Os 7 momentos-chave do debate: da “bomba” de fundos ao ranking da “treta”

22-05-2019
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Era Dia do Trabalhador, mas eles trabalharam na preparação do primeiro debate para as Europeias de 26 de maio. A discussão entre seis candidatos ao Parlamento Europeu, realizada na SIC esta quarta-feira, pode resumir-se em sete momentos-chave. Pedro Marques (PS) mais defensivo, Paulo Rangel (PSD) moderadamente ao ataque, Nuno Melo (CDS) empenhado em fazer estragos, João Ferreira (CDU) concentrado em não deixar fugir eleitores, Marisa Matias (BE) a querer mostrar coerência, e Marinho e Pinto (PDR) a procurar manter-se entre os grandes. O primeiro debate entre os principais cabeças de lista da SIC - com a particularidade de estarem todos em pé - deu para falar de temas importantes na Europa, trocar acusações em temas quentes e usar truques políticos para marcar pontos no ringue. O momento mais marcante terá sido quando Paulo Rangel atingiu Pedro Marques com as suas próprias palavras sobre os fundos. Mas a competição também foi à esquerda.

1. Os fundos são uma “bomba orçamental”

O debate ia mais ou menos a meio, Paulo Rangel mantinha-se num registo menos agressivo que nos jantares do PSD, mas guardava na manga a cartada que mais engasgou o socialista Pedro Marques. Rewind: um dos temas desta pré-campanha tem versado a questão dos fundos europeus. Se Portugal perdeu ou não perdeu, se o Governo através do ex-ministro Pedro Marques negociou bem ou mal ou se o alcançado é positivo ou negativo. E eis que o eurodeputado social-democrata desencanta uma entrevista de junho de 2018 ao Expresso do candidato socialista, enquanto ministro com a tutela dos fundos. Título: "Cortes nos fundos terão um impacto brutal". Chamada de capa: "Fundos são uma bomba orçamental".

Mais atrapalhado, Pedro Marques reagiu com dificuldades: “Lutaremos para que não haja cortes reais, mas a negociação foi boa.” O que aconteceu, afinal? Nessa entrevista, o então ministro defendia os resultados da negociação portuguesa mas reconhecia que o aumento da comparticipação nacional para executar os fundos seria um problema para o Orçamento: "Cortes de 15, 20 ou mesmo 25% na taxa de comparticipação terão um impacto brutal no nosso Orçamento do Estado na próxima legislatura", dizia então.

É uma bomba orçamental?, perguntou o Expresso? "Sim, Vamos batalhar para alterar isso." Foi uma resposta dada há quase um ano, que quase tramou hoje o candidato do PS. No debate, Pedro Marques manteve a narrativa de que o valor dos fundos representa "8% a preços correntes", que era "o que estava no acordo com o PSD". Foi ao tapete, mas havia de levantar-se noutras ocasiões sempre contra a direita.

2. Na foto com... Sócrates

No primeiro momento verdadeiramente forte do debate - e fruto de um velho truque que resulta sempre -, Nuno Melo puxou do currículo de Pedro Marques como se fosse cadastro. Primeiro, mostrou uma foto de António Costa e José Sócrates abraçados. Depois, atirou com a imagem de Pedro Marques, ex-secretário de Estado, com o ex-primeiro-ministro desses Governos. As imagens eram acompanhadas pela narrativa de Melo: "Tenho estado muito atento ao Pedro Marques, que diz que temos legado de Soares e da Europa e que a direita tem o legado dos cortes. Queria saber se acredita mesmo nisso", perguntou. E revelou então as fotografias, ligando Sócrates não ao caso judicial que envolve o ex-PM, mas ao pedido de resgate financeiro que a seguir motivou esses mesmos cortes durante os anos do Governo de direita com a troika.

