barnabé

03-06-2017
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Sonatina burocrática Aqui há uns tempos, um blogue conservador, imaginativamente chamado "On Being Conservative", dedicou ao Barnabé um poema de Álvaro de Campos Não estou pensando em nada

E essa coisa central, que é coisa nenhuma,

É-me agradável como o ar da noite,

Fresco em contraste com o verão quente do dia, Não estou pensando em nada, e que bom! [etc.] A coisa ficou uns tempos no technorati; depois esvaiu-se. A mim deu-me que pensar. E a conclusão a que cheguei, depois de umas equações que a guilhotina da meia-noite e o fim do Barnabé mesmo aqui em cima da nuca não permitem que refaça para melhor satisfação da clientela, e rabiscando num caderno de notas que agora procurei e não consegui achar – a conclusão a que cheguei, dizia eu, é de que a direita precisa de amor. De amor. O sisudo José Manuel Fernandes; a severa Fátima Bonifácio, sempre saudosa de uma época sem pieguice; esse conquistador do oeste que é Paulo Portas mais os seus cowboys dos sobreiros; Pacheco Pereira, que não admite a ninguém que seja mais modesto do que ele; lord João Carlos Espada; Helena Matos e a newsletter do saudoso Banco Português do Atlântico; o axiomático João Miranda; esse grande pensador da contra-reforma que é João César das Neves; Filomena Mónica na busca incessante da empregada perfeita; os desleais orgânicos Pedro Lomba e Pedro Mexia; Cavaco Silva, também chamado de o rei do bolo; e João Pereira Coutinho que já está um homenzinho – todos eles precisam de carinho, de uma ternura cósmica, transbordante, ou de uns desvelos pequeninos – miminhos, afinal – de atenção, de qualquer coisa que os acalme, que lhes dê confiança, que os deixe regressar ao colo da mãe, esse mundo certinho, seguro, cheio de cavalheirismo, rapazes com a tabuada na ponta da língua, livros com intriga e personagens, torradas. Eu estou de saída e não sei se volto. Vocês, que aqui ficam, dêem-lhes amor. [ruitavares] 23:42 | imprimir | enviar | linkar (0)| comentar (10)

Era uma vez um arrastão Estive até ao ultimo momento a pensar escrever um post de despedida. Mas não. Parece-me que o melhor tributo que se pode fazer ao Barnabé é, neste seu ultimo dia, continuar como se nada fosse, procurando sempre aquilo que o fez “diferente dos outros”. Um blogue que nunca se importou de ir contra a corrente do politicamente correcto, um blogue que nunca fugiu de uma polémica por medo da polémica. Assim, e parafraseando o João Mac Donald, também eu estou grato à Diana Andringa pelo seu vídeo ”Era uma vez um arrastão". Porque, como diz a sinopse do documentário, ”Era uma vez um arrastão" passa em revista um crime que nunca existiu, a atitude dos media perante uma história explosiva e as consequências políticas e sociais de uma notícia falsa”. [pedro sales] 23:18 | imprimir | enviar | linkar (0)| comentar (122)

Último post A man walks into a bar with a slab of asphalt under his arm and says: "A beer please, and one for the road".

Obrigado pela atenção. Abraços e até já.

[joaomacdonald] 22:41 | imprimir | enviar | linkar (1)| comentar (9)

A essência da matemática é a liberdade A urgência, muitas vezes falsa, da imprensa tende para resumir em duas páginas e pouco mais a vida dos grandes homens. Foi assim com Emídio Guerreiro, desaparecido neste mês de Junho de 2005. Por certo nem as páginas todas de um jornal servem para evocar a vida de um homem, muitíssimo menos a de Emídio Guerreiro. O futuro e os conscienciosos de que nada se faz bem com pressa tratarão de organizar dignamente a memória deste lutador pela Liberdade. Entretanto, na tentativa de contrariar um pouco essa urgência mediática, e principalmente porque sei que alguns desses conscienciosos estão sempre activos, aproveito para deixar no Barnabé um pedaço de memória e de ciência referente ao também matemático que Emídio Guerreiro foi. O que se pode ler mais abaixo é o prefácio que o matemático Paulo Almeida, professor do Instituto Superior Técnico, escreveu para Dois apontamentos matemáticos – dois textos de Emídio Guerreiro publicados pela Sociedade Portuguesa de Matemática (mas ainda sem edição comercial). Esta transcrição é apenas mais uma forma de homenagear Guerreiro, na certeza de que será útil aos apaixonados pela Matemática portuguesa. (Este texto, como todos os outros, manter-se-á no arquivo do Barnabé.)

