Nuno Melo recusa proximidade do Chega e ataca BE, o partido "que mais deplora"

24-07-2019
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Depois de estabelecer os alvos, passar ao ataque. E sem tréguas. É esta a estratégia de Nuno Melo, que dias depois de ter definido como sua fasquia para as eleições europeias ficar à frente dos “extremistas” Bloco de Esquerda e PCP, aproveita agora cada intervenção e discurso de campanha para enumerar as razões pelas quais essa ultrapassagem deve acontecer.

Voltou a fazê-lo esta quarta-feira, na praça da fruta das Caldas da Rainha, no final de uma volta rápida para distribuir beijinhos e passou-bem pelos vendedores. Afinal, Nuno Melo queria mesmo era falar sobre Segurança - um daqueles temas que o distinguem da esquerda mas também podem ajudar a colá-lo ao discurso da extrema-direita. Um rótulo que o candidato do CDS rejeita: “Somos o lado da direita da moderação, não somos nada da intolerância”.

Não se ouvem, então, ecos das palavras de André Ventura, que lidera o Chega e a coligação Basta!, quando vem falar de temas tão longínquos para Portugal como o terrorismo e a segurança das fronteiras? Melo rejeita a associação: reconhecer os méritos das forças de segurança e autoridade “não é ser de extrema-direita, é ter mínimos de decência”. “Não é um discurso nem de Bastas nem de Chegas. Com esse lado não temos nada que ver.”

Faltava a segunda parte do discurso: se o CDS assume como sua marca tradicional a prioridade dada à segurança, o mesmo não se pode dizer dos partidos mais à esquerda. E é aqui que Melo aproveita para ressuscitar os fantasmas do outro lado do Parlamento: da polémica da “bosta da bófia” ao “apoucamento” dos polícias que divulgaram fotografias de indivíduos detidos devido a agressões a idosos, o recandidato a Bruxelas passa os casos em revista para chegar à conclusão de que, para a esquerda, “o lado bom da história é sempre o do delinquente”.

Os ataques de Melo são ainda mais dirigidos ao Bloco de Esquerda, partido que esta tarde classificou assim, sem pudores: “O Bloco é a expressão do que eu mais deploro na política”. Se o candidato centrista se tem esforçado por expor as incoerências de esquerda, nas declarações aos jornalistas fez por carregar o tom, associando-lhe todos os termos associados à extrema-esquerda que encontrou. Questionado sobre o facto de Catarina Martins ter criticado a presença de Paulo Portas no jantar do CDS, nesta terça-feira, devolveu: “A aparição de Francisco Louçã ajuda a recuperar o PREC, as nacionalizações, a reforma agrária”. Já no mesmo jantar tinha, aliás, recorrido ao exemplo de Louçã para dizer que o dirigente bloquista apoia a campanha desde a ilha italiana da Sardenha. Tudo para chegar a um rótulo final: “a extrema-esquerda caviar”.

A dupla dos beijos e o abraço a Sande

nuno botelho

Se as declarações finais foram duras, durante a rápida ação de rua, esta manhã, a dupla Pedro Mota Soares e Nuno Melo dedicou-se a distribuir beijos, abraços e mimos. Mesmo quando não são desejados, Mota Soares entra em ação e não há idosa que, quer queira quer não, acabe por recusar um beijinho do número dois. Com um abraço especial: a meio da volta pela pequena feira, avistavam-se outras bandeiras, também azuis-claras, também com câmaras à volta. Era a campanha do Aliança que passava. O CDS ainda tentou evitar o cruzamento, mas Paulo Sande e Nuno Melo acabaram mesmo por trocar abraços e, do segundo para o primeiro, desejos de melhoras (Santana Lopes ainda está “dorido”, confidenciou Sande).

Depois, seguiu a volta. Com um bónus: com duas idosas reformadas a queixarem-se do mesmo problema (o aumento da taxa que têm de pagar para levantar dinheiro na Caixa Geral de Depósitos, através da caderneta), os candidatos tentaram aproveitar o assunto para as convencer a votar no CDS. Sem grandes efeitos: “Os grandes têm a riqueza toda para eles, os pobres têm de dar aos bancos. A minha reforma são 200 e tal euros!”. Então, que tal optar pelo CDS? “Vocês dizem isto mas não fazem nada!” “Não estamos no Governo, menina”, lembra Melo à “menina” Rosa Oliveira, que vende fruta sentada à sombra e não deixa Melo escapar sem pedir contas: “Quando o Coelho para lá foi tivemos de pagar tudo! Este [Costa] não deu nada, mas voltou a pôr o que eu tinha na reforma”. Nada feito, para Melo é um debate perdido.

nuno botelho

Mais à frente, outra idosa com a mesma queixa: os levantamentos com caderneta são cada vez mais caros e a revolta é tanta que não quer ir votar. “Mas assim dá força ao PS! Ajude-nos!”, pede Nuno Melo. Não parece ter grande sorte: nem pensar em deixar de dar os beijinhos da praxe, mas com o voto será difícil contar.

Entre críticas (“vão trabalhar!”, grita um homem de passagem) e simpatias (“não é conversa, votei mesmo em si!”, garante uma mulher visivelmente satisfeita com o encontro), Melo tem, pelo menos, a garantia de um amigo novo, um vendedor da praça que também é caçador. “Quando é que vamos à caça?”, desafia. Azar: a temporada começa em outubro, quando calham as legislativas. “Está mal feito, calha no primeiro dia das eleições!” Melo promete arranjar tempo. Nessa altura conta estar ocupado com o trabalho no Parlamento Europeu, mas a festejar uma ultrapassagem bem à direita ao Bloco e ao PCP.

