Emojis de olhinhos revirados e astronautas a dançar, pimba! A campanha nas redes

19-10-2019
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Este é o último fim de semana da campanha para as legislativas. Milhões de portugueses, dispensados das azáfamas dos dias úteis, vão passar estes dias nos seus sofás, nos jardins das suas cidades, em várias esplanadas, a percorrer as redes sociais. Enquanto os líderes seguem com as suas comitivas, as suas bandeirinhas e as suas palavras de ordem, o staff encarregado das redes sociais em cada partido não descansa. Com cada vez mais gente, e de todas as faixas etárias, a consumir apenas as notícias que aparecem no Facebook, no Twitter e no Instagram, não é de estranhar que algumas das mensagens mais diretas, e talvez por isso também mais agressivas, estejam a aparecer nas redes. O primeiro destaque vai para uma publicação no Instagram do CDS que visa diretamente a manchete do Expresso desta semana. Uma fotografia da primeira página - “PS aponta para conspiração do Ministério Público” aparece lado a lado com o emoji dos olhinhos revirados, o CDS a mostrar que está cansado da desculpa da cabala que o PS desembaínha em momentos sensíveis.

A manhã de sábado no Largo do Caldas foi séria, até solene. Assunção Cristas cancelou a agenda de manhã para se poder reunir com a Comissão Executiva do CDS e alinhar o plano de ataque para Tancos. Se é por acreditar que de facto António Costa sabia de tudo e o país merece esclarecimentos ou se é mais porque - como já disse Jerónimo de Sousa de Rui Rio -, “não tem mais assunto” a líder do CDS carregou nas tintas. E, como tudo o que é polémico, o caso de Tancos passou rapidamente para as redes com ataques claros: segundo a direita, os partidos de esquerda branquearam a gravidade do caso, e ficaram do lado do primeiro-ministro.

O CDS propõem-se também a ser uma alternativa ao socialismo, uma palavra que o CDS usa bastante nas suas mensagens, de certo na esperança que ela inflija tanto dano por cá como, digamos, nos Estados Unidos.

Pelo meio das publicações mais duras, o CDS vai colocando as propostas, em pouquíssimas palavras, uma coisa escorreita e simples, para ficar na cabeça: “Fazer um doutoramento recorrendo a uma bolsa não pode ser entendido apenas como um passo para um emprego numa instituição de ensino. Propomos que mais de 20% das Bolsas de Doutoramento concedidas pela FCT sejam destinadas a programas de doutoramento em contexto empresarial”, é uma delas. Pelo meio, no Twitter, aparece o deputado Hélder Amaral, que gravou um vídeo de campanha no meio das vinhas de Viseu, o que também serve para as pessoas não pensarem que quem vota no CDS é tão betinho que nem gosta de vinho. Não é assim. A prestação da líder no programa de Ricardo Araújo Pereira, “Isto é Gente que Não Sabe Estar”, também está nas redes, para quem não teve possibilidade de ver em direito e não tem uma televisão daquelas que rebobina. Mas a verdadeira surpresa, aparentemente até para Assunção Cristas, é quando Paulo Portas se cruza com ela nos bastidores da TVI, uma fotografia que Cristas pode imprimir para abanar sempre que alguém disser que ela não tem o guru centrista do seu lado. Nota: encontraram-se na estação de Queluz, o que ainda não aconteceu na campanha (Portas esteve numa ação em Aveiro, sem Cristas, e só apareceu num evento através de um vídeo).

Se são impostos, Rio pimba! Já o líder do PSD optou este sábado por se focar numa coisa que, no seu entender, é boa mas só se for ele a defendê-la. Depois de a direita, como aliás é ideologicamente compreensível, ter passado os últimos dias a pedir ainda com mais afinco a redução de impostos, parece que Mário Centeno prometeu desagravamento da carga fiscal, um golpe eleitoralista, entende Rio. E chama um hit do pimba em auxílio da mensagem política:

Durante toda a manhã, as páginas do Twitter do PSD e o do seu líder foram monotemáticas:

Fora aquela altura em que fez “baixar” o espírito de Sá-Carneiro, a eterna inspiração dos sociais-democratas:

Tal como o emoji enfastiado do CDS, também Rui Rio sabe usar a ironia: no dia 27, quando a sondagem da Pitagórica mostra todos os partidos a descer menos o PAN, Rio colocou um astronauta a dançar no Twitter.

