Paula Teixeira da Cruz: “Ou a dor nos verga ou nós vergamos a dor”

04-08-2019
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Natacha Brigham

Foi há quase seis meses que Paula Teixeira da Cruz passou por uma das mais difíceis experiências que se pode ter na vida: a perda de um filho. Paulo Guilherme, de 22 anos, filho da advogada e de Paulo Teixeira Pinto, morreu de forma súbita, deixando família e amigos perplexos e entregues a uma dor que dificilmente se ultrapassa. Quatro meses antes, a advogada e o antigo banqueiro – que têm também uma filha, Catarina – tinham posto um ponto final no casamento de 24 anos.

Depois destas perdas, a advogada continuou a trabalhar, mas evitou os eventos públicos. Contudo, na passada quinta-feira, dia 23, a presidente da Assembleia Municipal de Lisboa aceitou o convite de Manuel Acácio, chefe de redacção da TSF, para apresentar o seu mais recente livro, A Balada do Ultramar.Poucos minutos depois de chegar à Fnac do Centro Vasco da Gama, vestida de preto e visivelmente mais magra, a advogada aceitou partilhar com a CARAS a forma como tem lidado com esta perda dramática: "Não gosto de falar da minha vida privada, mas entendo que este [a morte de um filho] é um problema que atinge muitas pessoas… Eu nunca deixei de fazer a minha vida profissional, não parei de escrever, nem de intervir. E estou aqui como estive noutras actividades em que era necessário estar. Aquilo que de pior nos pode acontecer é deixarmos a dor vencer-nos. Mas isso não quer dizer que [a morte do filho] não seja uma doença crónica, claramente."A dor que vive diariamente pode estar sempre presente, mas a advogada sabe que não se pode entregar ao desgosto. É uma luta constante que trava entre a tristeza e a vontade de continuar a viver. Mas tal como relembrou, não é única mãe que teve de passar por esta experiência. "Há muitas pessoas que passaram por experiências muito semelhantes e que também lutam e vivem… Por isso, não sou um exemplo. Longe disso." A tristeza e a dor acabaram por estar também presentes no discurso que fez na apresentação do livro do jornalista. O romance, que aborda a História angolana do século XX, fala de algumas perdas pessoais sofridas pelas personagens, tema que acabou por se revelar demasiado próximo da advogada. E, apesar de ter conseguido controlar as emoções, as últimas palavras que proferiu denunciaram a força de que tem precisado para não ficar presa ao desgosto: "Só se ultrapassa a perda dos entes queridos não os esquecendo, recordando-os e fazendo deles a nossa força. Ou a dor nos verga ou nós vergamos a dor."

Natacha Brigham

Foi há quase seis meses que Paula Teixeira da Cruz passou por uma das mais difíceis experiências que se pode ter na vida: a perda de um filho. Paulo Guilherme, de 22 anos, filho da advogada e de Paulo Teixeira Pinto, morreu de forma súbita, deixando família e amigos perplexos e entregues a uma dor que dificilmente se ultrapassa. Quatro meses antes, a advogada e o antigo banqueiro – que têm também uma filha, Catarina – tinham posto um ponto final no casamento de 24 anos.

Depois destas perdas, a advogada continuou a trabalhar, mas evitou os eventos públicos. Contudo, na passada quinta-feira, dia 23, a presidente da Assembleia Municipal de Lisboa aceitou o convite de Manuel Acácio, chefe de redacção da TSF, para apresentar o seu mais recente livro, A Balada do Ultramar.Poucos minutos depois de chegar à Fnac do Centro Vasco da Gama, vestida de preto e visivelmente mais magra, a advogada aceitou partilhar com a CARAS a forma como tem lidado com esta perda dramática: "Não gosto de falar da minha vida privada, mas entendo que este [a morte de um filho] é um problema que atinge muitas pessoas… Eu nunca deixei de fazer a minha vida profissional, não parei de escrever, nem de intervir. E estou aqui como estive noutras actividades em que era necessário estar. Aquilo que de pior nos pode acontecer é deixarmos a dor vencer-nos. Mas isso não quer dizer que [a morte do filho] não seja uma doença crónica, claramente."A dor que vive diariamente pode estar sempre presente, mas a advogada sabe que não se pode entregar ao desgosto. É uma luta constante que trava entre a tristeza e a vontade de continuar a viver. Mas tal como relembrou, não é única mãe que teve de passar por esta experiência. "Há muitas pessoas que passaram por experiências muito semelhantes e que também lutam e vivem… Por isso, não sou um exemplo. Longe disso." A tristeza e a dor acabaram por estar também presentes no discurso que fez na apresentação do livro do jornalista. O romance, que aborda a História angolana do século XX, fala de algumas perdas pessoais sofridas pelas personagens, tema que acabou por se revelar demasiado próximo da advogada. E, apesar de ter conseguido controlar as emoções, as últimas palavras que proferiu denunciaram a força de que tem precisado para não ficar presa ao desgosto: "Só se ultrapassa a perda dos entes queridos não os esquecendo, recordando-os e fazendo deles a nossa força. Ou a dor nos verga ou nós vergamos a dor."

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