Depois de estabelecer os alvos, passar ao ataque. E sem tréguas. É esta a estratégia de Nuno Melo, que dias depois de ter definido como sua fasquia para as eleições europeias ficar à frente dos “extremistas” Bloco de Esquerda e PCP, aproveita agora cada intervenção e discurso de campanha para enumerar as razões pelas quais essa ultrapassagem deve acontecer.

Voltou a fazê-lo esta quarta-feira, na praça da fruta das Caldas da Rainha, no final de uma volta rápida para distribuir beijinhos e passou-bem pelos vendedores. Afinal, Nuno Melo queria mesmo era falar sobre Segurança - um daqueles temas que o distinguem da esquerda mas também podem ajudar a colá-lo ao discurso da extrema-direita. Um rótulo que o candidato do CDS rejeita: “Somos o lado da direita da moderação, não somos nada da intolerância”.

Não se ouvem, então, ecos das palavras de André Ventura, que lidera o Chega e a coligação Basta!, quando vem falar de temas tão longínquos para Portugal como o terrorismo e a segurança das fronteiras? Melo rejeita a associação: reconhecer os méritos das forças de segurança e autoridade “não é ser de extrema-direita, é ter mínimos de decência”. “Não é um discurso nem de Bastas nem de Chegas. Com esse lado não temos nada que ver.”

Faltava a segunda parte do discurso: se o CDS assume como sua marca tradicional a prioridade dada à segurança, o mesmo não se pode dizer dos partidos mais à esquerda. E é aqui que Melo aproveita para ressuscitar os fantasmas do outro lado do Parlamento: da polémica da “bosta da bófia” ao “apoucamento” dos polícias que divulgaram fotografias de indivíduos detidos devido a agressões a idosos, o recandidato a Bruxelas passa os casos em revista para chegar à conclusão de que, para a esquerda, “o lado bom da história é sempre o do delinquente”.

Os ataques de Melo são ainda mais dirigidos ao Bloco de Esquerda, partido que esta tarde classificou assim, sem pudores: “O Bloco é a expressão do que eu mais deploro na política”. Se o candidato centrista se tem esforçado por expor as incoerências de esquerda, nas declarações aos jornalistas fez por carregar o tom, associando-lhe todos os termos associados à extrema-esquerda que encontrou. Questionado sobre o facto de Catarina Martins ter criticado a presença de Paulo Portas no jantar do CDS, nesta terça-feira, devolveu: “A aparição de Francisco Louçã ajuda a recuperar o PREC, as nacionalizações, a reforma agrária”. Já no mesmo jantar tinha, aliás, recorrido ao exemplo de Louçã para dizer que o dirigente bloquista apoia a campanha desde a ilha italiana da Sardenha. Tudo para chegar a um rótulo final: “a extrema-esquerda caviar”.

A dupla dos beijos e o abraço a Sande

nuno botelho

Se as declarações finais foram duras, durante a rápida ação de rua, esta manhã, a dupla Pedro Mota Soares e Nuno Melo dedicou-se a distribuir beijos, abraços e mimos. Mesmo quando não são desejados, Mota Soares entra em ação e não há idosa que, quer queira quer não, acabe por recusar um beijinho do número dois. Com um abraço especial: a meio da volta pela pequena feira, avistavam-se outras bandeiras, também azuis-claras, também com câmaras à volta. Era a campanha do Aliança que passava. O CDS ainda tentou evitar o cruzamento, mas Paulo Sande e Nuno Melo acabaram mesmo por trocar abraços e, do segundo para o primeiro, desejos de melhoras (Santana Lopes ainda está “dorido”, confidenciou Sande).

Depois, seguiu a volta. Com um bónus: com duas idosas reformadas a queixarem-se do mesmo problema (o aumento da taxa que têm de pagar para levantar dinheiro na Caixa Geral de Depósitos, através da caderneta), os candidatos tentaram aproveitar o assunto para as convencer a votar no CDS. Sem grandes efeitos: “Os grandes têm a riqueza toda para eles, os pobres têm de dar aos bancos. A minha reforma são 200 e tal euros!”. Então, que tal optar pelo CDS? “Vocês dizem isto mas não fazem nada!” “Não estamos no Governo, menina”, lembra Melo à “menina” Rosa Oliveira, que vende fruta sentada à sombra e não deixa Melo escapar sem pedir contas: “Quando o Coelho para lá foi tivemos de pagar tudo! Este [Costa] não deu nada, mas voltou a pôr o que eu tinha na reforma”. Nada feito, para Melo é um debate perdido.

nuno botelho

Mais à frente, outra idosa com a mesma queixa: os levantamentos com caderneta são cada vez mais caros e a revolta é tanta que não quer ir votar. “Mas assim dá força ao PS! Ajude-nos!”, pede Nuno Melo. Não parece ter grande sorte: nem pensar em deixar de dar os beijinhos da praxe, mas com o voto será difícil contar.

Entre críticas (“vão trabalhar!”, grita um homem de passagem) e simpatias (“não é conversa, votei mesmo em si!”, garante uma mulher visivelmente satisfeita com o encontro), Melo tem, pelo menos, a garantia de um amigo novo, um vendedor da praça que também é caçador. “Quando é que vamos à caça?”, desafia. Azar: a temporada começa em outubro, quando calham as legislativas. “Está mal feito, calha no primeiro dia das eleições!” Melo promete arranjar tempo. Nessa altura conta estar ocupado com o trabalho no Parlamento Europeu, mas a festejar uma ultrapassagem bem à direita ao Bloco e ao PCP.

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