O Livre ao pontapé Com a palavra-chave #pontapénoestaminé, o Livre continua a sua luta para se impor como partido pequeno mas que não tem medo de agitar o mundo dos grandes. Na rede social Twitter, a candidata ao parlamento por Lisboa, Joacine Katar Moreira é a personagem principal. O líder, Rui Tavares, recupera na sua conta do Twitter, a frase que a cabeça de lista disse no programa de Ricardo Araújo Pereira, e aproveita o facto de a candidata assumir a sua gaguez como fator de diferença.

BE: ironia e propostas O Bloco de Esquerda também mostra muito cuidado com o que coloca nas redes: pontos diretos, enumerados em frases simples, fotografias da líder e de outros membros do Bloco nas manifestações pelo ambiente e frases de pessoas “comuns” que apoiam o Bloco.

No Instagram, o Bloco tem várias fotografias que mostram como a realidade, para alguns setores laborais, não vai assim tão bem. Um exemplo é o anúncio de oferta de emprego que se pode ver em baixo, onde tudo se pede do candidato mas só se oferece o ordenado mínimo pelas qualificações.

Nos últimos dias, o Partido Comunista Português também focou a sua participação nas redes nas questões de Tancos e alterações climáticas. Entre discursos do seu líder e vídeos com bandeiras vermelhas a agitar em comícios, o PCP tenta também ir mantendo a distância higiénica necessária dos seus parceiros de Governo.

Comunistas pelo clima A acompanhar um vídeo com imagens das manifestações em Lisboa, o PCP explica o que ainda quer fazer: Adotar medidas de redução, reutilização e reciclagem de resíduos e promover a durabilidade dos equipamentos (combate à obsolescência programada).

O meu partido é mais colorido que o teu O PAN foca-se quase exclusivamente nos seus temas base, a proteção do ambiente e dos direitos dos animais, mas recentemente publicou um gráfico feito de arco-irís que mostra que o PAN tem “mais cores” que todos os outros partidos. Porque, e citamos, “o arco-irís também vota” - seja lá o que isso quer dizer. (Um apelo à comunidade LGBTI?)

Este é o último fim de semana da campanha para as legislativas. Milhões de portugueses, dispensados das azáfamas dos dias úteis, vão passar estes dias nos seus sofás, nos jardins das suas cidades, em várias esplanadas, a percorrer as redes sociais. Enquanto os líderes seguem com as suas comitivas, as suas bandeirinhas e as suas palavras de ordem, o staff encarregado das redes sociais em cada partido não descansa. Com cada vez mais gente, e de todas as faixas etárias, a consumir apenas as notícias que aparecem no Facebook, no Twitter e no Instagram, não é de estranhar que algumas das mensagens mais diretas, e talvez por isso também mais agressivas, estejam a aparecer nas redes. O primeiro destaque vai para uma publicação no Instagram do CDS que visa diretamente a manchete do Expresso desta semana. Uma fotografia da primeira página - “PS aponta para conspiração do Ministério Público” aparece lado a lado com o emoji dos olhinhos revirados, o CDS a mostrar que está cansado da desculpa da cabala que o PS desembaínha em momentos sensíveis.

A manhã de sábado no Largo do Caldas foi séria, até solene. Assunção Cristas cancelou a agenda de manhã para se poder reunir com a Comissão Executiva do CDS e alinhar o plano de ataque para Tancos. Se é por acreditar que de facto António Costa sabia de tudo e o país merece esclarecimentos ou se é mais porque - como já disse Jerónimo de Sousa de Rui Rio -, “não tem mais assunto” a líder do CDS carregou nas tintas. E, como tudo o que é polémico, o caso de Tancos passou rapidamente para as redes com ataques claros: segundo a direita, os partidos de esquerda branquearam a gravidade do caso, e ficaram do lado do primeiro-ministro.

O CDS propõem-se também a ser uma alternativa ao socialismo, uma palavra que o CDS usa bastante nas suas mensagens, de certo na esperança que ela inflija tanto dano por cá como, digamos, nos Estados Unidos.

