A Dita e o Balde

14-10-2019
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O grau zero da ignomínia

por BAPTISTA-BASTOS

Nas celebrações dos 500 anos das Misericórdias, as televisões filmaram o
ministro Pedro Mota Soares, compungido e piedoso, a assistir à liturgia na
igreja de Castelo Branco. Um momento de estremecida devoção. Nas orações que
acompanhou, afeiçoado de dó e ungido de evidente santidade, o ministro Mota
persignou-se, genuflectiu, beijou a mão, tomou a hóstia, certamente pedindo
perdão ao Criador pelas malfeitorias infligidas ao mundo dos que trabalham ou
que trabalharam. Nós.

O ministro Mota denuncia um rosto de santo de altar, atormentado e macerado,
como convém à clemência exposta. O ministro Mota não é uma criatura de Deus: é
um adjectivo. Diz-se militante do CDS, mas não propende para
"democrata-cristão", tendo em conta a violência dos decretos que assina. Será,
quando muito, um servente do ideário neoliberal, que tem desgraçado o País e
destruído o que de melhor a pátria possui: a história e a juventude. Depois,
pelo que se ouve e diz, vai às missas de domingo, acaso pedir as bênçãos do céu
e a absolvição a Jesus.
 DN

O grau zero da ignomínia

por BAPTISTA-BASTOS

Nas celebrações dos 500 anos das Misericórdias, as televisões filmaram o
ministro Pedro Mota Soares, compungido e piedoso, a assistir à liturgia na
igreja de Castelo Branco. Um momento de estremecida devoção. Nas orações que
acompanhou, afeiçoado de dó e ungido de evidente santidade, o ministro Mota
persignou-se, genuflectiu, beijou a mão, tomou a hóstia, certamente pedindo
perdão ao Criador pelas malfeitorias infligidas ao mundo dos que trabalham ou
que trabalharam. Nós.

O ministro Mota denuncia um rosto de santo de altar, atormentado e macerado,
como convém à clemência exposta. O ministro Mota não é uma criatura de Deus: é
um adjectivo. Diz-se militante do CDS, mas não propende para
"democrata-cristão", tendo em conta a violência dos decretos que assina. Será,
quando muito, um servente do ideário neoliberal, que tem desgraçado o País e
destruído o que de melhor a pátria possui: a história e a juventude. Depois,
pelo que se ouve e diz, vai às missas de domingo, acaso pedir as bênçãos do céu
e a absolvição a Jesus.
 DN

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