OE. Verão vai ser quente, mas Marcelo diz que isso é o normal

28-07-2016
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Este verão promete ser quente à esquerda por causa das difíceis negociações em torno do Orçamento do Estado para 2017, que já começaram e vão prolongar--se até a que o documento esteja pronto, em outubro. À direita é a expetativa de uma crise na geringonça que aquece os ânimos.

Esse é o pano de fundo para as reuniões que vão decorrer hoje em Belém. Marcelo vai estar o dia todo a receber os vários partidos, no rescaldo de uma sessão legislativa que começou com crispação máxima e terminou com trocas de acusações duras em torno da eleição falhada de Correia de Campos para o Conselho Económico e Social (CES) e das conclusões da comissão parlamentar de inquérito ao Banif. Mas o Presidente da República prefere não valorizar a tensão política que se faz sentir por estes dias e não acredita que esteja certa a previsão de Pedro Passos Coelho, que vaticinava, no conselho nacional do PSD da semana passada, uma crise política até ao fim do verão.

Por isso, fonte próxima do Presidente assegura que os encontros que começam ao meio-dia com o PAN e terminam com a audiência ao PSD às 18h serão “mera rotina” para fazer um ponto de situação antes de férias.

De resto, ainda ontem Marcelo Rebelo de Sousa desvalorizava aos jornalistas a ideia de que a subida de tom no debate político possa ser um sinal de que vem aí uma crise política.

“Como é habitual em todos os meses de julho, não sei se por cansaço, se é porque está a acabar o trabalho do parlamento, se é porque há ali uma espécie de acerto de contas a fazer em relação ao passado preparando o futuro (...), [há] uma certa subida de temperatura nos atores políticos”, notava o Presidente, explicando que “isso tem de ser levado à conta da época” e não como um sinal preocupante.

Gerigonça tranquila Várias fontes da maioria de esquerda ouvidas pelo i asseguram que não há, para já, sinais preocupantes em relação ao Orçamento do Estado para 2017. As negociações já começaram e estão a decorrer por áreas setoriais, mas ainda não há razões para acreditar que haverá desentendimentos.

“Para já, há diferenças que são normais. Mas nada que pareça que vá levar ao chumbo do Orçamento”, comenta uma fonte que participa nas reuniões em representação do PS. Mais à esquerda, o relato é feito, para já, no mesmo tom, ainda que se admita que a pressão exercida por Bruxelas à boleia do processo para aplicação de sanções tenha vindo a tornar muito mais complexa a conversa entre os parceiros que apoiam o governo no parlamento.

PSD sobe o tom À direita, não se acredita muito, porém, nas proclamações de estabilidade vindas da esquerda. E Pedro Passos Coelho tem subido o tom dos ataques ao governo, em linha com a ideia – que expressou no conselho nacional do partido – de que em setembro “vem aí o diabo”, porque a esquerda se vai desentender em relação ao Orçamento e vai ser difícil não usar o dinheiro retido em cativações orçamentais para este ano sem tornar evidente que a austeridade não se foi embora.

De resto, e antecipando o que poderá vir a ser decidido na reunião de quarta-feira da Comissão Europeia, Passos Coelho não deixa cair o tema das sanções para lembrar que as políticas de reversão adotadas pelo governo estão na origem das pressões feitas por Bruxelas.

“É porque muitos dos governos da Europa, hoje, têm dúvidas sobre aquilo que se está a passar em Portugal, sobre as reformas importantes que estão a ser revertidas, sobre a maneira como estamos a andar para trás em vez de andar para a frente”, declarou ontem Passos Coelho na Madeira.

A tese, que tem sido atacada pela esquerda, de que as sanções podem ser uma consequência da ação do atual governo, parece, contudo, não ser completamente afastada por Marcelo, que comparou o castigo de Bruxelas às bofetadas que um pai dá a um filho que ainda não se portou mal. “Ou é contra o governo de Passos Coelho, por causa de 0,2% muito discutíveis, quando há diferenças muito maiores – houve no passado e há no presente – noutras economias que nunca foram punidas. Ou é contra o governo de António Costa, por causa da gestão do Orçamento deste ano”, admitiu o Presidente.