Continue a ler "A essência da matemática é a liberdade"

[joaomacdonald] 22:25 | imprimir | enviar | linkar (0)| comentar (4)

A posta restante Quando um tipo chega à marisqueira do bairro onde vive e o empregado com um ar meio trocista meio cúmplice lhe pergunta:

o prego é com imperial, sr. Barnabé? - percebe que esta coisa de ter um blog com uns amigos excedeu todas as suas expectativas. A cena passou-se, e repetiu-se várias vezes, depois de eu e o Daniel termos ido ao Cabaret da Coxa promover o livro e é para mim o melhor emblema do sucesso deste blog. O Barnabé conseguiu ser provocador, falar de coisas complicadas numa linguagem simples e agitar algumas cabecinhas acomodadas, ao mesmo tempo que lhes oferecia um espaço para poderem espumar à vontade. Este é, aliás, um dos benefícios do aparecimento da blogosfera que o Barnabé tão bem capitalizou: renovar a linguagem no espaço público, fornecer-lhe uma ousadia no discurso que a maioria da imprensa, demasiado cristalizada geracionalmente, não evidencia.

Tudo isto foi divertido e deu muito trabalho, sobretudo ao Daniel e ao Rui Tavares que com voluntarismo e inteligência foram quem mais contribuiu cá para a chafarica. A eles, ao André, ao Pedro e aos que a nós se juntaram depois, quero agradecer o facto de me terem deixado fazer parte do clube.

Uma palavra sobre a crise dos últimos tempos. Não usemos de paninhos quentes: o Barnabé acaba minado pelo sectarismo, mas não é essa a prova última e definitiva de que este é um blog verdadeiramente de esquerda e genuinamente português?

Estou certo de que pioneiros como o Rui e o Daniel não andarão muito tempo afastados da bloga e o mesmo pode valer para os outros. Quanto a mim, pode ser que haja novidades em Setembro, depois de umas férias retemperantes. Até lá, queria agradecer àqueles que tiveram paciência para nos aturar e desejar a todos, como faria o Pacheco, Saúde e bichas.

[celsomartins] 22:00 | imprimir | enviar | linkar (0)| comentar (1)

Mais quatro quadras ao mesmo assunto Quem levas tu, ó blogueiro?

nesse caixão tão furado

é aí que vai deitado

o barnabé tão ligeiro? meu amigo tão atento

não é nada do que you think

barnabé já virou link

tal qual pôs no testamento meu amigo mais que tudo

tira daí o bedelho

neste caixão tão vermelho

quem vai dentro é o entrudo inda antes que alguém saia

bebamos a derradeira

que esta cena tá porreira

pra dar parabéns à praia

[andrebelo] 09:45 | imprimir | enviar | linkar (0)| comentar (4)

Contra-décima ao enterro do Barnabé no dia 3 de Julho Se fora eu a enterrá-lo

Esse, entre os blogues diferente

Acabara-o de repente

Sem dar azo a mais badalo

Desta morte só não calo

Contra maldizentes tantos

Que não causar deve espantos,

Nem é sucesso admirado

Quem não morre endiabrado

Fica a postar pelos cantos [andrebelo] 09:34 | imprimir | enviar | linkar (0)| comentar (1)

Ao enterro do Barnabé no dia 3 de Julho Aqui vai com muito abalo

Um blogue dos mais diferente

(Pois o lia tanta gente)

Vem a morte terminá-lo

Eu de pasmo já não falo

Entre os fúnebres espantos

Mas digo o que dizem tantos,

Fica o mundo admirado,

Que um blogue já finado

Queiram tantos enterrá-lo [Saiu em contraposição desta décima outra pelos mesmos consoantes — aliás mais correcta — que se publicará no post que vem] [andrebelo] 09:33 | imprimir | enviar | linkar (0)| comentar (1)

Um dia a gente chega lá "...estava pensando que para Portugal ter uma situação de desemprego parecida com o Brasil vai precisar de pelo menos dez anos de investimento na irresponsabilidade."

