CDS aperta: Marcelo pode ficar “uma espécie de rainha de Inglaterra”

27-09-2019
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O momento do dia:

Foi a dançar que Margarida Barros chegou ao palco do encontro de gerações do CDS, em Viseu. O que não é dizer pouco: a militante, uma das mais antigas do CDS naquele distrito, já soma 103 anos. Subiu ao lado de Cristas para receber um prémio e serviu de inspiração ao partido... em tempos difíceis. Nas palavras de Pedro Mota Soares, momentos depois de homenagear Margarida: "Por muito difícil que seja, fizemos a escolha certa quando escolhemos este partido".

A frase:

"Dois terços do Parlamento à esquerda tornariam Marcelo uma espécie de rainha de Inglaterra"

Pedro Mota Soares, deputado e ex-ministro

O personagem:

O sol é consideravelmente forte para uma hora de almoço e talvez por isso não se veja quase ninguém nas ruas de Palaçoulo, Miranda do Douro. Mas José Joaquim Cangueiro é dos corajosos. Com 85 anos, o boné a proteger a cabeça do sol e um passo invulgarmente ágil para a idade, coloca-se ao lado de Assunção Cristas para uma fotografia. É o primeiro votante de Miranda do Douro, explica orgulhosamente. E sempre votou CDS. “Ligo sempre a televisão quando ela aparece”, conta, satisfeito. “Foi um gosto estar com ela”. Um encontro rápido, uma vez que a líder centrista teve de seguir do centro da aldeia, onde almoçou, para a Tanoaria onde se fabricam barricas para guardar e distribuir vinho, num dia dedicado ao interior do país.

A fotografia:

nuno botelho

Se tivesse de se desenhar um guião para as noites de campanha do CDS, seria qualquer coisa como isto: como momento forte da noite, um discurso de uma figura também forte que venha dar uma ajuda à campanha, adotando um tom dramático e assumindo um apelo ao voto sem contemplações. Depois, a líder, com as propostas prontas a recitar num tom mais suave e moderado.

Foi assim na primeira noite da semana, com Nuno Melo a distribuir um sem número de argumentos (e a malhar na esquerda, nos jornais e nos comentadores) para contrariar as más sondagens. E voltou a ser assim assim esta terça-feira, com Pedro Mota Soares a aparecer para carregar no drama e apelar ao “pragmatismo” da direita.

Em Viseu, distrito em que os centristas temem não conseguir segurar o assento do deputado Hélder Amaral - até porque o círculo perdeu um lugar -, Mota Soares foi ao “encontro de gerações” do partido elencar argumentos para “ninguém ficar em casa” no dia 7 de outubro. Primeiro, insistindo - e intensificando - o aviso que Cristas deixou em entrevista ao Expresso: dois terços do Parlamento à esquerda “tornariam Marcelo Rebelo de Sousa uma espécie de rainha de Inglaterra”, isto é, irrelevante.

Em distritos como Viseu isto é particularmente importante: os centristas abrem o jogo e dizem que é em círculos como este que a escolha para o último deputado a entrar fica entre um assento para o CDS ou para o Bloco de Esquerda, pelo que a mobilização do seu eleitorado é decisiva. No quadro geral do país, será também esse trabalho que, confiam, ajudará a tirar a maioria absoluta ao PS - um objetivo que Mota Soares também assumiu.

Para isso, um discurso dramático com ecos do que Nuno Melo trouxera no dia anterior. Mota Soares trouxe de volta o fantasma do PREC, garantiu que “parece que voltámos a 1975”, enumerou os perigos de um país “muito virado à esquerda”. E, como Melo no dia anterior, lamentou o tratamento dado ao CDS, embora sem elencar tão claramente alvos como os comentadores políticos: “A nós, nada nos é dado. A nós, ninguém nos leva o colo. Connosco, o grau de tolerância é mesmo muito reduzido”.

Então, o que há a fazer? “Garantir que à direita ninguém fica em casa, ninguém embarca em aventureirismos, a direita é pragmática”. Pragmatismo também elogiado por Hélder Amaral, que falou depois de Mota Soares, e por Assunção Cristas, encarregue de encerrar a noite. Aplicando esse princípio a questões como o SNS, as creches ou a desburocratização para as empresas - tudo exemplos em que a esquerda é “ideologia pura” e o CDS é pragmático -, Assunção pediu a confiança dos eleitores de Viseu.

nuno botelho

Para o final tinha guardado um apelo ao voto tão direto que fez lembrar aquele com que encerrou a campanha europeia, em maio, pedindo a todos que levassem “a tia mais idosa a votar”. Desta vez, concretizou assim: “Peço que conversem com todas as pessoas que conhecem. Este é o tempo de falar com todos. Amigos, vizinhos, familiares, porta a porta até ao dia das eleições”.

Assunção acabava de falar e, nos altifalantes, começava a soar a voz de Dina: “Cada um que aqui vier trará mais dez”, promete o hino do partido. A uma semana e meia das eleições, a esperança é mesmo essa.