3. O Vox segundo Nuno Melo (e extrema-esquerda versus extrema-direita)

O crescimento dos populismos de direita na Europa é um dos temas desta campanha em toda a União, mas em Portugal tem servido sobretudo para se falar dos outros. É o caso de Espanha. Numa entrevista à Lusa, Nuno Melo tinha-se recusado a classificar o Vox espanhol (que teve 10% nas legislativas) como um partido de extrema-direita, admitindo albergá-lo na família europeia conservadora, o PPE (algo que Paulo Rangel diria de imediato ser inaceitável). Mas, no debate, Nuno Melo acabou por fazer uma ligeira inflexão quando esclareceu que o aliado do CDS no PPE era o PP espanhol.

No entanto, o centrista tentou virar a mesa contra a esquerda: disse estar preocupado com a extrema-direita, mas mais preocupado ainda com a extrema-esquerda no Governo português. Depois, lembrou que o Bloco apelou à morte de Bolsonaro - "um líder democraticametne eleito" - e recordou que o espanhol Pablo Iglésias, da mesma linha do Bloco, elogiou a Venezuela e até disse que "ser demorata é expropriar".

Marinho e Pinto, o eurodeputado do PDR, foi dos que mais atacou Nuno Melo neste ponto: “Não pode dizer que o Vox não é de extrema-direita porque é, da extrema-direita franquista”. Mas também criticou o BE e o PCP por “votarem sistematicamente ao lado da extrema-direita" em Estrasburgo. Pedro Marques acusou "muitos partidos da direita" de permitirem uma "normalização dos partidos da extrema-direita". E avançou contra o discurso justificativo de Nuno Melo: "Não é normal, é muito perigoso."

4. Centeno e Moedas para a troca

Não foi um, mas dois momentos do género: eu também tenho um amigo teu para me defender. A tática é antiga: usar soldados do outro lado da barricada para fazer fogo amigo sobre o adversário. Para responder à acusação do socialista sobre as sanções contra Portugal defendidas por Manfred Weber, o candidato do PPE a presidente da Comissão Europeia, Paulo Rangel foi buscar Mário Centeno. Para se defender na questão dos fundos, Pedro Marques invocou elogios de Carlos Moedas comissário europeu e mandatário do PSD nas europeias.

Assim, Paulo Rangel disse que Mário Centeno agradeceu ao PSD o papel que o partido terá tido no PPE para evitar as sanções contra Portugal. E Pedro Marques usou um social-democrata como escudo na questão dos fundo europeus: "Até Carlos Moedas elogiou. Um bom resultado, veio ele dizer" e recomendou: "Vejam os comentários de Carlos Moedas, na reportagem da SIC".

5. Para o PCP são todos iguais

Apesar da participação na 'geringonça', uma das táticas do PCP tem sido colar o PS aos (outros) partidos de direita. João Ferreira manteve a estratégia em campo durante o debate na SIC. Pelo menos em duas ocasiões aproveitou para mostrar como o PS não se distingue assim tanto do PSD e do CDS para sublinhar que a CDU é que faz a diferença: "Portugal é dos menos cresce, os salários estagnaram. É uma realidade muito ligada às políticas da UE. Decisões onde PS, PSD e CDS não se distinguiram".

Outro ponto invocado tem a ver com o "militarismo" dos países ligados à NATO que o PCP não se cansa de apontar: "Uma coisa sabemos: os mesmos que estão a propor cortes na coesão, PSD e CDS e PS defendem um fundo para defesa de 13 mil milhões de euros".

6. Um debate para “não sujar” e o ranking “da treta”

Se um dos mais velhos truques de retórica é usar uma formulação negativa para dizer exatamente o contrário do que se pareceu defender, Pedro Marques usou essa técnica para (não) comentar as críticas que tem feito ao trabalho de Paulo Rangel como eurodeputado: "Não consigo comentar o trabalho de Rangel porque não lhe reconheço trabalho relevante e não vou sujar o debate a falar das suas faltas".

Perante o efeito destas palavras (os políticos levam quase sempre estas coisas estudadas para os debates), Paulo Rangel justificou que as suas faltas ao plenário tinham a ver "com assistência familiar e com razões políticas". O eurodeputado do PSD explicou ter de "ir às cimeiras do PPE, por exemplo", que coincidem com reuniões de Estrasburgo. E detalhou: "Onde António Costa esteve a falar comigo para acertar posições. O trabalho polítco de ir à Venezuela não conta para o Parlamento Europeu? O meu lugar é o sexto, à frente dos socialistas", argumentou.

