD estava a haver uma transição de pessoas que o 'enojava' os apoiantes de Manuela Ferreira Leite estarem todos a ‘passar-se’ para Pedro Passos Coelho. E isso levava-o a considerar que o PSD estava morto, já não tinha salvação e queria fazer um novo partido — e não era um movimento, como agora diz em relação à tentativa anterior, era um novo partido.”

No dia seguinte a estas declarações, Pedro Santana Lopes deu uma entrevista ao Observador (a 12 de janeiro) em que colocou essa questão ao nível do desabafo e não no âmbito da vontade efetiva de formar um novo partido: "Oiça, nós, muitas vezes, quando temos histórias de amor ou relacionamentos de amizade, às vezes zangamo-nos, estamos cansados e podemos ter desabafos". O então candidato recusou alguma vez ter concretizado essa intenção, que não passou dos pensamentos: "Não pratiquei nenhum ato — ninguém pode dizer que o fiz — nesse sentido. Os meus atos todos são pelo meu partido (...). No ato de contrição há pensamentos, palavras, atos e omissões, mas eu acho que o pensamento é o pecado mais ligeiro".

Desta vez, Santana foi mais longe. Na entrevista à Visão, que será publicada nesta quinta-feira, admite criar um novo partido, "uma nova organização partidária" em que possa "ter a intervenção política" que acha que deve ter. O antigo líder social-democrata recorda ter dito no passado que "o PPD começa a estar farto de aturar o PSD" e afirma que "acabou". Para que não restem dúvidas, ainda acrescenta: "Mas acabou mesmo!".

A primeira notícia sobre as intenções dissidentes de Santana tem mais de 20 anos, e data do verão de 1996, em O Independente. Nesta época, Santana Lopes estava muito desiludido com a liderança de Marcelo Rebelo de Sousa e estaria a pensar formar uma organização com as siglas do seu nome: Partido Social Liberal (PSL). O objetivo era haver pequenas formações de direita que depois teriam de se coligar num Governo.

"Se lhe contasse a história dessa notícia. Julgo que foi no dia em que um diretor do jornal esteve para sair e me falaram a dizer: é preciso uma manchete para esta semana e vamos pôr esta manchete", disse Santana Lopes na mesma entrevista ao Observador. "Eu respondi: 'São doidos. Só podem ser doidos!'" E acrescentou: "O que interessa na vida, e o que interessa para as pessoas, fundamentalmente, são os atos. A minha história é de defesa do PPD/PSD. Sempre." Menos a partir de agora.

marcar artigo