Tom Zé, em reportagem de João Bonifácio, ao suplemento Y do Público. [ruitavares] 04:29 | imprimir | enviar | linkar (0)| comentar (2)

Sonatina burocrática Aqui há uns tempos, um blogue conservador, imaginativamente chamado "On Being Conservative", dedicou ao Barnabé um poema de Álvaro de Campos Não estou pensando em nada

E essa coisa central, que é coisa nenhuma,

É-me agradável como o ar da noite,

Fresco em contraste com o verão quente do dia, Não estou pensando em nada, e que bom! [etc.] A coisa ficou uns tempos no technorati; depois esvaiu-se. A mim deu-me que pensar. E a conclusão a que cheguei, depois de umas equações que a guilhotina da meia-noite e o fim do Barnabé mesmo aqui em cima da nuca não permitem que refaça para melhor satisfação da clientela, e rabiscando num caderno de notas que agora procurei e não consegui achar – a conclusão a que cheguei, dizia eu, é de que a direita precisa de amor. De amor. O sisudo José Manuel Fernandes; a severa Fátima Bonifácio, sempre saudosa de uma época sem pieguice; esse conquistador do oeste que é Paulo Portas mais os seus cowboys dos sobreiros; Pacheco Pereira, que não admite a ninguém que seja mais modesto do que ele; lord João Carlos Espada; Helena Matos e a newsletter do saudoso Banco Português do Atlântico; o axiomático João Miranda; esse grande pensador da contra-reforma que é João César das Neves; Filomena Mónica na busca incessante da empregada perfeita; os desleais orgânicos Pedro Lomba e Pedro Mexia; Cavaco Silva, também chamado de o rei do bolo; e João Pereira Coutinho que já está um homenzinho – todos eles precisam de carinho, de uma ternura cósmica, transbordante, ou de uns desvelos pequeninos – miminhos, afinal – de atenção, de qualquer coisa que os acalme, que lhes dê confiança, que os deixe regressar ao colo da mãe, esse mundo certinho, seguro, cheio de cavalheirismo, rapazes com a tabuada na ponta da língua, livros com intriga e personagens, torradas. Eu estou de saída e não sei se volto. Vocês, que aqui ficam, dêem-lhes amor. [ruitavares] 23:42 | imprimir | enviar | linkar (0)| comentar (10)

Era uma vez um arrastão Estive até ao ultimo momento a pensar escrever um post de despedida. Mas não. Parece-me que o melhor tributo que se pode fazer ao Barnabé é, neste seu ultimo dia, continuar como se nada fosse, procurando sempre aquilo que o fez “diferente dos outros”. Um blogue que nunca se importou de ir contra a corrente do politicamente correcto, um blogue que nunca fugiu de uma polémica por medo da polémica. Assim, e parafraseando o João Mac Donald, também eu estou grato à Diana Andringa pelo seu vídeo ”Era uma vez um arrastão". Porque, como diz a sinopse do documentário, ”Era uma vez um arrastão" passa em revista um crime que nunca existiu, a atitude dos media perante uma história explosiva e as consequências políticas e sociais de uma notícia falsa”. [pedro sales] 23:18 | imprimir | enviar | linkar (0)| comentar (122)

Último post A man walks into a bar with a slab of asphalt under his arm and says: "A beer please, and one for the road".

Obrigado pela atenção. Abraços e até já.

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A essência da matemática é a liberdade A urgência, muitas vezes falsa, da imprensa tende para resumir em duas páginas e pouco mais a vida dos grandes homens. Foi assim com Emídio Guerreiro, desaparecido neste mês de Junho de 2005. Por certo nem as páginas todas de um jornal servem para evocar a vida de um homem, muitíssimo menos a de Emídio Guerreiro. O futuro e os conscienciosos de que nada se faz bem com pressa tratarão de organizar dignamente a memória deste lutador pela Liberdade. Entretanto, na tentativa de contrariar um pouco essa urgência mediática, e principalmente porque sei que alguns desses conscienciosos estão sempre activos, aproveito para deixar no Barnabé um pedaço de memória e de ciência referente ao também matemático que Emídio Guerreiro foi. O que se pode ler mais abaixo é o prefácio que o matemático Paulo Almeida, professor do Instituto Superior Técnico, escreveu para Dois apontamentos matemáticos – dois textos de Emídio Guerreiro publicados pela Sociedade Portuguesa de Matemática (mas ainda sem edição comercial). Esta transcrição é apenas mais uma forma de homenagear Guerreiro, na certeza de que será útil aos apaixonados pela Matemática portuguesa. (Este texto, como todos os outros, manter-se-á no arquivo do Barnabé.)