Já Nuno Melo, debaixo de fogo por constar muito em baixo numa lista que o coloca no 19º lugar entre os 21 eurodeputados portugueses, acusou esse ranking de "fake news". "Não devemos perder tempo a discutir fakes. Este ranking é fake. Este site não se sabe o que é." Alegou estar à frente em todos os critérios para depois aparecer em baixo na classificação. "Este ranking não é oficial, é treta. Não se sabe se é uma pessoa, uma ONG, os russos a fazer o que fizeram, nos EUA". E recebe dinheiro de eurodeputados, acusou. Não ficou esclarecido no debate quem trabalhava mais ou trabalhava menos. Marinho e Pinto, por exemplo, disse que era dos mais produtivos.

7. O “revisionismo” do PCP como pai da 'geringonça'

Nestes confrontos políticos há sempre umas batalhas à direita, outras ao centro mas são quase inevitáveis as velhas lutas sectárias entre a esquerda. Aconteceu logo no início. João Ferreira, da CDU, recordou a noite das legislativas de 2015: "Houve um partido e apenas um partido que logo nessa noite", assumiu que era possível governar com o PS. O secretário-geral do PCP "disse que eles [adireita] não ganharam, eles perderam" e avançou que "era possível uma solução", e que o PS só não governava se não quisesse. É verdade, mas o candidato comunista também deu a entender que toda a esquerda (BE e PS) tinha deitado a toalha ao chão nessa noite e capitulado sem perceber as possibilidades que se abriam para uma solução de esquerda.

Marisa Matias não gostou de ouvir o PCP a reclamar-se pai da 'geringonça' e atacou em linguagem própria, cheia de significados, porque há palavras que têm um peso histórico. "Gostei do revisionismo histórico do João Ferreira", ironizou. E atacou: "Ao contrário do PCP, nunca nos enganamos no adversário". Nos próximos meses, até às legisltivas, teremos oportunidade para rever esta rábula. E as outras.

Era Dia do Trabalhador, mas eles trabalharam na preparação do primeiro debate para as Europeias de 26 de maio. A discussão entre seis candidatos ao Parlamento Europeu, realizada na SIC esta quarta-feira, pode resumir-se em sete momentos-chave. Pedro Marques (PS) mais defensivo, Paulo Rangel (PSD) moderadamente ao ataque, Nuno Melo (CDS) empenhado em fazer estragos, João Ferreira (CDU) concentrado em não deixar fugir eleitores, Marisa Matias (BE) a querer mostrar coerência, e Marinho e Pinto (PDR) a procurar manter-se entre os grandes. O primeiro debate entre os principais cabeças de lista da SIC - com a particularidade de estarem todos em pé - deu para falar de temas importantes na Europa, trocar acusações em temas quentes e usar truques políticos para marcar pontos no ringue. O momento mais marcante terá sido quando Paulo Rangel atingiu Pedro Marques com as suas próprias palavras sobre os fundos. Mas a competição também foi à esquerda.

1. Os fundos são uma “bomba orçamental”

O debate ia mais ou menos a meio, Paulo Rangel mantinha-se num registo menos agressivo que nos jantares do PSD, mas guardava na manga a cartada que mais engasgou o socialista Pedro Marques. Rewind: um dos temas desta pré-campanha tem versado a questão dos fundos europeus. Se Portugal perdeu ou não perdeu, se o Governo através do ex-ministro Pedro Marques negociou bem ou mal ou se o alcançado é positivo ou negativo. E eis que o eurodeputado social-democrata desencanta uma entrevista de junho de 2018 ao Expresso do candidato socialista, enquanto ministro com a tutela dos fundos. Título: "Cortes nos fundos terão um impacto brutal". Chamada de capa: "Fundos são uma bomba orçamental".

