Ladrões de Bicicletas: Não fomos a Grécia...

22-05-2019
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Paul Krugman apresenta um gráfico muito esclarecedor sobre a evolução percentual, em termos reais, da despesa pública, excluindo gastos com juros da dívida, em alguns países periféricos entre 2007 e 2014: a austeridade grega pelo lado mais recessivo, o da despesa que é procura certa, é muito mais intensa do que no resto da desgraçada periferia. Juntem a isto outra informação preciosa: segundo a OCDE, a Grécia foi o país mais reformador neste mesmo período, sendo que reformas significam neste contexto toda uma economia política da redistribuição de baixo para cima, da transferência de direitos para os patrões até à sempre venal expropriação de activos públicos. Nunca se esqueçam da história da “ajuda” à Grécia, aos
quadradinhos e tudo, um marco na história da austeridade, na história de
uma ideia tão perigosa como a moeda que lhe subjaz numa área cada vez mais desigual.

A crise socioeconómica passa por esta combinação tóxica, por muito que ordoliberais como Vital Moreira vos queiram convencer do contrário: a verdade é que a tépida recuperação económica do nosso país, assente na procura interna, deveu muito a uma travagem dos cortes da despesa, com aumentos dos impostos sempre menos recessivos, em larga medida obra de política económica do Tribunal Constitucional em 2013. Não há muito para saudar, claro: Portugal só de forma muito limitada é uma República soberana e, neste quadro cambial e comercial, a recuperação, mesmo que periclitante, ameaça o equilíbrio externo. De resto, ainda hoje, um socialista dos sem aspas, Pedro Nuno Santos, lembrava numa excelente intervenção na Assembleia da República que o investimento na economia portuguesa recuou, em percentagem do PIB, para valores de pelo menos 1960.

Ao contrário da Grécia, que teve um padrão mais volátil, com crescimento forte, entre 2000 e 2007, e depressão a seguir, graças à austeridade, Portugal oscilou entre estagnação e crise, com investimento quase sempre em queda. O próximo ano, devido às expectativas de venda medíocres, ou seja, à procura, é o que dizem os subversivos dos empresários ao INE, promete o mesmo desde o início do euro (e tenderá a ser assim até ao seu fim): um capitalismo sem acumulação de capital, um capitalismo cada vez mais medíocre para uma sociedade cada vez mais periférica.

Paul Krugman apresenta um gráfico muito esclarecedor sobre a evolução percentual, em termos reais, da despesa pública, excluindo gastos com juros da dívida, em alguns países periféricos entre 2007 e 2014: a austeridade grega pelo lado mais recessivo, o da despesa que é procura certa, é muito mais intensa do que no resto da desgraçada periferia. Juntem a isto outra informação preciosa: segundo a OCDE, a Grécia foi o país mais reformador neste mesmo período, sendo que reformas significam neste contexto toda uma economia política da redistribuição de baixo para cima, da transferência de direitos para os patrões até à sempre venal expropriação de activos públicos. Nunca se esqueçam da história da “ajuda” à Grécia, aos
quadradinhos e tudo, um marco na história da austeridade, na história de
uma ideia tão perigosa como a moeda que lhe subjaz numa área cada vez mais desigual.

A crise socioeconómica passa por esta combinação tóxica, por muito que ordoliberais como Vital Moreira vos queiram convencer do contrário: a verdade é que a tépida recuperação económica do nosso país, assente na procura interna, deveu muito a uma travagem dos cortes da despesa, com aumentos dos impostos sempre menos recessivos, em larga medida obra de política económica do Tribunal Constitucional em 2013. Não há muito para saudar, claro: Portugal só de forma muito limitada é uma República soberana e, neste quadro cambial e comercial, a recuperação, mesmo que periclitante, ameaça o equilíbrio externo. De resto, ainda hoje, um socialista dos sem aspas, Pedro Nuno Santos, lembrava numa excelente intervenção na Assembleia da República que o investimento na economia portuguesa recuou, em percentagem do PIB, para valores de pelo menos 1960.

Ao contrário da Grécia, que teve um padrão mais volátil, com crescimento forte, entre 2000 e 2007, e depressão a seguir, graças à austeridade, Portugal oscilou entre estagnação e crise, com investimento quase sempre em queda. O próximo ano, devido às expectativas de venda medíocres, ou seja, à procura, é o que dizem os subversivos dos empresários ao INE, promete o mesmo desde o início do euro (e tenderá a ser assim até ao seu fim): um capitalismo sem acumulação de capital, um capitalismo cada vez mais medíocre para uma sociedade cada vez mais periférica.

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