Passos, o “fascista”, o “neoliberal”, voltou para desancar no Governo. E o PSD gostou

22-05-2019
marcar artigo

Paulo Rangel descobriu esta segunda-feira mais uma diferença entre a sua campanha e a de Pedro Marques. Para além de não ser um “sidecar” que anda “à boleia ou a reboque” do líder do partido, para além de não ter uma “visão irrealista” da Europa, Rangel acrescentou à lista de diferenças em relação ao PS o facto de o PSD não esconder os seus antigos líderes.

Trata-se, disse Rangel, de um caso em que “o PS não pode dizer o mesmo”: “Nós não precisamos de esconder os nossos antigos líderes e temos muito orgulho neles”, garantiu o cabeça de lista do PSD, falando a seguir a um desses antigos líderes: Pedro Passos Coelho.

“Nós não temos nenhum tabu nem nenhum problema em trazer os nossos antigos líderes à campanha”, insistiu o cabeça-de-lista social-democrata, num almoço em Bicesse, Cascais, depois uma uma viagem de comboio em que voltou a responsabilizar Pedro Marques pela degradação da ferrovia. O que Rangel não, mas ainda ninguém se esqueceu, é que o anterior líder socialista, António José Seguro, foi defenestrado por António Costa há cinco anos, precisamente na sequência de uma vitória “poucochinha “ do PS nas europeias.

Depois de Passos, hoje, amanhã será a vez de Manuela Ferreira Leite, em Ansião, picar o ponto dos ex-líderes. Antes do fim da campanha Francisco Pinto Balsemão também deve aparecer, assim como Luís Filipe Menezes, quando a caravana voltar ao Norte (Pedro Santana Lopes anda a fazer campanha por outras cores).

Passos tem mais encanto no regresso

O anterior primeiro-ministro voltou por breves minutos à vida partidária no almoço de campanha em Cascais. Breves minutos mesmo: discursou e, apesar de ter lugar na mesa de honra, ouviu a intervenção de Rangel mas não ficou para almoçar.

Foi um regresso rápido mas intenso. Passos foi muito saudado conforme atravessava a sala, e o seu discurso arrancou fortes aplausos, sobretudo nalguns momentos em que comparou a atual governação com aquilo que fez no seu Governo. O povo laranja gostou do regresso e fez a vénia a Passos. Há uma ligação que não se perdeu.

Numa intervenção de cerca de meia hora, o ex-líder do PSD dividiu-se entre os elogios a Paulo Rangel e um fortíssimo ataque ao atual Governo. Para além da denúncia dos “truques” com que o Executivo tenta disfarçar o facto de manter e nalguns casos agravar a austeridade, Passos acusou os socialistas de darem força a fenómenos radicais e populistas, pela forma como “diabolizam” os adversários.

“Quem não está na opinião deles é desqualificado”, lamentou Passos, dando o exemplo da questão da emigração. Conforme o problema se agrava, diz Passos, “é natural que os políticos estejam mais exigentes” em relação à emigração, mas perante essa “exigência”, os “socialistas acusam-nos de xenofobia e racismo”.

Passos sabe do que fala. “Eu era fascista”, lembrou, sobre os tempos em que a esquerda lhe colava esse rótulo. “Depois fui neoliberal”, acrescentou, ironizando que esse epíteto deixou de lhe ser atribuído desde que “o dr. Centeno” começou a liderar o Ministério das Finanças. O problema, diz Passos, é que “denominar” os adversários, como faz o PS, “só ajuda os extremismos”. Da mesma forma que os populistas são favorecidos quando não há projetos diferentes. Por isso Passos enfatizou que a Europa em que acredita não é a mesma do PS, embora isso não faça dele xenófobo, racista ou fascista.

Quando o PS “ameaçava banqueiros alemães”

Houve muito passado no discurso de Passos Coelho. Falou do passado dos socialistas e falou do seu próprio passado como chefe do Governo. Passos não foge ao ajuste de contas. Pelo contrário, atira-se a ele de cabeça.

Por exemplo, o passado dos atuais “membros do Governo” (na verdade foi só um…) que “ameaçavam os banqueiros alemães” e agora “são os mesmos que se orgulham da responsabilidade orçamental” - um tiro direto a Pedro Nuno Santos.

Mas também o passado em que “os socialistas” varriam atrás de cada novo líder europeu na esperança de que, “agora sim”, a solidariedade europeia fosse finalmente o motor do crescimento da União. Assim foi com Hollande, com Renzi, com Tsipras, e “agora fazem-de vídeos para o Presidente Macron”. A prova, para Passos, da “forma oportunista” como o PS “gere a ideia de Europa”.

Também não faltou o passado de Passos, para comparar a sua governação com a atual. “Os mesmos que faziam funerais aos Estaleiros de Viana do Castelo” dizem agora que estes são “uma coisa fantástica”. Os mesmos que acusavam a coligação de estar a “destruir o SNS” hoje “investem menos no SNS" do que no tempo em que Passos foi primeiro-ministro "e não havia dinheiro”. São os mesmos que têm os mais baixos índices de investimento público e “a mais alta carga fiscal de Portugal em democracia”.

O “truque do ilusionista”, que fala de coisas laterais para desviar a atenção do que é importante, é, segundo Passos, outro fenómeno que “dá força aos populismos e aos radicalismos”. O povo laranja gostou particularmente de ouvir a comparação entre os dois últimos governos. Rangel agradeceu a Passos “o trabalho e o serviço que prestou a Portugal”.

O partido que não esconde os antigos líderes tinha, só neste almoço de campanha, dois possíveis futuros líderes - Paulo Rangel e Miguel Pinto Luz, número dois da câmara de Cascais que já prometeu candidatar-se à liderança depois das legislativas. Resta saber se Passos, o ex-líder, está mesmo arrumado na galeria do passado...

