Pedro Marques e Rui Rio: os alvos do CDS no arranque da campanha europeia

18-08-2019
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Estão escolhidos os alvos a que o CDS vai fazer pontaria durante a campanha para as eleições europeias. A estratégia está bem definida: atirar a Pedro Marques, cabeça de lista do PS a quem colaram o rótulo de ministro da propaganda, e por aí endurecer o tom com o Governo; e passar aos ataques diretos ao PSD de Rui Rio, através do também cabeça de lista - que já foi colega de coligação de Nuno Melo para a Europa - Paulo Rangel. Com o discurso firme que define o que não quer, o CDS tenta mostrar o que quer para áreas-bandeira como os impostos europeus ou os fundos comunitários. O arranque oficial da campanha eleitoral aconteceu este domingo à tarde, no Centro Cultural de Belém, onde decorreu a convenção europeia do partido. Depois de uma espécie de speed-dating no palco entre candidatos da lista democrata-cristã e independentes a falar de temas europeus - cada painel não interveio por mais de vinte minutos - foi a vez de Nuno Melo tomar a palavra. E, à boleia do tema dos impostos europeus, lançou um dos ataques mais diretos que o CDS fez nos últimos meses ao PSD, depois de assegurar que ninguém duvida da "amizade" que o liga a Rangel: "Nenhum voto no CDS em europeias ou legislativas servirá para validar o projeto do PS liderado por António Costa. O CDS não se senta num dia a celebrar acordos sobre impostos europeus ou nacionais, ou sobre projetos de descentralização que os autarcas nem sequer querem, para noutro dia se levantar para fazer oposição". Estava dado o primeiro tiro. "Cada vez que criticamos, criticamos com o à-vontade e liberdade de quem até hoje deu zero a Costa - a não ser combate político", acrescentou logo depois. Viria a insistir no mesmo ponto: o CDS é o "partido mais eficaz da oposição". Mais: "Se não fosse o CDS, a oposição em Portugal seria poucochinha" - uma farpa 2 em 1, a atacar de uma só vez PSD e António Costa, que em 2014 classificou a vitória europeia do PS como "poucochinho".

Ana Baião

A posição do CDS contra os impostos europeus já era conhecida, mas o partido tem vindo a trazer a debate o fim da regra da unanimidade para aprovar questões fiscais na Europa, contra a qual também se tem batido - e à qual o Governo é favorável. "A tributação é uma questão de soberania e nós não nos vendemos a preço de saldo em Bruxelas", garantiu Melo, acusando o Governo de dar o seu aval para o lançamento de impostos europeus sem unanimidade dos Estados-membros "à socapa" - isto é, sem a decisão ter passado pelo Parlamento português - e orgulhando-se de ser "o único a denunciar" essa vontade do Governo. A Comissão Europeia tem insistido que o fim da regra não servirá para lançar impostos novos, mas para acertar e coordenar políticas em matérias como a fraude fiscal e a tributação de grandes empresas. Mas, para o CDS, esta é uma porta que fica aberta para um futuro em que outros países poderão decidir contra os interesses de Portugal. "Não aceitaremos que, por exemplo, 16 países que não têm mar lancem impostos sobre a atividade no nosso mar sem que Portugal não possa dizer nada", exemplificou, rematando: "Há muitos anos que de cada vez que há um problema a imaginação partidária resolve-a com impostos. Qualquer dia respiramos impostos. Basta de impostos!". O "ministro do desinvestimento" que foi colado a Sócrates O segundo alvo era fácil de prever desde que Melo, no início do seu discurso, lançou uma farpa aos socialistas dizendo que o PS já anda "em campanha com o erário público". Uma farpa clara a Pedro Marques, cabeça de lista que é ministro das Infraestruturas e do Planeamento e que tem sido acusado pela oposição de carregar na propaganda e nos anúncios de novos projetos, quando continua a ter baixos números de execução nas obras públicas. Desta vez, Melo juntou-lhe o cognome de "ministro do desinvestimento" e, indo ainda mais longe na provocação, colou-o ao legado de José Sócrates: "Poderão não ter memória, mas nós temos. Reconhecemos cada um dos rostos que integraram esse Governo trágico para Portugal. Pedro Marques era um dos ministros do PEC e hoje é o ministro do desinvestimento". Foi o rosto que escolheu para atacar o Governo em tudo o que passa pelo não cumprimento e execução de planos e fundos comunitários, dando exemplos como o corte da fatia de fundos de coesão para Portugal, a ligação energética através dos Pirinéus que continua a não se concretizar ou o facto de apenas ter sido executado 17% do programa Mar 2020. Nuno Melo ainda definiu como adversários do CDS, que quer ser "a surpresa da noite eleitoral", a abstenção - porque, frisou, 50% das pessoas que votam CDS em legislativas não vão às urnas para as europeias - e a maioria de esquerda. Mas tinha acabado de fazer um discurso em que definira claramente os alvos a atacar - e com isso deixou a sala em êxtase.