Mais atrapalhado, Pedro Marques reagiu com dificuldades: “Lutaremos para que não haja cortes reais, mas a negociação foi boa.” O que aconteceu, afinal? Nessa entrevista, o então ministro defendia os resultados da negociação portuguesa mas reconhecia que o aumento da comparticipação nacional para executar os fundos seria um problema para o Orçamento: "Cortes de 15, 20 ou mesmo 25% na taxa de comparticipação terão um impacto brutal no nosso Orçamento do Estado na próxima legislatura", dizia então.

É uma bomba orçamental?, perguntou o Expresso? "Sim, Vamos batalhar para alterar isso." Foi uma resposta dada há quase um ano, que quase tramou hoje o candidato do PS. No debate, Pedro Marques manteve a narrativa de que o valor dos fundos representa "8% a preços correntes", que era "o que estava no acordo com o PSD". Foi ao tapete, mas havia de levantar-se noutras ocasiões sempre contra a direita.

2. Na foto com... Sócrates

No primeiro momento verdadeiramente forte do debate - e fruto de um velho truque que resulta sempre -, Nuno Melo puxou do currículo de Pedro Marques como se fosse cadastro. Primeiro, mostrou uma foto de António Costa e José Sócrates abraçados. Depois, atirou com a imagem de Pedro Marques, ex-secretário de Estado, com o ex-primeiro-ministro desses Governos. As imagens eram acompanhadas pela narrativa de Melo: "Tenho estado muito atento ao Pedro Marques, que diz que temos legado de Soares e da Europa e que a direita tem o legado dos cortes. Queria saber se acredita mesmo nisso", perguntou. E revelou então as fotografias, ligando Sócrates não ao caso judicial que envolve o ex-PM, mas ao pedido de resgate financeiro que a seguir motivou esses mesmos cortes durante os anos do Governo de direita com a troika.

3. O Vox segundo Nuno Melo (e extrema-esquerda versus extrema-direita)

O crescimento dos populismos de direita na Europa é um dos temas desta campanha em toda a União, mas em Portugal tem servido sobretudo para se falar dos outros. É o caso de Espanha. Numa entrevista à Lusa, Nuno Melo tinha-se recusado a classificar o Vox espanhol (que teve 10% nas legislativas) como um partido de extrema-direita, admitindo albergá-lo na família europeia conservadora, o PPE (algo que Paulo Rangel diria de imediato ser inaceitável). Mas, no debate, Nuno Melo acabou por fazer uma ligeira inflexão quando esclareceu que o aliado do CDS no PPE era o PP espanhol.

No entanto, o centrista tentou virar a mesa contra a esquerda: disse estar preocupado com a extrema-direita, mas mais preocupado ainda com a extrema-esquerda no Governo português. Depois, lembrou que o Bloco apelou à morte de Bolsonaro - "um líder democraticametne eleito" - e recordou que o espanhol Pablo Iglésias, da mesma linha do Bloco, elogiou a Venezuela e até disse que "ser demorata é expropriar".

Marinho e Pinto, o eurodeputado do PDR, foi dos que mais atacou Nuno Melo neste ponto: “Não pode dizer que o Vox não é de extrema-direita porque é, da extrema-direita franquista”. Mas também criticou o BE e o PCP por “votarem sistematicamente ao lado da extrema-direita" em Estrasburgo. Pedro Marques acusou "muitos partidos da direita" de permitirem uma "normalização dos partidos da extrema-direita". E avançou contra o discurso justificativo de Nuno Melo: "Não é normal, é muito perigoso."

4. Centeno e Moedas para a troca

Não foi um, mas dois momentos do género: eu também tenho um amigo teu para me defender. A tática é antiga: usar soldados do outro lado da barricada para fazer fogo amigo sobre o adversário. Para responder à acusação do socialista sobre as sanções contra Portugal defendidas por Manfred Weber, o candidato do PPE a presidente da Comissão Europeia, Paulo Rangel foi buscar Mário Centeno. Para se defender na questão dos fundos, Pedro Marques invocou elogios de Carlos Moedas comissário europeu e mandatário do PSD nas europeias.

