Pedro Mota Soares despede-se do Parlamento com avisos sobre “epifenómenos” mediáticos

10-07-2019
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É uma cara mais do que conhecida no Parlamento, após cinco legislaturas - quatro delas consecutivas - sentado na bancada do CDS, que chegou a liderar. Esta terça-feira, Pedro Mota Soares despediu-se da Assembleia da República, onde deixará de ter lugar no final desta legislatura. Fê-lo com avisos sobre o perigo da quebra de “compromissos” e “convenções” em democracia - e sobre uma “agenda mediática” que diminui a intervenção dos deputados.

Os alertas, que dominaram o discurso final de Mota Soares, começaram por um lamento de um valor que diz estar a ser “esquecido”: “o valor do compromisso”, particularmente dos “compromissos que no passado nunca haviam necessitado da palavra escrita para serem honrados”. Exemplos? A formação da ‘geringonça’, a escolha de Ferro Rodrigues para presidir à AR - “pela primeira vez preside a esta câmara alguém que não foi indicado pelo grupo político com mais deputados” - ou o “desrespeito pelos acordos de concertação social”.

Tudo isto, somado aos efeitos de uma “agenda mediática capturada por epifenómenos conjunturais”, impede o país de discutir as grandes reformas e os grandes valores, apontou, enumerando as suas prioridades, do crescimento da economia à estabilização do nível de desemprego ou à quebra dos ciclos de pobreza.

O problema, atirou, são as prioridades que tomam hoje em dia a Assembleia. “Nesta sala discutimos mais vezes a caça à raposa do que as questões éticas, sociais e económicas que a inteligência artificial coloca; hoje vamos debater as corridas de galgos e não vamos conseguir falar do acordo comercial da Europa com o Mercosul; discutimos mais vezes a semântica do politicamente correto do que o tipo e número de empregos que vão ser substituídos por robôs”, sublinhou. Uma tendência que não será apenas “um mal português”: há um “vento soporífero” que “atravessa a Europa”.

Quanto à despedida, Mota Soares escolheu citar o histórico centrista Adriano Moreira para dizer que agora é tempo de “plantar macieiras” e prometer depois que não irá “desistir”, o “pior erro que se pode fazer em política” - e que aprendeu com os erros que cometeu.

Referência a Portas, mas não a Cristas

A despedida tem um sabor amargo: além dos 10 anos passados no Parlamento nos últimos 15, Mota Soares, que foi também ministro do anterior Governo, sai depois de ter falhado a eleição no Parlamento Europeu, em maio. Isto significou ficar também de fora das listas para as legislativas, que nessa altura já estavam fechadas.

A hora do adeus foi agitada na Assembleia. Primeiro, a surpresa de um pedido de esclarecimento vindo da própria bancada do CDS. Era a deixa de Assunção Cristas para fazer a despedida do “amigo” Mota Soares, com quem, garantiu, continuará a contar “na primeira linha da política” - e a quem está “antecipadamente agradecida” por aquilo que ainda fará. Isto embora o próprio deputado não tivesse feito referência à líder no seu discurso - dirigiu, sim, uma palavra ao antecessor de Cristas, Paulo Portas, o líder de bancada "mais inspirador" que conheceu. Depois ainda foi a vez de Adão Silva, do PSD, e Ascenso Simões, do PS, intervirem para se despedirem do deputado. Resta saber quais as “macieiras” que Mota Soares irá agora, longe do Parlamento, plantar.

É uma cara mais do que conhecida no Parlamento, após cinco legislaturas - quatro delas consecutivas - sentado na bancada do CDS, que chegou a liderar. Esta terça-feira, Pedro Mota Soares despediu-se da Assembleia da República, onde deixará de ter lugar no final desta legislatura. Fê-lo com avisos sobre o perigo da quebra de “compromissos” e “convenções” em democracia - e sobre uma “agenda mediática” que diminui a intervenção dos deputados.

Os alertas, que dominaram o discurso final de Mota Soares, começaram por um lamento de um valor que diz estar a ser “esquecido”: “o valor do compromisso”, particularmente dos “compromissos que no passado nunca haviam necessitado da palavra escrita para serem honrados”. Exemplos? A formação da ‘geringonça’, a escolha de Ferro Rodrigues para presidir à AR - “pela primeira vez preside a esta câmara alguém que não foi indicado pelo grupo político com mais deputados” - ou o “desrespeito pelos acordos de concertação social”.

Tudo isto, somado aos efeitos de uma “agenda mediática capturada por epifenómenos conjunturais”, impede o país de discutir as grandes reformas e os grandes valores, apontou, enumerando as suas prioridades, do crescimento da economia à estabilização do nível de desemprego ou à quebra dos ciclos de pobreza.

O problema, atirou, são as prioridades que tomam hoje em dia a Assembleia. “Nesta sala discutimos mais vezes a caça à raposa do que as questões éticas, sociais e económicas que a inteligência artificial coloca; hoje vamos debater as corridas de galgos e não vamos conseguir falar do acordo comercial da Europa com o Mercosul; discutimos mais vezes a semântica do politicamente correto do que o tipo e número de empregos que vão ser substituídos por robôs”, sublinhou. Uma tendência que não será apenas “um mal português”: há um “vento soporífero” que “atravessa a Europa”.

Quanto à despedida, Mota Soares escolheu citar o histórico centrista Adriano Moreira para dizer que agora é tempo de “plantar macieiras” e prometer depois que não irá “desistir”, o “pior erro que se pode fazer em política” - e que aprendeu com os erros que cometeu.

Referência a Portas, mas não a Cristas

A despedida tem um sabor amargo: além dos 10 anos passados no Parlamento nos últimos 15, Mota Soares, que foi também ministro do anterior Governo, sai depois de ter falhado a eleição no Parlamento Europeu, em maio. Isto significou ficar também de fora das listas para as legislativas, que nessa altura já estavam fechadas.

A hora do adeus foi agitada na Assembleia. Primeiro, a surpresa de um pedido de esclarecimento vindo da própria bancada do CDS. Era a deixa de Assunção Cristas para fazer a despedida do “amigo” Mota Soares, com quem, garantiu, continuará a contar “na primeira linha da política” - e a quem está “antecipadamente agradecida” por aquilo que ainda fará. Isto embora o próprio deputado não tivesse feito referência à líder no seu discurso - dirigiu, sim, uma palavra ao antecessor de Cristas, Paulo Portas, o líder de bancada "mais inspirador" que conheceu. Depois ainda foi a vez de Adão Silva, do PSD, e Ascenso Simões, do PS, intervirem para se despedirem do deputado. Resta saber quais as “macieiras” que Mota Soares irá agora, longe do Parlamento, plantar.

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