Ex-dirigentes do PS de Penela condenados a multa por falsificação de votos

16-07-2018
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Cada arguido terá de pagar 2500 euros. Juiz entendeu que conduta seria mais grave se estivessem em causa eleições para órgãos do Estado e não para uma estrutura partidária

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Os antigos dirigentes do Partido Socialista de Penela que estavam acusados de falsificação e contrafacção de documentos na forma continuada foram nesta sexta-feira condenados a uma multa de 2500 euros cada.

Os antigos dirigentes do Partido Socialista de Penela que estavam acusados de falsificação e contrafacção de documentos na forma continuada foram nesta sexta-feira condenados a uma multa de 2500 euros cada.

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O ex-presidente da concelhia de Penela, Renato França, e o antigo secretário coordenador, Rui Horta, estavam acusados pelo Ministério Público (MP) de falsear 52 fichas de inscrição no PS com o objectivo de beneficiar o candidato Pedro Coimbra (que hoje é deputado), que concorria com Mário Ruivo à liderança da distrital de Coimbra do partido em 2012. A acusação estendia-se ao acto eleitoral de 2013 em que António José Seguro derrotou Aires Pedro na corrida para o cargo de secretário-geral do PS. O MP referia igualmente que os arguidos introduziram nas urnas os boletins desses militantes e que terão forjado a sua assinatura nos cadernos eleitorais.

Na leitura de sentença que decorreu no Tribunal de Coimbra, o juiz Rodrigo Costa deu “como provada a generalidade dos factos da acusação”, referindo que a falsificação de votos contribuiu “negativamente para a consolidação da democracia”, que os dois antigos responsáveis partidários “deviam promover”. Atribuindo uma culpa “elevada” aos arguidos, o magistrado deu como atenuantes a ausência de antecedentes criminais e o facto de os arguidos estarem “suficientemente integrados na sociedade”, tanto a nível familiar como profissional.

Na interpretação do juiz, os actos praticados tiveram menor gravidade por terem sido praticados no âmbito de uma estrutura político-partidária, entendendo que esta conduta teria maior gravidade se as eleições em questão fossem para um órgão estatal. As eleições de 2012 para a distrital do PS acabariam por ser ganhas por Pedro Coimbra (que se mantém na liderança da estrutura), com 2978 votos, contra 2282 de Mário Ruivo.

“Não estou contente com a condenação de ninguém, estou contente que se faça história”, disse aos jornalistas a militante socialista que denunciou a existência de fichas falsas no PS de Coimbra, Cristina Martins. Este é um passo para que os partidos sejam “transparentes e sérios” para com o próprio eleitorado, referiu, acrescentando que o caso só avançou para tribunal porque não foi resolvido internamente.

Ricardo Ferreira da Silva, um dos advogados da defesa dos arguidos, considerou a decisão “injusta” a avançou que vai recorrer da sentença.

O julgamento que teve a última sessão nesta sexta-feira contou com camaradas em cada um dos lados, característica que levou a momentos de crispação na sala de audiências. Ao longo da audição de testemunhas o juiz foi sendo obrigado a intervir, fazendo notar, por exemplo, que o tribunal “não é a sede de um partido político”.

Se os arguidos apoiaram Pedro Coimbra em 2012, Cristina Martins, que foi secretária coordenadora da secção da Sé Nova (Coimbra) do PS de 2003 a 2010, apoiou Mário Ruivo. Os advogados das partes são também camaradas: Marcos Júlio sucedeu a Cristina Martins no cargo de secretário coordenador da Sé Nova, sendo que José Manuel Ferreira da Silva, que defendeu Renato França e Rui Horta, é o actual líder do grupo socialista da Assembleia Municipal de Coimbra. Advogado e apoiante de Pedro Coimbra, Ferreira da Silva fazia igualmente parte da Comissão Nacional de Jurisdição do PS, o órgão que em 2014 assinou a expulsão de Cristina Martins do partido. O Tribunal Constitucional viria a reverter essa decisão no mesmo ano.

A denúncia da existência de fichas falsas no Partido Socialista de Coimbra com vista a apoiar Pedro Coimbra tinha já dado origem a um processo de maior dimensão, que acabou por ser suspenso no início de 2016. Os 18 arguidos acordaram com o Ministério Público que pagariam a instituições ou cumpririam tempo de trabalho comunitário e o caso não avançou para julgamento.

Entre os arguidos estavam o ex-deputado Rui Duarte, o presidente da Câmara Municipal de Soure, Mário Nunes (bem como dois funcionários da mesma autarquia), o presidente da Junta de Freguesia da Praia de Mira, Francisco Reigota e três membros da Assembleia Municipal de Penacova. Foram igualmente constituídos arguidos o ex-presidente da concelhia do PS da Figueira da Foz, António João Paredes, o ex-líder da concelhia da Juventude Socialista de Coimbra, Manuel Milagre e o ex-presidente da Associação Académica de Coimbra, André Oliveira.