Este verão promete ser quente à esquerda por causa das difíceis negociações em torno do Orçamento do Estado para 2017, que já começaram e vão prolongar--se até a que o documento esteja pronto, em outubro. À direita é a expetativa de uma crise na geringonça que aquece os ânimos.

Esse é o pano de fundo para as reuniões que vão decorrer hoje em Belém. Marcelo vai estar o dia todo a receber os vários partidos, no rescaldo de uma sessão legislativa que começou com crispação máxima e terminou com trocas de acusações duras em torno da eleição falhada de Correia de Campos para o Conselho Económico e Social (CES) e das conclusões da comissão parlamentar de inquérito ao Banif. Mas o Presidente da República prefere não valorizar a tensão política que se faz sentir por estes dias e não acredita que esteja certa a previsão de Pedro Passos Coelho, que vaticinava, no conselho nacional do PSD da semana passada, uma crise política até ao fim do verão.

Por isso, fonte próxima do Presidente assegura que os encontros que começam ao meio-dia com o PAN e terminam com a audiência ao PSD às 18h serão “mera rotina” para fazer um ponto de situação antes de férias.

De resto, ainda ontem Marcelo Rebelo de Sousa desvalorizava aos jornalistas a ideia de que a subida de tom no debate político possa ser um sinal de que vem aí uma crise política.

“Como é habitual em todos os meses de julho, não sei se por cansaço, se é porque está a acabar o trabalho do parlamento, se é porque há ali uma espécie de acerto de contas a fazer em relação ao passado preparando o futuro (...), [há] uma certa subida de temperatura nos atores políticos”, notava o Presidente, explicando que “isso tem de ser levado à conta da época” e não como um sinal preocupante.

Gerigonça tranquila Várias fontes da maioria de esquerda ouvidas pelo i asseguram que não há, para já, sinais preocupantes em relação ao Orçamento do Estado para 2017. As negociações já começaram e estão a decorrer por áreas setoriais, mas ainda não há razões para acreditar que haverá desentendimentos.

“Para já, há diferenças que são normais. Mas nada que pareça que vá levar ao chumbo do Orçamento”, comenta uma fonte que participa nas reuniões em representação do PS. Mais à esquerda, o relato é feito, para já, no mesmo tom, ainda que se admita que a pressão exercida por Bruxelas à boleia do processo para aplicação de sanções tenha vindo a tornar muito mais complexa a conversa entre os parceiros que apoiam o governo no parlamento.

PSD sobe o tom À direita, não se acredita muito, porém, nas proclamações de estabilidade vindas da esquerda. E Pedro Passos Coelho tem subido o tom dos ataques ao governo, em linha com a ideia – que expressou no conselho nacional do partido – de que em setembro “vem aí o diabo”, porque a esquerda se vai desentender em relação ao Orçamento e vai ser difícil não usar o dinheiro retido em cativações orçamentais para este ano sem tornar evidente que a austeridade não se foi embora.

De resto, e antecipando o que poderá vir a ser decidido na reunião de quarta-feira da Comissão Europeia, Passos Coelho não deixa cair o tema das sanções para lembrar que as políticas de reversão adotadas pelo governo estão na origem das pressões feitas por Bruxelas.

“É porque muitos dos governos da Europa, hoje, têm dúvidas sobre aquilo que se está a passar em Portugal, sobre as reformas importantes que estão a ser revertidas, sobre a maneira como estamos a andar para trás em vez de andar para a frente”, declarou ontem Passos Coelho na Madeira.

A tese, que tem sido atacada pela esquerda, de que as sanções podem ser uma consequência da ação do atual governo, parece, contudo, não ser completamente afastada por Marcelo, que comparou o castigo de Bruxelas às bofetadas que um pai dá a um filho que ainda não se portou mal. “Ou é contra o governo de Passos Coelho, por causa de 0,2% muito discutíveis, quando há diferenças muito maiores – houve no passado e há no presente – noutras economias que nunca foram punidas. Ou é contra o governo de António Costa, por causa da gestão do Orçamento deste ano”, admitiu o Presidente.

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