Continue a ler "A essência da matemática é a liberdade"

[joaomacdonald] 22:25 | imprimir | enviar | linkar (0)| comentar (4)

A posta restante Quando um tipo chega à marisqueira do bairro onde vive e o empregado com um ar meio trocista meio cúmplice lhe pergunta:

o prego é com imperial, sr. Barnabé? - percebe que esta coisa de ter um blog com uns amigos excedeu todas as suas expectativas. A cena passou-se, e repetiu-se várias vezes, depois de eu e o Daniel termos ido ao Cabaret da Coxa promover o livro e é para mim o melhor emblema do sucesso deste blog. O Barnabé conseguiu ser provocador, falar de coisas complicadas numa linguagem simples e agitar algumas cabecinhas acomodadas, ao mesmo tempo que lhes oferecia um espaço para poderem espumar à vontade. Este é, aliás, um dos benefícios do aparecimento da blogosfera que o Barnabé tão bem capitalizou: renovar a linguagem no espaço público, fornecer-lhe uma ousadia no discurso que a maioria da imprensa, demasiado cristalizada geracionalmente, não evidencia.

Tudo isto foi divertido e deu muito trabalho, sobretudo ao Daniel e ao Rui Tavares que com voluntarismo e inteligência foram quem mais contribuiu cá para a chafarica. A eles, ao André, ao Pedro e aos que a nós se juntaram depois, quero agradecer o facto de me terem deixado fazer parte do clube.

Uma palavra sobre a crise dos últimos tempos. Não usemos de paninhos quentes: o Barnabé acaba minado pelo sectarismo, mas não é essa a prova última e definitiva de que este é um blog verdadeiramente de esquerda e genuinamente português?

Estou certo de que pioneiros como o Rui e o Daniel não andarão muito tempo afastados da bloga e o mesmo pode valer para os outros. Quanto a mim, pode ser que haja novidades em Setembro, depois de umas férias retemperantes. Até lá, queria agradecer àqueles que tiveram paciência para nos aturar e desejar a todos, como faria o Pacheco, Saúde e bichas.

[celsomartins] 22:00 | imprimir | enviar | linkar (0)| comentar (1)

Mais quatro quadras ao mesmo assunto Quem levas tu, ó blogueiro?

nesse caixão tão furado

é aí que vai deitado

o barnabé tão ligeiro? meu amigo tão atento

não é nada do que you think

barnabé já virou link

tal qual pôs no testamento meu amigo mais que tudo

tira daí o bedelho

neste caixão tão vermelho

quem vai dentro é o entrudo inda antes que alguém saia

bebamos a derradeira

que esta cena tá porreira

pra dar parabéns à praia

[andrebelo] 09:45 | imprimir | enviar | linkar (0)| comentar (4)

Contra-décima ao enterro do Barnabé no dia 3 de Julho Se fora eu a enterrá-lo

Esse, entre os blogues diferente

Acabara-o de repente

Sem dar azo a mais badalo

Desta morte só não calo

Contra maldizentes tantos

Que não causar deve espantos,

Nem é sucesso admirado

Quem não morre endiabrado

Fica a postar pelos cantos [andrebelo] 09:34 | imprimir | enviar | linkar (0)| comentar (1)

Ao enterro do Barnabé no dia 3 de Julho Aqui vai com muito abalo

Um blogue dos mais diferente

(Pois o lia tanta gente)

Vem a morte terminá-lo

Eu de pasmo já não falo

Entre os fúnebres espantos

Mas digo o que dizem tantos,

Fica o mundo admirado,

Que um blogue já finado

Queiram tantos enterrá-lo [Saiu em contraposição desta décima outra pelos mesmos consoantes — aliás mais correcta — que se publicará no post que vem] [andrebelo] 09:33 | imprimir | enviar | linkar (0)| comentar (1)

Um dia a gente chega lá "...estava pensando que para Portugal ter uma situação de desemprego parecida com o Brasil vai precisar de pelo menos dez anos de investimento na irresponsabilidade."

Tom Zé, em reportagem de João Bonifácio, ao suplemento Y do Público. [ruitavares] 04:29 | imprimir | enviar | linkar (0)| comentar (2)

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