Ana Baião

Estão escolhidos os alvos a que o CDS vai fazer pontaria durante a campanha para as eleições europeias. A estratégia está bem definida: atirar a Pedro Marques, cabeça de lista do PS a quem colaram o rótulo de ministro da propaganda, e por aí endurecer o tom com o Governo; e passar aos ataques diretos ao PSD de Rui Rio, através do também cabeça de lista - que já foi colega de coligação de Nuno Melo para a Europa - Paulo Rangel. Com o discurso firme que define o que não quer, o CDS tenta mostrar o que quer para áreas-bandeira como os impostos europeus ou os fundos comunitários. O arranque oficial da campanha eleitoral aconteceu este domingo à tarde, no Centro Cultural de Belém, onde decorreu a convenção europeia do partido. Depois de uma espécie de speed-dating no palco entre candidatos da lista democrata-cristã e independentes a falar de temas europeus - cada painel não interveio por mais de vinte minutos - foi a vez de Nuno Melo tomar a palavra. E, à boleia do tema dos impostos europeus, lançou um dos ataques mais diretos que o CDS fez nos últimos meses ao PSD, depois de assegurar que ninguém duvida da "amizade" que o liga a Rangel: "Nenhum voto no CDS em europeias ou legislativas servirá para validar o projeto do PS liderado por António Costa. O CDS não se senta num dia a celebrar acordos sobre impostos europeus ou nacionais, ou sobre projetos de descentralização que os autarcas nem sequer querem, para noutro dia se levantar para fazer oposição". Estava dado o primeiro tiro. "Cada vez que criticamos, criticamos com o à-vontade e liberdade de quem até hoje deu zero a Costa - a não ser combate político", acrescentou logo depois. Viria a insistir no mesmo ponto: o CDS é o "partido mais eficaz da oposição". Mais: "Se não fosse o CDS, a oposição em Portugal seria poucochinha" - uma farpa 2 em 1, a atacar de uma só vez PSD e António Costa, que em 2014 classificou a vitória europeia do PS como "poucochinho".

Ana Baião

A posição do CDS contra os impostos europeus já era conhecida, mas o partido tem vindo a trazer a debate o fim da regra da unanimidade para aprovar questões fiscais na Europa, contra a qual também se tem batido - e à qual o Governo é favorável. "A tributação é uma questão de soberania e nós não nos vendemos a preço de saldo em Bruxelas", garantiu Melo, acusando o Governo de dar o seu aval para o lançamento de impostos europeus sem unanimidade dos Estados-membros "à socapa" - isto é, sem a decisão ter passado pelo Parlamento português - e orgulhando-se de ser "o único a denunciar" essa vontade do Governo. A Comissão Europeia tem insistido que o fim da regra não servirá para lançar impostos novos, mas para acertar e coordenar políticas em matérias como a fraude fiscal e a tributação de grandes empresas. Mas, para o CDS, esta é uma porta que fica aberta para um futuro em que outros países poderão decidir contra os interesses de Portugal. "Não aceitaremos que, por exemplo, 16 países que não têm mar lancem impostos sobre a atividade no nosso mar sem que Portugal não possa dizer nada", exemplificou, rematando: "Há muitos anos que de cada vez que há um problema a imaginação partidária resolve-a com impostos. Qualquer dia respiramos impostos. Basta de impostos!". O "ministro do desinvestimento" que foi colado a Sócrates O segundo alvo era fácil de prever desde que Melo, no início do seu discurso, lançou uma farpa aos socialistas dizendo que o PS já anda "em campanha com o erário público". Uma farpa clara a Pedro Marques, cabeça de lista que é ministro das Infraestruturas e do Planeamento e que tem sido acusado pela oposição de carregar na propaganda e nos anúncios de novos projetos, quando continua a ter baixos números de execução nas obras públicas. Desta vez, Melo juntou-lhe o cognome de "ministro do desinvestimento" e, indo ainda mais longe na provocação, colou-o ao legado de José Sócrates: "Poderão não ter memória, mas nós temos. Reconhecemos cada um dos rostos que integraram esse Governo trágico para Portugal. Pedro Marques era um dos ministros do PEC e hoje é o ministro do desinvestimento". Foi o rosto que escolheu para atacar o Governo em tudo o que passa pelo não cumprimento e execução de planos e fundos comunitários, dando exemplos como o corte da fatia de fundos de coesão para Portugal, a ligação energética através dos Pirinéus que continua a não se concretizar ou o facto de apenas ter sido executado 17% do programa Mar 2020. Nuno Melo ainda definiu como adversários do CDS, que quer ser "a surpresa da noite eleitoral", a abstenção - porque, frisou, 50% das pessoas que votam CDS em legislativas não vão às urnas para as europeias - e a maioria de esquerda. Mas tinha acabado de fazer um discurso em que definira claramente os alvos a atacar - e com isso deixou a sala em êxtase.

Ana Baião

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