Paulo Rangel descobriu esta segunda-feira mais uma diferença entre a sua campanha e a de Pedro Marques. Para além de não ser um “sidecar” que anda “à boleia ou a reboque” do líder do partido, para além de não ter uma “visão irrealista” da Europa, Rangel acrescentou à lista de diferenças em relação ao PS o facto de o PSD não esconder os seus antigos líderes.

Trata-se, disse Rangel, de um caso em que “o PS não pode dizer o mesmo”: “Nós não precisamos de esconder os nossos antigos líderes e temos muito orgulho neles”, garantiu o cabeça de lista do PSD, falando a seguir a um desses antigos líderes: Pedro Passos Coelho.

“Nós não temos nenhum tabu nem nenhum problema em trazer os nossos antigos líderes à campanha”, insistiu o cabeça-de-lista social-democrata, num almoço em Bicesse, Cascais, depois uma uma viagem de comboio em que voltou a responsabilizar Pedro Marques pela degradação da ferrovia. O que Rangel não, mas ainda ninguém se esqueceu, é que o anterior líder socialista, António José Seguro, foi defenestrado por António Costa há cinco anos, precisamente na sequência de uma vitória “poucochinha “ do PS nas europeias.

Depois de Passos, hoje, amanhã será a vez de Manuela Ferreira Leite, em Ansião, picar o ponto dos ex-líderes. Antes do fim da campanha Francisco Pinto Balsemão também deve aparecer, assim como Luís Filipe Menezes, quando a caravana voltar ao Norte (Pedro Santana Lopes anda a fazer campanha por outras cores).

Passos tem mais encanto no regresso

O anterior primeiro-ministro voltou por breves minutos à vida partidária no almoço de campanha em Cascais. Breves minutos mesmo: discursou e, apesar de ter lugar na mesa de honra, ouviu a intervenção de Rangel mas não ficou para almoçar.

Foi um regresso rápido mas intenso. Passos foi muito saudado conforme atravessava a sala, e o seu discurso arrancou fortes aplausos, sobretudo nalguns momentos em que comparou a atual governação com aquilo que fez no seu Governo. O povo laranja gostou do regresso e fez a vénia a Passos. Há uma ligação que não se perdeu.

Numa intervenção de cerca de meia hora, o ex-líder do PSD dividiu-se entre os elogios a Paulo Rangel e um fortíssimo ataque ao atual Governo. Para além da denúncia dos “truques” com que o Executivo tenta disfarçar o facto de manter e nalguns casos agravar a austeridade, Passos acusou os socialistas de darem força a fenómenos radicais e populistas, pela forma como “diabolizam” os adversários.

“Quem não está na opinião deles é desqualificado”, lamentou Passos, dando o exemplo da questão da emigração. Conforme o problema se agrava, diz Passos, “é natural que os políticos estejam mais exigentes” em relação à emigração, mas perante essa “exigência”, os “socialistas acusam-nos de xenofobia e racismo”.

Passos sabe do que fala. “Eu era fascista”, lembrou, sobre os tempos em que a esquerda lhe colava esse rótulo. “Depois fui neoliberal”, acrescentou, ironizando que esse epíteto deixou de lhe ser atribuído desde que “o dr. Centeno” começou a liderar o Ministério das Finanças. O problema, diz Passos, é que “denominar” os adversários, como faz o PS, “só ajuda os extremismos”. Da mesma forma que os populistas são favorecidos quando não há projetos diferentes. Por isso Passos enfatizou que a Europa em que acredita não é a mesma do PS, embora isso não faça dele xenófobo, racista ou fascista.

Quando o PS “ameaçava banqueiros alemães”

Houve muito passado no discurso de Passos Coelho. Falou do passado dos socialistas e falou do seu próprio passado como chefe do Governo. Passos não foge ao ajuste de contas. Pelo contrário, atira-se a ele de cabeça.

Por exemplo, o passado dos atuais “membros do Governo” (na verdade foi só um…) que “ameaçavam os banqueiros alemães” e agora “são os mesmos que se orgulham da responsabilidade orçamental” - um tiro direto a Pedro Nuno Santos.

Mas também o passado em que “os socialistas” varriam atrás de cada novo líder europeu na esperança de que, “agora sim”, a solidariedade europeia fosse finalmente o motor do crescimento da União. Assim foi com Hollande, com Renzi, com Tsipras, e “agora fazem-de vídeos para o Presidente Macron”. A prova, para Passos, da “forma oportunista” como o PS “gere a ideia de Europa”.

Também não faltou o passado de Passos, para comparar a sua governação com a atual. “Os mesmos que faziam funerais aos Estaleiros de Viana do Castelo” dizem agora que estes são “uma coisa fantástica”. Os mesmos que acusavam a coligação de estar a “destruir o SNS” hoje “investem menos no SNS" do que no tempo em que Passos foi primeiro-ministro "e não havia dinheiro”. São os mesmos que têm os mais baixos índices de investimento público e “a mais alta carga fiscal de Portugal em democracia”.

O “truque do ilusionista”, que fala de coisas laterais para desviar a atenção do que é importante, é, segundo Passos, outro fenómeno que “dá força aos populismos e aos radicalismos”. O povo laranja gostou particularmente de ouvir a comparação entre os dois últimos governos. Rangel agradeceu a Passos “o trabalho e o serviço que prestou a Portugal”.

O partido que não esconde os antigos líderes tinha, só neste almoço de campanha, dois possíveis futuros líderes - Paulo Rangel e Miguel Pinto Luz, número dois da câmara de Cascais que já prometeu candidatar-se à liderança depois das legislativas. Resta saber se Passos, o ex-líder, está mesmo arrumado na galeria do passado...

marcar artigo