Ladrões de Bicicletas: Vergonha

20-07-2018
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No debate parlamentar de hoje, a dirigente do CDS Assunção Cristas manifestou-se preocupada com a coesão social em Portugal, agravada com o facto de haver um número significativo de desempregados que já não recebe subsídio de desemprego.

Ora, é triste ver quadros políticos tão jovens e já tão cheios de desfaçatez, uma vez que não é crível que a ex-governante Assunção Cristas (de 2011 a 2015) se tenha esquecido do que fez o seu governo e o seu colega Pedro Mota Soares. A falta de vergonha deveria ser penalizada.

Como se recorda, em 2011, o Governo PS - com a colaboração activa do PSD e do CDS (recordem-se as declarações entusiásticas na altura de Eduardo Catroga, negociador do PSD) - assinou um Memorando de Entendimento que previa uma forte de redução do subsídio pago aos desempregados.

Fê-lo através de: 1) redução da duração do subsídio de mais de três anos para 18 meses; 2) redução do valor máximo do subsídio de desemprego de 3 para 2,5 IAS; 3) fim do valor mínimo do subsídio; 4) redução do valor do subsídio de desemprego em 10% passados 6 meses de atribuição do subsídio.

Essas medidas foram integradas, por iniciativa do governo PSD/CDS, no acordo de concertação social que trouxe a vaga pesada de austeridade, assinado a 12/1/2012. E os cortes no subsídio de desemprego foram muito bem vindos pelo Governo - do ponto de vista orçamental - quando nesse mesmo ano, em 2012, o governo se mostrou surpreso com a explosão do desemprego gerado pelas medidas de austeridade que a Direita sempre defendeu e quis até aprofundar através desse acordo de concertação social. "Nem tudo aconteceu exactamente como o esperado", afirmou Pedro Passos Coelho.

Na altura, não se ouviu ninguém falar do problema da coesão social. Assunção Cristas no governo aprovou e aplaudiu as medidas. E até o CDS, responsável pela pasta social, se veio vangloriar quando a troika - perante a montanha do desemprego que ainda hoje não foi absorvido - deixou que a duração do subsídio passasse de um máximo de 18 meses para 26 meses.

"Foi este Governo que contrariou a 'troika', foi este Governo que contrariou o que estava previsto no memorando de entendimento e
conseguiu garantir que o subsídio de desemprego vá até aos 26 meses no caso dos trabalhadores com carreiras contributivas mais longas", dizia Pedro Mota Soares. Ou quando disse: “Estava escrito no memorando: todos os trabalhadores deviam ter subsídio no máximo de 18 meses independentemente da sua idade e da carreira contributiva”, recordou. “Isto não era socialmente aceitável, e foi por isso que contrariámos a troika e encontrámos uma solução do ponto de vista social mais defensável”.

Claro que agora, o "seu" subsídio de 26 meses é totalmente indefensável e o CDS ergue-se indignado, lastimando-se que os nossos pobres já não recebam subsídio por causa da "sua" alteração à lei... É assim. E é triste que tudo se mantenha na mesma.


No debate parlamentar de hoje, a dirigente do CDS Assunção Cristas manifestou-se preocupada com a coesão social em Portugal, agravada com o facto de haver um número significativo de desempregados que já não recebe subsídio de desemprego.

Ora, é triste ver quadros políticos tão jovens e já tão cheios de desfaçatez, uma vez que não é crível que a ex-governante Assunção Cristas (de 2011 a 2015) se tenha esquecido do que fez o seu governo e o seu colega Pedro Mota Soares. A falta de vergonha deveria ser penalizada.

Como se recorda, em 2011, o Governo PS - com a colaboração activa do PSD e do CDS (recordem-se as declarações entusiásticas na altura de Eduardo Catroga, negociador do PSD) - assinou um Memorando de Entendimento que previa uma forte de redução do subsídio pago aos desempregados.

Fê-lo através de: 1) redução da duração do subsídio de mais de três anos para 18 meses; 2) redução do valor máximo do subsídio de desemprego de 3 para 2,5 IAS; 3) fim do valor mínimo do subsídio; 4) redução do valor do subsídio de desemprego em 10% passados 6 meses de atribuição do subsídio.

Essas medidas foram integradas, por iniciativa do governo PSD/CDS, no acordo de concertação social que trouxe a vaga pesada de austeridade, assinado a 12/1/2012. E os cortes no subsídio de desemprego foram muito bem vindos pelo Governo - do ponto de vista orçamental - quando nesse mesmo ano, em 2012, o governo se mostrou surpreso com a explosão do desemprego gerado pelas medidas de austeridade que a Direita sempre defendeu e quis até aprofundar através desse acordo de concertação social. "Nem tudo aconteceu exactamente como o esperado", afirmou Pedro Passos Coelho.

Na altura, não se ouviu ninguém falar do problema da coesão social. Assunção Cristas no governo aprovou e aplaudiu as medidas. E até o CDS, responsável pela pasta social, se veio vangloriar quando a troika - perante a montanha do desemprego que ainda hoje não foi absorvido - deixou que a duração do subsídio passasse de um máximo de 18 meses para 26 meses.

"Foi este Governo que contrariou a 'troika', foi este Governo que contrariou o que estava previsto no memorando de entendimento e
conseguiu garantir que o subsídio de desemprego vá até aos 26 meses no caso dos trabalhadores com carreiras contributivas mais longas", dizia Pedro Mota Soares. Ou quando disse: “Estava escrito no memorando: todos os trabalhadores deviam ter subsídio no máximo de 18 meses independentemente da sua idade e da carreira contributiva”, recordou. “Isto não era socialmente aceitável, e foi por isso que contrariámos a troika e encontrámos uma solução do ponto de vista social mais defensável”.

Claro que agora, o "seu" subsídio de 26 meses é totalmente indefensável e o CDS ergue-se indignado, lastimando-se que os nossos pobres já não recebam subsídio por causa da "sua" alteração à lei... É assim. E é triste que tudo se mantenha na mesma.

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