Pelo meio das publicações mais duras, o CDS vai colocando as propostas, em pouquíssimas palavras, uma coisa escorreita e simples, para ficar na cabeça: “Fazer um doutoramento recorrendo a uma bolsa não pode ser entendido apenas como um passo para um emprego numa instituição de ensino. Propomos que mais de 20% das Bolsas de Doutoramento concedidas pela FCT sejam destinadas a programas de doutoramento em contexto empresarial”, é uma delas. Pelo meio, no Twitter, aparece o deputado Hélder Amaral, que gravou um vídeo de campanha no meio das vinhas de Viseu, o que também serve para as pessoas não pensarem que quem vota no CDS é tão betinho que nem gosta de vinho. Não é assim. A prestação da líder no programa de Ricardo Araújo Pereira, “Isto é Gente que Não Sabe Estar”, também está nas redes, para quem não teve possibilidade de ver em direito e não tem uma televisão daquelas que rebobina. Mas a verdadeira surpresa, aparentemente até para Assunção Cristas, é quando Paulo Portas se cruza com ela nos bastidores da TVI, uma fotografia que Cristas pode imprimir para abanar sempre que alguém disser que ela não tem o guru centrista do seu lado. Nota: encontraram-se na estação de Queluz, o que ainda não aconteceu na campanha (Portas esteve numa ação em Aveiro, sem Cristas, e só apareceu num evento através de um vídeo).

Se são impostos, Rio pimba! Já o líder do PSD optou este sábado por se focar numa coisa que, no seu entender, é boa mas só se for ele a defendê-la. Depois de a direita, como aliás é ideologicamente compreensível, ter passado os últimos dias a pedir ainda com mais afinco a redução de impostos, parece que Mário Centeno prometeu desagravamento da carga fiscal, um golpe eleitoralista, entende Rio. E chama um hit do pimba em auxílio da mensagem política:

Durante toda a manhã, as páginas do Twitter do PSD e o do seu líder foram monotemáticas:

Fora aquela altura em que fez “baixar” o espírito de Sá-Carneiro, a eterna inspiração dos sociais-democratas:

Tal como o emoji enfastiado do CDS, também Rui Rio sabe usar a ironia: no dia 27, quando a sondagem da Pitagórica mostra todos os partidos a descer menos o PAN, Rio colocou um astronauta a dançar no Twitter.

O Livre ao pontapé Com a palavra-chave #pontapénoestaminé, o Livre continua a sua luta para se impor como partido pequeno mas que não tem medo de agitar o mundo dos grandes. Na rede social Twitter, a candidata ao parlamento por Lisboa, Joacine Katar Moreira é a personagem principal. O líder, Rui Tavares, recupera na sua conta do Twitter, a frase que a cabeça de lista disse no programa de Ricardo Araújo Pereira, e aproveita o facto de a candidata assumir a sua gaguez como fator de diferença.

BE: ironia e propostas O Bloco de Esquerda também mostra muito cuidado com o que coloca nas redes: pontos diretos, enumerados em frases simples, fotografias da líder e de outros membros do Bloco nas manifestações pelo ambiente e frases de pessoas “comuns” que apoiam o Bloco.

No Instagram, o Bloco tem várias fotografias que mostram como a realidade, para alguns setores laborais, não vai assim tão bem. Um exemplo é o anúncio de oferta de emprego que se pode ver em baixo, onde tudo se pede do candidato mas só se oferece o ordenado mínimo pelas qualificações.

Nos últimos dias, o Partido Comunista Português também focou a sua participação nas redes nas questões de Tancos e alterações climáticas. Entre discursos do seu líder e vídeos com bandeiras vermelhas a agitar em comícios, o PCP tenta também ir mantendo a distância higiénica necessária dos seus parceiros de Governo.

Comunistas pelo clima A acompanhar um vídeo com imagens das manifestações em Lisboa, o PCP explica o que ainda quer fazer: Adotar medidas de redução, reutilização e reciclagem de resíduos e promover a durabilidade dos equipamentos (combate à obsolescência programada).

O meu partido é mais colorido que o teu O PAN foca-se quase exclusivamente nos seus temas base, a proteção do ambiente e dos direitos dos animais, mas recentemente publicou um gráfico feito de arco-irís que mostra que o PAN tem “mais cores” que todos os outros partidos. Porque, e citamos, “o arco-irís também vota” - seja lá o que isso quer dizer. (Um apelo à comunidade LGBTI?)

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