Portas discursa pela última vez no Parlamento

02-06-2016
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Vinte e um anos depois de ter tomado posse como deputado pela primeira vez, Paulo Portas despede-se esta quinta-feira da Assembleia da República, com um discurso sobre envelhecimento ativo. O ex-líder do CDS já tinha feito saber que, depois de ter deixado em março a presidência do partido, cargo em que foi sucedido por Assunção Cristas, abandonaria também o lugar de deputado, vincando a ideia de que fechou esta fase da sua vida - o que acontece agora. Por ironia, Portas será substituído no Parlamento por Filipe Anacoreta Correia, principal rosto do Movimento Alternativa e Responsabilidade, que nos últimos anos foi a única corrente interna organizada do CDS que se assumiu como crítica do antigo presidente centrista.

O Expresso sabe que Portas hesitou bastante sobre a forma como assinalaria a despedida daquele que foi um dos palcos mais importantes da sua carreira política. Nas várias hipóteses que foi pondo, em articulação com Cristas e com o líder parlamentar Nuno Magalhães, chegou a ser ponderada a possibilidade de ser Portas a discursar em nome do CDS na sessão comemorativa do 25 de abril. Esse plano acabou por ficar pelo caminho, e o ex-líder centrista, já bastante envolvido nas suas novas atividades, que serão sobretudo ligadas a empresas portuguesas, admitiu não voltar a falar em Plenário. Porém, tanto Cristas como Magalhães defenderam que Portas deveria fazer uma última intervenção, até por respeito institucional pela Assembleia da República, onde foi um dos parlamentares mais destacados das últimas duas décadas.

Outra possibilidade ponderada nos últimos dias foi Portas utilizar os dez minutos que qualquer deputado tem a liberdade de usar, para fazer uma intervenção em nome próprio no Plenário. Porém, se Portas o fizesse, perdia o efeito surpresa, pois essa intervenção teria de ser agendada em conferência de líderes e o antigo presidente do CDS não quis fazer desta última intervenção uma espécie de celebração de carreira. A decisão final, tomada na última semana, foi integrar a despedida de Portas no debate de hoje, que resulta de um agendamento potestativo do CDS, com 19 propostas para novas políticas de envelhecimento ativo e proteção de idosos. Este é um pacote legislativo em que a nova líder do CDS aposta forte e será Paulo Portas a encerrar o debate pelo lado dos centristas.

Deputado desde o fim do cavaquismo

Paulo Portas foi eleito deputado pela primeira vez nas legislativas de 1995, depois das maiorias absolutas de Cavaco Silva, de que Portas, enquanto diretor do jornal O Independente, foi um dos maiores opositores. A sua passagem do jornalismo para a política fez-se como candidato a deputado pelo CDS, como cabeça de lista pelo círculo de Aveiro, então ainda na qualidade de independente. Só no ano seguinte Portas se filiou no partido, assumindo desde logo cargos de direção, na comissão política de Manuel Monteiro, o então presidente do CDS. Mas as divergências com Monteiro começaram a acentuar-se e culminaram com a demissão de Portas do Parlamento.

Em rutura com Monteiro, Portas renunciou ao lugar de deputado no outono de 1996, apenas um ano depois de se ter estreado em São Bento. Só em 1999, depois de novas eleições legislativas, e já como novo presidente do CDS, Portas voltou à Assembleia da República, outra vez eleito pelo círculo de Aveiro - que foi o seu distrito de eleição até ao ano passado, quando se candidatou pela primeira vez pelo círculo de Lisboa, como nº2 de Passos Coelho, nas listas da coligação PSD-CDS.

Ao longo destas duas décadas, Portas suspendeu o mandato de deputado por duas vezes. Foi quando tomou posse como ministro nos três governos de coligação que fez com o PSD: primeiro, entre 2002 e 2004, com Durão Barroso e Pedro Santana Lopes, depois entre 2011 e 2015, com Passos Coelho.

Foi no seu último discurso no Parlamento enquanto ministro, em novembro passado, que Portas batizou a nova maioria de esquerda como a "geringonça", popularizando uma expressão que pediu emprestada ao colunista Vasco Pulido Valente.