Assim, Paulo Rangel disse que Mário Centeno agradeceu ao PSD o papel que o partido terá tido no PPE para evitar as sanções contra Portugal. E Pedro Marques usou um social-democrata como escudo na questão dos fundo europeus: "Até Carlos Moedas elogiou. Um bom resultado, veio ele dizer" e recomendou: "Vejam os comentários de Carlos Moedas, na reportagem da SIC".

5. Para o PCP são todos iguais

Apesar da participação na 'geringonça', uma das táticas do PCP tem sido colar o PS aos (outros) partidos de direita. João Ferreira manteve a estratégia em campo durante o debate na SIC. Pelo menos em duas ocasiões aproveitou para mostrar como o PS não se distingue assim tanto do PSD e do CDS para sublinhar que a CDU é que faz a diferença: "Portugal é dos menos cresce, os salários estagnaram. É uma realidade muito ligada às políticas da UE. Decisões onde PS, PSD e CDS não se distinguiram".

Outro ponto invocado tem a ver com o "militarismo" dos países ligados à NATO que o PCP não se cansa de apontar: "Uma coisa sabemos: os mesmos que estão a propor cortes na coesão, PSD e CDS e PS defendem um fundo para defesa de 13 mil milhões de euros".

6. Um debate para “não sujar” e o ranking “da treta”

Se um dos mais velhos truques de retórica é usar uma formulação negativa para dizer exatamente o contrário do que se pareceu defender, Pedro Marques usou essa técnica para (não) comentar as críticas que tem feito ao trabalho de Paulo Rangel como eurodeputado: "Não consigo comentar o trabalho de Rangel porque não lhe reconheço trabalho relevante e não vou sujar o debate a falar das suas faltas".

Perante o efeito destas palavras (os políticos levam quase sempre estas coisas estudadas para os debates), Paulo Rangel justificou que as suas faltas ao plenário tinham a ver "com assistência familiar e com razões políticas". O eurodeputado do PSD explicou ter de "ir às cimeiras do PPE, por exemplo", que coincidem com reuniões de Estrasburgo. E detalhou: "Onde António Costa esteve a falar comigo para acertar posições. O trabalho polítco de ir à Venezuela não conta para o Parlamento Europeu? O meu lugar é o sexto, à frente dos socialistas", argumentou.

Já Nuno Melo, debaixo de fogo por constar muito em baixo numa lista que o coloca no 19º lugar entre os 21 eurodeputados portugueses, acusou esse ranking de "fake news". "Não devemos perder tempo a discutir fakes. Este ranking é fake. Este site não se sabe o que é." Alegou estar à frente em todos os critérios para depois aparecer em baixo na classificação. "Este ranking não é oficial, é treta. Não se sabe se é uma pessoa, uma ONG, os russos a fazer o que fizeram, nos EUA". E recebe dinheiro de eurodeputados, acusou. Não ficou esclarecido no debate quem trabalhava mais ou trabalhava menos. Marinho e Pinto, por exemplo, disse que era dos mais produtivos.

7. O “revisionismo” do PCP como pai da 'geringonça'

Nestes confrontos políticos há sempre umas batalhas à direita, outras ao centro mas são quase inevitáveis as velhas lutas sectárias entre a esquerda. Aconteceu logo no início. João Ferreira, da CDU, recordou a noite das legislativas de 2015: "Houve um partido e apenas um partido que logo nessa noite", assumiu que era possível governar com o PS. O secretário-geral do PCP "disse que eles [adireita] não ganharam, eles perderam" e avançou que "era possível uma solução", e que o PS só não governava se não quisesse. É verdade, mas o candidato comunista também deu a entender que toda a esquerda (BE e PS) tinha deitado a toalha ao chão nessa noite e capitulado sem perceber as possibilidades que se abriam para uma solução de esquerda.

Marisa Matias não gostou de ouvir o PCP a reclamar-se pai da 'geringonça' e atacou em linguagem própria, cheia de significados, porque há palavras que têm um peso histórico. "Gostei do revisionismo histórico do João Ferreira", ironizou. E atacou: "Ao contrário do PCP, nunca nos enganamos no adversário". Nos próximos meses, até às legisltivas, teremos oportunidade para rever esta rábula. E as outras.

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