O momento do dia:

Foi a dançar que Margarida Barros chegou ao palco do encontro de gerações do CDS, em Viseu. O que não é dizer pouco: a militante, uma das mais antigas do CDS naquele distrito, já soma 103 anos. Subiu ao lado de Cristas para receber um prémio e serviu de inspiração ao partido... em tempos difíceis. Nas palavras de Pedro Mota Soares, momentos depois de homenagear Margarida: "Por muito difícil que seja, fizemos a escolha certa quando escolhemos este partido".

A frase:

"Dois terços do Parlamento à esquerda tornariam Marcelo uma espécie de rainha de Inglaterra"

Pedro Mota Soares, deputado e ex-ministro

O personagem:

O sol é consideravelmente forte para uma hora de almoço e talvez por isso não se veja quase ninguém nas ruas de Palaçoulo, Miranda do Douro. Mas José Joaquim Cangueiro é dos corajosos. Com 85 anos, o boné a proteger a cabeça do sol e um passo invulgarmente ágil para a idade, coloca-se ao lado de Assunção Cristas para uma fotografia. É o primeiro votante de Miranda do Douro, explica orgulhosamente. E sempre votou CDS. “Ligo sempre a televisão quando ela aparece”, conta, satisfeito. “Foi um gosto estar com ela”. Um encontro rápido, uma vez que a líder centrista teve de seguir do centro da aldeia, onde almoçou, para a Tanoaria onde se fabricam barricas para guardar e distribuir vinho, num dia dedicado ao interior do país.

A fotografia:

nuno botelho

Se tivesse de se desenhar um guião para as noites de campanha do CDS, seria qualquer coisa como isto: como momento forte da noite, um discurso de uma figura também forte que venha dar uma ajuda à campanha, adotando um tom dramático e assumindo um apelo ao voto sem contemplações. Depois, a líder, com as propostas prontas a recitar num tom mais suave e moderado.

Foi assim na primeira noite da semana, com Nuno Melo a distribuir um sem número de argumentos (e a malhar na esquerda, nos jornais e nos comentadores) para contrariar as más sondagens. E voltou a ser assim assim esta terça-feira, com Pedro Mota Soares a aparecer para carregar no drama e apelar ao “pragmatismo” da direita.

Em Viseu, distrito em que os centristas temem não conseguir segurar o assento do deputado Hélder Amaral - até porque o círculo perdeu um lugar -, Mota Soares foi ao “encontro de gerações” do partido elencar argumentos para “ninguém ficar em casa” no dia 7 de outubro. Primeiro, insistindo - e intensificando - o aviso que Cristas deixou em entrevista ao Expresso: dois terços do Parlamento à esquerda “tornariam Marcelo Rebelo de Sousa uma espécie de rainha de Inglaterra”, isto é, irrelevante.

Em distritos como Viseu isto é particularmente importante: os centristas abrem o jogo e dizem que é em círculos como este que a escolha para o último deputado a entrar fica entre um assento para o CDS ou para o Bloco de Esquerda, pelo que a mobilização do seu eleitorado é decisiva. No quadro geral do país, será também esse trabalho que, confiam, ajudará a tirar a maioria absoluta ao PS - um objetivo que Mota Soares também assumiu.

Para isso, um discurso dramático com ecos do que Nuno Melo trouxera no dia anterior. Mota Soares trouxe de volta o fantasma do PREC, garantiu que “parece que voltámos a 1975”, enumerou os perigos de um país “muito virado à esquerda”. E, como Melo no dia anterior, lamentou o tratamento dado ao CDS, embora sem elencar tão claramente alvos como os comentadores políticos: “A nós, nada nos é dado. A nós, ninguém nos leva o colo. Connosco, o grau de tolerância é mesmo muito reduzido”.

Então, o que há a fazer? “Garantir que à direita ninguém fica em casa, ninguém embarca em aventureirismos, a direita é pragmática”. Pragmatismo também elogiado por Hélder Amaral, que falou depois de Mota Soares, e por Assunção Cristas, encarregue de encerrar a noite. Aplicando esse princípio a questões como o SNS, as creches ou a desburocratização para as empresas - tudo exemplos em que a esquerda é “ideologia pura” e o CDS é pragmático -, Assunção pediu a confiança dos eleitores de Viseu.

nuno botelho

Para o final tinha guardado um apelo ao voto tão direto que fez lembrar aquele com que encerrou a campanha europeia, em maio, pedindo a todos que levassem “a tia mais idosa a votar”. Desta vez, concretizou assim: “Peço que conversem com todas as pessoas que conhecem. Este é o tempo de falar com todos. Amigos, vizinhos, familiares, porta a porta até ao dia das eleições”.

Assunção acabava de falar e, nos altifalantes, começava a soar a voz de Dina: “Cada um que aqui vier trará mais dez”, promete o hino do partido. A uma semana e meia das eleições, a esperança é mesmo essa.

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