Cada arguido terá de pagar 2500 euros. Juiz entendeu que conduta seria mais grave se estivessem em causa eleições para órgãos do Estado e não para uma estrutura partidária

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Os antigos dirigentes do Partido Socialista de Penela que estavam acusados de falsificação e contrafacção de documentos na forma continuada foram nesta sexta-feira condenados a uma multa de 2500 euros cada.

Os antigos dirigentes do Partido Socialista de Penela que estavam acusados de falsificação e contrafacção de documentos na forma continuada foram nesta sexta-feira condenados a uma multa de 2500 euros cada.

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O ex-presidente da concelhia de Penela, Renato França, e o antigo secretário coordenador, Rui Horta, estavam acusados pelo Ministério Público (MP) de falsear 52 fichas de inscrição no PS com o objectivo de beneficiar o candidato Pedro Coimbra (que hoje é deputado), que concorria com Mário Ruivo à liderança da distrital de Coimbra do partido em 2012. A acusação estendia-se ao acto eleitoral de 2013 em que António José Seguro derrotou Aires Pedro na corrida para o cargo de secretário-geral do PS. O MP referia igualmente que os arguidos introduziram nas urnas os boletins desses militantes e que terão forjado a sua assinatura nos cadernos eleitorais.

Na leitura de sentença que decorreu no Tribunal de Coimbra, o juiz Rodrigo Costa deu “como provada a generalidade dos factos da acusação”, referindo que a falsificação de votos contribuiu “negativamente para a consolidação da democracia”, que os dois antigos responsáveis partidários “deviam promover”. Atribuindo uma culpa “elevada” aos arguidos, o magistrado deu como atenuantes a ausência de antecedentes criminais e o facto de os arguidos estarem “suficientemente integrados na sociedade”, tanto a nível familiar como profissional.

Na interpretação do juiz, os actos praticados tiveram menor gravidade por terem sido praticados no âmbito de uma estrutura político-partidária, entendendo que esta conduta teria maior gravidade se as eleições em questão fossem para um órgão estatal. As eleições de 2012 para a distrital do PS acabariam por ser ganhas por Pedro Coimbra (que se mantém na liderança da estrutura), com 2978 votos, contra 2282 de Mário Ruivo.

“Não estou contente com a condenação de ninguém, estou contente que se faça história”, disse aos jornalistas a militante socialista que denunciou a existência de fichas falsas no PS de Coimbra, Cristina Martins. Este é um passo para que os partidos sejam “transparentes e sérios” para com o próprio eleitorado, referiu, acrescentando que o caso só avançou para tribunal porque não foi resolvido internamente.

Ricardo Ferreira da Silva, um dos advogados da defesa dos arguidos, considerou a decisão “injusta” a avançou que vai recorrer da sentença.

O julgamento que teve a última sessão nesta sexta-feira contou com camaradas em cada um dos lados, característica que levou a momentos de crispação na sala de audiências. Ao longo da audição de testemunhas o juiz foi sendo obrigado a intervir, fazendo notar, por exemplo, que o tribunal “não é a sede de um partido político”.

Se os arguidos apoiaram Pedro Coimbra em 2012, Cristina Martins, que foi secretária coordenadora da secção da Sé Nova (Coimbra) do PS de 2003 a 2010, apoiou Mário Ruivo. Os advogados das partes são também camaradas: Marcos Júlio sucedeu a Cristina Martins no cargo de secretário coordenador da Sé Nova, sendo que José Manuel Ferreira da Silva, que defendeu Renato França e Rui Horta, é o actual líder do grupo socialista da Assembleia Municipal de Coimbra. Advogado e apoiante de Pedro Coimbra, Ferreira da Silva fazia igualmente parte da Comissão Nacional de Jurisdição do PS, o órgão que em 2014 assinou a expulsão de Cristina Martins do partido. O Tribunal Constitucional viria a reverter essa decisão no mesmo ano.

A denúncia da existência de fichas falsas no Partido Socialista de Coimbra com vista a apoiar Pedro Coimbra tinha já dado origem a um processo de maior dimensão, que acabou por ser suspenso no início de 2016. Os 18 arguidos acordaram com o Ministério Público que pagariam a instituições ou cumpririam tempo de trabalho comunitário e o caso não avançou para julgamento.

Entre os arguidos estavam o ex-deputado Rui Duarte, o presidente da Câmara Municipal de Soure, Mário Nunes (bem como dois funcionários da mesma autarquia), o presidente da Junta de Freguesia da Praia de Mira, Francisco Reigota e três membros da Assembleia Municipal de Penacova. Foram igualmente constituídos arguidos o ex-presidente da concelhia do PS da Figueira da Foz, António João Paredes, o ex-líder da concelhia da Juventude Socialista de Coimbra, Manuel Milagre e o ex-presidente da Associação Académica de Coimbra, André Oliveira.

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