Vinte e um anos depois de ter tomado posse como deputado pela primeira vez, Paulo Portas despede-se esta quinta-feira da Assembleia da República, com um discurso sobre envelhecimento ativo. O ex-líder do CDS já tinha feito saber que, depois de ter deixado em março a presidência do partido, cargo em que foi sucedido por Assunção Cristas, abandonaria também o lugar de deputado, vincando a ideia de que fechou esta fase da sua vida - o que acontece agora. Por ironia, Portas será substituído no Parlamento por Filipe Anacoreta Correia, principal rosto do Movimento Alternativa e Responsabilidade, que nos últimos anos foi a única corrente interna organizada do CDS que se assumiu como crítica do antigo presidente centrista.

O Expresso sabe que Portas hesitou bastante sobre a forma como assinalaria a despedida daquele que foi um dos palcos mais importantes da sua carreira política. Nas várias hipóteses que foi pondo, em articulação com Cristas e com o líder parlamentar Nuno Magalhães, chegou a ser ponderada a possibilidade de ser Portas a discursar em nome do CDS na sessão comemorativa do 25 de abril. Esse plano acabou por ficar pelo caminho, e o ex-líder centrista, já bastante envolvido nas suas novas atividades, que serão sobretudo ligadas a empresas portuguesas, admitiu não voltar a falar em Plenário. Porém, tanto Cristas como Magalhães defenderam que Portas deveria fazer uma última intervenção, até por respeito institucional pela Assembleia da República, onde foi um dos parlamentares mais destacados das últimas duas décadas.

Outra possibilidade ponderada nos últimos dias foi Portas utilizar os dez minutos que qualquer deputado tem a liberdade de usar, para fazer uma intervenção em nome próprio no Plenário. Porém, se Portas o fizesse, perdia o efeito surpresa, pois essa intervenção teria de ser agendada em conferência de líderes e o antigo presidente do CDS não quis fazer desta última intervenção uma espécie de celebração de carreira. A decisão final, tomada na última semana, foi integrar a despedida de Portas no debate de hoje, que resulta de um agendamento potestativo do CDS, com 19 propostas para novas políticas de envelhecimento ativo e proteção de idosos. Este é um pacote legislativo em que a nova líder do CDS aposta forte e será Paulo Portas a encerrar o debate pelo lado dos centristas.

Deputado desde o fim do cavaquismo

Paulo Portas foi eleito deputado pela primeira vez nas legislativas de 1995, depois das maiorias absolutas de Cavaco Silva, de que Portas, enquanto diretor do jornal O Independente, foi um dos maiores opositores. A sua passagem do jornalismo para a política fez-se como candidato a deputado pelo CDS, como cabeça de lista pelo círculo de Aveiro, então ainda na qualidade de independente. Só no ano seguinte Portas se filiou no partido, assumindo desde logo cargos de direção, na comissão política de Manuel Monteiro, o então presidente do CDS. Mas as divergências com Monteiro começaram a acentuar-se e culminaram com a demissão de Portas do Parlamento.

Em rutura com Monteiro, Portas renunciou ao lugar de deputado no outono de 1996, apenas um ano depois de se ter estreado em São Bento. Só em 1999, depois de novas eleições legislativas, e já como novo presidente do CDS, Portas voltou à Assembleia da República, outra vez eleito pelo círculo de Aveiro - que foi o seu distrito de eleição até ao ano passado, quando se candidatou pela primeira vez pelo círculo de Lisboa, como nº2 de Passos Coelho, nas listas da coligação PSD-CDS.

Ao longo destas duas décadas, Portas suspendeu o mandato de deputado por duas vezes. Foi quando tomou posse como ministro nos três governos de coligação que fez com o PSD: primeiro, entre 2002 e 2004, com Durão Barroso e Pedro Santana Lopes, depois entre 2011 e 2015, com Passos Coelho.

Foi no seu último discurso no Parlamento enquanto ministro, em novembro passado, que Portas batizou a nova maioria de esquerda como a "geringonça", popularizando uma expressão que pediu emprestada ao colunista Vasco Pulido Valente.

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